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Friedrich Nietzsche
Alguns conceitos
Bruno Carrasco, psicoterapeuta
existencial e professor.
www.ex-isto.com
Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900)
Nietzsche não é um autor
fácil, boa parte de sua obra
é fragmentária, escrita por
aforismos, metáforas e
ironia, possibilita múltiplas
interpretações.
Friedrich Wilhelm Nietzsche foi
filólogo, filósofo, professor e
poeta, nasceu no Reino da Prússia,
na atual Alemanha. Ele criticou a
religião, a moral e a tradição
filosófica do ocidente.
Ele tratou sobre diversos temas,
entre eles a afirmação da vida,
questionando todas doutrinas que
diminuem nossas potências, em
favor da ampliação de nossas
possibilidades de ser.
Friedrich Nietzsche
(1844-1900)
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Breve biografia Nietzsche nasceu em 1844, no
vilarejo de Röcken, pertencente ao
reino da Prússia, próximo a Leipzig,
na Alemanha.
Seu pai era culto e delicado, seus
dois avós eram pastores
protestantes. Aos 5 anos seu pai e
seu irmão faleceram, ele passou a
ser educado por sua mãe. Sua
família se mudou para Naumburgo,
com sua mãe, tias e avó.
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Breve biografia
Durante a infância ele foi um aluno
dócil e leal, era chamado na escola
de “pequeno pastor”. Aos 14 anos
ganhou uma bolsa de estudos na
escola Pforta em Naumburgo.
A partir de suas leituras, começou
a se afastar do cristianismo, se
interessando pela antiguidade
clássica grega e latina, estudando
grego, a Bíblia, alemão e latim,
neste período seus autores
favoritos eram Platão e Ésquilo.
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Breve biografia
Ao terminar o curso em Pforta, foi
estudar Teologia, logo abandonou
e foi estudar Filologia, em Leipzig.
Aos 24 anos ele foi nomeado
professor de filologia da
universidade de Basileia, na Suíça,
onde permaneceu por dez anos.
Filologia é o estudo da linguagem,
da origem das línguas antigas,
incluindo a literatura, a história, a
linguística, as formas literárias e as
instituições do pensamento.
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Breve biografia Ele começou a se interessar por
filosofia depois de ler Arthur
Schopenhauer, fez amizade com o
compositor alemão Richard
Wagner e escreveu sua primeira
obra aos 27 anos, 'O Nascimento
da Tragédia no Espírito da Música'.
Aos 44 anos há uma suposição de
que tenha contraído uma paresia
geral atípica por conta de sífilis,
vindo a falecer em 1900.
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“Uma das intuições mais caras
que ele aplaude: a intuição de que
não existem substâncias
estanques e inertes, e que tudo é
uma perpétua metamorfose.”
(Jean Granier, em ‘Nietzsche’, 2009)
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Características de sua filosofia
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Filosofia como
criação
Nietzsche propõe uma nova
maneira de filosofar e
compreender o mundo,
reconhecendo a mudança, o devir,
a multiplicidade, o contraste e a
contradição no ser e no mundo.
Ele não tem como intuito instituir
um modo de filosofar, mas instigar
ao leitor a questionar e criar a si
próprio, inclusive seu modo de
filosofar, o “torna-te quem tu és”.
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Aforismos Uma das características de
Nietzsche é o uso de aforismos em
quase todas suas obras.
Aforismo é um gênero textual que
condensa com precisão
complexos conceitos filosóficos.
Um aforismo se caracteriza por
sua brevidade e concisão,
contendo máximas que traduzem
amplos conceitos por meio de
pequenas sentenças.
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Aforismos Sua escrita sob a forma de
aforismos, caracteriza seu estilo e,
ao mesmo tempo, possibilitar uma
leitura “não sistemática”, que
caminha entre a filosofia e a arte,
ao invés de uma leitura objetiva,
sistemática e científica. Isso reflete
diretamente sua tendência
filosófica, se interessando mais
pelo pluralismo e pela abertura a
interpretações do que pela busca
de uma unidade.
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“Um aforismo honestamente
modelado e cunhado não pode
‘decifrar-se’ à primeira leitura. Ao
contrário, começa-se unicamente
agora a interpretar-se para o qual é
necessário uma arte de interpretação.
(...) Na verdade, para elevar assim a
leitura à dignidade de ‘arte’ é mister,
antes de mais nada, possuir uma
faculdade hoje muito esquecida, uma
faculdade que exige qualidades de
vaca, e absolutamente não as de um
homem ‘moderno’: a de ruminar…”
(Nietzsche, em Prefácio da Genealogia da Moral)
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As tragédias, na Grécia Antiga,
apresentavam histórias trágicas e
dramáticas, derivadas das paixões
humanas, envolvendo deuses,
semideuses e heróis mitológicos.
Envolviam uma tensão permanente
e um final infeliz e trágico, gerando
nas pessoas as sensações vividas
pelos personagens, envolvendo o
público como uma forma de
purgação dos sentimentos.
O Nascimento da
Tragédia
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Nietzsche criticou a tradição da
filosofia ocidental onde, desde
Sócrates, que passou a valorizar a
razão e o ideal da verdade em
oposição ao corpo e a invenção.
Ele estabelece uma distinção entre
o princípio apolíneo, que é o da
razão, da clareza e da ordem; e o
dionisíaco, que corresponde ao da
aventura, da música, da fantasia e
da desordem.
Apolíneo e
Dionisíaco
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Para Nietzsche, esses dois
princípios correspondem a
dimensões complementares da
realidade, sendo ambos
igualmente necessários.
Segundo ele, a realidade é
composta pelo conflito, pelas
misturas, complexidades,
contradições e turbulências entre a
ordem e a desordem.
