Este documento discute as interações on-line em um curso semipresencial. Analisa as interações entre alunos, professores e conteúdo no ambiente virtual de aprendizagem do curso. Identifica fatores que facilitaram e dificultaram o engajamento dos alunos, como funcionalidades digitais versus volume excessivo de atividades on-line. Recomenda atenção ao equilíbrio entre componentes on-line e presenciais para promover engajamento.
2. Introdução
A presente comunicação é um recorte da
dissertação de mestrado intitulada “Interação e
engajamento em ambiente virtual de aprendizagem:
um estudo de caso” elaborada sob a orientação da
Professora Kátia Tavares (VITER, 2013).
A pesquisa investigou os diferentes tipos de
interação (aluno-aluno, aluno-professor e alunoconteúdo) em um ambiente virtual de aprendizagem
(AVA) de um curso semipresencial, assim como o
engajamento dos alunos nessas interações sob o
ponto de vista dos participantes.
3. • Contribuir para a identificação dos
elementos que influenciem na
interação e no engajamento em
atividades em ambientes virtuais
de aprendizagem;
OBJETIVOS
• Colaborar para o aprimoramento
dos formatos desses ambientes e
dos resultados de sua utilização;
• Promover reflexões para as áreas
do ensino a distância e do desenho
instrucional de ambientes virtuais
de aprendizagem.
4. Questões de Pesquisa
Primeira Pergunta
Segunda Pergunta
Os participantes
(alunos, professor e monitor)
consideram que os diferentes
tipos de interação (alunoaluno, aluno-professor e alunoconteúdo) proporcionados pelo
ambiente virtual de
aprendizagem do curso
semipresencial investigado foram
suficientes e adequados ao
curso? Por quê?
Na perspectiva dos
participantes, quais fatores e
aspectos dificultaram e quais
favoreceram o engajamento dos
alunos nas interações propostas
no ambiente virtual de
aprendizagem desse curso
semipresencial?
6. INTERAÇÕES NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Aluno-Aluno
Professor-Conteúdo
MOORE, 1989; ANDERSON, 2008.
7. Ensino semipresencial
O ensino semipresencial permite integrar as vantagens do
ensino face a face com as vantagens do ensino on-line e
ao mesmo tempo minimizar as desvantagens de ambos
(GARRISON; VAUGHAN, 2011).
Porém, alguns obstáculos são comumente constatados na
modalidade como a expectativa por parte do
estudante, quase sempre frustrada, de que menos aulas
presenciais signifiquem menos esforço, e a sua dificuldade
em exercitar autonomia em sua aprendizagem e em
administrar seu tempo adequadamente. (GERBIC;
STACEY, 2009; VAUGHAN, 2010)
8. MODELOS DE ENSINO SEMIPRESENCIAL
MODELO
Suplementar
Substituto
“Bufê”
(livre escolha)
“Empório”
(on-line com tutoria
presencial)
Totalmente
on-line
DESCRIÇÃO
Volume de aulas presenciais permanece intato
Espaço on-line é usado para disponibilizar material suplementar
Atividades e testes on-line são oferecidos em caráter adicional
Redução de aulas presenciais
Substituição de atividades face a face por atividades on-line
Atividades podem ocorrer em laboratório de informática ou em casa
Os estudantes escolhem suas opções de aprendizagem: aulas
presenciais ou on-line, projetos individuais, atividades em grupo,
experiências práticas e assim por diante.
Não há aulas presenciais
Os conteúdos são disponibilizados de modo on-line
O aluno tem acesso à tutoria presencial personalizada
Todas as atividades são on-line
Não é previsto nenhum encontro presencial
A tutoria presencial é opcional, apenas se necessária
10. Participantes
Alunos do curso de Inglês
Instrumental I
Professora e monitora da
disciplina
Assessora do Projeto
Letras2.0
11. METODOLOGIA
Estudo
de Caso
Instrumentos
de Pesquisa
Geração e
análise dos
dados
• Natureza etnográfica, que permite privilegiar as
perspectivas dos participantes.
•
•
•
•
Fóruns de discussão;
Questionário;
Grupo focal on-line;
Entrevistas.
• A partir dos elementos dos discursos dos
participantes;
12. ANÁLISE E DISCUSSÃO
As categorias utilizadas para investigar os
dados gerados foram construídas a partir
de percursos circulares de análise e
interpretação dos dados, nos quais os
resultados eram verificados e comparados
entre si.
13. INTERAÇÕES ALUNO-ALUNO
Pontos positivos
• Consideradas suficientes
e adequadas;
• Inovadora em relação às
práticas habituais dos
estudantes;
Restrições apontadas
• Caráter compulsório das
interações;
• Falta de objetividade de
algumas discussões;
• Impacto discutível quanto
• Contribuiu para o
entrosamento do grupo.
à aprendizagem.
14. INTERAÇÕES ALUNO-PROFESSOR
Pontos positivos
• Disponibilidade da
professora e da monitora
no AVA;
Restrições apontadas
• Interações presenciais
com a professora foram
consideradas insuficientes.
• Agilidade na comunicação
on-line;
• Atuação das docentes
para mediar a relação dos
estudantes com os
recursos da plataforma.
• Carga horária on-line foi
superior ao inicialmente
previsto;
15. INTERAÇÕES ALUNO-CONTEÚDO
Pontos positivos
Restrições apontadas
• Volume de conteúdos
proposto foi excessivo
para o contexto do curso;
• Relevância, variedade e
adequação dos
conteúdos utilizados;
• Dificuldades de ordem
técnica na interação com
os conteúdos;
• Atividades complexas com
instruções que nem
sempre eram
suficientemente claras.
