SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 17
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Apostila de Material do Workshop Aquarela Botânica
Por: Rogério Lupo – Biólogo Ilustrador
Informações essenciais para escolher seu material de pintura
Zygopetalum mackayi – Aquarela, fundo negro digital A lista de materiais não será apenas feita de
tópicos, ela precisa ser acompanhada de
informações, pois a aquarela é uma técnica
muito versátil e diversa e cada artista tem suas
escolhas. Os materiais são mais ou menos
complexos e sua aquisição suscita infinitas
dúvidas, que procuro responder de modo geral
aqui. Vamos partir do princípio de que os
iniciantes devem experimentar tudo que
puderem, e ver com qual material sentem mais
afinidade. E os experientes, da mesma forma,
devem continuar experimentando, pois alguns
materiais novos surgem, outros mudam de
qualidade.
Essas variações e possibilidades dizem
respeito a todos os aspectos da técnica, mas aos
papéis prioritariamente, e depois a pincéis.
Também importante é a diversidade das marcas
e tipos de tintas, que podem ser inseridas dentro
do escopo da diversidade e das afinidades
pessoais, mas é coisa que apenas ao longo do
tempo e das experiências o artista define melhor, já que são tintas caras demais para serem
compradas só por teste, e temos que começar seguindo indicações dos já mais experientes.
Saiba filtrar o eventual excesso de texto!
Cada tópico aqui se inicia com muitos comentários gerais que podem esclarecer várias
dúvidas. Mas aos que querem ir diretamente ao mais importante, basta procurar em cada tópico
pelo título em negrito onde se lê “PRINCIPAL”. Abaixo dessa palavra sempre estará o resumo das
necessidades de material, e caso surjam dúvidas, procure respostas nos tópicos do texto
explicativo mais extenso. Veja também “IMPORTANTES MATERIAIS EXTRA” ao final da
apostila.
Onde comprar materiais?
http://www.krisefe.com/onde-comprar-materiais-artisticos#more-1779
http://gravuracontemporanea.com.br/index.php/2016/08/03/conheca-as-principais-
lojas-de-materiais-artisticos-e-de-gravura-do-brasil-e-do-mundo/
Veja também a Papelaria Universitária, não citada nos links, com várias filiais em
São Paulo.
PAPÉIS
- Quais os tipos e suas características?
Há vários tipos, divididos basicamente em:
1-“Torchon” (rugoso – rugas mais ‘onduladas’ ou acentuadas)
2- “Grain Fin” (semi-rugoso, também encontrado como “Grana Fina”, ou apenas “Fin”)
3- “Satiné” (liso)
Os tipos 1 e 2 acima são prensados a frio, ou cold pressed (abreviado como CP), enquanto o 3
é prensado a quente ou hot pressed (abreviado como HP), o que lhe confere a característica de
superfície lisa, acetinada.
O grana fina passa bem por um papel quase liso às vezes, pois a textura pode ser bem
delicada, prestando-se assim muito bem à necessidade de precisão ou definição de contorno de
ilustrações botânicas. O rugoso (Torchon) chega a ser bem marcado em textura ou às vezes com
uma textura mais ampla e menos marcada e a superfície relativamente lisa, como no caso do
Canson. Cada marca de papel apresenta um tipo de textura diferente, e mesmo entre papéis de
mesma marca há diferenças entre os Torchon dependendo do modelo, gramatura e constituição
do papel.
O papel liso (Satiné - prensado a quente) em geral absorve a água mais lentamente, o que
permite mais tempo para se trabalhar detalhes e aperfeiçoamentos antes que a tinta seque e o
pigmento se fixe. Isso ocorre justamente porque as fibras do papel estão mais compactadas e os
poros então são mais fechados. Assim a fixação do pigmento tende a ser algo mais superficial.
Alguns lisos, entretanto, podem absorver água rapidamente como os grana fina e depor pigmento
algo mais abaixo da superfície. Tanto os lisos como os grana fina são apropriados para ilustração
botânica. Os Torchon, apesar de serem usados por alguns ilustradores botânicos, têm
características que se prestam melhor a técnicas específicas, mas sua superfície pode variar muito
de acordo com a marca e a absorção pode ser mais lenta ou até mesmo a deposição de pigmento
ser mais superficial.
Também há relatos de testes na internet com a mesma pintura, feita com mesma tinta e
mesmas cores, comparando Satiné e Grain Fin de papéis da mesma marca, revelando que o Satiné
deixa as cores mais vivas e vibrantes, ao passo que o Grain Fin tira a vivacidade das cores e as
deixa mais pálidas. Isso é compreensível talvez pelo fato de haver um “véu” de fibras diante do
pigmento que se fixa no papel subsuperficialmente. Veja o teste realizado no link abaixo em:
https://letspaintnature.com/2009/10/29/difference-between-cold-press-and-hot-press/
Isso, entretanto, pode depender muito da marca, pois no caso dos Hahnemühle, os grana
fina fazem a tinta vibrar melhor enquanto os satinados (lisos) esmaecem a cor. Já no caso do
Fabriano, de fato os satinados permitem que a cor vibre mais intensamente. Portanto, apesar do
teste relatado acima, aquele relato não necessariamente é uma regra. É preciso se testar em todos
os materiais antes de ter conclusões. Papéis de mesma marca e modelo mudam de fabricação e
adquirem características às vezes completamente novas. Isso acontece também por diferença
inevitável entre levas de papel, não necessariamente por mudanças ativas na forma de
manufatura. Que dirá diferenças entre papéis de marcas distintas... então é preciso sempre se
familiarizar e se re-familiarizar com cada papel.
Gramatura do papel é o que indica sua espessura, e em nossa área específica prefere-se usar
gramaturas de 300g/m² para mais, pois são papéis que suportam água sem enrugar
demasiadamente. Alguns ilustradores preferem papéis até de 600g/m², o que é um suporte muito
firme e pouquíssimo deformável. É comum aquarelistas fixarem o papel em um suporte como um
compensado ou madeira firme, colando-o com fita gomada enquanto o papel está encharcado, ou
fixando-o com fita crepe e depois encharcando-o com pincel de água. Depois de seco, o papel se
estica e as aguadas já não o deformam muito, além do fato de que a água prepara a cola da
superfície do papel para receber melhor a tinta. Na aquarela botânica muitas técnicas são apenas
moderadamente aguadas e o papel pode ser usado sem fixação. Nas técnicas mais aguadas da
botânica, é bom recorrer a essa fixação firme.
PRINCIPAL: Papéis
Abaixo recomendações para a compra de material para o curso. Algumas dessas indicações
são de experiências minhas e outras vieram de outros artistas. Pense sempre em 300 g/m² pelo
menos. Aqui estão separados em ordem de preferência minha. Mais abaixo há uma ordem de
preferência geral. Todas as preferências levam em conta minhas experiências até esse momento
(2017), mas as mudanças estão sempre ocorrendo e assim tudo pode mudar para melhor ou pior
em uns e outros casos.
MARCAS e MODELOS recomendados
(em ordem de preferência minha por marca dentro de cada tipo de papel. Quanto
aos tipos, em geral prefiro o grana fina).
Satiné:
Fabriano 100% Cotton (Acquarello / Artistico)
Fabriano 50% Cotton (marca d’água mostra algo como “FA 5”)
Arches Satiné
Grain Fin:
Canson Moulin du Roy Grain Fin
Hahnemühle Cézanne
Fabriano 50% cotton
Arches
Fabriano Acquarello (100% cotton - caríssimo)
Fabriano Acquarello (25% cotton – bem mais barato)
Hahnemühle “Britannia” ou “Hahnemühle”
Os papéis que eu pessoalmente procuro evitar são:
-Canson linha estudante, Canson bloco Mix media, Canson Montval, Canson Moulin du Roy
Satiné.
-Arches e Hahnemühle Satiné – apesar de boas marcas e aparentemente bons papéis, não
gosto do resultado (apesar disso, recomendo Arches Satiné na lista acima porque muitos
ilustradores apreciam e se dão muito bem com ele).
-Papéis de texturas listadas tipo Vergé (isso é muito útil a alguns artistas, mas eu não uso).
-Marcas novas ou sem tradição*.
*Apesar desse último tópico, eu sempre experimento novidades, e ultimamente há uma
novidade muito barata e fácil de encontrar no mercado, que é o papel Filiart Renaud de fabricação
brasileira. Meus testes mostram que pode ser uma excelente opção para estudos de campo ou até
confecção de cadernos sketchbook. Ele apresenta bastante facilidade para aguadas uniformes e
não tende a manchar nos escuros nem a ter a tinta retirada com excessiva facilidade após
secagem. Não se pode saber como é a conservação de um papel a não ser pela observação de como
ele se comporta ao longo do tempo, assim não temos ainda dados para inferir isso. Também há o
caso do Canson XL Aquarelle, que se enquadra perfeitamente no que descrevo acima para o
Filiart, podendo ser boa opção para estudos ou sketchbook.
Alguns papéis não muito comuns de se achar no Brasil podem ter bom resultado, como é o
caso do Senelier, Saunders Waterford, Fluid e muitas outras marcas. Como algumas dessas marcas
são de fabricantes tradicionalmente competentes de tintas e material de aquarela em geral, pode
valer a pena o teste. Usualmente, entre lisos (hot pressed) ou grana fina (cold pressed), os papéis
que nos deixam mais à vontade são os grana fina. Em geral os papéis lisos são mais “melindrosos”,
mais fáceis de manchar, mais exigentes de que se desenvolva o método certo para cada um deles
até que se encontre o domínio técnico. Por isso minha sugestão a quem não tem experiência
alguma é que comece sua prática pessoal sempre por um papel grana fina, que dependendo da
textura de superfície pode ser ele mesmo útil nas aquarelas precisas. Também é sempre bom
começar pelo grana fina quando se pretende proceder teste de alguma marca.
Caso encontre todas as opções sugeridas acima, eu ficaria com os relacionados abaixo em
ordem de preferência minha. Lembrando que cada pessoa tem sua preferência (isso é muito
particular e quase idêntico ao que se dá na atração entre pessoas, coisa de pele...) e que é
necessário mesmo testar e pensar também no preço, se for o caso, optando pelo preço mais
adequado para sua possibilidade:
1- Canson Moulin Du Roy Grain Fin
2- Hahnemühle Cézanne grain fin
3- Fabriano 100% cotton Acquarello / Artistico
4- Arches Grain Fin
5- Fabriano 50% cotton Satiné
6- Fabriano 50% cotton Grain Fin
- Quantidades
A quantidade suficiente para o curso é de cerca de 2 a 4 papéis tamanho A3 (30x42cm),
dependendo se você usa papel mais freneticamente ou não. Há sempre papéis à venda em blocos
de vários tamanhos ou em papéis avulsos em tamanho grande, cerca de 50x70cm. No caso de
papéis avulsos, apenas um desses grandes deve bastar, mas depende do estilo pessoal de estudo e
uso de papel.
- Particularidades dos papéis
Cada um entre todos os papéis exige uma abordagem técnica diferente, e depois de
desenvolvida uma técnica, uma eventual troca de papel pode exigir novo estudo e nova
aprendizagem para lidar com as características do novo papel. Com o tempo se aprende também a
distinguir certas “famílias” de papel e fica mais fácil o estudo e a aprendizagem. Por isso a
sugestão durante o curso é evitar trocar o tempo todo de papel, mas sim testar alguns tipos (se for
o caso de trazer vários, mas também se podem fazer trocas de amostras entre alunos) e escolher
qual papel será usado nos estudos, permanecendo com ele ao menos durante todo o curso e
desenvolvendo as experiências de aprendizado enquanto há orientação por perto. A escolha do
papel também envolve muitas preferências pessoais, dependendo do tipo de abordagem que cada
artista pretende ter na aquarela.
Acredito que nessa apostila há opções bastantes para que se compre algum papel
satisfatório. Caso você tenha já algum papel que não tem nada a ver com esses, mesmo que não
seja especificamente de aquarela, leve tudo que tiver e que deseje testar. Já vi bons resultados em
papéis como Fabriano Tiziano por exemplo, que nem é específico de aquarela nem tem a
gramatura alta, sendo apenas 160 g/m², mas em certas técnicas não muito úmidas pode se prestar
bem. Já testei o antigo Schoeller Durex que hoje não é mais encontrado e era feito para nanquim,
mas se prestou muito bem à aquarela. Enfim, sinta-se livre para levar e testar tudo que tiver.
- Avulsos x blocos
A diferença básica dos papéis em blocos para os avulsos é que os blocos têm papéis bem
aparados na borda, em geral não trazem marca d’água (em geral, mas alguns blocos trazem) e têm
tamanhos que não passam de A2, se é que chegam ao A2. Já o papel avulso pode chegar a esse
tamanho máximo de 50x70cm, e traz as bordas em geral irregulares, “desfiapadas” ou franjadas.
Isso é resultado da forma de aglomeração do papel, de sua secagem e prensagem.
Alguns papéis em blocos são chamados “4 lados”, o que significa que eles apresentam uma
cola de fixação em todos os lados (exceto em um dos cantos, que é por onde se pode começar a
descolar o papel superior). Assim, é fixado o bloco inteiro com todos os papéis juntos como um
“tijolo” de papel. Isso faz com que o suporte seja mais firme, e evita que o papel superior se
deforme quando aplicamos aguadas. Depois da pintura terminada, retira-se a folha superior onde
foi feita a pintura, usando-se uma régua acrílica ou cartão de banco, ou de preferência algo mais
fino ainda, para cortar a cola suavemente (evitando acidentes que rasguem ou cortem a margem
do papel, o que geralmente acontece se usarmos estiletes muito afiados).
Papéis em Bloco (site consta no link acima “Onde Comprar”)
http://www.koralle.com.br/categorias/papeis/papeis-aquarela/papeis-aquarela-
bloco/page=1/ordenacao=preco_final/direction=ASC
ADENDO: sobre a marca d’água do papel
A marca d'água tem uma importância grande para quem quer legitimar um original, pois é
ela uma das coisas que ajuda a atestar que a aquarela foi feita ali originalmente. Até mesmo a
borda irregular também é um atestado de originalidade. Por isso, se a ambição for a venda de obra
de arte é bom manter a marca, bem como a borda irregular, em vez de cortar depois de finalizado
o trabalho, mas isso depende muito de preferências pessoais. Claro que se deve procurar evitar
pintar sobre a marca, pois ela vai aparecer claramente sob a área pintada, já que essa marca é um
escrito “carimbado” em baixo ou alto relevo. Além disso, é a marca que geralmente determina a
