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O POSTO INDÍGENA RODOPHO MIRANDA E OS ÍNDIOS ARIKEMES:
PROCESSO DE DESAGREGAÇÃO CULTURAL SOB A TUTELA DO SPI.
Washington Heleno Cavalcante1
RESUMO:
O Presente artigo visa analisar os fatores causais para a perda da identidade cultural e a
extinção dos índios arikemes a partir da tutela imposta pelo SPILTN- Serviço e Proteção aos
Índios e Localização e Trabalhadores Nacionais, por intermédio do Posto Indígena Rodolpho
Miranda onde os aludidos índios foram internados no ano de 1914. O referido posto indígena
foi construído na região do médio rio Jamarí região norte do atual estado de Rondônia. Para
alcançarem-se os resultados propostos, o trabalho baseou-se em análise literária pertinente,
pesquisa feita ao Museu do Índio e periódicos que circulavam na região nos primeiros anos do
século passado. A tutela do Estado brasileiro, nas questões indígenas, a partir da criação do
SPILTN possuía um caráter positivista, posto que Candido Rondon como elemento chave,
tanto no processo de criação quanto no desenvolvimento dos trabalhos de SPILTN, era um
dos defensores desta ideologia. A internação dos indígenas arikemes no Posto Indígena
Rodolpho Miranda, aliada ao desejo de impor-lhes uma cultura europeizada foi fator eficaz
para a perda gradativa de características identitárias que, somada ao abandono material
culminou com a extinção deste grupo indígena. O projeto de controle tutelar aos povos
indígenas sob o disfarce de protecionismo, efetivado pelo Estado brasileiro tornou-se um
paradigma ao longo dos anos, que se repete a cada governo e a cada fase política causando
graves prejuízos sociais a estes povos. Desta forma, analisar e divulgar as primeiras ações do
Estado brasileiro no projeto civilizatório imposto aos indígenas, e seus resultados negativos
poderá contribuir para uma melhor interpretação sobre esta temática.
PALAVRAS CHAVE: Indígena. Arikemes. Posto Indígena. Aculturação. Extinção
INTRODUÇÃO
As ações do SPILTN – Serviço de Proteção ao Índio e Localização de Trabalhadores
Nacionais, criado em 1910, pelo então presidente da República Nilo Peçanha e liderado
inicialmente por Candido Mariano da Silva Rondon, teve como uma das características
marcantes o controle tutelar dos povos indígenas por meio da criação de postos e colônias
indígenas. Em sua grande maioria, essas colônias de internação coletiva não cumpriam o
objetivo de proteger os indígenas, preservando suas bases sociais, terminavam por leva-los a
adoção de hábitos de vida diferentes dos tradicionais, o que levava em alguns casos, à
extinção desses indígenas.
Havia no início do século XX, nas inúmeras autarquias nacionais um ideário positivista,
voltado para o conceito civilizatório aos moldes europeus. Dessa forma, para a República
1
Mestrando do Programa de Mestrado em História e Estudos Culturais da Universidade Federal de
Rondônia. Professor de História da Rede Pública Estadual de Rondônia. washelcav@bol.com.br
brasileira recém-criada, com bases ideológicas militaristas e positivistas, proteger os
indígenas era inseri-los à cultura vigente no país, baseada nos conceitos coloniais impostos
por nossos colonizadores, (GAGLIARDI, 1989, p. 52).
Justamente nesse período de formação das bases burocráticas da recém-criada
República brasileira estava ocorrendo, na Amazônia, a expansão do Ciclo da Borracha. Na
região do rio Jamarí, localizado no território do atual estado de Rondônia, um grupo indígena,
hoje extinto, passava por sérias dificuldades no contato com as frentes extrativistas. Trata-se
dos arikemes, grupo indígena de origem tupi que viviam nas cabeceiras do rio Massangana,
um dos principais tributários do rio Jamari pela margem esquerda, (RONDON, 1916, p. 357).
No ano de 1909, com o desenvolvimento dos trabalhos para construção de linhas
telegráficas entre o Mato Grosso e o Amazônas, o Estado brasileiro passou a ter ciência do
processo de confronto entre os arikemes e os seringueiros e caucheiros2
da região acima
citada.
Segundo informações da própria Comissão Rondon, ocorriam vários conflitos entre
seringueiros que adentravam as terras dos arikemes em busca de árvores de seringa para o
corte. Todavia, os conflitos entre os arikemes e os caucheiros eram muito piores devido ao
fato de que esses extrativistas necessitavam de territórios mais amplos para desempenharem
seu trabalho, tendo em vista que a exploração do caucho requer o corte das árvores para
extração de sua seiva, o que levava esses caucheiros a permanecerem mais tempo em terras
indígenas, gerando assim confrontos geralmente fatais.
No ano de 1910, com a criação do SPILTN (Serviço de Proteção ao Índio e Localização
de Trabalhadores Nacionais) o então coronel Candido Mariano da Silva Rondon, que já
comandava a CLTEMA- Comissão de Linhas Telegráfica Estratégicas do Mato Grosso ao
Amazonas passou também a chefiar o recém-criado órgão. Dessa forma passaram a serem
efetivadas algumas ações que levaram à criação, em 1914, de um posto indígena as margens
do rio Jamari, chamado Posto Indígena Rodolpho Miranda.
Esse Posto Indígena visava baseado na ideologia do SPILTN, mediar os conflitos entre
os arikemes e as frentes extrativistas estabelecidas na região, através do isolamento desses, e
de outros grupos indígenas no aludido posto indígena, possibilitando assim, a exploração de
suas terras.
2
Extrativistas que sobrevivem do corte do caucho, árvore da Amazônia que produz uma goma elástica
similar a da seringueira, contudo de menor qualidade. A extração do caucho, diferente da extração do látex,
requer a derrubada da árvore para que sua seiva seja coletada.
O presente trabalho objetiva analisar os motivos que causaram a criação do Posto
Indígena Rodolpho Miranda e as mazelas impostas aos arikemes após o isolamento desses
índios no referido posto.
Visa ainda, salientar a ideologia do Estado brasileiro no que tange ao processo
civilizatório implícito nas ações ditas protecionistas, que na maior parte dos casos contribuía
para a desarticulação social dos grupos indígenas abrangidos pelas ações do SPILTN.
Embora a pesquisa que culminou no presente artigo tenha se fundamentado em
trabalhos científicos que buscaram compreender as relações tutoriais do SPILTN sobre as
nações indígenas, foram também consultados autores contemporâneos da Comissão Rondon,
que puderam contribuir com informações pertinentes para elucidação do problema proposto
pelo presente trabalho.
Os Arikemes.
As informações coletadas pela Comissão Rondon, tanto durante sua passagem pelo rio
Jamarí em 1909, quanto através das pesquisas feitas posteriormente, dão conta de que os
arikemes eram um grupo indígena com aprofundado grau tecnológico e uma religião muito
peculiar.
O conhecimento de Rondon, sobre a existência dos índios arikemes ocorreu
informalmente, através de contatos com seringueiros dos barracões do rio Jamari:
Rondon obteve as primeiras notícias sobre os arikemes no ano de 1909, quando de
sua passagem pelo Jamari, por intermédio de seringueiros do baixo Jamari. Segundo
as informações coletadas na época os bolivianos haviam invadido suas terras
originais, obrigando-os a transferirem suas “malocas” para o alto Jamari, em um
tributário chamado rio Massangana, (RONDON, 1916, p.357).
Após se fixarem na região do rio Massangana, um dos principais tributários do rio
Jamari, os arikemes passaram a ser perseguidos pelos seringalistas da região, que visavam
criar seringais em suas áreas. Dentre estes seringalistas devemos salientar os poderosos
irmãos Alfredo e Godofredo Arruda, proprietários do seringal Bom Futuro, e de muitos outros
seringais no rio Jamari.
Haviam ataques comandados pelos seringalistas da região aos aldeamentos arikemes,
que geralmente causavam mortes entre esses índios. Em alguns casos havia o revide a
seringueiros que fossem encontrados sozinhos pela floresta.
Os principais aspectos culturais, desses índios ainda eram preservados quando, em
1909, ocorreu a primeira passagem da Comissão Rondon pelo rio Jamari, o que pôde ser
detectado nos primeiros contatos com os mesmos, após o estabelecimento dos trabalhos da
CLTEMA-Comissão Estratégica de Construção de Linhas Telegráficas do Mato Grosso ao
Amazonas, no vale do rio Jamari.
Cometerá grave erro quem concluir que estes índios já abandonaram os hábitos de
sua primitiva civilização. Ao contrario disso, ainda se conservam fieis a essas
antiguidades que caracterizam a sua vida de povo autônomo, no meio da intrincada
floresta de nações selvagens que existiam no grande território do velho Pindorama
(Magalhães, 1942 p.341).
Dentre as técnicas desenvolvidas pelos arikemes, era notória a utilização de cerâmicas
domesticas e cerâmicas rituais, inclusive com a confecção de vasos muito grandes, com
capacidade de mais de 40 litros. Apesar de não usarem roupas, sabiam tecer algodão do qual
faziam redes para dormir. Para a trituração de grãos, abriam sulcos em toros de madeira que
eram utilizadas horizontalmente, depois escolhiam um pedaço de laje e forma de “meio disco”
que coubesse no sulco aberto, dessa forma enchiam o sulco de grãos e, utilizando a laje os
trituravam, ( Rondon, 1916, p. 361).