Apolíneo e
Dionisíaco
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“Nietzsche argumenta que a tragédia
combina dois tipos de estética que são
usualmente mantidos em separado nas
outras artes: o apolíneo e o dionisíaco.
Apolo é o deus da beleza; Nietzsche o
associava ao sonho, harmonia, forma e
artes plásticas (como a escultura).
Dionísio é o deus do vinho; Nietzsche o
associava à intoxicação, desarmonia,
ausência de forma, sublimidade e
música. Nietzsche considera a
combinação de ambas as estéticas na
tragédia como a forma ideal de arte,
uma forma que mais bem nos permite
lidar com a vida e afirmá-la.”
(Ashley Woodward, em ‘Nietzscheanismo’)
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Apolo é o deus da clareza, da
ordem e da harmonia, Dionísio é o
deus da exuberância, da desordem
e da música. Sócrates separou os
dois, tendo optado pelo culto à
razão e à ordem, deixando de lado
a emoção e a desordem.
Segundo Nietzsche essa razão
aniquilou a força criadora da
filosofia nascente, priorizando o
mundo abstrato do pensamento.
Apolíneo e
Dionisíaco
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“A tragédia é a síntese dessas
forças antitéticas. Sem
destruição, não há criação;
sem trevas, não há luz; sem
barbárie e crueldade, não há
beleza nem cultura.”
(Giacoia Júnior, em ‘Nietzsche’, 2000)
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Nietzsche fez uma análise
genealógica sobre o
desenvolvimento da moral no
ocidente, um estudo sobre a
constituição e transformação dos
valores morais na história,
investigando em quais condições
certos valores emergiram sobre
outros, e em quais circunstâncias
estes valores se transformaram,
foram negados ou, até mesmo,
proibidos.
Genealogia da
moral
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Por meio de seus estudos, ele
constata que o ser humano cria os
valores que cultiva, partindo de
certos desejos, necessidades e
circunstâncias momentâneas,
porém depois disso os toma como
"eternos", esquecendo-se de sua
potência criadora e inventiva,
passando a se submeter aos
valores antes estabelecidos,
deixando de questionar e de
desejar transformar.
Genealogia da
moral
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“Necessitamos de uma 'crítica'
dos valores morais e antes de
tudo deve discutir-se o 'valor
destes valores', e por isso é toda a
necessidade de conhecer as
condições e o meio ambiente em
que nasceram, em que se
desenvolveram e deformaram.”
(Nietzsche, em 'A Genealogia da Moral')
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Ele constatou que o termo "bom",
era usado inicialmente pelos
nobres e aristocratas para se
auto-definirem, em contraposição
ao "mau", relacionado a tudo o que
era plebeu, vulgar e mesquinho.
Aristoi era o termo utilizado pelos
nobres na antiga sociedade grega,
em particular na antiga Atenas, que
significava "melhores", no sentido
de "melhor nascido", enquanto
"moralmente melhor".
Genealogia da
moral
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Na Roma Antiga, esse termo se
transforma, o “bom” passa a ser
tido como o guerreiro, e o “mau”
passa a ser visto enquanto o
sedentário trabalhador.
Mais a frente, os judeus trazem
uma nova apreciação moral, onde
o "bom" passa a ser associado aos
humildes e impotentes, enquanto
que o "mau" é associado aos
nobres, poderosos e felizes.
Genealogia da
moral
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Percebe-se então, que os nobres
eram tidos como “bons”, e com o
passar do tempo foram vistos
como “maus”. E o que era tido
como “mau”, relacionado ao fraco,
passa a ser visto como “bom”.
Com esta análise, ele constata que
os conceitos de “bom” e “mau”
não são universais, mas criados e
mantidos intencionalmente no
percurso da história, por meio de
diversas lutas de forças contrárias.
Genealogia da
moral
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“Eu já disse que o que é tachado
de 'bom' foi antigamente uma
novidade, isto é, julgado imoral.
Já disse que nenhuma forma que
tome o bem e o mal é eterna. Nem
tampouco devem ser eternas. Elas
devem proliferar, crescer e
transformar-se. É um ato de
violência querer estabelecer o
bem e o mal.”
(Nietzsche, em 'A Genealogia da Moral')
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Nietzsche constatou uma distinção
entre duas formas morais
presentes na cultura ocidental, a
'moral dos fracos' (do rebanho ou
dos escravos) e a 'moral dos
fortes' (dos senhores, da criação e
da afirmação).
Estas correspondem a duas
maneiras possíveis e mais comuns
de se dispor ao mundo, a si
mesmo, aos objetos e aos outros,
características em nossa cultura.
Moral dos fortes e
moral dos fracos
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A moral dos fracos corresponde
aos modos de ser daqueles que se
submetem facilmente a uma regra
estabelecida, que não criam nem
modificam, pois não se sentem
capazes de transformar algo,
portanto apenas aceitam e seguem
ordens. É a moral dos que são
facilmente guiados, que não
questionam as regras e os valores
morais, que seguem estas para
guiar e orientar suas vidas.
Moral dos fracos
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A moral dos fortes, corresponde
aos modos de ser daqueles que se
afirmam independente das regras
estabelecidas, daqueles que criam
e estabelecem os valores, que não
dependem de uma orientação
externa, mas se guiam por seus
próprios valores. Trata-se da moral
daquele que diz “sim” à vida, que
não nega o caos, as incertezas e
angústias da existência, mas que
assume a vida apesar delas.