frente ou verso do papel. Onde ela aparece escrita corretamente, da esquerda para a direita, é a
frente. Onde aparece espelhada, ou seja, ao contrário, é o verso. A frente do papel é exatamente
onde em muitos casos há o tratamento antifungos para que o papel não amarele ou desenvolva
manchas ao longo dos anos com a presença de umidade eventual. E nos papéis especificados
como “colados na superfície”, também é essa a face do papel onde há a goma que ajuda a fixar o
pigmento (por isso o papel parece meio impermeável em sua frente até que a gente dê uma
primeira molhada para dissolver a goma). Já nos papéis especificados como “colado na massa”, a
goma está presente em ambas as faces, pois ela é aplicada antes da prensagem, quando o papel
ainda está em forma de massa de fibras.
Já tive papéis que pegaram muita umidade durante meu armazenamento, e enquanto o
verso ficou deteriorado pelas manchas amarelecidas de fungos e bactérias, a frente ficou bastante
preservada. O tratamento antifúngico da face frontal funciona (mas talvez em alguns papéis o
tratamento seja feito em ambas as faces, é difícil encontrar informações específicas sobre isso
vindas do fabricante). Não obstante, muitos artistas sem saber disso sempre usaram o verso do
Fabriano 50% Satiné, por exemplo, pois é onde nesse papel era melhor de se trabalhar até meados
da década de 2000 (a frente desse papel apresentava micro-fiapos que davam textura indesejada à
pintura). As levas seguintes desse papel, porém, melhoraram e a frente ficou muito mais lisa e sem
fiapos, mas os artistas permaneceram usando o verso por hábito. Mesmo assim, mais
recentemente muitos têm reclamado das qualidades que andam se perdendo nos papéis Fabriano,
que segundo eles "não seriam mais tão bons". Na verdade, todos os papéis que tenho usado
sempre têm levas que podem melhorar ou piorar, e o mesmo se dá com grafites, por exemplo. É o
caso de se experimentar materiais sempre. Atualmente, tenho gostado mais de alguns modelos do
Fabriano do que gostava antigamente, mas os artistas têm reclamado e isso deve ser levado em
consideração na compra. Sempre é bom solicitar amostras na loja e testar antes de investir em um
bloco inteiro.
PINCÉIS
-Sintéticos ou pelos de animais?
São muitas as possibilidades, hoje há pincéis mais baratos sintéticos que se prestam muito
bem ou são até melhores do que os feitos com pelos de animais, sendo que estes últimos têm
preços desproporcionalmente altos. Vamos evitar comprar mais pincéis de pelos de animais,
como Sable, Kolinsky, Marta, Marta tropical etc, pois isso nos faz cúmplices das torturas, tráfico e
morte desses animais. Entre os que devemos evitar estão todos os que trazem os nomes acima,
bem como os Tigre 308, etc. Peça sintético, fica simples e não haverá carência técnica. Caso você
tenha pincéis já adquiridos de pelos de animais, claro que não há nenhuma restrição em levar ao
curso, fique à vontade.
Mais sobre o tema:
http://www.krisefe.com/saiba-por-que-eu-nao-uso-mais-pinceis-de-cerdas-naturais-e-por-
que-voce-nao-deveria-usa-los-tambem
PRINCIPAL: Pincéis
- Quais tamanhos e formatos?
Sugiro pincéis redondos de tamanho pequeno e médio. Para padronizar o que chamo de
pequeno ou médio, vamos pensar em pincéis como vemos nas figuras abaixo, em que as réguas se
referem ao comprimento de pelos (medida vertical) e ao diâmetro na base dos pelos (medida
horizontal):
Pincel pequeno Pincel médio
Nas figuras acima, o pincel da esquerda é um exemplo do formato de tipo pequeno, que
pode ter números de modelo diferentes dependendo da marca. Para esse tamanho, algumas
marcas podem padronizar como pincel número 1 ou 2, outras marcas podem padronizar como
número zero. O que importa são as medidas de acordo com as indicações.
A medida pode ser qualquer uma dentro do intervalo proposto. Se for achado, por exemplo,
um pincel pequeno de tamanho 1,5 x 12 mm, está dentro do tamanho proposto para os pequenos.
Outro pincel, por exemplo, de tamanho 4 x 18 mm seria considerado médio por estar dentro do
intervalo proposto acima à direita.
A sugestão é que se tenham dois pincéis pequenos e dois médios, pois a técnica proposta
usará um pincel somente para tinta e outro só para água, sendo usados ambos ao mesmo tempo.
Quando a pintura tratar de coisas pequenas, usaremos os dois pincéis pequenos. A sugestão é que
se tenha, se isso for possível, dois pequenos ligeiramente diferentes em tamanho e dois
médios também ligeiramente diferentes entre si. Por exemplo, 2 pincéis pequenos de certa
marca, um de tamanho 1 e outro tamanho 2. E outros 2 pincéis médios, por exemplo tamanhos 5 e
6. Total serão 4 pincéis, 2 pequenos e 2 médios, com alguma diferença de tamanho entre todos.
Isso amplia o escopo de ação em cada necessidade.
A figura abaixo representa um pincel que é bom evitar, por ser muito fino e de pelos muito
longos, e apresenta uma alta flexibilidade indesejável e pouca aplicação prática. A não ser que
conheça alguma boa prática pessoal para esse pincel, evite comprar só para o curso.
A princípio não é preciso adquirir pincéis chatos ou chatos-arredondados, pois os redondos
de ponta serão úteis em todos os casos. Mas caso você tenha prática com aquarela, já possua tais
pincéis chatos e queira usá-los, sinta-se livre.
MARCAS e MODELOS
Entre os pincéis sintéticos mais apropriados, são recomendáveis os seguintes (em ordem de
preferência:
1- Keramik 705, 310 ou 311
2- Keramik 313
3- Winsor & Newton Cotman (série Cotman é a linha de iniciantes da W&N, mas são
pincéis sintéticos que se prestam muito bem)
4- Tigre 482 ou 485 (Sable Touch) ou Pinctore
5- Condor Toray 305 ou 411
6- Condor Konex 425 (também há o Konex 426, achatado estreito de ponta redonda, pode
ser opção interessante e útil como variação de forma).
Alguns pincéis de nylon branco são mais duros e podem ter grande utilidade na remoção
eventual de pigmento de modo que não danifique o papel, fica a sugestão como extra.
Algumas marcas como “Vision”, de pincéis nacionais, são encontradas na Casa do Artista, e
podem ser uma boa marca, mas não conheço. Pelo valor, vale o teste. Há também pincéis Sinoart
mais disponíveis, talvez recomendáveis, além de eventuais outras marcas que podem merecer um
teste.
- Experimentação de novos pincéis
ATENÇÃO: Todos os pincéis acima recomendados são aqueles que conheço bem e sei que se
prestam muito bem à nossa área, mas a variedade no mercado é sempre grande e pode haver
novidades ou mesmo marcas já antigas de grande qualidade. As recomendações dadas acima são
baseadas em minha experiência pessoal e em uma espécie de tradição individual de uso, além de
troca de informações com outros artistas. Com o tempo e experiência, chegamos a desenvolver até
certa resistência a novidades, mas é bom manter o faro apurado na hora de sua compra. Se algum
pincel lhe parecer bom, não se fixe apenas no que indico, principalmente porque muito material
excelente tem aparecido a preços tão baixos que é praticamente inevitável a compra. Vendedores
têm muito contato com artistas e recebem feedbacks deles sobre alguns materiais que são bons e
recomendados por muita gente. Analise as sugestões do vendedor. Mas leve em conta que alguns
materiais que caem no gosto amplo dos artistas podem não ser necessariamente bons para nós,
pois cada artista deseja obter coisas diferentes de seu material. Por isso, sempre creio mais no
“feeling” do que nas recomendações mais populares. Isso não quer dizer que devamos nos fechar a
elas, apenas devemos ter as “antenas” a postos para detectar novidades boas.
- Para “farejar” e escolher um bom pincel desconhecido
A característica boa do pincel de aquarela precisa ser a maciez, mas é uma maciez específica
parecida mesmo com os pincéis de pelos de animais. As mulheres conhecem isso pelo pincel de
maquiagem e os homens que já manusearam ou usaram um pincel de barbear também conhecem.
É preciso alguma experiência para ver a qualidade ideal, pois uma sutilíssima redução de maciez
já muda o resultado da pintura. Por enquanto o eventual artista inexperiente precisa confiar na
indicação de alguém, mas depois vai desenvolver suas próprias preferências e senso crítico. Outra
característica importante é a ponta aguda formada e mantida quando o pincel está úmido, e/ou o
arredondamento suave e uniforme da ponta quando o pincel está seco e os pelos soltos. Às vezes é
um arredondamento pleno, outras vezes beira o triangular, mas com ponta suavemente redonda
quando seco e com os pelos soltos.
Caso vá experimentar marcas que não estão aqui na lista, procure verificar não só a maciez.
Pincéis na loja podem vir duros e engomados, e os pelos não estão soltos para poderem ser
avaliados. Por vezes algum pincel do mesmo modelo em vista pode estar sem a goma e permite
avaliação. Eu procuro verificar bem quando alguns estão sem goma, se os pelos em geral estão
bem dispostos, se têm um formato bem arredondado, se a extremidade de cada pelo
(principalmente os de ponta) se afina gradualmente, não sendo cortada bruscamente. E se os sem
goma daquele modelo tiverem um bom formato, escolho um com goma, pois engomado é
possível avaliar sua ponta quando ele estiver úmido. Ou então levo já sem goma confiando em
minha observação dele seco.
- Pincéis com reservatório embutido
Recentemente têm surgido vários tipos de pincéis sintéticos com reservatório plástico de
água embutido no corpo do próprio pincel. Isso pode ser interessante para se usar na aquarela
botânica, mas apenas para estudos rápidos em que a praticidade é prioridade, pois os pelos são
mais rígidos e não muito suaves; pelo que se diz, é necessário ter cautela e não apertar demais o
reservatório, pois o controle da água, no caso de se forçar demais, pode ser prejudicado e o pincel
passa a gotejar o tempo todo. Tenho tendência sempre a testar tudo, pois uma novidade simples
pode trazer revoluções técnicas.
- Veja também:
http://www.krisefe.com/pinceis-sinteticos-para-aquarela
TINTAS
Um artigo excelente que traz mais informações gerais além das presentes aqui pode ser lido
aqui:
http://www.krisefe.com/tudo-sobre-tintas-de-aquarela
Todas as tintas, sejam de aquarela ou não, podem apresentar classificações para iniciantes e
para profissionais, mas a distinção não fica muito clara na maioria das marcas. Em geral, existe a
designação Tinta Artística, Artist Colors, Fine Artist Colors, Extra Fine etc. para as tintas feitas
para uso profissional. Mas muitas marcas simplesmente têm nomes diferentes para tintas de
iniciantes e de profissionais. Para saber detalhadamente, veja Tabela 1 abaixo ou procure o website
de cada marca.
Tabela 1: nomes das linhas de profissionais e iniciantes de
acordo com as marcas mais encontradas:
Marcas / Linhas profissional iniciantes
Winsor &Newton Artists’ WC Cotman
Talens Rembrandt Van Gogh
Daler Rowney Artists’ WC Aquafine
Schmincke Horadam Finest Akademie
No caso da marca Winsor & Newton, a série “Cotman” é a de iniciantes. A série profissional é
simplesmente chamada de Artists’ Colors. A marca Talens tem a série Van Gogh para iniciantes e
a série Rembrandt para profissionais. A Daler Rowney tem a série “Aquafine” com poucas opções
de cores e preço uniforme para qualquer tinta, feita para artistas indecisos e com pouco dinheiro
(que eles dizem ser tinta profissional “com cores brilhantes a preços competitivos”); e também a
série Extra Fine, muito mais variada em termos de cores e preços, para artistas com mais dinheiro
e mais capacidade de decisão. Assim, sempre há uma série mais barata e menos diversa e uma
mais refinada e cara.
- Linha profissional x iniciantes. Qual escolher?
Mesmo que a intenção seja a de obter a melhor qualidade possível para a pintura, buscando-
se os melhores e mais refinados pigmentos, nem sempre a opção pelas tintas profissionais é
obrigatória. Alguns pigmentos dentre os da linha de iniciantes podem apresentar qualidade
próxima aos da linha profissional e é preciso estudar cada um deles para ver qual é mais
vantajoso. Isso é especialmente o caso de alguns pigmentos terrosos como ocre (ochre), siena
(sienna), sombra (umber), marrom (brown), vermelhos terrosos (venetian ou indian red, por ex.),
sépia etc. Essas são cores em geral mais baratas para qualquer marca, por causa de sua obtenção
mais fácil que não demanda muitos processos que purifiquem o pigmento. Ainda assim, mesmo
entre pigmentos de obtenção mais complexa, pode haver cores muito refinadas ou especiais em
linhas de iniciantes e tudo isso demanda pesquisa e necessidade de inteirar-se sobre o assunto.
Observando as especificações, veremos que há diferenças às vezes decisivas, como por
exemplo o marrom de Vandyke ser de mesma permanência AA (ou seja, máxima) nas duas séries
da Winsor & Newton, tanto a linha de iniciantes quanto de profissionais. Entretanto, a cor da
série Cotman (iniciantes) é opaca ao máximo enquanto na série artística é semi-transparente. No
caso do Sépia, também da W&N, acontece o exato oposto. A permanência é máxima em ambas,
mas a profissional é opaca ao máximo, enquanto a de iniciantes é semi-transparente. Na aquarela,
em geral prefere-se que a cor seja mais transparente, mas cada artista pode acabar desenvolvendo
preferências específicas dependendo de suas aspirações. Importante é conhecer as qualidades e
diferenças das tintas e escolher adequadamente para si mesmo.
Os vermelhos mais puros, alaranjados, amarelos, verdes, azuis, violetas e magentas
realmente precisam ser bem escolhidos entre os melhores e mais permanentes pigmentos
profissionais, levando-se em conta todas as qualidades de cada tinta conforme descrito abaixo.
- Diferenças de preço e qualidade
Todas as tintas que possuem pigmento puro e de mais difícil extração tendem a ser mais
caras. As que têm uma série de misturas de pigmento, de 2 ou 3 tipos diferentes (os tipos
aparecem relacionados em cada embalagem) são mais baratas e muitas vezes trazem o nome
“Hue” associado ao nome da tinta, e também tendem a estar entre as linhas para iniciantes.