Além dos aspectos culturais acima citados, Roquette-Pinto informa que:
Os arikemes se identificavam socialmente com o nome tribal Ahôpôvo, eram
comandados por caciques chamados de upós,estavam organizados em três aldeias,
ao longo do alto rio Massangana. Cada aldeia possuía uma casa religiosa que era
chamada de pujico. A estrutura habitacional era composta por três palhoças em
forma de casco de tatu, com uma só porta. O sepultamento usual dos arikemes
ocorria no interior das casas, sob as redes, modo comum com os Tupis da região do
Rio Ji-Paraná e outras tribos amazônicas. Embora o pujico se apresente como uma
espécie de templo, apropriado para rituais para os homens, com aspectos religiosos
originais, observa-se que outras tribos da região (os parecis e os kepikiriuats),
também apresentavam casas religiosas. Os membros da Comissão Rondon não
puderam precisar se os arikemes praticavam o endocanibalismo (que existe em
outras ordens da família Pano), mas o fato é que foram encontrados em algumas das
suas cestas, ossos carbonizados o que poderia indicar a ingestão das cinzas dos
guerreiros nos rituais de sepultamento. Os arikemes não apresentavam símbolos
antropomorfos. Possivelmente utilizavam como representações simbólicas,
numerosos pares de objetos rituais, como machados e cestas. As cestas com sua
forma trípode e o uso de sacos num povo que dispõe de cerâmica, sugeriam
condições mais primitivas que o período “arcaico” da cerâmica centro-americana e
do próprio uso da fiação.
A Exploração do Látex nas Terras dos Arikemes
A unidade de produção do látex no complexo sistema de barracão é chamada de
colocação, ou seja, o local onde eram alocados, na floresta, os seringueiros que trabalhavam
em determinado seringal. Em muitos casos as colocações eram distantes umas das outras,
cerca de uma hora de barco.
Cada colocação de seringueiro possuía em média três estradas de seringa com cerca de
150 árvores cada. Dessa forma, por mais adensado que fosse o espaço entre as seringueiras,
não havia colocação que ocupasse menos que dez hectares de mata. Então, era de se esperar
que os seringalistas buscassem cada vez mais terras para alocarem suas colocações.
No ano de 1909 quando a Comissão Rondon buscava estabelecer o traçado das linhas
telegráficas que seriam implantadas, entre Cuiabá e a vila de Santo Antônio, em visita aos
principais seringalistas da região, os irmãos Alfredo e Godofredo Arruda, na sede de sua
empresa, o barracão Primor localizado no rio Madeira, próximo à foz do rio Jamarí. Rondon
aconselhou os aludidos seringalistas que orientassem seus trabalhadores no sentido de
modificarem a forma de contato com os arikemes, procurando tratá-los de forma mais
humanitária, (MAGALHÃES, 1941, p. 133).
A adoção dos métodos sugeridos por Rondon foram seguidos pelos irmãos Arruda e por
seus seringueiros e gerentes. Todavia, as mudanças na forma de lidar com os arikemes
fizeram com que, estes indígenas, uma vez sendo mais bem tratados, abrissem seus
aldeamentos aos seringueiros e outros moradores da região, mantendo contato pacífico com os
mesmos.
Em pouco tempo esses indígena passaram a falar com boa desenvoltura a língua
portuguesa, o que lhes causou grande vulnerabilidade visto que com a facilidade de
comunicação entre os arikemes e os moradores da região, se introduziram nos aldeamentos
uma série de maus costumes como o alcoolismo e a prostituição, além de doenças como a
sífilis e o defluxo causando grande mortalidade, (RONDON, 1916, p. 358).
Além disso, as crianças arikemes passaram a ser retiradas do convívio com suas famílias
e levadas para conviverem em outras localidades como Manaus e Belém, onde serviam como
atração aos curiosos que desconheciam indígenas com hábitos primitivos (MAGALHÃES,
1941, p. 133).
O contato pacífico entre os arikemes e os seringueiros foi extremamente nocivo a esses
indígenas, pois foi justamente esse contato que deu início ao processo de desestruturação
sociocultural desse povo.
No ano de 1910 Rondon determinou o levantamento dos principais aspectos sociais e
geográficos da região do rio Jamarí, visando o início dos trabalhos de implantação das linhas
telegráficas.
Durante o aludido levantamento, feito por uma equipe comandada pelo tenente Otávio
Felix Ferreira e Silva, a serviço da Comissão Rondon, entre os anos de 1910 e 1911,
observou-se que um levantamento demográfico preciso dos seringais do Rio Jamari era muito
difícil. Porém, com base nas informações passadas pelos gerentes dos seringais, chegou-se a
conclusão tanto dos limites dos seringais quanto do número de moradores dos mesmos, que
soavam um total de 1999 pessoas, sendo 1282 homens, 410 mulheres e 307 crianças, (SILVA,
1920, p. 24)
Para o período em que ocorreu o referido levantamento, ou seja, 1910-1911 uma
população de aproximadamente 2000 pessoas nos seringais do rio Jamari, era um número
razoável.
A partir do ano de 1911, além das dificuldades enfrentadas pelos arikemes advindas dos
contatos com os seringueiros da região, a situação desse grupo indígena vai agravar-se
substancialmente devido a introdução no vale do rio Jamari de outra modalidade de extração
vegetal, a coleta do caucho. Os caucheiros eram extrativistas que sobreviviam da coleta da
goma elástica de uma árvore endêmica da Amazônia, conhecida como caucho. Contudo, ao
contrário dos seringueiros, que apenas riscavam a casca da seringueira para extraírem o látex,
os caucheiros derrubavam a árvore do caucho para extraírem a goma elástica, ocupando assim
um espaço muito maior de território que o utilizado pelos seringueiros. O método de
exploração de caucho levava os extrativistas a permanecerem por mais tempo que os
seringueiros no interior da floresta, o que causava constantes conflitos com os indígenas.
No começo de 1911 os sertanejos tiradores de caucho que iam se estabelecendo pelo
Massangana começaram atingir as cabeceiras desse rio onde se achavam as aldeias
arikemes. A perseguição aos arikemes iniciou-se na mesma ocasião. No mês de
junho, os caucheiros resolveram dar um assalto em regra contra as malocas5
.
Guiados pelos trilhos abertos na floresta pelos próprios índios, conseguiram
descobrir uma dessas malocas; cercaram-na favorecidos pela hora matinal em que
operavam e, de improviso romperam o tiroteio. Homens, mulheres e crianças, só
cuidavam em fugir apavorados. Um índio de nome Ogunho, caiu vitimado pela
fuzilaria assassina. Os caucheiros, de posse da aldeia, saquearam-na, mas como o dia
não foi suficiente para terminarem a obra cruel que haviam planejado voltaram no
dia seguinte, com mais companheiros. Separaram o que havia de bom e utilizável, e
o que foi rejeitado quebraram-no, deixando tudo assolado e reduzido a cinzas
(MAGALHÂES, 1941, p.132).
Observa-se que o contato feito entre arikemes e seringueiros a partir das medidas
sugeridas por Rondon levaram o aludido grupo indígena a tornarem-se vulneráveis, pois
abandonaram parcialmente o sistema de defesa das tabas. O contato entre seringueiros e
indígenas passou a ser relativamente pacífico, de forma que inicialmente os arikemes não
efetivaram um sistema de defesa territorial contra os caucheiros que passaram a ocupar suas
terras desde 1911. No momento em que esses indígenas percebem que suas terras estão sendo
vastamente ocupadas, tentam reagir o que leva ao revide por parte dos caucheiros e ao
massacre que causou muitas mortes nos aldeamentos arikemes, conforme citação acima.
A Criação do SPILTN
Durante o período colonial as relações com os povos indígenas do Brasil, eram
desenvolvidas pela Igreja Católica por meio do que chamavam de catequese. Tratava-se da
imposição da religião cristã aos grupos indígenas que estavam em áreas de confronto direto
com os interesses da Coroa ou da própria Igreja.
Mesmo depois da expulsão dos Jesuítas do território brasileiro em meados do século
XVIII, pelas reformas pombalinas, a Igreja continuou a desempenhar tais ações que visavam
muito mais um projeto religioso que propriamente protecionista. Não havia por parte do
governo, ações que visassem proteger os grupos indígenas existentes no território brasileiro.
Com o advento da República, o ideário de desenvolvimento civilizatório fomentado
pelas elites positivistas que compunham os altos quadros administrativos do governo Federal,
sobretudo militares e intelectuais, passou a efetivar-se por intermédio de opiniões que
tentavam direcionaram as ações do Estado no sentido do reconhecimento da autonomia das
nações indígenas. Contudo, uma autonomia parcial, pois visava muito mais transformar os
indígenas em trabalhadores nacionais do que preservar seus aspectos culturais.
Com a criação do Ministério da Agricultura Indústria e Comercio – MAIC, no ano de
1906, no governo do presidente Afonso Pena, já havia uma previsão de criar-se dentro do
referido ministério “o governo dos índios”, voltado à proteção dos povos indígenas através da
tutela do Estado Brasileiro, (LIMA, 1992, p. 113).
Todavia, a discussão acerca da criação de um órgão de proteção aos indígenas acirrou-
se a partir do debate público acerca dos massacres cometidos por bugreiros e jagunços, em
muitos casos pagos por empresas particulares, contra os índios do interior de São Paulo,
(GAGLIARDI, 1989, p. 67).
Dois vultos opostos foram evidenciados e mitificados nesse debate público: por um
Candido Mariano Rondon, como sertanista experimentado em vários anos de desbravamento
do oeste brasileiro com a Comissão Rondon, que lhe possibilitou um contato com grupos
indígenas em toda extensão dos sertões do Mato Grosso.
A forma pacífica de contato com os indígenas, que Rondon ia localizando ao longo do
processo de desbravamento do sertão brasileiro, foi suficiente para criar sobre ele a imagem
do protetor ideal dos povos indígenas, pelo menos aos olhos do MAIC.
Do outro lado do debate encontrava-se o Diretor do Museu Paulista, Herman Von Ihering, que
defendia a ideia de que o extermínio dos grupos indígenas que não aceitassem as imposições
civilizatórias marcaria o advento do processo de desenvolvimento do Brasil.
