2. Exigência da FUVEST 2019,2020,2021
”A decisão da Fuvest de incluir esse livro foi muito acertada, sobretudo porque tem como tema central
a questão da construção de verdades religiosas, sociais e políticas, que estão na pauta do nosso dia a dia”,
observa Helder Garmes.
O professor destaca que o estudante verá a realidade brasileira refletida na história de Eça. “Tem
relação direta com temas como as fake news, os processos de corrupção que temos visto ocorrer no Brasil, onde
cada um procura provar sua verdade, deixando de lado qualquer princípio ético, além do crescimento
exponencial de religiões que manipulam seus fiéis da forma mais abjeta.”
GARMES, Helder. A relíquia. Jornal USP, 2018.
3. O realismo do enredo crítica à
decadência
moral da
sociedade.
crítica à
hipocrisia
religiosa.
crítica ao
culto das
aparências.
deboche
à beatice
doentia.
crítica à
educação
sexual
Denúncia
do abuso
da boa fé
“[a] trama do romance é marcada
por uma linguagem e ações realistas,
com críticas severas à Igreja, à
corrupção, à manipulação da boa-fé
dos indivíduos, à desfaçatez do
homem capitalista do século 19, que
não valoriza mais nada além de
dinheiro e prestígio social, sem
qualquer princípio ético. O autor
narra em um tom muito leve e
divertido, que ganha facilmente a
simpatia do leitor.”
(Jornal USP)
4. Entre as obras de Eça de Queirós
“O livro, por um lado, se inclui entre os grandes
romances da 2a fase do escritor, a que vai de
"O Crime do Padre Amaro" (1875) a "Os Maias"
(1888). Nesse período, Eça procurou fazer um
"inquérito à vida portuguesa", uma séria crítica das
instituições que julgava responsáveis pela decadência
e estagnação de Portugal: a Monarquia, a Igreja e a
Burguesia. Por outro lado, "A Relíquia" pode ser
considerada, junto à fábula "O Mandarim“ , a obra
mais fantasista de Eça. Sua leveza antecipa o
abandono do esquema naturalista e a identifica com
as obras da 3a e última fase do autor, a dos romances
como "A Ilustre Casa de Ramires" e "A Cidade e as
Serras“ , em que o realismo se une ao lirismo”
(UOL Educação)
5. Estrutura da obra
O romance está dividido em 5 grandes capítulos. Todos sem título.
Foco narrativo
Narrado em 1ª pessoa, pela personagem Teodorico. O narrador adota o flashback para ir buscar a infância remota,
quando fica órfão, isso no início do romance, e depois a vida adulta.
Publicado em 1887 e é considerado um dos livros mais polêmicos de Eça de Queirós (1845-1900)
Publicação e repercussão
6. Personagens arquétipos
As personagens da obra servem como arquétipos
de uma sociedade, que segundo Eça de Queirós, é
moralmente decadente e hipócrita, que finge
beatice. O desmascaramento de Teodorico é o
maior exemplo disso e denuncia a falta de moral
em nome do interesse financeiro.
“Numa sala forrada de papel escuro, encontramos uma senhora muito
alta, muito seca, vestida de preto, com um grilhão de ouro no peito; um
lenço roxo, amarrado no queixo, caía-lhe num bioco lúgubre sobre a
testa; e no fundo dessa sombra, negrejavam dois óculos defumados.
Por trás dela, na parede, uma imagem da nossa Senhora das Dores
olhava para mim, com o peito trespassado de espadas.
— Esta é a Titi — disse-me o Senhor Matias. — É necessário gostar
muito da Titi... E necessário dizer sempre que sim à Titi!”
(cap.1)
7. Titi Miss Mary
Adélia Vicência
Margaride Crispim
Topsius
Pe. Pinheiro Pe. Casimiro
Pe. Negrão
Personagens
Teodorico
8. Raposão
Dona Maria do Patrocínio
Senhora muito alta, muito seca,
“carão chupado e esverdinhado”,
beata, virgem e com
aversão ao sexo.
Dona de uma imensa fortuna,
usava isto como motivo para
atemorizar o narrador.
Titi
Teodorico Raposo
Jovem hipócrita e interesseiro que
finge ser muito beato para
enganar a tia e herdar a fortuna
dela. É falso e mulherengo.
Peregrina pela Terra Santa apenas
para atender o desejo da tia e
aproximar-se ainda mais de sua
fortuna. Faltam-lhe moral e
decência mínima; não demonstra
qualquer escrúpulo em enganar as
pessoas.
9. Classificação das personagens
Teodorico é uma personagem esférica
porque evolui ao longo da narrativa, e
surpreende por sua complexidade.