Moral dos fortes
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“Moral do senhor: senhores são os
tipos fortes, capazes de afirmar a si
mesmos, lidar com a natureza
trágica da vida e legislar sobre seus
próprios valores morais. Moral do
escravo: escravos são os tipos fracos,
que não conseguem lidar bem com o
sofrimento e que, em compensação,
desenvolvem uma crença em uma
ordem moral do universo.”
(Ashley Woodward, em 'Nietzscheanismo')
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Nietzsche questionou também os
fundamentos de toda a filosofia
ocidental desde Platão, entende
que cada coisa tida como
fundamento do conhecimento foi
criada num determinado momento
e com uma finalidade específica.
Segundo ele, o mundo das ideias
de Platão, e o conceito de sujeito
de Descartes, são crenças e
valores humanos, colocados como
metafísicos ou superiores.
Críticas à filosofia
tradicional
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Para Nietzsche, o intuito da
filosofia não é alcançar um
conhecimento verdadeiro, mas
interpretar e avaliar os diferentes
sentidos de se compreender algo,
de modo parcial e fragmentário.
A interpretação abre múltiplos
sentidos, e a avaliação possibilita
compreender o valor desses
sentidos, sem deixar a pluralidade
de interpretações.
Conhecimento
como interpretação
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“Aprender a ver - habituar os
olhos à calma, à paciência, ao
deixar-que-as-coisas-se-aproxi
mem-de-nós; aprender a adiar o
juízo, a rodear e a abarcar o caso
particular a partir de todos os
lados.”
(Nietzsche, em 'Crepúsculo dos ídolos')
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A concepção de verdade, no
sentido filosófico, esteve marcada
pela busca do que é imutável e
universal, desde Pitágoras e
Parmênides, mais fortemente por
Platão, separando-se de nossas
percepções e da experiência de
mundo, que se transforma com o
tempo. A verdade para esses
filósofos deveria estar além de
nossas percepções, deveria estar
nas essências e no imutável.
Concepção de
verdade na filosofia
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“Falta de sentido histórico é o
defeito hereditário de todos os
filósofos. Não querem aprender
que o homem veio a ser, que até
mesmo a faculdade do
conhecimento veio a ser. Tudo
veio a ser; não há fatos eternos:
assim como não há verdades
absolutas. - Portanto, o filosofar
histórico é necessário de agora
em diante e, com ele, a virtude da
modéstia.”
(Nietzsche, em 'Humano, demasiado humano')
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Nietzsche critica essa vertente
idealista de filosofia, para ele a
verdade não passa de uma
interpretação e atribuição de
sentidos, nunca sendo uma
explicação sobre a realidade, mas
sempre como uma entre diversas
possibilidades de conceber a
realidade, numa pluralidade de
pontos de vista. Concepção essa
que se aproxima da complexidade
da vida e dos seres.
Problema da
verdade
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“O que é a verdade, portanto? Um
batalhão móvel de metáforas,
metonímias, antropomorfismos, enfim,
uma soma de relações humanas, que
foram enfatizadas poética e
retoricamente, transpostas, enfeitadas,
e que, após longo uso, parecem a um
povo sólidas, canônicas e obrigatórias:
as verdades são ilusões, das quais se
esqueceu que o são, metáforas que se
tornaram gastas e sem força sensível,
moedas que perderam sua efígie e agora
só entram em consideração como metal,
não mais como moedas.”
(Nietzsche, ‘Sobre verdade e mentira no sentido extramoral’)
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O ‘além-do-homem’ é aquele que
aceita viver a vida em seu caos,
numa constante transformação,
criando seus próprios valores e
afirmando a sua potência de vida,
para além dos limites dos valores
dados, é portanto o transgressor
dos valores para criar novos
valores mais saudáveis, onde
questiona os valores postos para ir
ao encontro de outros novos.
Além-do-homem
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“Eu vos ensino o além-do-homem. O
homem é algo que deve ser superado.
(...) O homem é uma corda estendida
entre o animal e o além-do-homem
- uma corda sobre o abismo. Um
perigoso passar para o outro lado,
um perigoso caminhar, um perigoso
olhar para trás, um perigoso
estremecer e parar. A grandeza do
homem está em ser ele uma ponte, e
não um fim: o que se pode amar no
homem é que ele é uma passagem e
um crepúsculo.”
(Nietzsche, em 'Assim Falou Zaratustra')
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A grande saúde, é para Nietzsche
uma postura mais ativa e
afirmativa perante a vida, que ao
constatar suas dificuldades e
problemas não busca evitá-los ou
agir contra eles, mas que se coloca
diante deles e os enfrenta.
Trata-se de não ficar remoendo as
dores ou evitando as situações
conflituosas, mas se permitir a
experimentar o sofrimento e
transcender essa condição.
A Grande Saúde
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Essa é a postura de quem se
coloca em favor de si mesmo e de
sua experiência de vida, de uma
saúde que é conquistada por meio
da dor, do sofrimento e da luta.
Diferencia-se daquela saúde que
crê que devemos evitar conflitos e
sofrimentos, mas uma saúde que
diagnostica o que não está
saudável e legisla sobre sua
existência, de maneira afirmativa e
autônoma.
A Grande Saúde
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“(...) para alguém que é
tipicamente saudável uma doença
pode, ao contrário, até ser uma
estimulação energética à vida, a
viver mais. É assim que vejo agora
aquele longo tempo de
enfermidade: é como se eu tivesse
redescoberto a vida de novo,
incluindo-me dentro dela.”
(Nietzsche, em 'Ecce Homo')
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A grande saúde, segundo o
filósofo, não é algo que possuímos,
mas o que devemos nos esforçar
para alcançar. Ela não é como um
objeto que se possa ter, mas algo
que deve ser sempre adquirido por
meio do reconhecimento da
doença, trata-se de uma saúde que
nos possibilita o contato com a
experiência da doença, que é
conquistada por meio da
superação de resistências.