Em 12 de outubro de 1908 Von Ihering havia publicado no jornal O Estado de São
Paulo o seguinte artigo:
Se se deseja salvar os índios por motivos humanitários é preciso que se tomem
primeiro as medidas necessárias para que não sigam perturbando o progresso da
colonização. Claro que todas as medidas que sejam empregadas devem ajustar-se a
este princípio em primeiro lugar: se deve defender os brancos contra a raça
vermelha. Qualquer catequese com outro fim não serve. Por que não tentar
imediatamente? Se a tentativa não der resultado algum, se foram satisfeitas as
tentativas humanitárias, então, sem voltar a prestar ouvidos às imprecações enfáticas
e ridículas de extravagantes apóstolos humanitários, proceda-se como o caso exige,
isto é, extermine-os refratários à marcha ascendente de nossa civilização, visto que
não representam elementos de trabalho e de progresso (IHERING apud LARAIA, p.
26).
Porém, como era de se esperar, Von Ihering não era o único a defender esta ideia.
Inclusive o debate em questão, havia surgido pelo massacre aos grupos indígenas do oeste de
São Paulo, patrocinado por poderosos fazendeiros. No entanto, em pleno desenvolvimento da
política das oligarquias, onde o papel político dos cafeicultores paulistas era importantíssima
no processo de escolha dos presidentes da República e dos estados, seria muito mais fácil
criar uma imagem negativa sobre Von Ihering do que envolver a oligarquia cafeicultora no
caso.
A ideia de criar um serviço para catequese e civilização dos índios já se encontrava
presente em 1906, no decreto aprovado para o MAIC, fato reconhecido no período
por atores ligados ao Serviço. Enquanto meta administrativa precede de muito o
“debate” instaurado contra Von Ihering, um elemento, dentre outros, presentes na
imaginação politica, como parte mesmo da “discussão”. Por outro lado, para a
consciência pública, o nome de Candido Rondon vinculava-se as ações heroicas face
aos índios também já antes dos fatos de 1908-09, ainda que o conjunto de
conferências de Rondon, em 1910, tenha amplificado a eficácia de seu nome (LIMA,
1995, p. 113).
No processo de criação do SPILTN- Serviço de Proteção aos Índios e Localização de
Trabalhadores Nacionais, salientou-se também os contatos mantidos entre Candido Rondon e
o ministro Rodolpho Miranda. As correspondências trocadas entre Rondon e o Ministro
Rodolpho Miranda, que respondia pela pasta do Ministério da Agricultura Indústria e
Comércio- MAIC indicam que já havia negociações previas entre eles, mesmo antes da
criação do SPILTN.
Nas cartas de Rondon ao ministro Rolpho Miranda, o militar enfatizava que era
necessário que o Estado criasse reservas indígenas em áreas de terras férteis, pois em áreas
pequenas e produtivas, poderia alocar grandes grupos de índios, ao passo que se fossem
criadas reservas nos chapadões e campos, seriam necessárias grandes áreas de terras para
formação de reservas.
Em uma carta de Rondon ao Ministro Rodolpho Miranda, observa-se que o intuito do
aludido militar era transformar os povos indígenas em trabalhadores comuns, baseado nos
moldes capitalistas do país.
Sem demora se transformarão eles em criadores, devido a felicidade de manter o
gado nos Campos Novos da Serra do Norte e, ao mesmo tempo, poderão continuar
suas plantações, desenvolvidas, então, pelos recursos e ferramentas que lhes
forneceremos (VIVEIROS ,1969, p.347).
Já havia, mesmo antes da criação do SPILTN, no ideário de Rondon uma formula de
como desenvolver contatos com povos indígenas, que se baseava em suas experiências
militares pelo Noroeste do Mato Grosso e nas premissas positivistas que, valia-se das novas
relações da Igreja com o Estado, e buscava afastar o método catequista católico e adotar a
salvação científica dos índios (LIMA, 1995, p. 114).
Contudo em 1910, quando finalmente efetivou-se a criação do SPILTN, o Estado não
oferecia as condições necessárias para preservar os grupos indígenas em seus próprios
territórios, evitando ataques de seringueiros, caucheiros e jagunços. Mesmo assim, houve a
implantação do aludido órgão, indicando que havia por parte do Estado, um interesse muito
maior em transformar os indígenas em trabalhadores comuns e em mediar os conflitos com as
diversas frentes de ocupação territorial do que propriamente oferecer uma proteção adequada
aos mesmos.
O Posto Indígena Rodolpho Miranda
No mês de fevereiro do ano de 1913, Rondon, dando sequência aos trabalhos do
SPILTN, na Amazônia, veio para Manaus, onde ficou sabendo da existência de crianças das
tribos arikemes em Belém, para onde tinham sido levadas por um proprietário de um dos
seringais do rio Massangana.
Por intermédio da Inspetoria de Proteção aos Índios, instalada em Manaus, Rondon
solicitou apoio das autoridades de Belém e resgatou as crianças arikemes que estavam naquela
localidade, conduzindo-as novamente para suas famílias (MAGALHÃES, 1941, p. 134).
Saindo de Manaus, Rondon seguiu pelo rio Madeira em demanda do rio Jamari, onde
deveria devolver as crianças arikemes à suas famílias. Ao longo do rio Madeira, teve
informações de varias crianças que haviam sido tomadas de suas famílias e se encontravam
em poder de famílias de seringueiros da região. Dessa forma as localizava, resgatava, e
continuava viagem rumo ao rio Jamari:
Então eu as procurava, tomava-as comigo e continuava a viagem, conduzindo-as
para suas aldeias que ia resolvido a reconstruir e proteger. Dentre essas crianças as
de nome Parriba, Paróia e Antina foram me entregue em estado de doença tão grave
que ao chegarmos ao nosso acampamento do “Torno Largo” no Jamari, tive de as
deixar entregues aos cuidados médicos da Comissão Telegráfica (MAGALHÃES,
1941, p.135).
Este contato com as crianças arikemes levou Rondon a ver a situação deplorável em que
esses índios se encontravam.
Dessa forma, como seu objetivo era reestruturar a comunidade arikem, mediando os
conflitos entre esses indígenas e as frentes extrativistas que avançavam pelo vale do rio
Jamari, resolveu criar um Posto indígena, onde concentraria os remanescentes desse grupo
indígena.
A criação do Posto Indígena Rodolpho Miranda, no ano de 1914, inicialmente com
4118 hectares, à margem esquerda do rio Jamari, próximo de onde está localizado atualmente
o município de Ariquemes, embora apresentasse a dedicação de Rondon à causa indígena,
apresenta também o sentido de tutelar adotado pelo SPILTN, tendo em vista que buscava
inicialmente evitar os conflitos entre indígenas e trabalhadores locais e a transformação desses
indígenas em trabalhadores comuns. Não evidenciava a preservação dos grupos indígenas,
enquanto comunidades culturalmente organizadas.
Quando Rondon teve notícias dos arikemes no ano de 1909, o grupo contava com cerca
de 600 membros em três aldeamentos, ao longo do rio Massangana, como já foi salientado.
No ano da criação do Posto Indígena Rodolpho Miranda, 1914, restavam apenas 60
indivíduos, (MAGALHAES, 1941, p. 134).
Este fator apresenta dois aspectos que identificam o descaso do Estado brasileiro na
proteção aos índios nas primeiras décadas do século XX: a criação do SPILTN ocorreu em
1910. Neste ano, Rondon já sabia dos constantes ataques sofridos pelos arikemes e, mesmo
assim, as medidas protetivas só foram tomadas em 1914.
O tempo decorrido entre 1910 e 1914 foi suficiente para dizimar o grupo, uma vez que o
assedio as aldeias arikemes era constante.
Todavia, mesmo com as deficiências ideológicas, o Posto Indígena Rodolpho Miranda,
pode prover certa proteção aos arikemes que estavam em situação deplorável.
Nos primeiros anos de criação o Posto Indígena Rodolpho Miranda recebeu vários
recursos e transformou-se em um órgão público invejável para os moldes da época, na região.
Recebeu uma pequena escola para a alfabetização em língua portuguesa, instrumentos
agrícolas, um atelier com cinco máquinas de costura para confecção de vestimentas, uma
caldeira e um engenho para a fabricação de rapaduras.
A estrutura logística do referido posto era de fazer inveja para muitas fazendas e órgãos
públicos do estado do Mato Grosso, onde se localizava. O propósito “humanitário” de
salvação dos ariquemes, não obstante o interesse do SPILTN em inseri-los em um novo molde
de catequese, que remetia aos conceitos não mais de cristãos católico, mas sim de cidadãos
trabalhadores , foi capaz de criar um posto indígena muito bem estruturado conforme os
conceitos capitalistas . No entanto, o referido posto passou, ao longo de poucos anos a abrigar
indígenas de outras etnias, com línguas e hábitos bem distintos dos arikemes.
Um fator que contribuiu para desestruturação da identidade social do grupo arikemes foi
a construção do Posto Indígena Rodolpho Miranda, muito próximo a sede de um de barracão
de seringa que era conhecido como vila dos Papagaios, também às margens do rio Jamari.
A vila dos Papagaios foi em 1909, um dos pontos de apoio da Comissão Rondon em sua
passagem pelo rio Jamari. Como citado anteriormente, foi também o local onde Rondon
captou as primeiras informações sobre os indígenas da região do Jamari.
Também em 1914 a Comissão Rondon criou um posto telegráfico na vila dos Papagaios
e nomeou-o como Estação Telegráfica Ariquemes. Dessa forma dois empreendimentos
federais foram criados no mesmo ano na vila dos Papagaios, o que induziu o governo do Mato
Grosso a mudar o status do aludido povoamento. Pela resolução n. 735 de seis de outubro de
1915, transformou a vila dos Papagaios em vila de Ariquemes, que passou a figurar como
Distrito de Paz do município de Santo Antônio.