Podemos classificar as personagens em
planas (lineares) ou esféricas (dinâmicas)**
Titi é uma personagem plana porque
representa uma ideia única: a beatice. Tem
personalidade repetitiva e previsível.
Não se modifica ao longo da narrativa.
**classificação proposta por Edward Morgan Forster em Aspectos do Romance (1927)
Titi representa a avareza,
o fanatismo cristão e a
falsidade
Teodorico é capaz de fingir ser o que não é
por benefícios sociais e interesse financeiro,
não tem a menor consideração por valores
sociais.
10. A linguagem da obra
“Ao contrário das demais obras de Eça de Queirós, essa prima pelo espírito de graça e humor. Não é raro que o leitor encontre em
suas páginas bons motivos para risadas menos contidas, graças às trapalhadas do protagonista, que imprime um tom sério, quase
científico ao relato do que ele chama de crônica, mas que não consegue evitar formar de si mesmo um retrato cômico ou burlesco.
Seus gestos são exagerados, suas representações primam pelo excesso, e só parece crer em seus atos aqueles que se deixam ou
querem ser enganados. Não é à toa que essa obra serve de marco divisório entre a segunda e a terceira fase da obra de Eça de
Queirós”
(passeiweb)
“Passei então para a divertida hospedagem das Pimentas, e conheci logo, sem
moderação, todas as independências, e as fortes delícias da vida. Nunca mais rosnei a
(...) oração a São Luís Gonzaga, nem dobrei o meu joelho viril diante de imagem benta
que usasse auréola na nuca; embebedei-me com alarido nas Camelas; afirmei a
minha robustez(...); fartei a carne com saborosos amores no Terreiro da Erva; vadiei ao
luar, ganindo fados; usava moca; e (...) aceitei com orgulho a alcunha de Raposão.
Todos os quinze dias, porém escrevia à Titi, na minha boa letra, uma carta humilde e
piedosa, onde lhe contava a severidade dos meus estudos, o recato dos meus hábitos,
as copiosas rezas e os rígidos jejuns, os sermões de que me nutria, os doces
desagravos ao Coração de Jesus à tarde, na Sé, e as novenas com que consolava a
minha alma em Santa-Cruz no remanso dos dias feriados...” (cap1)
11. a viagem de Raposão
“A narrativa se centrará numa viagem feita por Teodorico ao Egito e à Palestina,
logo após uma decepção amorosa, viagem esta que promoveu significativas
mudanças em seus bens e em sua moral. Não querendo dar ao seu relato uma
forma de "guia de viagem", ele contará, "com sobriedade e com sinceridade", os
casos que provocaram as mudanças em sua vida”.
(netsaber.com.br)
12. São Teodorico Evangelista
Toda a narração é desenvolvida explicitamente a partir de uma paródia do texto bíblico(...). A desconstrução e a dessacralização
dos evangelhos canônicos são claras e avultantes. Eça, apropriando-se da Bíblia e dos discursos de historiadores como Ernest
Renan (1823-1892) e David Strauss (1808-1874), constrói um “novo” evangelho pautado em questionamentos de verdades e
ideologias que para os seguidores do cristianismo são incontestáveis.
(NERY, Antonio Augusto http://e-revista.unioeste.br/index.php/rlhm/article/view/2111-adaptado)
A parte principal da história, em termos de crítica e desconstrução, é o
extenso terceiro capítulo da obra, no qual Teodorico narra um sonho
que tivera da paixão de Cristo durante a viagem realizada para a Terra
Santa em busca da relíquia desejada por Dona Patrocínio.
( NERY, Antonio Augusto. A JERUSALÉM “PASSEADA E COMENTADA” DE A RELÍQUIA - EÇA DE QUEIRÓS)
http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf8/ST4/001%20-%20Antonio%20Augusto%20Nery.pdf)
“Grande parte da crítica literária considera que A Relíquia foge um pouco ao
gênero do romance realista, sobretudo por conta do episódio fantástico que
ocorre no meio do livro, quando Teodorico, em sua viagem para Jerusalém,
vive uma espécie de retorno para o passado e assiste pessoalmente a todo o
sofrimento de Jesus Cristo, descobrindo que não ressuscitou, e sim morreu de
fato.”
GARMES, Helder. A relíquia. Jornal USP, 2018.
a importância do 3º capítulo
13. Clímax e desfecho
Teodorico volta da viagem trazendo dois pacotes:
o presente recebido de Miss Mary (a camisola) e uma falsa coroa de espinhos
para entregar como relíquia à “tia”.
No meio do caminho, uma mendiga pede uma esmola e o rapaz lhe entrega um dos
pacotes, acreditando ser o pacote da camisola.