A Grande Saúde
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“Ele adivinha meios curativos
contra lesões, ele aproveita acasos
desagradáveis em seu próprio
favor; o que não acaba com ele,
fortalece-o. Ele acumula por
instinto tudo aquilo que vê, ouve e
experimenta à sua soma: ele é um
princípio selecionador, ele reprova
muito. Ele está sempre em sua
própria companhia, mesmo que
esteja em contato com livros,
pessoas ou paisagens.”
(Nietzsche, em 'Ecce Homo')
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A saúde não é a ausência de
sofrimento ou doença, mas a
abertura para se viver a vida em
suas possíveis expansões,
enquanto que a doença é apenas
um desvio interior à própria vida.
Nietzsche considera a doença
como um ponto de vista sobre a
saúde, e a saúde um ponto de vista
sobre a doença, de modo que a
doença pode ser útil para uma
pessoa e para a saúde.
Saúde e doença
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“Não existe uma saúde em si, e
todas as tentativas de definir tal
coisa fracassaram
miseravelmente. Depende do seu
objetivo, do seu horizonte, de
suas forças, de seus impulsos,
seus erros e, sobretudo, dos ideais
e fantasias de sua alma,
determinar o que deve significar
saúde também para seu corpo.”
(Nietzsche, em 'A Gaia Ciência')
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Para Nietzsche, a loucura rompe
com os velhos costumes, para uma
subversão dos valores. Onde existe
loucura, há também algo de
genialidade e de sabedoria.
É a loucura que proclama novas
leis e quebra com a moralidade,
criticando a decadência dos
valores. Trata-se, portanto, de uma
condição necessária à saúde.
Loucura e sanidade
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“É preciso ter ainda o caos
dentro de si, para poder dar à
luz uma estrela dançante. Eu
vos digo, tendes ainda o caos
dentro de vós.”
(Nietzsche, em 'Assim Falou Zaratustra,')
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A vontade de potência trata-se da
afirmação do devir, do vir-a-ser, da
transitoriedade das experiências e
da multiplicidade.
O impulso de afirmação da vida vai
em direção de uma transmutação
dos valores que é criadora, que
conduz a possibilidade de um
maior aproveitamento das
potencialidades de cada um.
Vontade de
potência
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“A vontade de potência é o
desejo por mais força, mais
abundância; ela é o desejo por
expansão e crescimento. A
vontade de potência
manifesta-se também como
uma superação de si.”
(Woodward, em ‘Nietzscheanismo’)
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Para Nietzsche, uma vida plena
consiste na afirmação do devir em
sua multiplicidade, alternando
entre criação e destruição.
A transmutação dos valores
possibilita um novo ser, além do
humano, do bem e do mal e de
todas as convenções de uma
cultura decadente. Criar seus
valores significa viver no risco e na
criatividade.
Transmutação dos
valores
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“O que é bom? –Tudo o que eleva
o sentimento de potência,
vontade de potência, a potência
mesma no homem. O que é mau?
–Tudo o que vem da fraqueza.
O que é felicidade? –O sentimento
de que o poder cresce, que uma
resistência foi superada.”
(Nietzsche, em ‘O Anticristo’)
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Nietzsche influenciou diversos
autores e filósofos do século XX
em diante, entre eles: Sigmund
Freud, Hermann Hesse, Martin
Buber, Karl Jaspers, Martin
Heidegger, Jean-Paul Sartre, Emil
Cioran, Albert Camus, Gilles
Deleuze, Michel Foucault,
Jean-François Lyotard e Jacques
Derrida.
Influências de
Nietzsche
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“Eu tenho o meu caminho.
Você tem o seu caminho.
Portanto, quanto ao caminho
direito, o caminho correto,
e o único caminho,
isso não existe.”
(Nietzsche, em 'Assim falou Zaratustra')
ex-isto www.ex-isto.com
Referências
bibliográficas
GIACOIA JÚNIOR, Oswaldo.
Nietzsche. São Paulo: Publifolha,
2000.
GRANIER, Jean. Nietzsche. Porto
Alegre: L&PM, 2009.
NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia
Ciência. São Paulo: Companhia
das Letras, 2012.
NIETZSCHE, Friedrich. A
Genealogia da Moral. Petrópolis:
Vozes, 2017.
Referências
bibliográficas
NIETZSCHE, Friedrich. Além do
Bem e do Mal. Companhia de
Bolso, 2005.
NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou
Zaratustra. São Paulo: Companhia
das Letras, 2011.
NIETZSCHE, Friedrich. Ecce Homo.
Porto Alegre: L&PM, 2003.
WOODWARD, Ashley.
Nietzscheanismo. Petrópolis:
Vozes, 2017.
Por Bruno Carrasco Psicoterapeuta existencial e
professor, graduado em Psicologia,
licenciado em Filosofia e Pedagogia,
pós-graduado em Ensino de Filosofia,
especializado em Psicoterapia
Fenomenológico Existencial,
pós-graduando em Psicologia
Existencial Humanista e
Fenomenológica.
www.brunopsiexistencial.tk
www.fb.com/brunopsiexistencial
www.instagram.com/brunopsiexistencial
ex-isto Ex-isto é um projeto dedicado ao
estudo e pesquisa sobre o
existencialismo e suas relações com a
psicologia, filosofia, psicoterapia,
fenomenologia, literatura e artes. Tem
como intuito oferecer conteúdos que
facilitem a compreensão sobre os
temas pesquisados.
www.ex-isto.com
www.fb.com/existocom
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Nietzsche - alguns conceitos

  • 1. Friedrich Nietzsche Alguns conceitos Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial e professor. www.ex-isto.com
  • 2. Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) Nietzsche não é um autor fácil, boa parte de sua obra é fragmentária, escrita por aforismos, metáforas e ironia, possibilita múltiplas interpretações.