Assim, uma tinta chamada de “Cobalt Blue Hue” significa que não é um azul feito de cobalto, que
seria o pigmento puro dessa cor, mas sim outro pigmento ou uma mistura de pigmentos que dão
o “tom” (hue) de azul cobalto. Esse é o significado de “hue” em inglês, ou seja, “tonalidade”. O
azul “tonalidade” de cobalto tenta imitar o azul proporcionado pelo elemento químico cobalto.
As pesquisas com pigmentos são permanentes, e pode ser que algum novo pigmento
desenvolvido seja mais permanente do que um tradicional, e tenha a mesma tonalidade deste
tradicional, ou muito semelhante. Também pode acontecer do novo pigmento apenas ser mais
fácil de ser extraído ou produzido. É preciso investigar. Fato é que ultimamente até o
tradicionalíssimo amarelo de cádmio tem se desvanecido em pinturas antigas a óleo e novos e
mais estáveis compostos têm sido desenvolvidos em substituição, mas pelo conservadorismo os
artistas ainda resistem a aderir ou sequer conhecer os fatos. Por isso, apesar do sufixo “hue” poder
suscitar algum preconceito, é preciso ter certeza, com pesquisa e leitura, se não é já uma opção
melhor do que o pigmento tradicional.
- Permanência (resistência à luz) e outras características indicadas pelo fabricante
Uma das características mais delicadas da aquarela, bem como de qualquer outra tinta em
qualquer mídia − incluindo lápis de cor, pastel etc. −, mas na aquarela especialmente, é a
permanência dos pigmentos. Muitos deles são fugazes e podem durar apenas alguns anos, mas
alguns chegam a descolorir em apenas meses ou até mesmo semanas ou dias (acredite).
Dependendo do grau de exposição à luz e de características físico-químicas naturais, certos
pigmentos definitivamente podem não ser apropriados para uma pintura que se deseje duradoura.
O grau de permanência é uma informação que consta em todos os rótulos de tintas avulsas.
Cada marca tem seu código e isso p0de ser encontrado na internet ou talvez em um catálogo de
loja. Nas Talens a permanência é marcada com pequenas cruzes: quanto mais cruzes, maior
permanência do pigmento ao longo dos anos. Fuja das tintas com uma única cruz ou sem
nenhuma. Nas Winsor & Newton, por exemplo, a permanência é marcada com código de letras,
AA (bem permanente), A (permanente), B (pouco permanente) e C (fugaz). Procurando na
internet por “colour charts” das marcas, é possível sempre ver o catálogo de pigmentos, com todas
as especificações e os códigos revelados no rodapé, mas isso geralmente está mais bem detalhado
em um arquivo em PDF a ser baixado e não diretamente na página.
Ainda é possível ver no catálogo, ou “colour chart”, informações como grau de transparência
ou opacidade da tinta, grau de adesão (capacidade de tingir, o que significa que a tinta de alta
adesão, ao ser aplicada ao papel, causa praticamente uma mancha imediata e mesmo ainda úmida
é difícil que seja retirada totalmente). Também há a classificação de preço (tintas da série 1 da
Winsor & Newton, por exemplo, são as mais baratas, enquanto as da série 4 são mais caras). Por
fim, cada marca pode trazer informações específicas exclusivas, como sujeição à granulação,
resistência à acidez ambiental etc.
- Bisnagas ou pastilhas? Qual a melhor?
Há duas apresentações das tintas de aquarela: em bisnagas ou pastilhas. As bisnagas trazem
a tinta em forma gel, enquanto as pastilhas trazem sua forma sólida. Cada artista pode ter motivos
pessoais para preferir uma ou outra. Ambas têm vantagens e desvantagens.
As bisnagas são muito mais fáceis de fornecer a tinta, basta apertar sobre o godê e ter uma
quantidade suficiente de pigmento concentrado. As pastilhas precisam ser diluídas com uma gota
sobre o “tijolinho” de pigmento antes de começarmos a retirar a tinta. Depois disso, é preciso tirar
o pigmento com um pincel para levá-lo ao godê (de preferência um pincel velho ou sem muito
valor, e também de pelos mais duros para auxiliar a retirar mais pigmento). A tinta acaba sempre
ficando diluída e, para conseguirmos pigmento mais concentrado, precisamos ir diretamente
sobre a pastilha com o pincel de pintura. Mas a pastilha sendo firme pode danificar a ponta
delicada do pincel, ainda mais porque a tinta tem goma arábica e quando meio úmida fica
colante, o que representa real perigo às pontas dos delicados pelos (por isso a sugestão de se usar
pincel velho ou sem valor). Além disso, nunca é possível se retirar uma grande quantidade de
pigmento concentrado se for preciso, a não ser que se retire bem antes e depois se deixe secando
um pouco no godê (tampado para evitar poeira). Durante a retirada, muito pigmento também
acaba ficando no pincel usado, e como não se pode usar aquilo nem retirar tudo, bastante tinta se
perde na lavagem, algo que não acontece com bisnagas.
A goma arábica também está presente na tinta em bisnaga e por isso é comum, quando
abrimos a bisnaga, ela estar com uma camada transparente parecida com mel logo à boca do tubo,
que é a goma arábica que se separou do pigmento. Temos que tirar aquele excesso antes de chegar
ao pigmento propriamente dito. Isso já é uma certa adulteração da tinta, que perde parte de sua
composição ideal. Na minha experiência isso tende a acontecer com as Talens Rembrandt, mas
não me lembro de ter visto ocorrer com W&N. Isso remete também ao fato de que, ao segurarmos
a bisnaga na hora de abrir, pode ser difícil fazer isso sem forçar (caso a tampa esteja rosqueada
muito apertada ou tenha ficado colada pela tinta e goma). Por isso, acabamos apertando tanto o
conteúdo que quando finalmente abrimos a tampa, um bocado de tinta extra pode sair por causa
da pressão exercida.
Isso não é grande problema se prepararmos uma forma de guardar eventuais desperdícios,
por exemplo em certos godês plásticos com tampa, pois a tinta, mesmo quando retirada da
bisnaga e já seca, poderá sempre ser diluída e usada. Ao secar no godê ou em qualquer recipiente,
a tinta da bisnaga acaba tornando-se sólida como é na pastilha. Por isso, uma das desvantagens da
bisnaga, que é secar e endurecer quando guardada por muito tempo, pode ser contornada apenas
rasgando-se a embalagem, e ali a tinta terá se tornado sólida como a pastilha e ainda poderá ser
totalmente útil.
As pastilhas precisam ser guardadas em estojo para não ficarem rolando soltas. Além da
desvantagem descrita acima sobre a retirada da tinta que nos faz perder muitíssimo mais tempo
do que com as bisnagas, temos o problema de que, mesmo que a deixemos sempre dentro de
estojo, ao longo do tempo a pouca poeira que entra quando se abre pode ir se acumulando sobre a
tinta que, sendo levemente colante, fixa a poeira sobre a pastilha. Tal poeira, mesmo a mais
delicada, costuma causar muitos inconvenientes durante a pintura, pois as partículas de pó são
carregadas pelo pincel durante as aguadas e criam marcas durante aguadas. Temos que fechar o
godê para evitar a entrada de poeira, e com ele fechado a umidade permanece lá dentro, o que
propicia desenvolvimento de fungos que podem contaminar uma pastilha inteira e até mesmo
todas as outras pastilhas. Os fungos enchem a tinta de fibras naturais indesejáveis que se
assemelham a partículas de poeira e atrapalham durante a pintura, e podem continuar se
desenvolvendo no papel após a pintura, ou eventualmente causar contaminações e manchas. As
bisnagas praticamente não apresentam esse problema de fungos, pois a tinta nunca precisa ser
contaminada pela água para ser retirada (ao menos enquanto não endurece, o que pode levar anos
para acontecer), mas sai direto do tubo sem intervenções externas.
Avaliando os inconvenientes das pastilhas como desgaste de pincéis na retirada de tinta,
perda de tempo, impossibilidade de retirar grande quantidade de pigmento concentrado,
acúmulo de poeira, fungos..., pessoalmente acabo preferindo as bisnagas, apesar dos problemas
também citados. Mesmo com esses inconvenientes, as bisnagas vencem em minha avaliação
porque as vantagens superam os problemas. Sendo as pastilhas apenas ligeiramente mais baratas,
o fator custo não chega a representar uma grande tentação.
- Estojos prontos ou tintas avulsas?
Há muitos estojos prontos para venda, tanto em pastilhas como em bisnagas. Eles trazem
uma combinação de tintas pré-formatada que não pode ser modificada. Pode ser boa para artistas
indecisos, mas geralmente na compra de estojos podem vir muitas tintas que não são de muito
bom uso, além do que em geral são tintas apenas para iniciantes ou até mesmo que não se
enquadram nem em iniciantes nem em profissionais. Muitos estojos parecem ser voltados mais a
uma linha escolar, e por isso sua aquisição deve ser muito bem ponderada quanto a vantagens e
desvantagens antes de ser consumada. Também podem se encontrar estojos com tintas
profissionais, mas geralmente são caríssimos, e como já dito a seleção de cores ficou a critério do
fabricante.
A propósito, todas as linhas escolares de aquarela “de farinha”, disponíveis em marcas como
Pentel, Cretacolor etc., devem ser evitadas a quem tem aspirações mais sérias. Com o tempo e o
costume, aprendemos a reconhecer quando a tinta é de excelência, e nesse caso as tintas melhores
são sempre determinadas também pelo alto valor pago por um pedacinho miserável de pigmento.
Não que todas as caras sejam boas, mas as boas em geral são caras. Apesar disso, esse pedacinho
“miserável” tem a capacidade de tingir muitos metros de papel, pois aquarela é uma tinta que
rende bastante. O preço alto significa simplesmente que desde a extração até a obtenção de
pigmento puro e seu refinamento, há um processo longo e caro.
- Quantos e quais tipos de cores é preciso ter?
Para o curso, não é necessário que haja uma grande gama de cores, por isso faço uma
sugestão que contempla desde o aluno que quer comprar apenas o mais básico e essencial
possível, só com cores primárias para estudos, até aquele que deseja formar uma boa paleta de
cores para poder atuar com aspirações profissionais, passando por todas as opções intermediárias,
claro.
Importante a essa altura ressaltar que, por exemplo, o vermelho que muitos conhecemos
desde a infância se aproxima realmente bem mais da cor chamada “vermelhão”, pois é uma
frequência luminosa que contém certa mistura de amarelo em sua composição. Por esse motivo,
em geral é um equívoco uma cor como o vermelhão ser tratada como primária. O “vermelho”
autêntico, que em sua mistura com azul formará uma cor arroxeada, é sempre o “alizarim
crimson” ou “carmim-alizarim”. Trata-se de um vermelho mais “bordô”, digamos, que tem esse
sim a pureza necessária para estar entre as 3 cores primárias numa paleta que deva conter azul,
amarelo e vermelho.
Muitas sugestões de cores abaixo são baseadas na imprescindibilidade de algumas delas,
advinda do fato de que elas não podem ser obtidas fielmente a partir de misturas. Um dos
principais critérios para se determinar que uma cor seja imprescindível é sua intensidade,
saturação ou iridescência, aquilo que se pode chamar também de cor “vibrante”, vívida, ou acesa,
em contraposição a cores mais pálidas ou apagadas. O alaranjado intenso, por exemplo, é
frequentemente encontrado com o nome de “Cadmium Yellow Deep” que significa “amarelo de
cádmio profundo”, mas também pode ser o Cadmium Orange Light (amarelo de cádmio suave,
leve) de algumas marcas. Ele é insubstituível e essencial numa paleta que pretenda contemplar
todos os tons naturais, pois o alaranjado obtido com qualquer mistura de vermelho e amarelo
jamais alcança a intensidade desse pigmento, chegando a ser as misturas geralmente apenas
próximas de uma cor salmão ou coral, alaranjado pálido ou terracota. Isso vale não só para o
alaranjado como para certos violetas ou verdes, e não só para aquarelas.
Em suma, entre duas cores tonalmente muito parecidas na hora da compra, opto sempre
pela mais vibrante e saturada (jamais deixando de observar e pesar outras qualidades como
permanência, granulação, opacidade etc.), pois “apagar” uma cor, empalidecê-la, é possível
usando-se na mistura apenas um toque de outra cor − em geral próxima da complementar,
dependendo do que se pretende −, mas “acendê-la”, torná-la mais vibrante, é praticamente
impossível. Vale lembrar que para avaliar a cor é preciso abrir o tubo, o que nem sempre é
possível, mas deve-se pedir, pois o valor pago é alto e não deve haver engano. Apenas pelo rótulo
não se pode ter ideia alguma da verdade do pigmento. A cor presente impressa no rótulo pode ser
assustadoramente diferente da cor real pintada. (para mais sobre isso veja também link indicado
abaixo, sob o tópico “como escolher a cor e a marca mais apropriadas?”)
Outra qualidade que uma paleta ampla precisa contemplar é a de tons escuros. Uma cor
pode ser clareada pela diluição (na aquarela não se clareia uma cor com pigmento branco − a não
ser para obter algum efeito específico desejado −, mas sim com uma aguada mais diluída. O
branco é usado por alguns artistas para alterar o matiz e não o tom). Mas quando se precisa
escurecer uma cor, o máximo de tom que ela alcança é o que se enxerga na tinta concentrada. Por
isso, para alcançar no papel tons mais escuros do que uma determinada cor, é preciso recorrer a
cores naturalmente mais escuras do que ela e não a mais concentração nem a excessivas aguadas
sobrepostas (coisas que alteram a qualidade final da aplicação de tinta sobre o papel,
eventualmente causando brilho na superfície pintada e perda de transparência por excesso de
concentração). Não se usa a cor preta para escurecer outra cor (aliás, particularmente não uso
preto em técnica alguma). Alguns artistas usam o payne’s grey em lugar de preto e também para
escurecimento (por esse cinza ser uma cor escura meio neutra e fria), mas eu prefiro escurecer
com tons de cor. Assim, para obter um verde de sombra muito escuro uso simplesmente um verde
naturalmente escuro e mais frio associado talvez a um marrom ou carmim, ou mesmo puro.
PRINCIPAL: Tintas
É realmente delicada a escolha das tintas, e demanda pesquisa e experiência que só vem com
o tempo. Para quem começa, é preciso estudar um pouco e seguir indicações. Na internet há