Essas ações políticas, tanto do Governo Federal quanto do estado do Mato Grosso,
trouxeram um grande fluxo de pessoas para as imediações do Posto Indígena Rodolpho
Miranda. As relações entre os indígenas isolados no posto e os habitantes da vila de
Ariquemes e regatões3
que passavam pelo rio eram constantes.
Além do contato frequente com não indígenas e indígenas de outros grupos, os arikemes
eram submetidos no Posto Indígena Rodolpho Miranda a uma estrutura que os remetia a
3
Eram vendedores itinerantes que navegavam pelos rios da Amazônia em busca de negócios,
geralmente trocavam mercadorias por pelas de borracha e outras essências vegetais.
adoção de práticas de trabalho e hábitos de vida utilizados pelas sociedades brasileiras não
indígenas.
No ano de 1918 o jornal Alto Madeira descreveu baseado em informações de
funcionários do SPILTN, da seguinte maneira a estrutura do posto:
A estrutura da Colônia Indígena Rodolpho Miranda contava com uma escola
primária, uma oficina de marcenaria, um engenho da marca “Pearl”, com capacidade
de moer cinco toneladas de cana por dia, um ateliê de costura com cinco maquinas
manuais. Os trabalhos iniciais de direção do Posto foi o Sr. Antonio G. de Oliveira.
No ano de 1915, a direção do Posto Rodolpho Miranda passou para o Sr. Guilherme
Regino de Oliveira, que mudou-se par o posto juntamente com sua família4
.
Os trabalhos de alfabetização em língua portuguesa realizados com os índios arikemes e
outros grupos indígenas, internados no Posto Indígena Rodolpho Miranda era um ponto
fundamental no processo civilizatório ditado pelo SPILTN e corroborado por seu Diretor,
Candido Rondon.
Para o jornal Alto Madeira naquela época, e para grande parte da população brasileira,
sobretudo os positivistas, a alfabetização em língua portuguesa de um grupo indígena era um
fator de desenvolvimento cultural, que demonstrava às nações do mundo, a “eficácia” da
República brasileira em civilizar silvícolas.
Um fato apresentado pelo jornal Alto Madeira e amplamente divulgado nas vilas e
cidades do Mato Grosso e Amazonas, no ano de 1918, foi o casamento da índia arikemes
Maria Luiza com o índio urupá Aracotí, ambos isolados no Posto Indígena Rodolpho
Miranda. O que chamou a atenção das pessoas que participaram da cerimônia de casamento,
realizada na vila de Santo Antônio, foi o fato dos nubentes assinarem seus nomes no livro de
registro de casamentos, o que não era comum nem entre as pessoas que se diziam civilizadas
na época, na vila de Santo Antônio e região.
O casamento dos indígenas, Maria Luiza pertencente ao grupo arikeme e Aracoti,
pertencente ao grupo urupá, apresenta claramente o processo de desestruturação social vivido
pelos diversos grupos internados no Posto Indígena Rodolpho Miranda, sobretudo por dois
fatores, a saber: a alfabetização em língua portuguesa que levava ao gradual abandono da
matriz linguística e o casamento interétnico que inevitavelmente conduzia os indivíduos à
práticas culturais diferentes das tradicionalmente praticadas por seu grupo.
4
Promissor início de proveitos proteção aos nossos aborígenes, Jornal Alto Madeira, Porto Velho, 24
fev., 1918. p. 1.
Embora o Posto Indígena já fosse chamado de Colônia pelos moradores da região, foi
só no ano de 1945 que o aludido Posto foi transformado em Colônia Indígena e passou a ter
9.000 hectares de extensão, (LEONEL, 1995, p. 71) .
A partir de 1930, início do Governo de Getúlio Vargas, ocorre uma reestruturação
administrativa nos quadros do Governo. Em substituição ao MAIC surge o Ministério do
Trabalho Indústria e Comercio- MTIC, visando dirimir conflitos entre o capital e o trabalho,
principalmente na área da indústria, (LIMA, 1995).
Rondon, por motivos políticos, foi afastado da chefia do SPI, sendo substituído pelo
engenheiro José Bezerra Cavalcante. O raio de ação do serviço ficou reduzido uma vez que
deixou de ser uma autarquia, embora ligada ao extinto MAIC, com certo poder de decisões.
A capacidade de ação do Serviço declinaria, significativamente ao longo do ano de
1931, com a perda da autonomia funcional, configurada na posição na hierarquia
burocrática como seção de um departamento e não mais Serviço independente. Isto
era tão mais grave quanto maior era a escassez de receitas, características do MTIC.
( LIMA, 1995.p.258)
Em Ariquemes a partir de 1951 as terras da Colônia Rodolpho Miranda passaram a ser
distribuídas, a título precário, entre os principais mandatários da vila de Ariquemes, dentre
eles Adalberto Benevides, Antônio Rocha, Severino José Barbosa, Bento Sampaio, com
arrendamento de 6%. Entretanto, nem o SPI e nem os pouquíssimos índios que ainda viviam
na Colônia receberam qualquer porcentagem do arrendamento, (LEONEL, 1995, p. 73).
Mesmo com a desestruturação das características sociais, tanto os arikemes quantos os
demais grupos que viviam na Colônia continuavam sobrevivendo como comunidade mista.
Porém a falta de recursos por parte do Governo Federal, o arrendamento das terras da colônia
a proprietários agrícolas da região e as novas frentes pioneiras vindas para a região a partir de
1943, terminaram dispersando os poucos indígenas que ainda viviam na colônia.
Em 1984 o que restava do povo indígena arikemes eram apenas duas famílias indígenas
trabalhando para proprietários agrícolas nos arredores do município de Ariquemes e pelo
menos duas índias em prostíbulos locais (LEONEL, 1995, p. 74).
CONCLUSÃO
Os postos de atração e colônias indígenas criados pelo SPILTN e SPI, embora
possuíssem em sua base ideológica o ideal civilizatório cientificista e laico defendido pelos
positivistas não efetivou ações que pudessem preservar as comunidades indígenas tomando
como referência suas estruturas sociais.
Os trabalhos realizados pelos postos de atração e colônias indígenas caracterizaram-se
por realizar uma espécie de isolamento de determinados grupos indígenas, evitando com isso
os conflitos entre esses indígenas e as frentes pioneiras. Por outro lado possibilitavam, com a
retirada dos indígenas de suas terras e o internamento em postos e colônias, a ocupação por
latifundiários e congêneres que aproveitavam o espaço ocioso para explora-lo
economicamente.
A concentração de grupos étnicos diferentes em uma mesma área, naturalmente causava
atritos sociais que terminavam por gerar acordos internos levando à transformação dos modos
de vida e das tradições dos grupos existentes no interior desses postos ou colônias, inclusive
possibilitando casamentos intertribais entre indivíduos de grupos que tradicionalmente não
possuíam esta prática.
A atração dos indígenas aos postos do SPI, tendo como incentivo a distribuição de
presentes que geralmente não compunham o acervo de objetos de uso quotidiano, a imposição
dos métodos de trabalhos adotados pelas comunidades não indígenas como fator civilizatório
desenvolvido pelo Estado nas relações protecionistas no interior dos postos e colônias
indígenas, além dos períodos de escassez de recursos para manutenção dos mesmos que,
levavam os indígenas alocados em determinados postos a buscarem relações com as
comunidades locais, foram fatores eficazes no processo de desestruturação social de culturas
primitivas em vários pontos do país.
No caso analisado por este trabalho, a internação dos arikemes, no Posto Indígena
Rodolpho Miranda foi um fator que contribuiu não só para a para a perda de várias práticas
sociais desses índios, quanto para adoção de novas práticas socioculturais que os levaram ao
abandono dos conceitos de identidade tribal, o que terminou remetendo-os à gradual extinção,
senão vejamos: no momento em que ocorreu internação dos arikemes no Posto Indígena
Rodolpho Miranda, Rondon determinou também que outros grupos fossem recolhidos ao
aludido posto, a saber: kepiquiri-uats, pernauts, urupas, bocas-preta. Esse processo causou
uma mistura constante de hábitos e línguas que inevitavelmente convergiram para o abandono
dos costumes primitivos de ambos os grupos. A Colônia Indígena Rodolpho Miranda era,
inclusive, chamada pelos próprios funcionários do SPI de “Babel Silvícola”, (MAGALHÃES,
1943).
Além do exposto acima a substituição do MAIC pelo MTIC, as mudanças no ideário
político do Governo, foram responsáveis pelo início da desestruturação do SPI, que passou a
receber cada vez menos verbas, inclusive sendo transferido em 1934 para o Ministério da
Guerra. Vários grupos indígenas tutelados pelo aludido órgão passaram a sofrer com o
abandono material e saíram dos postos e colônias em busca de trabalhos pelas regiões onde
viviam. Em muitos casos, como ocorreu em Rondônia com os arikemes, os urupás, os
kepikiri-uats e vário outros, os grupos que viviam nos postos de atração terminaram sendo
totalmente extintos.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Typografia De Molarinho & Mont’Alverne.
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LARAIA, R.B. 2012 Os militares e o indigenismo. Uma história de um século. Publicado na
Revista Da Cultura. Ano IX, nº16. http://www.funceb.org.br/images/revista/19_1s8v.pdf.