16. FATORES E ASPECTOS
FAVORÁVEIS ÀS INTERAÇÕES
• Funcionalidades oferecidas pela mediação digital;
• Interações entre estudantes e docentes;
• Interações entre os estudantes;
• Diversidade de formatos e de temas abordados;
• Avaliação contínua das atividades.
17. FATORES E ASPECTOS
DESFAVORÁVEIS ÀS INTERAÇÕES
• Limitações decorrentes da mediação digital;
• Desequilíbrio entre on-line e presencial;
• Interações sem mediação docente;
• Grande volume e complexidade das atividades on-line;
• Dificuldade de gerenciamento do tempo disponível.
18. ENGAJAMENTO EM CONTEXTOS EDUCACIONAIS
Tipos de engajamento
Engajamento
comportamental
Associado a comportamentos mais facilmente observáveis;
Tradicionalmente medido através de aspectos quantitativos
(frequência, notas, etc);
Isoladamente, não necessariamente avaliará de forma efetiva os
níveis de aprendizagem alcançados.
Engajamento
cognitivo
Relaciona-se de modo mais próximo com a aprendizagem;
Mobiliza habilidades cognitivas mais complexas (analisar, comparar,
avaliar, etc);
Costuma ser mais valorizado que os demais tipos de engajamento;
É propiciado no contexto de atividades estimulantes e desafiadoras
sob o ponto de vista intelectual.
Engajamento
emocional
Associado à percepção de pertencimento a um grupo e aceitação de
seus valores;
Exteriorizado a partir de atitudes e reações positivas do estudante
em relação aos diversos elementos do contexto educacional;
Difícil de ser medido ou avaliado por envolver processos
internalizados e pessoais.
FREDRICKS; BLUMENFELD; PARIS, 2004
20. A divisão de trabalho demandou posturas mais
autônomas por parte dos estudantes
Desenvolvimento
pessoal
Resultados na
aprendizagem
Elevado
comprometimento
de tempo e esforço
21. A participação nas interações on-line foi
proposta como sendo de caráter obrigatório
Engajamento
cognitivo
Engajamento
comportamental
Engajamento
emocional
22. Percepções dos estudantes sobre o uso do
componente on-line do curso
Flexibilidade de tempo Limitações intrínsecas
ao meio digital
Praticidade de uso
Comunicação ágil
Predomínio da
interação on-line em
relação à presencial
23. Comentários finais (I)
Embora condições consideradas comuns para o
engajamento, como relevância das
atividades, participação ativa dos estudantes e
variedade de recursos disponíveis estivessem
presentes,
o engajamento dos estudantes
nas interações on-line, principalmente no
aspecto emocional, foi prejudicado pelo volume
de atividades, considerado excessivo e mais
complexo do que necessário pelos participantes.
24. Comentários finais (II)
Ao se planejar o desenho instrucional do
componente
on-line
de
um
curso
semipresencial, é necessário atentar com especial
cuidado para a adequada dosagem do
componente on-line, em si mesmo, e em relação
ao seu equilíbrio com a carga presencial no
contexto geral do curso.
25. PESQUISAS FUTURAS
• Crenças e pressupostos dos estudantes a respeito do
ensino semipresencial e da educação a distância no
contexto do ensino superior.
• Relacionamento
entre o ambiente on-line e o
presencial, abordando ambos de forma mais abrangente
do que foi possível no contexto da presente investigação.
• Engajamento
sob a perspectiva discente na
modalidade
semipresencial
e
totalmente
a
distância, em especial no que se refere aos papéis dos
diversos aspectos e fatores envolvidos no engajamento
em interações on-line em AVAs.
26. REFERÊNCIAS
ANDERSON, T. Theory and practice of online learning. Canada: AU Press, Athabasca
University, 2008.
FREDRICKS, J. A.; BLUMENFELD, P. C.; PARIS, A. H. School Engagement: Potential of the
Concept, State of the Evidence. Review of Educational Research, v. 74, n. 1, p. 59–109, 2004.
Disponível em: <http://rer.sagepub.com/content/74/1/59>. Acesso em: 12 set. 2012.
GARRISON, D. R.; VAUGHAN, N. D. Blended Learning in Higher Education:
Framework, Principles, and Guidelines. U.S.: John Wiley & Sons, 2011.
GERBIC, P.; STACEY, E. Conclusion. In: Effective blended learning practices: evidence-based
perspectives in ICT-facilitated education. Hershey, PA: Information Science
Reference, 2009, p. 298–311.
MOORE, M. G. Three types of interaction. American Journal of Distance Education, v. 3, n. 2, p. 17, 1989.
TAVARES, K. C. DO A.; Projeto LingNet - Letras2.0. Disponível em:
<http://www.lingnet.pro.br/pages/letras2.0.php#axzz2ODJOw24x>. Acesso em 22 dez. 2012.
VAUGHAN, N. D. A blended community of inquiry approach: Linking student engagement and course
redesign. The Internet and Higher Education, v. 13, n. 1–2, p. 60–65, 2010. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1096751609000645>. Acesso em: 6 jun. 2013.
VITER, Luciana Nunes. Interação e engajamento em ambiente virtual de aprendizagem: um
estudo de caso. Dissertação de mestrado do Programa Interdisciplinar em Linguística
Aplicada., Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, 2013. Disponível em:
<http://www.lingnet.pro.br/media/dissertacoes/katia/2013-lucianaviter.pdf>.