inúmeros testes de pigmentos em relação à sua resistência à luz e também à frequência luminosa
que eles representam em relação ao padrão de nomenclatura. Veja por exemplo o link
http://www.handprint.com/HP/WCL/
A partir dessa página, investigue todos os links ali indicados, e você encontrará inúmeras
informações essenciais sobre cada pigmento.
Há extenso e minucioso material, e a recomendação principal dada para aquarela é que se
conheçam os pigmentos mais puros, e então nossa escolha deve ser feita com base nisso, para
evitarmos os de baixa qualidade. Mesmo assim, cada marca tem variações, e seguir os testes de
outros artistas registrados na internet pode ser um bom começo para experimentar. As marcas a
seguir são em sua maioria de boa qualidade e as mais encontradas no mercado brasileiro, mas há
ainda outras como Senelier, Maimeri, também boas e que merecem atenção se disponíveis para
venda. As relacionadas abaixo, entretanto, são as mais comumente preferidas por diversos
artistas.
- Como escolher a cor e a marca mais apropriadas?
Quem nós somos? Aquarelistas! E o que queremos? Abrir os tubos e experimentar as tintas
no papel antes de comprar!!
A Internet é realmente uma coisa maravilhosa, e felizmente alguém generosíssimo e mais
maravilhoso ainda já fez e publicou isso para que nós possamos ver exemplos de como as tintas
ficam antes de adquiri-las. Claro que o escaneamento nem sempre é absolutamente fiel, e ainda
temos nossa tela que pode distorcer as cores, mas o mais importante aqui é a comparação, que
permite mesmo com distorções escolher a cor que parece ser “mais isso ou menos aquilo” do que
as outras. No site indicado, a própria autora cita essa dificuldade de ser fiel no escaneamento, mas
ao menos podemos comparar muito bem, já que ela fez o experimento com muitas dentre as
marcas disponíveis. Ela merece toda nossa gratidão!
Basta clicar sobre cada cor e aparece em vista mais próxima com as especificações do
pigmento, marca, nome e tudo que é preciso saber:
http://www.janeblundellart.com/painted-watercolour-swatches.html
Minhas recomendações, seja na lista resumida abaixo ou na tabela, estão sempre em ordem
de preferência de cores, desde as mais essenciais até as não imprescindíveis. Na lista resumida as
preferências são por tons dentro de cada cor (azuis, vermelhos, amarelos, violetas etc.), mas na
tabela está uma ordem de preferência geral entre todas as cores (essa ordem é apenas relativa às
cores, vista na coluna da esquerda extrema na tabela, de cima para baixo, e não estabeleci ordem
de preferência no quesito marcas). As que na lista trazem alguma marca específica em negrito
são aquelas pelas quais eu tenho preferência pessoal, ou então são frequentemente recomendadas.
Use as informações do site acima para confirmar ou modificar sua escolha, usando minhas
indicações apenas como guia.
Todas as cores abaixo marcadas com 1* (número um + asterisco) são indicações para a
paleta mais essencial possível. Essa paleta contém apenas seis tintas “chave” que podem
contemplar um amplo espectro de obtenção de cores a partir de suas misturas. Para além delas, as
marcadas com apenas um asterisco * são as indicações de mais cinco tintas que serão de grande
valia, se houver possibilidade de adquiri-las. Assim temos onze tintas fundamentais, das quais seis
são absolutamente indispensáveis.
ATENÇÃO: Para ver a lista em ordem de prioridades, com as 6 tintas essenciais
isoladas no topo seguidas das outras em ordem de preferência, veja a coluna esquerda da
Tabela 2.
A seguir na codificação, as tintas marcadas com 2 asteriscos ** são aquelas que têm grande
importância na hora de ampliar o espectro de cores, as primeiras em que se deve pensar ao
adquirir mais. Por último, as marcadas com 3 asteriscos *** são apenas como um “luxo”, tintas
muito úteis, mas que não representam grande necessidade, e estão longe de ser indispensáveis.
Lista Resumida:
Azuis:
1*Azul Intenso (Phthalo Blue)
* Índigo
**Azul Cobalto
**Azul Ultramar (Ultramarine ou French Ultramarine)
**Azul da Prússia (Prussian Blue)
***Azul Cerúleo (Cerulean Blue)
***Azul Turquesa (Turquoise)
Vermelhos:
1*Alizarin Crimson
1*Rosa Púrpura (“Pink” – Permanent Rose)
**Vermelhão ou Laca Escarlate (Cadmium Red ou Vermilion)
Amarelos:
1*Amarelo Ouro (Cadmium Yellow)
*Alaranjado (Talens Cadmium Yellow Deep − próximo ao Cadmium Orange, deve ser vibrante)
*Amarelo Limão (Cadmium Lemmon)
***Gamboge (Talens Gamboge)
Violetas e purpúreos:
**Violeta Anilado (Winsor violet da W&N ou Ultramarine Violet da Schmincke)
**Magenta
***Violeta Purpúreo (Cobalt Violet)
Verdes:
1*Verde Hooker (Hooker Green Deep Talens)
*Verde Vessie (Sap Green)
**Verde Inglês (Vivid Green da Daler Rowney – na tabela localizado em “verde intenso”)
**Verde Intenso (Phtalo Green)
**Verde Escuro Cinéreo (Acinzentado) - (Perylene Green da W&N)
Terrosos:
1*Marrom de Vandyke
*Ocre (Yellow Ochre)
**Sépia
**Vermelho Indiano (Indian Red)
**Sombra Queimada (Burnt Umber)
***Sombra Natural (Raw Umber)
Preste atenção a CADA DETALHE da tabela 2 abaixo, pois há à venda, por exemplo, muitas
vezes duas cores com nomes iguais, mas uma delas pode ser “blue shade” e outra “red shade”.
Apesar de terem o mesmo nome, a diferença de ambas pode ser imensa, por isso atente a tudo
que estiver especificado no nome da cor para cada marca.
Antes de escolher entre a linha de iniciantes ou profissional, analise as qualidades de cada
tinta nas cartas de cores (ver abaixo), pois eventualmente a mesma cor na linha de iniciantes pode
ser semi-transparente enquanto na linha profissional é opaca ou vice-versa. Também pode haver
gritantes diferenças de tom entre cores de mesmo nome, mesmo entre ambas as linhas da mesma
marca. Leve em consideração as recomendações sobre pigmento vibrante e escuro dadas no texto
acima, seção: “Quantos e quais tipos de cores é preciso ter?”
Tabela 2: Índice por ordem de preferência dos nomes de cores e os nomes correspondentes da cor
para cada marca. Os seis primeiros nomes de cores representam a paleta absolutamente essencial.
Marca W&N Talens Daler Rowney Horadam
Schmincke
Cor Artists Cotman Rembrandt Van Gogh Artists Aquafine Artists
1*Amarelo Ouro Cadmium Yellow Cadmium Yellow Hue Cadmium Yellow M Azo Yellow M Cadmium Yellow Cadmium Yellow Hue Cadmium Yellow Mid.
1*Carmim Alizarim Perm. Alizarin Crimson Alizarin Crimson Hue Perm. Madder Lake
7
* Madder Lake D Alizarin Crimson Alizarin Crimson Madder Red Dark ou
Permanent Carmine
1*Rosa (‘Pink’ ou Púrpura) Permanent Rose Permanent Rose Quinacridone Rose Quinacridone Rose Permanent Rose Permanent Rose Magenta
1*Azul Intenso Antwerp Blue³* Intense (Phthalo) Blue Phthalo Blue Red Phthalo Blue Phthalo Blue Red Sh. Phthalo Blue Helio Blue Reddish
1*Verde Escuro Intenso Perylene Green
18
* Hooker’s Green Dark Hooker Green D Hooker Green D Hooker’s Green Dark Hooker’s Green ou
Viridian
15
*
Hooker’s Green
1*Marrom Escuro Vandyke Brown Vandyke Brown Vandyke Brown Vandyke Brown Não Há Vandyke Brown Vandyke Brown
*Índigo Indigo Indigo Indigo Indigo Indigo Indigo Dark Blue Indigo
*Alaranjado Intenso Winsor Yellow Deep
4
* Cadmium Orange Hue Cadmium Yellow D Azo Yellow D Cadmium Yellow Deep
ou Cadm. Orange
13
*
Cadmium Orange ou
Rowney Orange
16
*
Cadmium Orange Light
*Amarelo Limão Winsor Lemon Lemon Yellow Hue Cadm. Yellow Lemon
8
* Perm. Lemon Yellow Lemon Yellow Lemon Yellow Cadm. Yellow Lemon
*Ocre Yellow Ochre Yellow Ochre Yellow Ochre
9
* Yellow Ochre Yellow Ochre Yellow Ochre Yellow Ochre
*Verde Vessie Permanent Sap Green Sap Green Sap Green Sap Green Sap Green Sap Green Sap Green
**Azul Cobalto Cobalt Blue Cobalt Blue Hue Cobalt Blue (Ultram)
10
* Cobalt Blue (Ultram) Cobalt Blue Cobalt Blue Hue Cobalt Blue Light
**Violeta anilado Winsor Violet Dioxazine Purple Perm. Blue Violet
11
* Perm. Blue Violet Ultramarine Violet Purple Ultramarine Violet
**Vermelhão (v. Laca²* ) Cadmium Red Cadmium Red Deep
Hue
Cadmium Red M
ou Vermilion
Perm Red D ou
Vermilion
Cadmium Red Cadmium Red Hue Cadmium Red Middle
ou Vermilion
**Azul Ultramar French Ultramarine Ultramarine Ultramarine D
12
* Ultramarine D French Ultramarine Ultramarine Ultramarine Finest ou
Ultramarine Blue
**Verde Intenso Viridian Viridian Hue ou
Phthalo
Phthalo Green Phthalo Green Phthalo Green ou
Vivid Green
14
*
Emerald Green Hue Phthalo Green
**Magenta (#ver aviso ) Quinacridone Magenta Purple Lake Permanent Madder Lake Permanent Red Violet Quinacridone Magenta Rose Madder Hue Purple Magenta
**Sépia Sepia Sepia Sepia Sepia Warm Sepia Sepia Hue Sepia Brown
**Azul da Prússia Prussian Blue Prussian Blue Prussian Blue Prussian Blue Prussian Blue Prussian Blue Prussian Blue
**Vermelho Indiano Indian Red Indian Red Light Oxide Red Light Oxide Red Indian Red Light Red Indian Red
**Violeta purpúreo Cobalt Violet Purple Lake Cobalt Violet Perm. Red Violet Cobalt Magenta Mauve Manganese Violet
**Sombra Queimada Burnt Umber Burnt Umber Burnt Umber Burnt Umber Burnt Umber Burnt Umber Burnt Umber
***Azul Cerúleo Cerulean Blue Cerulean Blue Hue Cerulean Blue (Phthalo) Cerulean Blue (Phthalo) Coeruleum Coeruleum Hue Cobalt Cerulaen ou
Helio Cerulean
***Laca²* Escarlate Scarlet Lake Não Há Laca -
6
* Não Há Laca Não Há Laca Não Há Laca Scarlet Lake ou
Crimson Lake
17
*
Scarlet Red ou
Ruby Red
***Amarelo Gamboge Quinacridone Gold
5
* Gamboge Hue Gamboge Gamboge Gamboge Hue Gamboge Hue Gamboge Gum Modern
***Sombra Natural Raw Umber Raw Umber Raw Umber Raw Umber Raw Umber Raw Umber Raw Umber
***Azul Turquesa Cobalt Turquoise Turquoise Turquoise Blue Não Há Manganese Blue Não há Cobalt Turquoise ou
Helio Turquoise
# - Os nomes recomendados na tabela são de cores mais saturadas e difíceis de obter do que
“Permanent Magenta” da W&N, por exemplo, mas esta pode ser substituta daquelas se necessário.
1* - Cores da paleta fundamental. As outras seguem o código de asteriscos descrito antes da lista.
2* - Laca Escarlate é uma opção ao Vermelhão, com pequena variação, mas Scarlet Lake é semi-
transparente enquanto Cadmium Red é opaco.
3* - Opção ao Antwerp Blue pode ser Winsor Blue (Red Shade) ou talvez (Green Shade).
4* - Dentre os alaranjados da carta, escolhi o mais transparente, mas é melhor escolher o mais
vibrante entre Winsor Yellow Deep, Cadmium Yellow Deep, Cadmium Orange e Winsor Orange.
Há muitos anos, ao escolher entre os W&N e Talens, preferi o Cadmium Yellow Deep Talens
Rembrandt, o mais vibrante, mas as coisas mudam muito em anos.
5* - Eventualmente trocar por “New Gamboge”.
6* - Cotman não tem tons de Laca Escarlate, escolher entre Cadmium Red Pale Hue, Cadmium
Red Hue, Cadmium Red Deep Hue, preferência ao último.
7* - A permanência do Alizarin da Talens Rembandt é muito baixa, optei por sugerir outra cor
próxima de permanência alta na tabela. Na ausência dessas opções, melhor ter outra marca ou em
último caso o Carmine da Talens Rembrandt.
8* - Opção mais barata ao Cadmium Yellow Lemon seria Permanent Yellow Lemon.
9* - Alternativa ao Yellow Ochre pode ser Gold Ochre ou Transparent Oxide Yellow.
10* - Eventualmente trocar o da tabela por Cobalt Blue, tendo ciência de que este tende a granular
na pintura e é menos transparente, além de ser série mais cara.
11* - Eventualmente trocar o da tabela por Ultramarine Violet, ciente de que tende a granular.
12* - Dispensável caso o cobalto comprado tenha sido Cobalt Blue Ultramar Rembrandt.
Eventualmente trocar o Ultramarine D (Deep), da tabela, por French Ultramarine, mais claro
porém.
13* - Escolher entre ambos o alaranjado mais vibrante, intenso.
14* - Daler Rowney profissional apresenta esse verde vívido, Vivid Green, que é bem mais claro
que o Phthalo Green, mas se houver a possibilidade, adquira-se o verde vívido, um tipo de verde
claro vibrante; tom raro e necessário, chamado de verde inglês também, é essencial quando se
precisa de um verde iridescente e translúcido.
15* - Escolha o verde mais escuro entre ambos na tabela.
16* - Escolha o alaranjado mais vibrante.
17* - Escolha o mais vibrante.
18* - Perylene Green não é intenso, é cinéreo e pálido, porém bem escuro e excelente, mas não há
Hooker’s Green na linha artística da W&N. Entretanto, esse Perylene é uma excelente cor de
sombra de verde, bastante neutro. Se possível, escolha Hooker’s Green de outra coluna
preferencialmente, mas se puder leve também Perylene.
Links para catálogos das marcas sugeridas:
W&N Profissional
W&N Iniciantes
Talens Profissional
Talens Iniciantes
Daler Rowney Profissional
Daler Rowney Iniciantes (catálogo incrementado)
Daler Rowney Iniciantes (catálogo básico)
Schmincke Profissional
IMPORTANTES MATERIAIS EXTRAS:
- Godê plástico ou de porcelana, ou prato branco com acabamento vitrificado comum.
Porcelana e acabamento vitrificado causam menos desgaste ao pincel por serem de menor atrito
que o plástico, mas não é grande problema. O plástico sendo poroso também tende a manchar
enquanto a porcelana se mantém clara, mas tampouco é problema.
- Vidro grande como de maionese para água de limpeza e um recipiente menor para água limpa.
- Papel toalha e/ou pano sem fiapos (sugestão popeline, mas pode ser algum que não solte
micropoeiras)
- Conta gotas ou canudinho
- Lápis HB, borracha branca macia (Pentel Hi-Polymer Soft ou Sakura Foam).
- Papel vegetal
Aos que desejam desenhar fora do papel definitivo para evitar estragar a superfície, primeiro
desenha-se num vegetal e depois se passa ao papel de aquarela final, por transparência com luz ao
fundo ou por decalque.
- Copo ou porta lápis para os pincéis em espera
- Prancheta A3 e algo que fique sob ela para deixá-la inclinada (a uns 30 graus).
Pode ser qualquer MDF ou Duratex ou mesmo acrílico firmes, mas caso queira algo mais
específico e bem acabado, visite:
http://www.mochoartes.com/#!shop/e0kzg
- Binder clips se necessário para segurar o papel na prancheta.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Reductive Printmaking-A Basic Introduction
Reductive Printmaking-A Basic IntroductionReductive Printmaking-A Basic Introduction
Reductive Printmaking-A Basic IntroductionFrank Curkovic
 