Chegando em Portugal, há uma grande cerimônia pública para a entrega da coroa de
espinhos, porém, a tia, ao abrir o pacote, se depara com a camisola.
Titi fica humilhada e rompe relações com o “sobrinho”,
deserdando-o de toda a sua fortuna.
Raposão se arrepende por não ter levado a mentira adiante no momento em que
sua farsa foi revelada. Entende que se tivesse mentido, teria ficado rico.
14. A (não)consciência de Teodorico
“Teodorico parece não ter problemas de consciência.
A culpa do seu jeito de ser é do mundo, que o deixou órfão e pobre, e da Titi,
que nunca lhe deu amor de mãe.
A partir desse momento, perde o resto de caráter que lhe restava
e passa a agir por interesse próprio.
Cada vez que engana a tia, sente-se vingado por não ter tido,
do mundo e dela, a vida fácil de que se acha merecedor.
Quando D. Patrocínio descobre que a relíquia que lhe trouxera o sobrinho
era uma camisola de uma prostituta.
Teodorico é expulso de casa. Passa a vender falsas relíquias para sobreviver,
e, com isso, mostra que não tem nenhum arrependimento do que fez.
Seu único desespero é ver-se sem o dinheiro da tia e as mordomias das quais
gozava na casa dela.”
Revista ContraPonto, Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p. 40-49, dez. 2012
file:///C:/Users/User/Downloads/4596-18298-1-PB.pdf
“Sim! Quando em vez duma coroa de martírio aparecera, sobre o altar da
Titi, uma camisa do pecado – eu deveria ter gritado com segurança: “Eis aí
a relíquia! Quis fazer a surpresa... Não é a coroa de espinhos. É melhor! É a
camisa de Santa Maria Madalena!..”
(QUEIRÓS, Eça. A relíquia)
15. Videoaula recomendada
Clique e assista.
https://www.youtube.com/watch?v=orkTyzLPqEM
Neste episódio,
Helder Garmes,
professor da FFLCH -
USP, comenta a obra A
Relíquia, escrita por
Eça de Queiroz.
16. Leia a obra
Texto integral da obra A Relíquia disponível em
https://www.luso-livros.net/wp-content/uploads/2013/03/A-Rel%C3%ADquia.pdf
“A presente obra encontra-se sob domínio público ao
abrigo do art.º 31 do Código do Direito de Autor e dos Direitos
Conexos (70 anos após a morte do autor) e é distribuída de
modo a proporcionar, de maneira totalmente gratuita, o
benefício da sua leitura.
Dessa forma, a venda deste e-book ou até mesmo a sua troca
por qualquer contraprestação é totalmente condenável em
qualquer circunstância.
Foi a generosidade que motivou a sua distribuição e, sob o
mesmo princípio, é livre para a difundir.”
Para encontrar outras obras de domínio público em formato
digital, visite-nos em: http://luso-livros.net/
17. Fontes de pesquisa
•QUEIRÓS, Eça. A relíquia. Disponível em https://www.luso-livros.net/wp-content/uploads/2013/03/A-Rel%C3%ADquia.pdf
•NERY, Antonio Augusto. O diabo em A relíquia. Disponível em file:///C:/Users/User/Downloads/47608-57609-1-SM.pdf
•NERY, Antonio Augusto. Bíblia, história e ficção: a intertextualidade no terceiro capítulo de "A Relíquia" (Eça de Queirós) disponível em
http://e-revista.unioeste.br/index.php/rlhm/article/view/2111
•ALMEIDA, Ana Maria de G. A personagem Teodorico, de A relíquia. Revista ContraPonto, Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p. 40-49, dez. 2012
disponível em file:///C:/Users/User/Downloads/4596-18298-1-PB.pdf
•https://jornal.usp.br/cultura/a-reliqua-revela-como-as-verdades-podem-ser-construidas/
• http://premium.klickeducacao.com.br/conteudo/pagina/0,6313,POR-4346-34793-4346,00.html
• http://www.passeiweb.com/estudos/livros/a_reliquia
• http://brincabrincando.com/programas.aspx?f=01_s%C3%A9ries+portuguesas&p=rel%C3%ADquia%2c+a&s=02_sinopse.html
• http://resumos.netsaber.com.br/resumo-47002/eca-de-queros
• https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/a-reliquia-resumo-e-analise-do-livro-de-eca-de-queiros/
• https://vestibular.uol.com.br/resumos-de-livros/a-reliquia.htm
• https://www.sosestudante.com/resumos-de-livros/resumos-a/a-reliquia-eca-de-queiroz.html
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