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Posto indígena Rodolpho Miranda- Indígenas Arikêmes

  • 1. O POSTO INDÍGENA RODOPHO MIRANDA E OS ÍNDIOS ARIKEMES: PROCESSO DE DESAGREGAÇÃO CULTURAL SOB A TUTELA DO SPI. Washington Heleno Cavalcante1 RESUMO: O Presente artigo visa analisar os fatores causais para a perda da identidade cultural e a extinção dos índios arikemes a partir da tutela imposta pelo SPILTN- Serviço e Proteção aos Índios e Localização e Trabalhadores Nacionais, por intermédio do Posto Indígena Rodolpho Miranda onde os aludidos índios foram internados no ano de 1914. O referido posto indígena foi construído na região do médio rio Jamarí região norte do atual estado de Rondônia. Para alcançarem-se os resultados propostos, o trabalho baseou-se em análise literária pertinente, pesquisa feita ao Museu do Índio e periódicos que circulavam na região nos primeiros anos do século passado. A tutela do Estado brasileiro, nas questões indígenas, a partir da criação do SPILTN possuía um caráter positivista, posto que Candido Rondon como elemento chave, tanto no processo de criação quanto no desenvolvimento dos trabalhos de SPILTN, era um dos defensores desta ideologia. A internação dos indígenas arikemes no Posto Indígena Rodolpho Miranda, aliada ao desejo de impor-lhes uma cultura europeizada foi fator eficaz para a perda gradativa de características identitárias que, somada ao abandono material culminou com a extinção deste grupo indígena. O projeto de controle tutelar aos povos indígenas sob o disfarce de protecionismo, efetivado pelo Estado brasileiro tornou-se um paradigma ao longo dos anos, que se repete a cada governo e a cada fase política causando graves prejuízos sociais a estes povos. Desta forma, analisar e divulgar as primeiras ações do Estado brasileiro no projeto civilizatório imposto aos indígenas, e seus resultados negativos poderá contribuir para uma melhor interpretação sobre esta temática. PALAVRAS CHAVE: Indígena. Arikemes. Posto Indígena. Aculturação. Extinção INTRODUÇÃO As ações do SPILTN – Serviço de Proteção ao Índio e Localização de Trabalhadores Nacionais, criado em 1910, pelo então presidente da República Nilo Peçanha e liderado inicialmente por Candido Mariano da Silva Rondon, teve como uma das características marcantes o controle tutelar dos povos indígenas por meio da criação de postos e colônias indígenas. Em sua grande maioria, essas colônias de internação coletiva não cumpriam o objetivo de proteger os indígenas, preservando suas bases sociais, terminavam por leva-los a adoção de hábitos de vida diferentes dos tradicionais, o que levava em alguns casos, à extinção desses indígenas. Havia no início do século XX, nas inúmeras autarquias nacionais um ideário positivista, voltado para o conceito civilizatório aos moldes europeus. Dessa forma, para a República 1 Mestrando do Programa de Mestrado em História e Estudos Culturais da Universidade Federal de Rondônia. Professor de História da Rede Pública Estadual de Rondônia. washelcav@bol.com.br
  • 2. brasileira recém-criada, com bases ideológicas militaristas e positivistas, proteger os indígenas era inseri-los à cultura vigente no país, baseada nos conceitos coloniais impostos por nossos colonizadores, (GAGLIARDI, 1989, p. 52). Justamente nesse período de formação das bases burocráticas da recém-criada República brasileira estava ocorrendo, na Amazônia, a expansão do Ciclo da Borracha. Na região do rio Jamarí, localizado no território do atual estado de Rondônia, um grupo indígena, hoje extinto, passava por sérias dificuldades no contato com as frentes extrativistas. Trata-se dos arikemes, grupo indígena de origem tupi que viviam nas cabeceiras do rio Massangana, um dos principais tributários do rio Jamari pela margem esquerda, (RONDON, 1916, p. 357). No ano de 1909, com o desenvolvimento dos trabalhos para construção de linhas telegráficas entre o Mato Grosso e o Amazônas, o Estado brasileiro passou a ter ciência do processo de confronto entre os arikemes e os seringueiros e caucheiros2 da região acima citada. Segundo informações da própria Comissão Rondon, ocorriam vários conflitos entre seringueiros que adentravam as terras dos arikemes em busca de árvores de seringa para o corte. Todavia, os conflitos entre os arikemes e os caucheiros eram muito piores devido ao fato de que esses extrativistas necessitavam de territórios mais amplos para desempenharem seu trabalho, tendo em vista que a exploração do caucho requer o corte das árvores para extração de sua seiva, o que levava esses caucheiros a permanecerem mais tempo em terras indígenas, gerando assim confrontos geralmente fatais. No ano de 1910, com a criação do SPILTN (Serviço de Proteção ao Índio e Localização de Trabalhadores Nacionais) o então coronel Candido Mariano da Silva Rondon, que já comandava a CLTEMA- Comissão de Linhas Telegráfica Estratégicas do Mato Grosso ao Amazonas passou também a chefiar o recém-criado órgão. Dessa forma passaram a serem efetivadas algumas ações que levaram à criação, em 1914, de um posto indígena as margens do rio Jamari, chamado Posto Indígena Rodolpho Miranda. Esse Posto Indígena visava baseado na ideologia do SPILTN, mediar os conflitos entre os arikemes e as frentes extrativistas estabelecidas na região, através do isolamento desses, e de outros grupos indígenas no aludido posto indígena, possibilitando assim, a exploração de suas terras. 2 Extrativistas que sobrevivem do corte do caucho, árvore da Amazônia que produz uma goma elástica similar a da seringueira, contudo de menor qualidade. A extração do caucho, diferente da extração do látex, requer a derrubada da árvore para que sua seiva seja coletada.
  • 3. O presente trabalho objetiva analisar os motivos que causaram a criação do Posto Indígena Rodolpho Miranda e as mazelas impostas aos arikemes após o isolamento desses índios no referido posto. Visa ainda, salientar a ideologia do Estado brasileiro no que tange ao processo civilizatório implícito nas ações ditas protecionistas, que na maior parte dos casos contribuía para a desarticulação social dos grupos indígenas abrangidos pelas ações do SPILTN. Embora a pesquisa que culminou no presente artigo tenha se fundamentado em trabalhos científicos que buscaram compreender as relações tutoriais do SPILTN sobre as nações indígenas, foram também consultados autores contemporâneos da Comissão Rondon, que puderam contribuir com informações pertinentes para elucidação do problema proposto pelo presente trabalho. Os Arikemes. As informações coletadas pela Comissão Rondon, tanto durante sua passagem pelo rio Jamarí em 1909, quanto através das pesquisas feitas posteriormente, dão conta de que os arikemes eram um grupo indígena com aprofundado grau tecnológico e uma religião muito peculiar. O conhecimento de Rondon, sobre a existência dos índios arikemes ocorreu informalmente, através de contatos com seringueiros dos barracões do rio Jamari: Rondon obteve as primeiras notícias sobre os arikemes no ano de 1909, quando de sua passagem pelo Jamari, por intermédio de seringueiros do baixo Jamari. Segundo as informações coletadas na época os bolivianos haviam invadido suas terras originais, obrigando-os a transferirem suas “malocas” para o alto Jamari, em um tributário chamado rio Massangana, (RONDON, 1916, p.357). Após se fixarem na região do rio Massangana, um dos principais tributários do rio Jamari, os arikemes passaram a ser perseguidos pelos seringalistas da região, que visavam criar seringais em suas áreas. Dentre estes seringalistas devemos salientar os poderosos irmãos Alfredo e Godofredo Arruda, proprietários do seringal Bom Futuro, e de muitos outros seringais no rio Jamari. Haviam ataques comandados pelos seringalistas da região aos aldeamentos arikemes, que geralmente causavam mortes entre esses índios. Em alguns casos havia o revide a seringueiros que fossem encontrados sozinhos pela floresta. Os principais aspectos culturais, desses índios ainda eram preservados quando, em 1909, ocorreu a primeira passagem da Comissão Rondon pelo rio Jamari, o que pôde ser
  • 4. detectado nos primeiros contatos com os mesmos, após o estabelecimento dos trabalhos da CLTEMA-Comissão Estratégica de Construção de Linhas Telegráficas do Mato Grosso ao Amazonas, no vale do rio Jamari. Cometerá grave erro quem concluir que estes índios já abandonaram os hábitos de sua primitiva civilização. Ao contrario disso, ainda se conservam fieis a essas antiguidades que caracterizam a sua vida de povo autônomo, no meio da intrincada floresta de nações selvagens que existiam no grande território do velho Pindorama (Magalhães, 1942 p.341). Dentre as técnicas desenvolvidas pelos arikemes, era notória a utilização de cerâmicas domesticas e cerâmicas rituais, inclusive com a confecção de vasos muito grandes, com capacidade de mais de 40 litros. Apesar de não usarem roupas, sabiam tecer algodão do qual faziam redes para dormir. Para a trituração de grãos, abriam sulcos em toros de madeira que eram utilizadas horizontalmente, depois escolhiam um pedaço de laje e forma de “meio disco” que coubesse no sulco aberto, dessa forma enchiam o sulco de grãos e, utilizando a laje os trituravam, ( Rondon, 1916, p. 361). Além dos aspectos culturais acima citados, Roquette-Pinto informa que: Os arikemes se identificavam socialmente com o nome tribal Ahôpôvo, eram comandados por caciques chamados de upós,estavam organizados em três aldeias, ao longo do alto rio Massangana. Cada aldeia possuía uma casa religiosa que era chamada de pujico. A estrutura habitacional era composta por três palhoças em forma de casco de tatu, com uma só porta. O sepultamento usual dos arikemes ocorria no interior das casas, sob as redes, modo comum com os Tupis da região do Rio Ji-Paraná e outras tribos amazônicas. Embora o pujico se apresente como uma espécie de templo, apropriado para rituais para os homens, com aspectos religiosos originais, observa-se que outras tribos da região (os parecis e os kepikiriuats), também apresentavam casas religiosas. Os membros da Comissão Rondon não puderam precisar se os arikemes praticavam o endocanibalismo (que existe em outras ordens da família Pano), mas o fato é que foram encontrados em algumas das suas cestas, ossos carbonizados o que poderia indicar a ingestão das cinzas dos guerreiros nos rituais de sepultamento. Os arikemes não apresentavam símbolos antropomorfos. Possivelmente utilizavam como representações simbólicas, numerosos pares de objetos rituais, como machados e cestas. As cestas com sua forma trípode e o uso de sacos num povo que dispõe de cerâmica, sugeriam condições mais primitivas que o período “arcaico” da cerâmica centro-americana e do próprio uso da fiação. A Exploração do Látex nas Terras dos Arikemes A unidade de produção do látex no complexo sistema de barracão é chamada de colocação, ou seja, o local onde eram alocados, na floresta, os seringueiros que trabalhavam em determinado seringal. Em muitos casos as colocações eram distantes umas das outras, cerca de uma hora de barco.