Flexographic Printing vs. Digital Printing
Flexographic Printing vs. Digital PrintingFlexographic Printing vs. Digital Printing
Flexographic Printing vs. Digital PrintingLabelValue.com
 
La aventura del pensamiento
La aventura del pensamientoLa aventura del pensamiento
La aventura del pensamientobeuxyreena
 
LINEAS CASERAS PARA LA PESCA CON MOSCA - SINGLE HAND SPEY CASERAS
LINEAS CASERAS PARA LA PESCA CON MOSCA - SINGLE HAND SPEY CASERASLINEAS CASERAS PARA LA PESCA CON MOSCA - SINGLE HAND SPEY CASERAS
LINEAS CASERAS PARA LA PESCA CON MOSCA - SINGLE HAND SPEY CASERASAnibal Ruben Reyes
 
Manual Montaje De Cañas
Manual Montaje De CañasManual Montaje De Cañas
Manual Montaje De Cañaselbanana1
 

Was ist angesagt? (6)

Reductive Printmaking-A Basic Introduction
Reductive Printmaking-A Basic IntroductionReductive Printmaking-A Basic Introduction
Reductive Printmaking-A Basic Introduction
 
Flexographic Printing vs. Digital Printing
Flexographic Printing vs. Digital PrintingFlexographic Printing vs. Digital Printing
Flexographic Printing vs. Digital Printing
 
La aventura del pensamiento
La aventura del pensamientoLa aventura del pensamiento
La aventura del pensamiento
 
Flexografía
FlexografíaFlexografía
Flexografía
 
LINEAS CASERAS PARA LA PESCA CON MOSCA - SINGLE HAND SPEY CASERAS
LINEAS CASERAS PARA LA PESCA CON MOSCA - SINGLE HAND SPEY CASERASLINEAS CASERAS PARA LA PESCA CON MOSCA - SINGLE HAND SPEY CASERAS
LINEAS CASERAS PARA LA PESCA CON MOSCA - SINGLE HAND SPEY CASERAS
 
Manual Montaje De Cañas
Manual Montaje De CañasManual Montaje De Cañas
Manual Montaje De Cañas
 

Ähnlich wie Guia Completo para Escolha de Materiais para Aquarela Botânica

Apostila do curso de desenho sesc 2011
Apostila do curso de desenho sesc 2011Apostila do curso de desenho sesc 2011
Apostila do curso de desenho sesc 2011Drieli Fassioli
 
Apostila do curso de desenho Apostila do curso de desenho desenhos realistas
Apostila do curso de desenho Apostila do curso de desenho  desenhos realistas Apostila do curso de desenho Apostila do curso de desenho  desenhos realistas
Apostila do curso de desenho Apostila do curso de desenho desenhos realistas roberval teles
 
Desenho Realista- Conceitos Básicos
Desenho Realista- Conceitos BásicosDesenho Realista- Conceitos Básicos
Desenho Realista- Conceitos BásicosCarlos Damasceno
 
Apostila do curso de desenho
Apostila do curso de desenhoApostila do curso de desenho
Apostila do curso de desenhoroberval teles
 
Apostila do curso de desenho
Apostila do curso de desenhoApostila do curso de desenho
Apostila do curso de desenhoroberval teles
 
Curso de pintura em tecido - Parte 3/3
Curso de pintura em tecido - Parte 3/3Curso de pintura em tecido - Parte 3/3
Curso de pintura em tecido - Parte 3/3ABCursos OnLine
 
LAB_A Cópia_BrunaFlores
LAB_A Cópia_BrunaFloresLAB_A Cópia_BrunaFlores
LAB_A Cópia_BrunaFloresBruna Flores
 
Desenhando lula-da-silva-a-lapis-grafite-passo-a-passo
Desenhando lula-da-silva-a-lapis-grafite-passo-a-passoDesenhando lula-da-silva-a-lapis-grafite-passo-a-passo
Desenhando lula-da-silva-a-lapis-grafite-passo-a-passoSerginho Fernando
 
Pintura Decorativa em Garrafas, ótima dica para decoração.
Pintura Decorativa em Garrafas, ótima dica para decoração.Pintura Decorativa em Garrafas, ótima dica para decoração.
Pintura Decorativa em Garrafas, ótima dica para decoração.Rose Lopes
 
Pintura.garrafa
Pintura.garrafaPintura.garrafa
Pintura.garrafaRose Lopes
 
Técnica pastel oleo
Técnica pastel oleoTécnica pastel oleo
Técnica pastel oleoGi Loureiro
 
Técnica pastel oleo
Técnica pastel oleoTécnica pastel oleo
Técnica pastel oleoGi Loureiro
 
Materiais e Processos Gráficos - Papéis
Materiais e Processos Gráficos - PapéisMateriais e Processos Gráficos - Papéis
Materiais e Processos Gráficos - PapéisDaniel Soto
 
Especialidade Decoupage
Especialidade DecoupageEspecialidade Decoupage
Especialidade Decoupageguest8a4898
 

Ähnlich wie Guia Completo para Escolha de Materiais para Aquarela Botânica (20)

Apostila do curso de desenho sesc 2011
Apostila do curso de desenho sesc 2011Apostila do curso de desenho sesc 2011
Apostila do curso de desenho sesc 2011
 
Curso de Desenho
Curso de DesenhoCurso de Desenho
Curso de Desenho
 
Apostila do curso de desenho Apostila do curso de desenho desenhos realistas
Apostila do curso de desenho Apostila do curso de desenho  desenhos realistas Apostila do curso de desenho Apostila do curso de desenho  desenhos realistas
Apostila do curso de desenho Apostila do curso de desenho desenhos realistas
 
Desenho Realista- Conceitos Básicos
Desenho Realista- Conceitos BásicosDesenho Realista- Conceitos Básicos
Desenho Realista- Conceitos Básicos
 
Apostila do curso de desenho
Apostila do curso de desenhoApostila do curso de desenho
Apostila do curso de desenho
 
Apostila do curso de desenho
Apostila do curso de desenhoApostila do curso de desenho
Apostila do curso de desenho
 
Curso de pintura em tecido - Parte 3/3
Curso de pintura em tecido - Parte 3/3Curso de pintura em tecido - Parte 3/3
Curso de pintura em tecido - Parte 3/3
 
LAB_A Cópia_BrunaFlores
LAB_A Cópia_BrunaFloresLAB_A Cópia_BrunaFlores
LAB_A Cópia_BrunaFlores
 
Desenhando lula-da-silva-a-lapis-grafite-passo-a-passo
Desenhando lula-da-silva-a-lapis-grafite-passo-a-passoDesenhando lula-da-silva-a-lapis-grafite-passo-a-passo
Desenhando lula-da-silva-a-lapis-grafite-passo-a-passo
 
Copia - luana a.
Copia - luana a.Copia - luana a.
Copia - luana a.
 
Pintura Decorativa em Garrafas, ótima dica para decoração.
Pintura Decorativa em Garrafas, ótima dica para decoração.Pintura Decorativa em Garrafas, ótima dica para decoração.
Pintura Decorativa em Garrafas, ótima dica para decoração.
 
Pintura.garrafa
Pintura.garrafaPintura.garrafa
Pintura.garrafa
 
Técnica pastel oleo
Técnica pastel oleoTécnica pastel oleo
Técnica pastel oleo
 
Técnica pastel oleo
Técnica pastel oleoTécnica pastel oleo
Técnica pastel oleo
 
3602 tipos de papel
3602 tipos de papel3602 tipos de papel
3602 tipos de papel
 
Guiaoffset
GuiaoffsetGuiaoffset
Guiaoffset
 
Materiais e Processos Gráficos - Papéis
Materiais e Processos Gráficos - PapéisMateriais e Processos Gráficos - Papéis
Materiais e Processos Gráficos - Papéis
 
Sofa de pallet
Sofa de palletSofa de pallet
Sofa de pallet
 
Especialidade Decoupage
Especialidade DecoupageEspecialidade Decoupage
Especialidade Decoupage
 
Especialidade Decoupage
Especialidade DecoupageEspecialidade Decoupage
Especialidade Decoupage
 