  • 3. Friedrich Wilhelm Nietzsche foi filólogo, filósofo, professor e poeta, nasceu no Reino da Prússia, na atual Alemanha. Ele criticou a religião, a moral e a tradição filosófica do ocidente. Ele tratou sobre diversos temas, entre eles a afirmação da vida, questionando todas doutrinas que diminuem nossas potências, em favor da ampliação de nossas possibilidades de ser. Friedrich Nietzsche (1844-1900) ex-isto www.ex-isto.com
  • 4. Breve biografia Nietzsche nasceu em 1844, no vilarejo de Röcken, pertencente ao reino da Prússia, próximo a Leipzig, na Alemanha. Seu pai era culto e delicado, seus dois avós eram pastores protestantes. Aos 5 anos seu pai e seu irmão faleceram, ele passou a ser educado por sua mãe. Sua família se mudou para Naumburgo, com sua mãe, tias e avó. ex-isto www.ex-isto.com
  • 5. Breve biografia Durante a infância ele foi um aluno dócil e leal, era chamado na escola de “pequeno pastor”. Aos 14 anos ganhou uma bolsa de estudos na escola Pforta em Naumburgo. A partir de suas leituras, começou a se afastar do cristianismo, se interessando pela antiguidade clássica grega e latina, estudando grego, a Bíblia, alemão e latim, neste período seus autores favoritos eram Platão e Ésquilo. ex-isto www.ex-isto.com
  • 6. Breve biografia Ao terminar o curso em Pforta, foi estudar Teologia, logo abandonou e foi estudar Filologia, em Leipzig. Aos 24 anos ele foi nomeado professor de filologia da universidade de Basileia, na Suíça, onde permaneceu por dez anos. Filologia é o estudo da linguagem, da origem das línguas antigas, incluindo a literatura, a história, a linguística, as formas literárias e as instituições do pensamento. ex-isto www.ex-isto.com
  • 7. Breve biografia Ele começou a se interessar por filosofia depois de ler Arthur Schopenhauer, fez amizade com o compositor alemão Richard Wagner e escreveu sua primeira obra aos 27 anos, 'O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música'. Aos 44 anos há uma suposição de que tenha contraído uma paresia geral atípica por conta de sífilis, vindo a falecer em 1900. ex-isto www.ex-isto.com
  • 8. “Uma das intuições mais caras que ele aplaude: a intuição de que não existem substâncias estanques e inertes, e que tudo é uma perpétua metamorfose.” (Jean Granier, em ‘Nietzsche’, 2009) ex-isto www.ex-isto.com
  • 9. Características de sua filosofia ex-isto www.ex-isto.com
  • 10. Filosofia como criação Nietzsche propõe uma nova maneira de filosofar e compreender o mundo, reconhecendo a mudança, o devir, a multiplicidade, o contraste e a contradição no ser e no mundo. Ele não tem como intuito instituir um modo de filosofar, mas instigar ao leitor a questionar e criar a si próprio, inclusive seu modo de filosofar, o “torna-te quem tu és”. ex-isto www.ex-isto.com
  • 11. Aforismos Uma das características de Nietzsche é o uso de aforismos em quase todas suas obras. Aforismo é um gênero textual que condensa com precisão complexos conceitos filosóficos. Um aforismo se caracteriza por sua brevidade e concisão, contendo máximas que traduzem amplos conceitos por meio de pequenas sentenças. ex-isto www.ex-isto.com
  • 12. Aforismos Sua escrita sob a forma de aforismos, caracteriza seu estilo e, ao mesmo tempo, possibilitar uma leitura “não sistemática”, que caminha entre a filosofia e a arte, ao invés de uma leitura objetiva, sistemática e científica. Isso reflete diretamente sua tendência filosófica, se interessando mais pelo pluralismo e pela abertura a interpretações do que pela busca de uma unidade. ex-isto www.ex-isto.com
  • 13. “Um aforismo honestamente modelado e cunhado não pode ‘decifrar-se’ à primeira leitura. Ao contrário, começa-se unicamente agora a interpretar-se para o qual é necessário uma arte de interpretação. (...) Na verdade, para elevar assim a leitura à dignidade de ‘arte’ é mister, antes de mais nada, possuir uma faculdade hoje muito esquecida, uma faculdade que exige qualidades de vaca, e absolutamente não as de um homem ‘moderno’: a de ruminar…” (Nietzsche, em Prefácio da Genealogia da Moral) ex-isto www.ex-isto.com
  • 14. As tragédias, na Grécia Antiga, apresentavam histórias trágicas e dramáticas, derivadas das paixões humanas, envolvendo deuses, semideuses e heróis mitológicos. Envolviam uma tensão permanente e um final infeliz e trágico, gerando nas pessoas as sensações vividas pelos personagens, envolvendo o público como uma forma de purgação dos sentimentos. O Nascimento da Tragédia ex-isto www.ex-isto.com
  • 15. Nietzsche criticou a tradição da filosofia ocidental onde, desde Sócrates, que passou a valorizar a razão e o ideal da verdade em oposição ao corpo e a invenção. Ele estabelece uma distinção entre o princípio apolíneo, que é o da razão, da clareza e da ordem; e o dionisíaco, que corresponde ao da aventura, da música, da fantasia e da desordem. Apolíneo e Dionisíaco ex-isto www.ex-isto.com
  • 16. Para Nietzsche, esses dois princípios correspondem a dimensões complementares da realidade, sendo ambos igualmente necessários. Segundo ele, a realidade é composta pelo conflito, pelas misturas, complexidades, contradições e turbulências entre a ordem e a desordem. Apolíneo e Dionisíaco ex-isto www.ex-isto.com