  • 5. Cada colocação de seringueiro possuía em média três estradas de seringa com cerca de 150 árvores cada. Dessa forma, por mais adensado que fosse o espaço entre as seringueiras, não havia colocação que ocupasse menos que dez hectares de mata. Então, era de se esperar que os seringalistas buscassem cada vez mais terras para alocarem suas colocações. No ano de 1909 quando a Comissão Rondon buscava estabelecer o traçado das linhas telegráficas que seriam implantadas, entre Cuiabá e a vila de Santo Antônio, em visita aos principais seringalistas da região, os irmãos Alfredo e Godofredo Arruda, na sede de sua empresa, o barracão Primor localizado no rio Madeira, próximo à foz do rio Jamarí. Rondon aconselhou os aludidos seringalistas que orientassem seus trabalhadores no sentido de modificarem a forma de contato com os arikemes, procurando tratá-los de forma mais humanitária, (MAGALHÃES, 1941, p. 133). A adoção dos métodos sugeridos por Rondon foram seguidos pelos irmãos Arruda e por seus seringueiros e gerentes. Todavia, as mudanças na forma de lidar com os arikemes fizeram com que, estes indígenas, uma vez sendo mais bem tratados, abrissem seus aldeamentos aos seringueiros e outros moradores da região, mantendo contato pacífico com os mesmos. Em pouco tempo esses indígena passaram a falar com boa desenvoltura a língua portuguesa, o que lhes causou grande vulnerabilidade visto que com a facilidade de comunicação entre os arikemes e os moradores da região, se introduziram nos aldeamentos uma série de maus costumes como o alcoolismo e a prostituição, além de doenças como a sífilis e o defluxo causando grande mortalidade, (RONDON, 1916, p. 358). Além disso, as crianças arikemes passaram a ser retiradas do convívio com suas famílias e levadas para conviverem em outras localidades como Manaus e Belém, onde serviam como atração aos curiosos que desconheciam indígenas com hábitos primitivos (MAGALHÃES, 1941, p. 133). O contato pacífico entre os arikemes e os seringueiros foi extremamente nocivo a esses indígenas, pois foi justamente esse contato que deu início ao processo de desestruturação sociocultural desse povo. No ano de 1910 Rondon determinou o levantamento dos principais aspectos sociais e geográficos da região do rio Jamarí, visando o início dos trabalhos de implantação das linhas telegráficas. Durante o aludido levantamento, feito por uma equipe comandada pelo tenente Otávio Felix Ferreira e Silva, a serviço da Comissão Rondon, entre os anos de 1910 e 1911, observou-se que um levantamento demográfico preciso dos seringais do Rio Jamari era muito
  • 6. difícil. Porém, com base nas informações passadas pelos gerentes dos seringais, chegou-se a conclusão tanto dos limites dos seringais quanto do número de moradores dos mesmos, que soavam um total de 1999 pessoas, sendo 1282 homens, 410 mulheres e 307 crianças, (SILVA, 1920, p. 24) Para o período em que ocorreu o referido levantamento, ou seja, 1910-1911 uma população de aproximadamente 2000 pessoas nos seringais do rio Jamari, era um número razoável. A partir do ano de 1911, além das dificuldades enfrentadas pelos arikemes advindas dos contatos com os seringueiros da região, a situação desse grupo indígena vai agravar-se substancialmente devido a introdução no vale do rio Jamari de outra modalidade de extração vegetal, a coleta do caucho. Os caucheiros eram extrativistas que sobreviviam da coleta da goma elástica de uma árvore endêmica da Amazônia, conhecida como caucho. Contudo, ao contrário dos seringueiros, que apenas riscavam a casca da seringueira para extraírem o látex, os caucheiros derrubavam a árvore do caucho para extraírem a goma elástica, ocupando assim um espaço muito maior de território que o utilizado pelos seringueiros. O método de exploração de caucho levava os extrativistas a permanecerem por mais tempo que os seringueiros no interior da floresta, o que causava constantes conflitos com os indígenas. No começo de 1911 os sertanejos tiradores de caucho que iam se estabelecendo pelo Massangana começaram atingir as cabeceiras desse rio onde se achavam as aldeias arikemes. A perseguição aos arikemes iniciou-se na mesma ocasião. No mês de junho, os caucheiros resolveram dar um assalto em regra contra as malocas5 . Guiados pelos trilhos abertos na floresta pelos próprios índios, conseguiram descobrir uma dessas malocas; cercaram-na favorecidos pela hora matinal em que operavam e, de improviso romperam o tiroteio. Homens, mulheres e crianças, só cuidavam em fugir apavorados. Um índio de nome Ogunho, caiu vitimado pela fuzilaria assassina. Os caucheiros, de posse da aldeia, saquearam-na, mas como o dia não foi suficiente para terminarem a obra cruel que haviam planejado voltaram no dia seguinte, com mais companheiros. Separaram o que havia de bom e utilizável, e o que foi rejeitado quebraram-no, deixando tudo assolado e reduzido a cinzas (MAGALHÂES, 1941, p.132). Observa-se que o contato feito entre arikemes e seringueiros a partir das medidas sugeridas por Rondon levaram o aludido grupo indígena a tornarem-se vulneráveis, pois abandonaram parcialmente o sistema de defesa das tabas. O contato entre seringueiros e indígenas passou a ser relativamente pacífico, de forma que inicialmente os arikemes não efetivaram um sistema de defesa territorial contra os caucheiros que passaram a ocupar suas terras desde 1911. No momento em que esses indígenas percebem que suas terras estão sendo vastamente ocupadas, tentam reagir o que leva ao revide por parte dos caucheiros e ao massacre que causou muitas mortes nos aldeamentos arikemes, conforme citação acima.
  • 7. A Criação do SPILTN Durante o período colonial as relações com os povos indígenas do Brasil, eram desenvolvidas pela Igreja Católica por meio do que chamavam de catequese. Tratava-se da imposição da religião cristã aos grupos indígenas que estavam em áreas de confronto direto com os interesses da Coroa ou da própria Igreja. Mesmo depois da expulsão dos Jesuítas do território brasileiro em meados do século XVIII, pelas reformas pombalinas, a Igreja continuou a desempenhar tais ações que visavam muito mais um projeto religioso que propriamente protecionista. Não havia por parte do governo, ações que visassem proteger os grupos indígenas existentes no território brasileiro. Com o advento da República, o ideário de desenvolvimento civilizatório fomentado pelas elites positivistas que compunham os altos quadros administrativos do governo Federal, sobretudo militares e intelectuais, passou a efetivar-se por intermédio de opiniões que tentavam direcionaram as ações do Estado no sentido do reconhecimento da autonomia das nações indígenas. Contudo, uma autonomia parcial, pois visava muito mais transformar os indígenas em trabalhadores nacionais do que preservar seus aspectos culturais. Com a criação do Ministério da Agricultura Indústria e Comercio – MAIC, no ano de 1906, no governo do presidente Afonso Pena, já havia uma previsão de criar-se dentro do referido ministério “o governo dos índios”, voltado à proteção dos povos indígenas através da tutela do Estado Brasileiro, (LIMA, 1992, p. 113). Todavia, a discussão acerca da criação de um órgão de proteção aos indígenas acirrou- se a partir do debate público acerca dos massacres cometidos por bugreiros e jagunços, em muitos casos pagos por empresas particulares, contra os índios do interior de São Paulo, (GAGLIARDI, 1989, p. 67). Dois vultos opostos foram evidenciados e mitificados nesse debate público: por um Candido Mariano Rondon, como sertanista experimentado em vários anos de desbravamento do oeste brasileiro com a Comissão Rondon, que lhe possibilitou um contato com grupos indígenas em toda extensão dos sertões do Mato Grosso. A forma pacífica de contato com os indígenas, que Rondon ia localizando ao longo do processo de desbravamento do sertão brasileiro, foi suficiente para criar sobre ele a imagem do protetor ideal dos povos indígenas, pelo menos aos olhos do MAIC.
  • 8. Do outro lado do debate encontrava-se o Diretor do Museu Paulista, Herman Von Ihering, que defendia a ideia de que o extermínio dos grupos indígenas que não aceitassem as imposições civilizatórias marcaria o advento do processo de desenvolvimento do Brasil. Em 12 de outubro de 1908 Von Ihering havia publicado no jornal O Estado de São Paulo o seguinte artigo: Se se deseja salvar os índios por motivos humanitários é preciso que se tomem primeiro as medidas necessárias para que não sigam perturbando o progresso da colonização. Claro que todas as medidas que sejam empregadas devem ajustar-se a este princípio em primeiro lugar: se deve defender os brancos contra a raça vermelha. Qualquer catequese com outro fim não serve. Por que não tentar imediatamente? Se a tentativa não der resultado algum, se foram satisfeitas as tentativas humanitárias, então, sem voltar a prestar ouvidos às imprecações enfáticas e ridículas de extravagantes apóstolos humanitários, proceda-se como o caso exige, isto é, extermine-os refratários à marcha ascendente de nossa civilização, visto que não representam elementos de trabalho e de progresso (IHERING apud LARAIA, p. 26). Porém, como era de se esperar, Von Ihering não era o único a defender esta ideia. Inclusive o debate em questão, havia surgido pelo massacre aos grupos indígenas do oeste de São Paulo, patrocinado por poderosos fazendeiros. No entanto, em pleno desenvolvimento da política das oligarquias, onde o papel político dos cafeicultores paulistas era importantíssima no processo de escolha dos presidentes da República e dos estados, seria muito mais fácil criar uma imagem negativa sobre Von Ihering do que envolver a oligarquia cafeicultora no caso. A ideia de criar um serviço para catequese e civilização dos índios já se encontrava presente em 1906, no decreto aprovado para o MAIC, fato reconhecido no período por atores ligados ao Serviço. Enquanto meta administrativa precede de muito o “debate” instaurado contra Von Ihering, um elemento, dentre outros, presentes na imaginação politica, como parte mesmo da “discussão”. Por outro lado, para a consciência pública, o nome de Candido Rondon vinculava-se as ações heroicas face aos índios também já antes dos fatos de 1908-09, ainda que o conjunto de conferências de Rondon, em 1910, tenha amplificado a eficácia de seu nome (LIMA, 1995, p. 113). No processo de criação do SPILTN- Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais, salientou-se também os contatos mantidos entre Candido Rondon e o ministro Rodolpho Miranda. As correspondências trocadas entre Rondon e o Ministro Rodolpho Miranda, que respondia pela pasta do Ministério da Agricultura Indústria e Comércio- MAIC indicam que já havia negociações previas entre eles, mesmo antes da criação do SPILTN.