Guia Completo para Escolha de Materiais para Aquarela Botânica

  • 1. Apostila de Material do Workshop Aquarela Botânica Por: Rogério Lupo – Biólogo Ilustrador Informações essenciais para escolher seu material de pintura Zygopetalum mackayi – Aquarela, fundo negro digital A lista de materiais não será apenas feita de tópicos, ela precisa ser acompanhada de informações, pois a aquarela é uma técnica muito versátil e diversa e cada artista tem suas escolhas. Os materiais são mais ou menos complexos e sua aquisição suscita infinitas dúvidas, que procuro responder de modo geral aqui. Vamos partir do princípio de que os iniciantes devem experimentar tudo que puderem, e ver com qual material sentem mais afinidade. E os experientes, da mesma forma, devem continuar experimentando, pois alguns materiais novos surgem, outros mudam de qualidade. Essas variações e possibilidades dizem respeito a todos os aspectos da técnica, mas aos papéis prioritariamente, e depois a pincéis. Também importante é a diversidade das marcas e tipos de tintas, que podem ser inseridas dentro do escopo da diversidade e das afinidades pessoais, mas é coisa que apenas ao longo do tempo e das experiências o artista define melhor, já que são tintas caras demais para serem compradas só por teste, e temos que começar seguindo indicações dos já mais experientes. Saiba filtrar o eventual excesso de texto! Cada tópico aqui se inicia com muitos comentários gerais que podem esclarecer várias dúvidas. Mas aos que querem ir diretamente ao mais importante, basta procurar em cada tópico pelo título em negrito onde se lê “PRINCIPAL”. Abaixo dessa palavra sempre estará o resumo das necessidades de material, e caso surjam dúvidas, procure respostas nos tópicos do texto explicativo mais extenso. Veja também “IMPORTANTES MATERIAIS EXTRA” ao final da apostila. Onde comprar materiais? http://www.krisefe.com/onde-comprar-materiais-artisticos#more-1779 http://gravuracontemporanea.com.br/index.php/2016/08/03/conheca-as-principais- lojas-de-materiais-artisticos-e-de-gravura-do-brasil-e-do-mundo/ Veja também a Papelaria Universitária, não citada nos links, com várias filiais em São Paulo. PAPÉIS - Quais os tipos e suas características? Há vários tipos, divididos basicamente em: 1-“Torchon” (rugoso – rugas mais ‘onduladas’ ou acentuadas) 2- “Grain Fin” (semi-rugoso, também encontrado como “Grana Fina”, ou apenas “Fin”) 3- “Satiné” (liso)
  • 2. Os tipos 1 e 2 acima são prensados a frio, ou cold pressed (abreviado como CP), enquanto o 3 é prensado a quente ou hot pressed (abreviado como HP), o que lhe confere a característica de superfície lisa, acetinada. O grana fina passa bem por um papel quase liso às vezes, pois a textura pode ser bem delicada, prestando-se assim muito bem à necessidade de precisão ou definição de contorno de ilustrações botânicas. O rugoso (Torchon) chega a ser bem marcado em textura ou às vezes com uma textura mais ampla e menos marcada e a superfície relativamente lisa, como no caso do Canson. Cada marca de papel apresenta um tipo de textura diferente, e mesmo entre papéis de mesma marca há diferenças entre os Torchon dependendo do modelo, gramatura e constituição do papel. O papel liso (Satiné - prensado a quente) em geral absorve a água mais lentamente, o que permite mais tempo para se trabalhar detalhes e aperfeiçoamentos antes que a tinta seque e o pigmento se fixe. Isso ocorre justamente porque as fibras do papel estão mais compactadas e os poros então são mais fechados. Assim a fixação do pigmento tende a ser algo mais superficial. Alguns lisos, entretanto, podem absorver água rapidamente como os grana fina e depor pigmento algo mais abaixo da superfície. Tanto os lisos como os grana fina são apropriados para ilustração botânica. Os Torchon, apesar de serem usados por alguns ilustradores botânicos, têm características que se prestam melhor a técnicas específicas, mas sua superfície pode variar muito de acordo com a marca e a absorção pode ser mais lenta ou até mesmo a deposição de pigmento ser mais superficial. Também há relatos de testes na internet com a mesma pintura, feita com mesma tinta e mesmas cores, comparando Satiné e Grain Fin de papéis da mesma marca, revelando que o Satiné deixa as cores mais vivas e vibrantes, ao passo que o Grain Fin tira a vivacidade das cores e as deixa mais pálidas. Isso é compreensível talvez pelo fato de haver um “véu” de fibras diante do pigmento que se fixa no papel subsuperficialmente. Veja o teste realizado no link abaixo em: https://letspaintnature.com/2009/10/29/difference-between-cold-press-and-hot-press/ Isso, entretanto, pode depender muito da marca, pois no caso dos Hahnemühle, os grana fina fazem a tinta vibrar melhor enquanto os satinados (lisos) esmaecem a cor. Já no caso do Fabriano, de fato os satinados permitem que a cor vibre mais intensamente. Portanto, apesar do teste relatado acima, aquele relato não necessariamente é uma regra. É preciso se testar em todos os materiais antes de ter conclusões. Papéis de mesma marca e modelo mudam de fabricação e adquirem características às vezes completamente novas. Isso acontece também por diferença inevitável entre levas de papel, não necessariamente por mudanças ativas na forma de manufatura. Que dirá diferenças entre papéis de marcas distintas... então é preciso sempre se familiarizar e se re-familiarizar com cada papel. Gramatura do papel é o que indica sua espessura, e em nossa área específica prefere-se usar gramaturas de 300g/m² para mais, pois são papéis que suportam água sem enrugar demasiadamente. Alguns ilustradores preferem papéis até de 600g/m², o que é um suporte muito firme e pouquíssimo deformável. É comum aquarelistas fixarem o papel em um suporte como um compensado ou madeira firme, colando-o com fita gomada enquanto o papel está encharcado, ou fixando-o com fita crepe e depois encharcando-o com pincel de água. Depois de seco, o papel se estica e as aguadas já não o deformam muito, além do fato de que a água prepara a cola da superfície do papel para receber melhor a tinta. Na aquarela botânica muitas técnicas são apenas moderadamente aguadas e o papel pode ser usado sem fixação. Nas técnicas mais aguadas da botânica, é bom recorrer a essa fixação firme.
  • 3. PRINCIPAL: Papéis Abaixo recomendações para a compra de material para o curso. Algumas dessas indicações são de experiências minhas e outras vieram de outros artistas. Pense sempre em 300 g/m² pelo menos. Aqui estão separados em ordem de preferência minha. Mais abaixo há uma ordem de preferência geral. Todas as preferências levam em conta minhas experiências até esse momento (2017), mas as mudanças estão sempre ocorrendo e assim tudo pode mudar para melhor ou pior em uns e outros casos. MARCAS e MODELOS recomendados (em ordem de preferência minha por marca dentro de cada tipo de papel. Quanto aos tipos, em geral prefiro o grana fina). Satiné: Fabriano 100% Cotton (Acquarello / Artistico) Fabriano 50% Cotton (marca d’água mostra algo como “FA 5”) Arches Satiné Grain Fin: Canson Moulin du Roy Grain Fin Hahnemühle Cézanne Fabriano 50% cotton Arches Fabriano Acquarello (100% cotton - caríssimo) Fabriano Acquarello (25% cotton – bem mais barato) Hahnemühle “Britannia” ou “Hahnemühle” Os papéis que eu pessoalmente procuro evitar são: -Canson linha estudante, Canson bloco Mix media, Canson Montval, Canson Moulin du Roy Satiné. -Arches e Hahnemühle Satiné – apesar de boas marcas e aparentemente bons papéis, não gosto do resultado (apesar disso, recomendo Arches Satiné na lista acima porque muitos ilustradores apreciam e se dão muito bem com ele). -Papéis de texturas listadas tipo Vergé (isso é muito útil a alguns artistas, mas eu não uso). -Marcas novas ou sem tradição*. *Apesar desse último tópico, eu sempre experimento novidades, e ultimamente há uma novidade muito barata e fácil de encontrar no mercado, que é o papel Filiart Renaud de fabricação brasileira. Meus testes mostram que pode ser uma excelente opção para estudos de campo ou até confecção de cadernos sketchbook. Ele apresenta bastante facilidade para aguadas uniformes e não tende a manchar nos escuros nem a ter a tinta retirada com excessiva facilidade após secagem. Não se pode saber como é a conservação de um papel a não ser pela observação de como ele se comporta ao longo do tempo, assim não temos ainda dados para inferir isso. Também há o caso do Canson XL Aquarelle, que se enquadra perfeitamente no que descrevo acima para o Filiart, podendo ser boa opção para estudos ou sketchbook. Alguns papéis não muito comuns de se achar no Brasil podem ter bom resultado, como é o caso do Senelier, Saunders Waterford, Fluid e muitas outras marcas. Como algumas dessas marcas são de fabricantes tradicionalmente competentes de tintas e material de aquarela em geral, pode valer a pena o teste. Usualmente, entre lisos (hot pressed) ou grana fina (cold pressed), os papéis que nos deixam mais à vontade são os grana fina. Em geral os papéis lisos são mais “melindrosos”, mais fáceis de manchar, mais exigentes de que se desenvolva o método certo para cada um deles até que se encontre o domínio técnico. Por isso minha sugestão a quem não tem experiência alguma é que comece sua prática pessoal sempre por um papel grana fina, que dependendo da
  • 4. textura de superfície pode ser ele mesmo útil nas aquarelas precisas. Também é sempre bom começar pelo grana fina quando se pretende proceder teste de alguma marca. Caso encontre todas as opções sugeridas acima, eu ficaria com os relacionados abaixo em ordem de preferência minha. Lembrando que cada pessoa tem sua preferência (isso é muito particular e quase idêntico ao que se dá na atração entre pessoas, coisa de pele...) e que é necessário mesmo testar e pensar também no preço, se for o caso, optando pelo preço mais adequado para sua possibilidade: 1- Canson Moulin Du Roy Grain Fin 2- Hahnemühle Cézanne grain fin 3- Fabriano 100% cotton Acquarello / Artistico 4- Arches Grain Fin 5- Fabriano 50% cotton Satiné 6- Fabriano 50% cotton Grain Fin - Quantidades A quantidade suficiente para o curso é de cerca de 2 a 4 papéis tamanho A3 (30x42cm), dependendo se você usa papel mais freneticamente ou não. Há sempre papéis à venda em blocos de vários tamanhos ou em papéis avulsos em tamanho grande, cerca de 50x70cm. No caso de papéis avulsos, apenas um desses grandes deve bastar, mas depende do estilo pessoal de estudo e uso de papel. - Particularidades dos papéis Cada um entre todos os papéis exige uma abordagem técnica diferente, e depois de desenvolvida uma técnica, uma eventual troca de papel pode exigir novo estudo e nova aprendizagem para lidar com as características do novo papel. Com o tempo se aprende também a distinguir certas “famílias” de papel e fica mais fácil o estudo e a aprendizagem. Por isso a sugestão durante o curso é evitar trocar o tempo todo de papel, mas sim testar alguns tipos (se for o caso de trazer vários, mas também se podem fazer trocas de amostras entre alunos) e escolher qual papel será usado nos estudos, permanecendo com ele ao menos durante todo o curso e desenvolvendo as experiências de aprendizado enquanto há orientação por perto. A escolha do papel também envolve muitas preferências pessoais, dependendo do tipo de abordagem que cada artista pretende ter na aquarela. Acredito que nessa apostila há opções bastantes para que se compre algum papel satisfatório. Caso você tenha já algum papel que não tem nada a ver com esses, mesmo que não seja especificamente de aquarela, leve tudo que tiver e que deseje testar. Já vi bons resultados em papéis como Fabriano Tiziano por exemplo, que nem é específico de aquarela nem tem a gramatura alta, sendo apenas 160 g/m², mas em certas técnicas não muito úmidas pode se prestar bem. Já testei o antigo Schoeller Durex que hoje não é mais encontrado e era feito para nanquim, mas se prestou muito bem à aquarela. Enfim, sinta-se livre para levar e testar tudo que tiver. - Avulsos x blocos A diferença básica dos papéis em blocos para os avulsos é que os blocos têm papéis bem aparados na borda, em geral não trazem marca d’água (em geral, mas alguns blocos trazem) e têm tamanhos que não passam de A2, se é que chegam ao A2. Já o papel avulso pode chegar a esse tamanho máximo de 50x70cm, e traz as bordas em geral irregulares, “desfiapadas” ou franjadas. Isso é resultado da forma de aglomeração do papel, de sua secagem e prensagem.
  • 5. Alguns papéis em blocos são chamados “4 lados”, o que significa que eles apresentam uma cola de fixação em todos os lados (exceto em um dos cantos, que é por onde se pode começar a descolar o papel superior). Assim, é fixado o bloco inteiro com todos os papéis juntos como um “tijolo” de papel. Isso faz com que o suporte seja mais firme, e evita que o papel superior se deforme quando aplicamos aguadas. Depois da pintura terminada, retira-se a folha superior onde foi feita a pintura, usando-se uma régua acrílica ou cartão de banco, ou de preferência algo mais fino ainda, para cortar a cola suavemente (evitando acidentes que rasguem ou cortem a margem do papel, o que geralmente acontece se usarmos estiletes muito afiados). Papéis em Bloco (site consta no link acima “Onde Comprar”) http://www.koralle.com.br/categorias/papeis/papeis-aquarela/papeis-aquarela- bloco/page=1/ordenacao=preco_final/direction=ASC ADENDO: sobre a marca d’água do papel A marca d'água tem uma importância grande para quem quer legitimar um original, pois é ela uma das coisas que ajuda a atestar que a aquarela foi feita ali originalmente. Até mesmo a borda irregular também é um atestado de originalidade. Por isso, se a ambição for a venda de obra de arte é bom manter a marca, bem como a borda irregular, em vez de cortar depois de finalizado o trabalho, mas isso depende muito de preferências pessoais. Claro que se deve procurar evitar pintar sobre a marca, pois ela vai aparecer claramente sob a área pintada, já que essa marca é um escrito “carimbado” em baixo ou alto relevo. Além disso, é a marca que geralmente determina a frente ou verso do papel. Onde ela aparece escrita corretamente, da esquerda para a direita, é a frente. Onde aparece espelhada, ou seja, ao contrário, é o verso. A frente do papel é exatamente onde em muitos casos há o tratamento antifungos para que o papel não amarele ou desenvolva manchas ao longo dos anos com a presença de umidade eventual. E nos papéis especificados como “colados na superfície”, também é essa a face do papel onde há a goma que ajuda a fixar o pigmento (por isso o papel parece meio impermeável em sua frente até que a gente dê uma primeira molhada para dissolver a goma). Já nos papéis especificados como “colado na massa”, a goma está presente em ambas as faces, pois ela é aplicada antes da prensagem, quando o papel ainda está em forma de massa de fibras. Já tive papéis que pegaram muita umidade durante meu armazenamento, e enquanto o verso ficou deteriorado pelas manchas amarelecidas de fungos e bactérias, a frente ficou bastante preservada. O tratamento antifúngico da face frontal funciona (mas talvez em alguns papéis o tratamento seja feito em ambas as faces, é difícil encontrar informações específicas sobre isso vindas do fabricante). Não obstante, muitos artistas sem saber disso sempre usaram o verso do Fabriano 50% Satiné, por exemplo, pois é onde nesse papel era melhor de se trabalhar até meados da década de 2000 (a frente desse papel apresentava micro-fiapos que davam textura indesejada à pintura). As levas seguintes desse papel, porém, melhoraram e a frente ficou muito mais lisa e sem fiapos, mas os artistas permaneceram usando o verso por hábito. Mesmo assim, mais recentemente muitos têm reclamado das qualidades que andam se perdendo nos papéis Fabriano, que segundo eles "não seriam mais tão bons". Na verdade, todos os papéis que tenho usado sempre têm levas que podem melhorar ou piorar, e o mesmo se dá com grafites, por exemplo. É o caso de se experimentar materiais sempre. Atualmente, tenho gostado mais de alguns modelos do Fabriano do que gostava antigamente, mas os artistas têm reclamado e isso deve ser levado em consideração na compra. Sempre é bom solicitar amostras na loja e testar antes de investir em um bloco inteiro.