  • 17. “Nietzsche argumenta que a tragédia combina dois tipos de estética que são usualmente mantidos em separado nas outras artes: o apolíneo e o dionisíaco. Apolo é o deus da beleza; Nietzsche o associava ao sonho, harmonia, forma e artes plásticas (como a escultura). Dionísio é o deus do vinho; Nietzsche o associava à intoxicação, desarmonia, ausência de forma, sublimidade e música. Nietzsche considera a combinação de ambas as estéticas na tragédia como a forma ideal de arte, uma forma que mais bem nos permite lidar com a vida e afirmá-la.” (Ashley Woodward, em ‘Nietzscheanismo’) ex-isto www.ex-isto.com
  • 18. Apolo é o deus da clareza, da ordem e da harmonia, Dionísio é o deus da exuberância, da desordem e da música. Sócrates separou os dois, tendo optado pelo culto à razão e à ordem, deixando de lado a emoção e a desordem. Segundo Nietzsche essa razão aniquilou a força criadora da filosofia nascente, priorizando o mundo abstrato do pensamento. Apolíneo e Dionisíaco ex-isto www.ex-isto.com
  • 19. “A tragédia é a síntese dessas forças antitéticas. Sem destruição, não há criação; sem trevas, não há luz; sem barbárie e crueldade, não há beleza nem cultura.” (Giacoia Júnior, em ‘Nietzsche’, 2000) ex-isto www.ex-isto.com
  • 20. Nietzsche fez uma análise genealógica sobre o desenvolvimento da moral no ocidente, um estudo sobre a constituição e transformação dos valores morais na história, investigando em quais condições certos valores emergiram sobre outros, e em quais circunstâncias estes valores se transformaram, foram negados ou, até mesmo, proibidos. Genealogia da moral ex-isto www.ex-isto.com
  • 21. Por meio de seus estudos, ele constata que o ser humano cria os valores que cultiva, partindo de certos desejos, necessidades e circunstâncias momentâneas, porém depois disso os toma como "eternos", esquecendo-se de sua potência criadora e inventiva, passando a se submeter aos valores antes estabelecidos, deixando de questionar e de desejar transformar. Genealogia da moral ex-isto www.ex-isto.com
  • 22. “Necessitamos de uma 'crítica' dos valores morais e antes de tudo deve discutir-se o 'valor destes valores', e por isso é toda a necessidade de conhecer as condições e o meio ambiente em que nasceram, em que se desenvolveram e deformaram.” (Nietzsche, em 'A Genealogia da Moral') ex-isto www.ex-isto.com
  • 23. Ele constatou que o termo "bom", era usado inicialmente pelos nobres e aristocratas para se auto-definirem, em contraposição ao "mau", relacionado a tudo o que era plebeu, vulgar e mesquinho. Aristoi era o termo utilizado pelos nobres na antiga sociedade grega, em particular na antiga Atenas, que significava "melhores", no sentido de "melhor nascido", enquanto "moralmente melhor". Genealogia da moral ex-isto www.ex-isto.com
  • 24. Na Roma Antiga, esse termo se transforma, o “bom” passa a ser tido como o guerreiro, e o “mau” passa a ser visto enquanto o sedentário trabalhador. Mais a frente, os judeus trazem uma nova apreciação moral, onde o "bom" passa a ser associado aos humildes e impotentes, enquanto que o "mau" é associado aos nobres, poderosos e felizes. Genealogia da moral ex-isto www.ex-isto.com
  • 25. Percebe-se então, que os nobres eram tidos como “bons”, e com o passar do tempo foram vistos como “maus”. E o que era tido como “mau”, relacionado ao fraco, passa a ser visto como “bom”. Com esta análise, ele constata que os conceitos de “bom” e “mau” não são universais, mas criados e mantidos intencionalmente no percurso da história, por meio de diversas lutas de forças contrárias. Genealogia da moral ex-isto www.ex-isto.com
  • 26. “Eu já disse que o que é tachado de 'bom' foi antigamente uma novidade, isto é, julgado imoral. Já disse que nenhuma forma que tome o bem e o mal é eterna. Nem tampouco devem ser eternas. Elas devem proliferar, crescer e transformar-se. É um ato de violência querer estabelecer o bem e o mal.” (Nietzsche, em 'A Genealogia da Moral') ex-isto www.ex-isto.com
  • 27. Nietzsche constatou uma distinção entre duas formas morais presentes na cultura ocidental, a 'moral dos fracos' (do rebanho ou dos escravos) e a 'moral dos fortes' (dos senhores, da criação e da afirmação). Estas correspondem a duas maneiras possíveis e mais comuns de se dispor ao mundo, a si mesmo, aos objetos e aos outros, características em nossa cultura. Moral dos fortes e moral dos fracos ex-isto www.ex-isto.com
  • 28. A moral dos fracos corresponde aos modos de ser daqueles que se submetem facilmente a uma regra estabelecida, que não criam nem modificam, pois não se sentem capazes de transformar algo, portanto apenas aceitam e seguem ordens. É a moral dos que são facilmente guiados, que não questionam as regras e os valores morais, que seguem estas para guiar e orientar suas vidas. Moral dos fracos ex-isto www.ex-isto.com
  • 29. A moral dos fortes, corresponde aos modos de ser daqueles que se afirmam independente das regras estabelecidas, daqueles que criam e estabelecem os valores, que não dependem de uma orientação externa, mas se guiam por seus próprios valores. Trata-se da moral daquele que diz “sim” à vida, que não nega o caos, as incertezas e angústias da existência, mas que assume a vida apesar delas. Moral dos fortes ex-isto www.ex-isto.com