  • 9. Nas cartas de Rondon ao ministro Rolpho Miranda, o militar enfatizava que era necessário que o Estado criasse reservas indígenas em áreas de terras férteis, pois em áreas pequenas e produtivas, poderia alocar grandes grupos de índios, ao passo que se fossem criadas reservas nos chapadões e campos, seriam necessárias grandes áreas de terras para formação de reservas. Em uma carta de Rondon ao Ministro Rodolpho Miranda, observa-se que o intuito do aludido militar era transformar os povos indígenas em trabalhadores comuns, baseado nos moldes capitalistas do país. Sem demora se transformarão eles em criadores, devido a felicidade de manter o gado nos Campos Novos da Serra do Norte e, ao mesmo tempo, poderão continuar suas plantações, desenvolvidas, então, pelos recursos e ferramentas que lhes forneceremos (VIVEIROS ,1969, p.347). Já havia, mesmo antes da criação do SPILTN, no ideário de Rondon uma formula de como desenvolver contatos com povos indígenas, que se baseava em suas experiências militares pelo Noroeste do Mato Grosso e nas premissas positivistas que, valia-se das novas relações da Igreja com o Estado, e buscava afastar o método catequista católico e adotar a salvação científica dos índios (LIMA, 1995, p. 114). Contudo em 1910, quando finalmente efetivou-se a criação do SPILTN, o Estado não oferecia as condições necessárias para preservar os grupos indígenas em seus próprios territórios, evitando ataques de seringueiros, caucheiros e jagunços. Mesmo assim, houve a implantação do aludido órgão, indicando que havia por parte do Estado, um interesse muito maior em transformar os indígenas em trabalhadores comuns e em mediar os conflitos com as diversas frentes de ocupação territorial do que propriamente oferecer uma proteção adequada aos mesmos. O Posto Indígena Rodolpho Miranda No mês de fevereiro do ano de 1913, Rondon, dando sequência aos trabalhos do SPILTN, na Amazônia, veio para Manaus, onde ficou sabendo da existência de crianças das tribos arikemes em Belém, para onde tinham sido levadas por um proprietário de um dos seringais do rio Massangana. Por intermédio da Inspetoria de Proteção aos Índios, instalada em Manaus, Rondon solicitou apoio das autoridades de Belém e resgatou as crianças arikemes que estavam naquela localidade, conduzindo-as novamente para suas famílias (MAGALHÃES, 1941, p. 134).
  • 10. Saindo de Manaus, Rondon seguiu pelo rio Madeira em demanda do rio Jamari, onde deveria devolver as crianças arikemes à suas famílias. Ao longo do rio Madeira, teve informações de varias crianças que haviam sido tomadas de suas famílias e se encontravam em poder de famílias de seringueiros da região. Dessa forma as localizava, resgatava, e continuava viagem rumo ao rio Jamari: Então eu as procurava, tomava-as comigo e continuava a viagem, conduzindo-as para suas aldeias que ia resolvido a reconstruir e proteger. Dentre essas crianças as de nome Parriba, Paróia e Antina foram me entregue em estado de doença tão grave que ao chegarmos ao nosso acampamento do “Torno Largo” no Jamari, tive de as deixar entregues aos cuidados médicos da Comissão Telegráfica (MAGALHÃES, 1941, p.135). Este contato com as crianças arikemes levou Rondon a ver a situação deplorável em que esses índios se encontravam. Dessa forma, como seu objetivo era reestruturar a comunidade arikem, mediando os conflitos entre esses indígenas e as frentes extrativistas que avançavam pelo vale do rio Jamari, resolveu criar um Posto indígena, onde concentraria os remanescentes desse grupo indígena. A criação do Posto Indígena Rodolpho Miranda, no ano de 1914, inicialmente com 4118 hectares, à margem esquerda do rio Jamari, próximo de onde está localizado atualmente o município de Ariquemes, embora apresentasse a dedicação de Rondon à causa indígena, apresenta também o sentido de tutelar adotado pelo SPILTN, tendo em vista que buscava inicialmente evitar os conflitos entre indígenas e trabalhadores locais e a transformação desses indígenas em trabalhadores comuns. Não evidenciava a preservação dos grupos indígenas, enquanto comunidades culturalmente organizadas. Quando Rondon teve notícias dos arikemes no ano de 1909, o grupo contava com cerca de 600 membros em três aldeamentos, ao longo do rio Massangana, como já foi salientado. No ano da criação do Posto Indígena Rodolpho Miranda, 1914, restavam apenas 60 indivíduos, (MAGALHAES, 1941, p. 134). Este fator apresenta dois aspectos que identificam o descaso do Estado brasileiro na proteção aos índios nas primeiras décadas do século XX: a criação do SPILTN ocorreu em 1910. Neste ano, Rondon já sabia dos constantes ataques sofridos pelos arikemes e, mesmo assim, as medidas protetivas só foram tomadas em 1914. O tempo decorrido entre 1910 e 1914 foi suficiente para dizimar o grupo, uma vez que o assedio as aldeias arikemes era constante.
  • 11. Todavia, mesmo com as deficiências ideológicas, o Posto Indígena Rodolpho Miranda, pode prover certa proteção aos arikemes que estavam em situação deplorável. Nos primeiros anos de criação o Posto Indígena Rodolpho Miranda recebeu vários recursos e transformou-se em um órgão público invejável para os moldes da época, na região. Recebeu uma pequena escola para a alfabetização em língua portuguesa, instrumentos agrícolas, um atelier com cinco máquinas de costura para confecção de vestimentas, uma caldeira e um engenho para a fabricação de rapaduras. A estrutura logística do referido posto era de fazer inveja para muitas fazendas e órgãos públicos do estado do Mato Grosso, onde se localizava. O propósito “humanitário” de salvação dos ariquemes, não obstante o interesse do SPILTN em inseri-los em um novo molde de catequese, que remetia aos conceitos não mais de cristãos católico, mas sim de cidadãos trabalhadores , foi capaz de criar um posto indígena muito bem estruturado conforme os conceitos capitalistas . No entanto, o referido posto passou, ao longo de poucos anos a abrigar indígenas de outras etnias, com línguas e hábitos bem distintos dos arikemes. Um fator que contribuiu para desestruturação da identidade social do grupo arikemes foi a construção do Posto Indígena Rodolpho Miranda, muito próximo a sede de um de barracão de seringa que era conhecido como vila dos Papagaios, também às margens do rio Jamari. A vila dos Papagaios foi em 1909, um dos pontos de apoio da Comissão Rondon em sua passagem pelo rio Jamari. Como citado anteriormente, foi também o local onde Rondon captou as primeiras informações sobre os indígenas da região do Jamari. Também em 1914 a Comissão Rondon criou um posto telegráfico na vila dos Papagaios e nomeou-o como Estação Telegráfica Ariquemes. Dessa forma dois empreendimentos federais foram criados no mesmo ano na vila dos Papagaios, o que induziu o governo do Mato Grosso a mudar o status do aludido povoamento. Pela resolução n. 735 de seis de outubro de 1915, transformou a vila dos Papagaios em vila de Ariquemes, que passou a figurar como Distrito de Paz do município de Santo Antônio. Essas ações políticas, tanto do Governo Federal quanto do estado do Mato Grosso, trouxeram um grande fluxo de pessoas para as imediações do Posto Indígena Rodolpho Miranda. As relações entre os indígenas isolados no posto e os habitantes da vila de Ariquemes e regatões3 que passavam pelo rio eram constantes. Além do contato frequente com não indígenas e indígenas de outros grupos, os arikemes eram submetidos no Posto Indígena Rodolpho Miranda a uma estrutura que os remetia a 3 Eram vendedores itinerantes que navegavam pelos rios da Amazônia em busca de negócios, geralmente trocavam mercadorias por pelas de borracha e outras essências vegetais.