  • 6. PINCÉIS -Sintéticos ou pelos de animais? São muitas as possibilidades, hoje há pincéis mais baratos sintéticos que se prestam muito bem ou são até melhores do que os feitos com pelos de animais, sendo que estes últimos têm preços desproporcionalmente altos. Vamos evitar comprar mais pincéis de pelos de animais, como Sable, Kolinsky, Marta, Marta tropical etc, pois isso nos faz cúmplices das torturas, tráfico e morte desses animais. Entre os que devemos evitar estão todos os que trazem os nomes acima, bem como os Tigre 308, etc. Peça sintético, fica simples e não haverá carência técnica. Caso você tenha pincéis já adquiridos de pelos de animais, claro que não há nenhuma restrição em levar ao curso, fique à vontade. Mais sobre o tema: http://www.krisefe.com/saiba-por-que-eu-nao-uso-mais-pinceis-de-cerdas-naturais-e-por- que-voce-nao-deveria-usa-los-tambem PRINCIPAL: Pincéis - Quais tamanhos e formatos? Sugiro pincéis redondos de tamanho pequeno e médio. Para padronizar o que chamo de pequeno ou médio, vamos pensar em pincéis como vemos nas figuras abaixo, em que as réguas se referem ao comprimento de pelos (medida vertical) e ao diâmetro na base dos pelos (medida horizontal): Pincel pequeno Pincel médio Nas figuras acima, o pincel da esquerda é um exemplo do formato de tipo pequeno, que pode ter números de modelo diferentes dependendo da marca. Para esse tamanho, algumas marcas podem padronizar como pincel número 1 ou 2, outras marcas podem padronizar como número zero. O que importa são as medidas de acordo com as indicações. A medida pode ser qualquer uma dentro do intervalo proposto. Se for achado, por exemplo, um pincel pequeno de tamanho 1,5 x 12 mm, está dentro do tamanho proposto para os pequenos. Outro pincel, por exemplo, de tamanho 4 x 18 mm seria considerado médio por estar dentro do intervalo proposto acima à direita. A sugestão é que se tenham dois pincéis pequenos e dois médios, pois a técnica proposta usará um pincel somente para tinta e outro só para água, sendo usados ambos ao mesmo tempo.
  • 7. Quando a pintura tratar de coisas pequenas, usaremos os dois pincéis pequenos. A sugestão é que se tenha, se isso for possível, dois pequenos ligeiramente diferentes em tamanho e dois médios também ligeiramente diferentes entre si. Por exemplo, 2 pincéis pequenos de certa marca, um de tamanho 1 e outro tamanho 2. E outros 2 pincéis médios, por exemplo tamanhos 5 e 6. Total serão 4 pincéis, 2 pequenos e 2 médios, com alguma diferença de tamanho entre todos. Isso amplia o escopo de ação em cada necessidade. A figura abaixo representa um pincel que é bom evitar, por ser muito fino e de pelos muito longos, e apresenta uma alta flexibilidade indesejável e pouca aplicação prática. A não ser que conheça alguma boa prática pessoal para esse pincel, evite comprar só para o curso. A princípio não é preciso adquirir pincéis chatos ou chatos-arredondados, pois os redondos de ponta serão úteis em todos os casos. Mas caso você tenha prática com aquarela, já possua tais pincéis chatos e queira usá-los, sinta-se livre. MARCAS e MODELOS Entre os pincéis sintéticos mais apropriados, são recomendáveis os seguintes (em ordem de preferência: 1- Keramik 705, 310 ou 311 2- Keramik 313 3- Winsor & Newton Cotman (série Cotman é a linha de iniciantes da W&N, mas são pincéis sintéticos que se prestam muito bem) 4- Tigre 482 ou 485 (Sable Touch) ou Pinctore 5- Condor Toray 305 ou 411 6- Condor Konex 425 (também há o Konex 426, achatado estreito de ponta redonda, pode ser opção interessante e útil como variação de forma). Alguns pincéis de nylon branco são mais duros e podem ter grande utilidade na remoção eventual de pigmento de modo que não danifique o papel, fica a sugestão como extra. Algumas marcas como “Vision”, de pincéis nacionais, são encontradas na Casa do Artista, e podem ser uma boa marca, mas não conheço. Pelo valor, vale o teste. Há também pincéis Sinoart mais disponíveis, talvez recomendáveis, além de eventuais outras marcas que podem merecer um teste. - Experimentação de novos pincéis ATENÇÃO: Todos os pincéis acima recomendados são aqueles que conheço bem e sei que se prestam muito bem à nossa área, mas a variedade no mercado é sempre grande e pode haver novidades ou mesmo marcas já antigas de grande qualidade. As recomendações dadas acima são
  • 8. baseadas em minha experiência pessoal e em uma espécie de tradição individual de uso, além de troca de informações com outros artistas. Com o tempo e experiência, chegamos a desenvolver até certa resistência a novidades, mas é bom manter o faro apurado na hora de sua compra. Se algum pincel lhe parecer bom, não se fixe apenas no que indico, principalmente porque muito material excelente tem aparecido a preços tão baixos que é praticamente inevitável a compra. Vendedores têm muito contato com artistas e recebem feedbacks deles sobre alguns materiais que são bons e recomendados por muita gente. Analise as sugestões do vendedor. Mas leve em conta que alguns materiais que caem no gosto amplo dos artistas podem não ser necessariamente bons para nós, pois cada artista deseja obter coisas diferentes de seu material. Por isso, sempre creio mais no “feeling” do que nas recomendações mais populares. Isso não quer dizer que devamos nos fechar a elas, apenas devemos ter as “antenas” a postos para detectar novidades boas. - Para “farejar” e escolher um bom pincel desconhecido A característica boa do pincel de aquarela precisa ser a maciez, mas é uma maciez específica parecida mesmo com os pincéis de pelos de animais. As mulheres conhecem isso pelo pincel de maquiagem e os homens que já manusearam ou usaram um pincel de barbear também conhecem. É preciso alguma experiência para ver a qualidade ideal, pois uma sutilíssima redução de maciez já muda o resultado da pintura. Por enquanto o eventual artista inexperiente precisa confiar na indicação de alguém, mas depois vai desenvolver suas próprias preferências e senso crítico. Outra característica importante é a ponta aguda formada e mantida quando o pincel está úmido, e/ou o arredondamento suave e uniforme da ponta quando o pincel está seco e os pelos soltos. Às vezes é um arredondamento pleno, outras vezes beira o triangular, mas com ponta suavemente redonda quando seco e com os pelos soltos. Caso vá experimentar marcas que não estão aqui na lista, procure verificar não só a maciez. Pincéis na loja podem vir duros e engomados, e os pelos não estão soltos para poderem ser avaliados. Por vezes algum pincel do mesmo modelo em vista pode estar sem a goma e permite avaliação. Eu procuro verificar bem quando alguns estão sem goma, se os pelos em geral estão bem dispostos, se têm um formato bem arredondado, se a extremidade de cada pelo (principalmente os de ponta) se afina gradualmente, não sendo cortada bruscamente. E se os sem goma daquele modelo tiverem um bom formato, escolho um com goma, pois engomado é possível avaliar sua ponta quando ele estiver úmido. Ou então levo já sem goma confiando em minha observação dele seco. - Pincéis com reservatório embutido Recentemente têm surgido vários tipos de pincéis sintéticos com reservatório plástico de água embutido no corpo do próprio pincel. Isso pode ser interessante para se usar na aquarela botânica, mas apenas para estudos rápidos em que a praticidade é prioridade, pois os pelos são mais rígidos e não muito suaves; pelo que se diz, é necessário ter cautela e não apertar demais o reservatório, pois o controle da água, no caso de se forçar demais, pode ser prejudicado e o pincel passa a gotejar o tempo todo. Tenho tendência sempre a testar tudo, pois uma novidade simples pode trazer revoluções técnicas. - Veja também: http://www.krisefe.com/pinceis-sinteticos-para-aquarela
  • 9. TINTAS Um artigo excelente que traz mais informações gerais além das presentes aqui pode ser lido aqui: http://www.krisefe.com/tudo-sobre-tintas-de-aquarela Todas as tintas, sejam de aquarela ou não, podem apresentar classificações para iniciantes e para profissionais, mas a distinção não fica muito clara na maioria das marcas. Em geral, existe a designação Tinta Artística, Artist Colors, Fine Artist Colors, Extra Fine etc. para as tintas feitas para uso profissional. Mas muitas marcas simplesmente têm nomes diferentes para tintas de iniciantes e de profissionais. Para saber detalhadamente, veja Tabela 1 abaixo ou procure o website de cada marca. Tabela 1: nomes das linhas de profissionais e iniciantes de acordo com as marcas mais encontradas: Marcas / Linhas profissional iniciantes Winsor &Newton Artists’ WC Cotman Talens Rembrandt Van Gogh Daler Rowney Artists’ WC Aquafine Schmincke Horadam Finest Akademie No caso da marca Winsor & Newton, a série “Cotman” é a de iniciantes. A série profissional é simplesmente chamada de Artists’ Colors. A marca Talens tem a série Van Gogh para iniciantes e a série Rembrandt para profissionais. A Daler Rowney tem a série “Aquafine” com poucas opções de cores e preço uniforme para qualquer tinta, feita para artistas indecisos e com pouco dinheiro (que eles dizem ser tinta profissional “com cores brilhantes a preços competitivos”); e também a série Extra Fine, muito mais variada em termos de cores e preços, para artistas com mais dinheiro e mais capacidade de decisão. Assim, sempre há uma série mais barata e menos diversa e uma mais refinada e cara. - Linha profissional x iniciantes. Qual escolher? Mesmo que a intenção seja a de obter a melhor qualidade possível para a pintura, buscando- se os melhores e mais refinados pigmentos, nem sempre a opção pelas tintas profissionais é obrigatória. Alguns pigmentos dentre os da linha de iniciantes podem apresentar qualidade próxima aos da linha profissional e é preciso estudar cada um deles para ver qual é mais vantajoso. Isso é especialmente o caso de alguns pigmentos terrosos como ocre (ochre), siena (sienna), sombra (umber), marrom (brown), vermelhos terrosos (venetian ou indian red, por ex.), sépia etc. Essas são cores em geral mais baratas para qualquer marca, por causa de sua obtenção mais fácil que não demanda muitos processos que purifiquem o pigmento. Ainda assim, mesmo entre pigmentos de obtenção mais complexa, pode haver cores muito refinadas ou especiais em linhas de iniciantes e tudo isso demanda pesquisa e necessidade de inteirar-se sobre o assunto. Observando as especificações, veremos que há diferenças às vezes decisivas, como por exemplo o marrom de Vandyke ser de mesma permanência AA (ou seja, máxima) nas duas séries da Winsor & Newton, tanto a linha de iniciantes quanto de profissionais. Entretanto, a cor da série Cotman (iniciantes) é opaca ao máximo enquanto na série artística é semi-transparente. No caso do Sépia, também da W&N, acontece o exato oposto. A permanência é máxima em ambas, mas a profissional é opaca ao máximo, enquanto a de iniciantes é semi-transparente. Na aquarela, em geral prefere-se que a cor seja mais transparente, mas cada artista pode acabar desenvolvendo preferências específicas dependendo de suas aspirações. Importante é conhecer as qualidades e diferenças das tintas e escolher adequadamente para si mesmo.
  • 10. Os vermelhos mais puros, alaranjados, amarelos, verdes, azuis, violetas e magentas realmente precisam ser bem escolhidos entre os melhores e mais permanentes pigmentos profissionais, levando-se em conta todas as qualidades de cada tinta conforme descrito abaixo. - Diferenças de preço e qualidade Todas as tintas que possuem pigmento puro e de mais difícil extração tendem a ser mais caras. As que têm uma série de misturas de pigmento, de 2 ou 3 tipos diferentes (os tipos aparecem relacionados em cada embalagem) são mais baratas e muitas vezes trazem o nome “Hue” associado ao nome da tinta, e também tendem a estar entre as linhas para iniciantes. Assim, uma tinta chamada de “Cobalt Blue Hue” significa que não é um azul feito de cobalto, que seria o pigmento puro dessa cor, mas sim outro pigmento ou uma mistura de pigmentos que dão o “tom” (hue) de azul cobalto. Esse é o significado de “hue” em inglês, ou seja, “tonalidade”. O azul “tonalidade” de cobalto tenta imitar o azul proporcionado pelo elemento químico cobalto. As pesquisas com pigmentos são permanentes, e pode ser que algum novo pigmento desenvolvido seja mais permanente do que um tradicional, e tenha a mesma tonalidade deste tradicional, ou muito semelhante. Também pode acontecer do novo pigmento apenas ser mais fácil de ser extraído ou produzido. É preciso investigar. Fato é que ultimamente até o tradicionalíssimo amarelo de cádmio tem se desvanecido em pinturas antigas a óleo e novos e mais estáveis compostos têm sido desenvolvidos em substituição, mas pelo conservadorismo os artistas ainda resistem a aderir ou sequer conhecer os fatos. Por isso, apesar do sufixo “hue” poder suscitar algum preconceito, é preciso ter certeza, com pesquisa e leitura, se não é já uma opção melhor do que o pigmento tradicional. - Permanência (resistência à luz) e outras características indicadas pelo fabricante Uma das características mais delicadas da aquarela, bem como de qualquer outra tinta em qualquer mídia − incluindo lápis de cor, pastel etc. −, mas na aquarela especialmente, é a permanência dos pigmentos. Muitos deles são fugazes e podem durar apenas alguns anos, mas alguns chegam a descolorir em apenas meses ou até mesmo semanas ou dias (acredite). Dependendo do grau de exposição à luz e de características físico-químicas naturais, certos pigmentos definitivamente podem não ser apropriados para uma pintura que se deseje duradoura. O grau de permanência é uma informação que consta em todos os rótulos de tintas avulsas. Cada marca tem seu código e isso p0de ser encontrado na internet ou talvez em um catálogo de loja. Nas Talens a permanência é marcada com pequenas cruzes: quanto mais cruzes, maior permanência do pigmento ao longo dos anos. Fuja das tintas com uma única cruz ou sem nenhuma. Nas Winsor & Newton, por exemplo, a permanência é marcada com código de letras, AA (bem permanente), A (permanente), B (pouco permanente) e C (fugaz). Procurando na internet por “colour charts” das marcas, é possível sempre ver o catálogo de pigmentos, com todas as especificações e os códigos revelados no rodapé, mas isso geralmente está mais bem detalhado em um arquivo em PDF a ser baixado e não diretamente na página. Ainda é possível ver no catálogo, ou “colour chart”, informações como grau de transparência ou opacidade da tinta, grau de adesão (capacidade de tingir, o que significa que a tinta de alta adesão, ao ser aplicada ao papel, causa praticamente uma mancha imediata e mesmo ainda úmida é difícil que seja retirada totalmente). Também há a classificação de preço (tintas da série 1 da Winsor & Newton, por exemplo, são as mais baratas, enquanto as da série 4 são mais caras). Por fim, cada marca pode trazer informações específicas exclusivas, como sujeição à granulação, resistência à acidez ambiental etc.