  • 30. “Moral do senhor: senhores são os tipos fortes, capazes de afirmar a si mesmos, lidar com a natureza trágica da vida e legislar sobre seus próprios valores morais. Moral do escravo: escravos são os tipos fracos, que não conseguem lidar bem com o sofrimento e que, em compensação, desenvolvem uma crença em uma ordem moral do universo.” (Ashley Woodward, em 'Nietzscheanismo') ex-isto www.ex-isto.com
  • 31. Nietzsche questionou também os fundamentos de toda a filosofia ocidental desde Platão, entende que cada coisa tida como fundamento do conhecimento foi criada num determinado momento e com uma finalidade específica. Segundo ele, o mundo das ideias de Platão, e o conceito de sujeito de Descartes, são crenças e valores humanos, colocados como metafísicos ou superiores. Críticas à filosofia tradicional ex-isto www.ex-isto.com
  • 32. Para Nietzsche, o intuito da filosofia não é alcançar um conhecimento verdadeiro, mas interpretar e avaliar os diferentes sentidos de se compreender algo, de modo parcial e fragmentário. A interpretação abre múltiplos sentidos, e a avaliação possibilita compreender o valor desses sentidos, sem deixar a pluralidade de interpretações. Conhecimento como interpretação ex-isto www.ex-isto.com
  • 33. “Aprender a ver - habituar os olhos à calma, à paciência, ao deixar-que-as-coisas-se-aproxi mem-de-nós; aprender a adiar o juízo, a rodear e a abarcar o caso particular a partir de todos os lados.” (Nietzsche, em 'Crepúsculo dos ídolos') ex-isto www.ex-isto.com
  • 34. A concepção de verdade, no sentido filosófico, esteve marcada pela busca do que é imutável e universal, desde Pitágoras e Parmênides, mais fortemente por Platão, separando-se de nossas percepções e da experiência de mundo, que se transforma com o tempo. A verdade para esses filósofos deveria estar além de nossas percepções, deveria estar nas essências e no imutável. Concepção de verdade na filosofia ex-isto www.ex-isto.com
  • 35. “Falta de sentido histórico é o defeito hereditário de todos os filósofos. Não querem aprender que o homem veio a ser, que até mesmo a faculdade do conhecimento veio a ser. Tudo veio a ser; não há fatos eternos: assim como não há verdades absolutas. - Portanto, o filosofar histórico é necessário de agora em diante e, com ele, a virtude da modéstia.” (Nietzsche, em 'Humano, demasiado humano') ex-isto www.ex-isto.com
  • 36. Nietzsche critica essa vertente idealista de filosofia, para ele a verdade não passa de uma interpretação e atribuição de sentidos, nunca sendo uma explicação sobre a realidade, mas sempre como uma entre diversas possibilidades de conceber a realidade, numa pluralidade de pontos de vista. Concepção essa que se aproxima da complexidade da vida e dos seres. Problema da verdade ex-isto www.ex-isto.com
  • 37. “O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que o são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas.” (Nietzsche, ‘Sobre verdade e mentira no sentido extramoral’) ex-isto www.ex-isto.com
  • 38. O ‘além-do-homem’ é aquele que aceita viver a vida em seu caos, numa constante transformação, criando seus próprios valores e afirmando a sua potência de vida, para além dos limites dos valores dados, é portanto o transgressor dos valores para criar novos valores mais saudáveis, onde questiona os valores postos para ir ao encontro de outros novos. Além-do-homem ex-isto www.ex-isto.com
  • 39. “Eu vos ensino o além-do-homem. O homem é algo que deve ser superado. (...) O homem é uma corda estendida entre o animal e o além-do-homem - uma corda sobre o abismo. Um perigoso passar para o outro lado, um perigoso caminhar, um perigoso olhar para trás, um perigoso estremecer e parar. A grandeza do homem está em ser ele uma ponte, e não um fim: o que se pode amar no homem é que ele é uma passagem e um crepúsculo.” (Nietzsche, em 'Assim Falou Zaratustra') ex-isto www.ex-isto.com
  • 40. A grande saúde, é para Nietzsche uma postura mais ativa e afirmativa perante a vida, que ao constatar suas dificuldades e problemas não busca evitá-los ou agir contra eles, mas que se coloca diante deles e os enfrenta. Trata-se de não ficar remoendo as dores ou evitando as situações conflituosas, mas se permitir a experimentar o sofrimento e transcender essa condição. A Grande Saúde ex-isto www.ex-isto.com
  • 41. Essa é a postura de quem se coloca em favor de si mesmo e de sua experiência de vida, de uma saúde que é conquistada por meio da dor, do sofrimento e da luta. Diferencia-se daquela saúde que crê que devemos evitar conflitos e sofrimentos, mas uma saúde que diagnostica o que não está saudável e legisla sobre sua existência, de maneira afirmativa e autônoma. A Grande Saúde ex-isto www.ex-isto.com
  • 42. “(...) para alguém que é tipicamente saudável uma doença pode, ao contrário, até ser uma estimulação energética à vida, a viver mais. É assim que vejo agora aquele longo tempo de enfermidade: é como se eu tivesse redescoberto a vida de novo, incluindo-me dentro dela.” (Nietzsche, em 'Ecce Homo') ex-isto www.ex-isto.com