  • 12. adoção de práticas de trabalho e hábitos de vida utilizados pelas sociedades brasileiras não indígenas. No ano de 1918 o jornal Alto Madeira descreveu baseado em informações de funcionários do SPILTN, da seguinte maneira a estrutura do posto: A estrutura da Colônia Indígena Rodolpho Miranda contava com uma escola primária, uma oficina de marcenaria, um engenho da marca “Pearl”, com capacidade de moer cinco toneladas de cana por dia, um ateliê de costura com cinco maquinas manuais. Os trabalhos iniciais de direção do Posto foi o Sr. Antonio G. de Oliveira. No ano de 1915, a direção do Posto Rodolpho Miranda passou para o Sr. Guilherme Regino de Oliveira, que mudou-se par o posto juntamente com sua família4 . Os trabalhos de alfabetização em língua portuguesa realizados com os índios arikemes e outros grupos indígenas, internados no Posto Indígena Rodolpho Miranda era um ponto fundamental no processo civilizatório ditado pelo SPILTN e corroborado por seu Diretor, Candido Rondon. Para o jornal Alto Madeira naquela época, e para grande parte da população brasileira, sobretudo os positivistas, a alfabetização em língua portuguesa de um grupo indígena era um fator de desenvolvimento cultural, que demonstrava às nações do mundo, a “eficácia” da República brasileira em civilizar silvícolas. Um fato apresentado pelo jornal Alto Madeira e amplamente divulgado nas vilas e cidades do Mato Grosso e Amazonas, no ano de 1918, foi o casamento da índia arikemes Maria Luiza com o índio urupá Aracotí, ambos isolados no Posto Indígena Rodolpho Miranda. O que chamou a atenção das pessoas que participaram da cerimônia de casamento, realizada na vila de Santo Antônio, foi o fato dos nubentes assinarem seus nomes no livro de registro de casamentos, o que não era comum nem entre as pessoas que se diziam civilizadas na época, na vila de Santo Antônio e região. O casamento dos indígenas, Maria Luiza pertencente ao grupo arikeme e Aracoti, pertencente ao grupo urupá, apresenta claramente o processo de desestruturação social vivido pelos diversos grupos internados no Posto Indígena Rodolpho Miranda, sobretudo por dois fatores, a saber: a alfabetização em língua portuguesa que levava ao gradual abandono da matriz linguística e o casamento interétnico que inevitavelmente conduzia os indivíduos à práticas culturais diferentes das tradicionalmente praticadas por seu grupo. 4 Promissor início de proveitos proteção aos nossos aborígenes, Jornal Alto Madeira, Porto Velho, 24 fev., 1918. p. 1.
  • 13. Embora o Posto Indígena já fosse chamado de Colônia pelos moradores da região, foi só no ano de 1945 que o aludido Posto foi transformado em Colônia Indígena e passou a ter 9.000 hectares de extensão, (LEONEL, 1995, p. 71) . A partir de 1930, início do Governo de Getúlio Vargas, ocorre uma reestruturação administrativa nos quadros do Governo. Em substituição ao MAIC surge o Ministério do Trabalho Indústria e Comercio- MTIC, visando dirimir conflitos entre o capital e o trabalho, principalmente na área da indústria, (LIMA, 1995). Rondon, por motivos políticos, foi afastado da chefia do SPI, sendo substituído pelo engenheiro José Bezerra Cavalcante. O raio de ação do serviço ficou reduzido uma vez que deixou de ser uma autarquia, embora ligada ao extinto MAIC, com certo poder de decisões. A capacidade de ação do Serviço declinaria, significativamente ao longo do ano de 1931, com a perda da autonomia funcional, configurada na posição na hierarquia burocrática como seção de um departamento e não mais Serviço independente. Isto era tão mais grave quanto maior era a escassez de receitas, características do MTIC. ( LIMA, 1995.p.258) Em Ariquemes a partir de 1951 as terras da Colônia Rodolpho Miranda passaram a ser distribuídas, a título precário, entre os principais mandatários da vila de Ariquemes, dentre eles Adalberto Benevides, Antônio Rocha, Severino José Barbosa, Bento Sampaio, com arrendamento de 6%. Entretanto, nem o SPI e nem os pouquíssimos índios que ainda viviam na Colônia receberam qualquer porcentagem do arrendamento, (LEONEL, 1995, p. 73). Mesmo com a desestruturação das características sociais, tanto os arikemes quantos os demais grupos que viviam na Colônia continuavam sobrevivendo como comunidade mista. Porém a falta de recursos por parte do Governo Federal, o arrendamento das terras da colônia a proprietários agrícolas da região e as novas frentes pioneiras vindas para a região a partir de 1943, terminaram dispersando os poucos indígenas que ainda viviam na colônia. Em 1984 o que restava do povo indígena arikemes eram apenas duas famílias indígenas trabalhando para proprietários agrícolas nos arredores do município de Ariquemes e pelo menos duas índias em prostíbulos locais (LEONEL, 1995, p. 74). CONCLUSÃO Os postos de atração e colônias indígenas criados pelo SPILTN e SPI, embora possuíssem em sua base ideológica o ideal civilizatório cientificista e laico defendido pelos
  • 14. positivistas não efetivou ações que pudessem preservar as comunidades indígenas tomando como referência suas estruturas sociais. Os trabalhos realizados pelos postos de atração e colônias indígenas caracterizaram-se por realizar uma espécie de isolamento de determinados grupos indígenas, evitando com isso os conflitos entre esses indígenas e as frentes pioneiras. Por outro lado possibilitavam, com a retirada dos indígenas de suas terras e o internamento em postos e colônias, a ocupação por latifundiários e congêneres que aproveitavam o espaço ocioso para explora-lo economicamente. A concentração de grupos étnicos diferentes em uma mesma área, naturalmente causava atritos sociais que terminavam por gerar acordos internos levando à transformação dos modos de vida e das tradições dos grupos existentes no interior desses postos ou colônias, inclusive possibilitando casamentos intertribais entre indivíduos de grupos que tradicionalmente não possuíam esta prática. A atração dos indígenas aos postos do SPI, tendo como incentivo a distribuição de presentes que geralmente não compunham o acervo de objetos de uso quotidiano, a imposição dos métodos de trabalhos adotados pelas comunidades não indígenas como fator civilizatório desenvolvido pelo Estado nas relações protecionistas no interior dos postos e colônias indígenas, além dos períodos de escassez de recursos para manutenção dos mesmos que, levavam os indígenas alocados em determinados postos a buscarem relações com as comunidades locais, foram fatores eficazes no processo de desestruturação social de culturas primitivas em vários pontos do país. No caso analisado por este trabalho, a internação dos arikemes, no Posto Indígena Rodolpho Miranda foi um fator que contribuiu não só para a para a perda de várias práticas sociais desses índios, quanto para adoção de novas práticas socioculturais que os levaram ao abandono dos conceitos de identidade tribal, o que terminou remetendo-os à gradual extinção, senão vejamos: no momento em que ocorreu internação dos arikemes no Posto Indígena Rodolpho Miranda, Rondon determinou também que outros grupos fossem recolhidos ao aludido posto, a saber: kepiquiri-uats, pernauts, urupas, bocas-preta. Esse processo causou uma mistura constante de hábitos e línguas que inevitavelmente convergiram para o abandono dos costumes primitivos de ambos os grupos. A Colônia Indígena Rodolpho Miranda era, inclusive, chamada pelos próprios funcionários do SPI de “Babel Silvícola”, (MAGALHÃES, 1943). Além do exposto acima a substituição do MAIC pelo MTIC, as mudanças no ideário político do Governo, foram responsáveis pelo início da desestruturação do SPI, que passou a
  • 15. receber cada vez menos verbas, inclusive sendo transferido em 1934 para o Ministério da Guerra. Vários grupos indígenas tutelados pelo aludido órgão passaram a sofrer com o abandono material e saíram dos postos e colônias em busca de trabalhos pelas regiões onde viviam. Em muitos casos, como ocorreu em Rondônia com os arikemes, os urupás, os kepikiri-uats e vário outros, os grupos que viviam nos postos de atração terminaram sendo totalmente extintos. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADA E SILVA, José Bonifácio de. 1980. Discursos parlamentares. Rio de Janeiro: Typografia De Molarinho & Mont’Alverne. CEVASCO, Maria Elisa. 2003. Dez lições sobre Estudos Culturais.São Paulo: Boitempo Editorial. CUNHA, Euclides da. 2006. À margem da história. São Paulo: Martins Claret, 2006. FILHO, Lobato. 1944. Avançae para o Jamary: uma tragédia na Comissão Rondon. Rio de Janeiro: A Noite. FREYRE, Gilberto. 1998. Casa-Grande e Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. Rio de Janeiro: Record. GAGLIARDI, José Mauro. O indígena e a República. São Paulo: HUCITEC: Editora da Universidade de São Paulo, 1989. GONDIM, Neide. 1994. A invenção da Amazônia. São Paulo: Marco Zero. HUGO, Victor. 1959. Desbravadores. Humaitá: Missão Salesiana, (VV. 1e2). LEONEL, Mauro de Mello. Etnodicéia uruéu-au-au. São Paulo-SP, Edusp, 1995. LIMA, Antonio Carlos de Souza. 1995. Um grande cerco de paz. Petrópolis: Vozes. MAGALHÃES, Amílcar Botelho de. 1941. Pelos sertões do Brasil. São Paulo: Nacional. ___________,Amílcar Botelho de.1942. Impressões da comissão Rondon. São Paulo: Nacional. MENEZES. Esron Penha de. 1980. Retalhos para história de Rondônia. Manaus: Imprensa Oficial do estado do Amazonas. Promissor início de proveitos proteção aos nossos aborígenes, Jornal Alto Madeira, Porto Velho, 24 fev., 1918. p. 1. RONDON, Candido Mariano das Silva. 1946. Índios do Brasil, do centro, noroeste e sul do Mato Grosso. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional.
  • 16. _________, Candido Mariano das Silva. 1916. Missão Rondon, de 1907 a 1915. Rio de Janeiro: Jornal do Comercio. SILVA, Otavio Felix Ferreira. 1920. Exploração e levantamento do rio Jamari: Relatório Para Comissão Rondon. Rio de Janeiro: Papelaria Macedo. TOCANTINS, Leandro. 1982. Amazônia - Natureza, Homem e Tempo: uma planificação ecológica. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército/Editora Civilização Brasileira. VIVEIROS, Esther de. 1969. Rondon conta sua vida. Rio de Janeiro: Cooperativa Cultural dos Esperantistas. LARAIA, R.B. 2012 Os militares e o indigenismo. Uma história de um século. Publicado na Revista Da Cultura. Ano IX, nº16. http://www.funceb.org.br/images/revista/19_1s8v.pdf.