Maria Amélia planeja matar sua prima Tereza Cristina para ficar com seu noivo. Ela a leva para passear perto de um rio com abelhas mortíferas e assusta seu cavalo, fazendo com que caia e seja atacada pelas abelhas. Duzentos anos depois, Maria Amélia reencarna e também morre atacada por abelhas, em um ato de justiça divina para pagar por seu crime.
2. Tudo aconteceu no século XVIII.
Ano de 1769.
Na grande fazenda, na Casa
Grande, uma jovem
extremamente bela planejava
algo terrível.
3. Ela descobrira que seu noivo
começara olhar de forma mais
demorada para sua prima, Tereza
Cristina.
Mas, pensava ela, de modo
algum, Tereza Cristina me tirará o
noivo, que é meu, só meu.
4. Seus sonhos de moça
apaixonada não seriam
destruídos pela prima.
Maria Amélia pensou
muito durante toda a noite.
No dia seguinte marcou
um passeio a cavalo com
Tereza Cristina.
5. Lembrou-se que, às
margens do rio, havia
abelhas mortíferas que,
dias antes, tinham
acabado com dois bois
desprevenidos.
Era só colocar a prima
ao alcance delas.
Mas como?
6. Surgiu então o plano. Assustar-lhe o cavalo, no
local mais próximo às abelhas. A outra nada
sabia a respeito da região perigosa. Maria
Amélia dispararia a arma entre as patas do
animal que, com certeza, a jogaria ao chão.
Depois, ela mesma se retiraria do local e
pronto... tudo terminaria.
7. No dia seguinte,
saíram as duas a
passear. Quando se
aproximaram da zona
perigosa, Maria Amélia
disparou a arma. O
cavalo de Tereza
Cristina empinou. A
jovem caiu com um
grito de dor.
8. Maria Amélia pôde
ouvir o zumbido
ameaçador das
abelhas chegando.
Golpeou seu próprio
animal, afugentou a
outra montaria e se
afastou bem
depressa.
9. De longe, pôde
ouvir os gritos de
Tereza Cristina
sendo atacada
pelas abelhas
terríveis.
10. Mais tarde, o corpo da jovem foi
encontrado. Estava deformado.
Tudo pareceu um infeliz acidente.
11. O tiro que Maria Amélia disparou
ninguém ouvira. Todos
acreditaram que ela escapara, por
milagre, e sua prima não tivera a
mesma sorte.
12. O tempo passou.
Duzentos anos
depois, no ano de
1969, na cidade de
Uberaba, em Minas
Gerais, os jornais
traziam uma
manchete: Abelhas
voltam a atacar.
Moça morre em um
piquenique.
13. A notícia esclarecia
que várias moças,
reunidas em um
piquenique, às
margens de um
riacho, tinham sido
atacadas por
abelhas ferozes.
14. Uma delas, a mais atingida, morrera num dos
hospitais da cidade, enquanto era atendida pelos
médicos.
Era Maria Amélia reencarnada. A Justiça Divina
a alcançava agora, para resgatar sua dívida.
15. Sem necessidade
de que ninguém
servisse de
intermediário, nem
se tornasse seu
algoz ou seu
carrasco.
O povo diz que a
justiça de Deus
tarda, mas não
falha. Na verdade,
ela nunca chega
tarde.
16. Chega sempre no tempo exato.
No momento em que o Espírito,
consciente dos erros que
praticou, se dispõe ao resgate.
17. Realmente, nunca falha e jamais atinge pessoas
inocentes. Nunca cobra além do que a pessoa
deve.
Deus, que é justiça, é também misericórdia.
21. Ajustemo-nos, assim, à Lei, sofrendo sem
reclamar, com dignidade. Sem revolta e sem
comodismo, porque as almas vencedoras são as
que vencem a luta, por combaterem o bom
combate até o fim.