  • 43. A grande saúde, segundo o filósofo, não é algo que possuímos, mas o que devemos nos esforçar para alcançar. Ela não é como um objeto que se possa ter, mas algo que deve ser sempre adquirido por meio do reconhecimento da doença, trata-se de uma saúde que nos possibilita o contato com a experiência da doença, que é conquistada por meio da superação de resistências. A Grande Saúde ex-isto www.ex-isto.com
  • 44. “Ele adivinha meios curativos contra lesões, ele aproveita acasos desagradáveis em seu próprio favor; o que não acaba com ele, fortalece-o. Ele acumula por instinto tudo aquilo que vê, ouve e experimenta à sua soma: ele é um princípio selecionador, ele reprova muito. Ele está sempre em sua própria companhia, mesmo que esteja em contato com livros, pessoas ou paisagens.” (Nietzsche, em 'Ecce Homo') ex-isto www.ex-isto.com
  • 45. A saúde não é a ausência de sofrimento ou doença, mas a abertura para se viver a vida em suas possíveis expansões, enquanto que a doença é apenas um desvio interior à própria vida. Nietzsche considera a doença como um ponto de vista sobre a saúde, e a saúde um ponto de vista sobre a doença, de modo que a doença pode ser útil para uma pessoa e para a saúde. Saúde e doença ex-isto www.ex-isto.com
  • 46. “Não existe uma saúde em si, e todas as tentativas de definir tal coisa fracassaram miseravelmente. Depende do seu objetivo, do seu horizonte, de suas forças, de seus impulsos, seus erros e, sobretudo, dos ideais e fantasias de sua alma, determinar o que deve significar saúde também para seu corpo.” (Nietzsche, em 'A Gaia Ciência') ex-isto www.ex-isto.com
  • 47. Para Nietzsche, a loucura rompe com os velhos costumes, para uma subversão dos valores. Onde existe loucura, há também algo de genialidade e de sabedoria. É a loucura que proclama novas leis e quebra com a moralidade, criticando a decadência dos valores. Trata-se, portanto, de uma condição necessária à saúde. Loucura e sanidade ex-isto www.ex-isto.com
  • 48. “É preciso ter ainda o caos dentro de si, para poder dar à luz uma estrela dançante. Eu vos digo, tendes ainda o caos dentro de vós.” (Nietzsche, em 'Assim Falou Zaratustra,') ex-isto www.ex-isto.com
  • 49. A vontade de potência trata-se da afirmação do devir, do vir-a-ser, da transitoriedade das experiências e da multiplicidade. O impulso de afirmação da vida vai em direção de uma transmutação dos valores que é criadora, que conduz a possibilidade de um maior aproveitamento das potencialidades de cada um. Vontade de potência ex-isto www.ex-isto.com
  • 50. “A vontade de potência é o desejo por mais força, mais abundância; ela é o desejo por expansão e crescimento. A vontade de potência manifesta-se também como uma superação de si.” (Woodward, em ‘Nietzscheanismo’) ex-isto www.ex-isto.com
  • 51. Para Nietzsche, uma vida plena consiste na afirmação do devir em sua multiplicidade, alternando entre criação e destruição. A transmutação dos valores possibilita um novo ser, além do humano, do bem e do mal e de todas as convenções de uma cultura decadente. Criar seus valores significa viver no risco e na criatividade. Transmutação dos valores ex-isto www.ex-isto.com
  • 52. “O que é bom? –Tudo o que eleva o sentimento de potência, vontade de potência, a potência mesma no homem. O que é mau? –Tudo o que vem da fraqueza. O que é felicidade? –O sentimento de que o poder cresce, que uma resistência foi superada.” (Nietzsche, em ‘O Anticristo’) ex-isto www.ex-isto.com
  • 53. Nietzsche influenciou diversos autores e filósofos do século XX em diante, entre eles: Sigmund Freud, Hermann Hesse, Martin Buber, Karl Jaspers, Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, Emil Cioran, Albert Camus, Gilles Deleuze, Michel Foucault, Jean-François Lyotard e Jacques Derrida. Influências de Nietzsche ex-isto www.ex-isto.com
  • 54. “Eu tenho o meu caminho. Você tem o seu caminho. Portanto, quanto ao caminho direito, o caminho correto, e o único caminho, isso não existe.” (Nietzsche, em 'Assim falou Zaratustra') ex-isto www.ex-isto.com
  • 55. Referências bibliográficas GIACOIA JÚNIOR, Oswaldo. Nietzsche. São Paulo: Publifolha, 2000. GRANIER, Jean. Nietzsche. Porto Alegre: L&PM, 2009. NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. NIETZSCHE, Friedrich. A Genealogia da Moral. Petrópolis: Vozes, 2017.
  • 56. Referências bibliográficas NIETZSCHE, Friedrich. Além do Bem e do Mal. Companhia de Bolso, 2005. NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. NIETZSCHE, Friedrich. Ecce Homo. Porto Alegre: L&PM, 2003. WOODWARD, Ashley. Nietzscheanismo. Petrópolis: Vozes, 2017.
  • 57. Por Bruno Carrasco Psicoterapeuta existencial e professor, graduado em Psicologia, licenciado em Filosofia e Pedagogia, pós-graduado em Ensino de Filosofia, especializado em Psicoterapia Fenomenológico Existencial, pós-graduando em Psicologia Existencial Humanista e Fenomenológica. www.brunopsiexistencial.tk www.fb.com/brunopsiexistencial www.instagram.com/brunopsiexistencial
  • 58. ex-isto Ex-isto é um projeto dedicado ao estudo e pesquisa sobre o existencialismo e suas relações com a psicologia, filosofia, psicoterapia, fenomenologia, literatura e artes. Tem como intuito oferecer conteúdos que facilitem a compreensão sobre os temas pesquisados. www.ex-isto.com www.fb.com/existocom www.youtube.com/existo www.instagram.com/existocom