  • 11. - Bisnagas ou pastilhas? Qual a melhor? Há duas apresentações das tintas de aquarela: em bisnagas ou pastilhas. As bisnagas trazem a tinta em forma gel, enquanto as pastilhas trazem sua forma sólida. Cada artista pode ter motivos pessoais para preferir uma ou outra. Ambas têm vantagens e desvantagens. As bisnagas são muito mais fáceis de fornecer a tinta, basta apertar sobre o godê e ter uma quantidade suficiente de pigmento concentrado. As pastilhas precisam ser diluídas com uma gota sobre o “tijolinho” de pigmento antes de começarmos a retirar a tinta. Depois disso, é preciso tirar o pigmento com um pincel para levá-lo ao godê (de preferência um pincel velho ou sem muito valor, e também de pelos mais duros para auxiliar a retirar mais pigmento). A tinta acaba sempre ficando diluída e, para conseguirmos pigmento mais concentrado, precisamos ir diretamente sobre a pastilha com o pincel de pintura. Mas a pastilha sendo firme pode danificar a ponta delicada do pincel, ainda mais porque a tinta tem goma arábica e quando meio úmida fica colante, o que representa real perigo às pontas dos delicados pelos (por isso a sugestão de se usar pincel velho ou sem valor). Além disso, nunca é possível se retirar uma grande quantidade de pigmento concentrado se for preciso, a não ser que se retire bem antes e depois se deixe secando um pouco no godê (tampado para evitar poeira). Durante a retirada, muito pigmento também acaba ficando no pincel usado, e como não se pode usar aquilo nem retirar tudo, bastante tinta se perde na lavagem, algo que não acontece com bisnagas. A goma arábica também está presente na tinta em bisnaga e por isso é comum, quando abrimos a bisnaga, ela estar com uma camada transparente parecida com mel logo à boca do tubo, que é a goma arábica que se separou do pigmento. Temos que tirar aquele excesso antes de chegar ao pigmento propriamente dito. Isso já é uma certa adulteração da tinta, que perde parte de sua composição ideal. Na minha experiência isso tende a acontecer com as Talens Rembrandt, mas não me lembro de ter visto ocorrer com W&N. Isso remete também ao fato de que, ao segurarmos a bisnaga na hora de abrir, pode ser difícil fazer isso sem forçar (caso a tampa esteja rosqueada muito apertada ou tenha ficado colada pela tinta e goma). Por isso, acabamos apertando tanto o conteúdo que quando finalmente abrimos a tampa, um bocado de tinta extra pode sair por causa da pressão exercida. Isso não é grande problema se prepararmos uma forma de guardar eventuais desperdícios, por exemplo em certos godês plásticos com tampa, pois a tinta, mesmo quando retirada da bisnaga e já seca, poderá sempre ser diluída e usada. Ao secar no godê ou em qualquer recipiente, a tinta da bisnaga acaba tornando-se sólida como é na pastilha. Por isso, uma das desvantagens da bisnaga, que é secar e endurecer quando guardada por muito tempo, pode ser contornada apenas rasgando-se a embalagem, e ali a tinta terá se tornado sólida como a pastilha e ainda poderá ser totalmente útil. As pastilhas precisam ser guardadas em estojo para não ficarem rolando soltas. Além da desvantagem descrita acima sobre a retirada da tinta que nos faz perder muitíssimo mais tempo do que com as bisnagas, temos o problema de que, mesmo que a deixemos sempre dentro de estojo, ao longo do tempo a pouca poeira que entra quando se abre pode ir se acumulando sobre a tinta que, sendo levemente colante, fixa a poeira sobre a pastilha. Tal poeira, mesmo a mais delicada, costuma causar muitos inconvenientes durante a pintura, pois as partículas de pó são carregadas pelo pincel durante as aguadas e criam marcas durante aguadas. Temos que fechar o godê para evitar a entrada de poeira, e com ele fechado a umidade permanece lá dentro, o que propicia desenvolvimento de fungos que podem contaminar uma pastilha inteira e até mesmo todas as outras pastilhas. Os fungos enchem a tinta de fibras naturais indesejáveis que se assemelham a partículas de poeira e atrapalham durante a pintura, e podem continuar se desenvolvendo no papel após a pintura, ou eventualmente causar contaminações e manchas. As bisnagas praticamente não apresentam esse problema de fungos, pois a tinta nunca precisa ser
  • 12. contaminada pela água para ser retirada (ao menos enquanto não endurece, o que pode levar anos para acontecer), mas sai direto do tubo sem intervenções externas. Avaliando os inconvenientes das pastilhas como desgaste de pincéis na retirada de tinta, perda de tempo, impossibilidade de retirar grande quantidade de pigmento concentrado, acúmulo de poeira, fungos..., pessoalmente acabo preferindo as bisnagas, apesar dos problemas também citados. Mesmo com esses inconvenientes, as bisnagas vencem em minha avaliação porque as vantagens superam os problemas. Sendo as pastilhas apenas ligeiramente mais baratas, o fator custo não chega a representar uma grande tentação. - Estojos prontos ou tintas avulsas? Há muitos estojos prontos para venda, tanto em pastilhas como em bisnagas. Eles trazem uma combinação de tintas pré-formatada que não pode ser modificada. Pode ser boa para artistas indecisos, mas geralmente na compra de estojos podem vir muitas tintas que não são de muito bom uso, além do que em geral são tintas apenas para iniciantes ou até mesmo que não se enquadram nem em iniciantes nem em profissionais. Muitos estojos parecem ser voltados mais a uma linha escolar, e por isso sua aquisição deve ser muito bem ponderada quanto a vantagens e desvantagens antes de ser consumada. Também podem se encontrar estojos com tintas profissionais, mas geralmente são caríssimos, e como já dito a seleção de cores ficou a critério do fabricante. A propósito, todas as linhas escolares de aquarela “de farinha”, disponíveis em marcas como Pentel, Cretacolor etc., devem ser evitadas a quem tem aspirações mais sérias. Com o tempo e o costume, aprendemos a reconhecer quando a tinta é de excelência, e nesse caso as tintas melhores são sempre determinadas também pelo alto valor pago por um pedacinho miserável de pigmento. Não que todas as caras sejam boas, mas as boas em geral são caras. Apesar disso, esse pedacinho “miserável” tem a capacidade de tingir muitos metros de papel, pois aquarela é uma tinta que rende bastante. O preço alto significa simplesmente que desde a extração até a obtenção de pigmento puro e seu refinamento, há um processo longo e caro. - Quantos e quais tipos de cores é preciso ter? Para o curso, não é necessário que haja uma grande gama de cores, por isso faço uma sugestão que contempla desde o aluno que quer comprar apenas o mais básico e essencial possível, só com cores primárias para estudos, até aquele que deseja formar uma boa paleta de cores para poder atuar com aspirações profissionais, passando por todas as opções intermediárias, claro. Importante a essa altura ressaltar que, por exemplo, o vermelho que muitos conhecemos desde a infância se aproxima realmente bem mais da cor chamada “vermelhão”, pois é uma frequência luminosa que contém certa mistura de amarelo em sua composição. Por esse motivo, em geral é um equívoco uma cor como o vermelhão ser tratada como primária. O “vermelho” autêntico, que em sua mistura com azul formará uma cor arroxeada, é sempre o “alizarim crimson” ou “carmim-alizarim”. Trata-se de um vermelho mais “bordô”, digamos, que tem esse sim a pureza necessária para estar entre as 3 cores primárias numa paleta que deva conter azul, amarelo e vermelho. Muitas sugestões de cores abaixo são baseadas na imprescindibilidade de algumas delas, advinda do fato de que elas não podem ser obtidas fielmente a partir de misturas. Um dos principais critérios para se determinar que uma cor seja imprescindível é sua intensidade, saturação ou iridescência, aquilo que se pode chamar também de cor “vibrante”, vívida, ou acesa, em contraposição a cores mais pálidas ou apagadas. O alaranjado intenso, por exemplo, é frequentemente encontrado com o nome de “Cadmium Yellow Deep” que significa “amarelo de
  • 13. cádmio profundo”, mas também pode ser o Cadmium Orange Light (amarelo de cádmio suave, leve) de algumas marcas. Ele é insubstituível e essencial numa paleta que pretenda contemplar todos os tons naturais, pois o alaranjado obtido com qualquer mistura de vermelho e amarelo jamais alcança a intensidade desse pigmento, chegando a ser as misturas geralmente apenas próximas de uma cor salmão ou coral, alaranjado pálido ou terracota. Isso vale não só para o alaranjado como para certos violetas ou verdes, e não só para aquarelas. Em suma, entre duas cores tonalmente muito parecidas na hora da compra, opto sempre pela mais vibrante e saturada (jamais deixando de observar e pesar outras qualidades como permanência, granulação, opacidade etc.), pois “apagar” uma cor, empalidecê-la, é possível usando-se na mistura apenas um toque de outra cor − em geral próxima da complementar, dependendo do que se pretende −, mas “acendê-la”, torná-la mais vibrante, é praticamente impossível. Vale lembrar que para avaliar a cor é preciso abrir o tubo, o que nem sempre é possível, mas deve-se pedir, pois o valor pago é alto e não deve haver engano. Apenas pelo rótulo não se pode ter ideia alguma da verdade do pigmento. A cor presente impressa no rótulo pode ser assustadoramente diferente da cor real pintada. (para mais sobre isso veja também link indicado abaixo, sob o tópico “como escolher a cor e a marca mais apropriadas?”) Outra qualidade que uma paleta ampla precisa contemplar é a de tons escuros. Uma cor pode ser clareada pela diluição (na aquarela não se clareia uma cor com pigmento branco − a não ser para obter algum efeito específico desejado −, mas sim com uma aguada mais diluída. O branco é usado por alguns artistas para alterar o matiz e não o tom). Mas quando se precisa escurecer uma cor, o máximo de tom que ela alcança é o que se enxerga na tinta concentrada. Por isso, para alcançar no papel tons mais escuros do que uma determinada cor, é preciso recorrer a cores naturalmente mais escuras do que ela e não a mais concentração nem a excessivas aguadas sobrepostas (coisas que alteram a qualidade final da aplicação de tinta sobre o papel, eventualmente causando brilho na superfície pintada e perda de transparência por excesso de concentração). Não se usa a cor preta para escurecer outra cor (aliás, particularmente não uso preto em técnica alguma). Alguns artistas usam o payne’s grey em lugar de preto e também para escurecimento (por esse cinza ser uma cor escura meio neutra e fria), mas eu prefiro escurecer com tons de cor. Assim, para obter um verde de sombra muito escuro uso simplesmente um verde naturalmente escuro e mais frio associado talvez a um marrom ou carmim, ou mesmo puro. PRINCIPAL: Tintas É realmente delicada a escolha das tintas, e demanda pesquisa e experiência que só vem com o tempo. Para quem começa, é preciso estudar um pouco e seguir indicações. Na internet há inúmeros testes de pigmentos em relação à sua resistência à luz e também à frequência luminosa que eles representam em relação ao padrão de nomenclatura. Veja por exemplo o link http://www.handprint.com/HP/WCL/ A partir dessa página, investigue todos os links ali indicados, e você encontrará inúmeras informações essenciais sobre cada pigmento. Há extenso e minucioso material, e a recomendação principal dada para aquarela é que se conheçam os pigmentos mais puros, e então nossa escolha deve ser feita com base nisso, para evitarmos os de baixa qualidade. Mesmo assim, cada marca tem variações, e seguir os testes de outros artistas registrados na internet pode ser um bom começo para experimentar. As marcas a seguir são em sua maioria de boa qualidade e as mais encontradas no mercado brasileiro, mas há ainda outras como Senelier, Maimeri, também boas e que merecem atenção se disponíveis para venda. As relacionadas abaixo, entretanto, são as mais comumente preferidas por diversos artistas.
  • 14. - Como escolher a cor e a marca mais apropriadas? Quem nós somos? Aquarelistas! E o que queremos? Abrir os tubos e experimentar as tintas no papel antes de comprar!! A Internet é realmente uma coisa maravilhosa, e felizmente alguém generosíssimo e mais maravilhoso ainda já fez e publicou isso para que nós possamos ver exemplos de como as tintas ficam antes de adquiri-las. Claro que o escaneamento nem sempre é absolutamente fiel, e ainda temos nossa tela que pode distorcer as cores, mas o mais importante aqui é a comparação, que permite mesmo com distorções escolher a cor que parece ser “mais isso ou menos aquilo” do que as outras. No site indicado, a própria autora cita essa dificuldade de ser fiel no escaneamento, mas ao menos podemos comparar muito bem, já que ela fez o experimento com muitas dentre as marcas disponíveis. Ela merece toda nossa gratidão! Basta clicar sobre cada cor e aparece em vista mais próxima com as especificações do pigmento, marca, nome e tudo que é preciso saber: http://www.janeblundellart.com/painted-watercolour-swatches.html Minhas recomendações, seja na lista resumida abaixo ou na tabela, estão sempre em ordem de preferência de cores, desde as mais essenciais até as não imprescindíveis. Na lista resumida as preferências são por tons dentro de cada cor (azuis, vermelhos, amarelos, violetas etc.), mas na tabela está uma ordem de preferência geral entre todas as cores (essa ordem é apenas relativa às cores, vista na coluna da esquerda extrema na tabela, de cima para baixo, e não estabeleci ordem de preferência no quesito marcas). As que na lista trazem alguma marca específica em negrito são aquelas pelas quais eu tenho preferência pessoal, ou então são frequentemente recomendadas. Use as informações do site acima para confirmar ou modificar sua escolha, usando minhas indicações apenas como guia. Todas as cores abaixo marcadas com 1* (número um + asterisco) são indicações para a paleta mais essencial possível. Essa paleta contém apenas seis tintas “chave” que podem contemplar um amplo espectro de obtenção de cores a partir de suas misturas. Para além delas, as marcadas com apenas um asterisco * são as indicações de mais cinco tintas que serão de grande valia, se houver possibilidade de adquiri-las. Assim temos onze tintas fundamentais, das quais seis são absolutamente indispensáveis. ATENÇÃO: Para ver a lista em ordem de prioridades, com as 6 tintas essenciais isoladas no topo seguidas das outras em ordem de preferência, veja a coluna esquerda da Tabela 2. A seguir na codificação, as tintas marcadas com 2 asteriscos ** são aquelas que têm grande importância na hora de ampliar o espectro de cores, as primeiras em que se deve pensar ao adquirir mais. Por último, as marcadas com 3 asteriscos *** são apenas como um “luxo”, tintas muito úteis, mas que não representam grande necessidade, e estão longe de ser indispensáveis. Lista Resumida: Azuis: 1*Azul Intenso (Phthalo Blue) * Índigo **Azul Cobalto **Azul Ultramar (Ultramarine ou French Ultramarine) **Azul da Prússia (Prussian Blue) ***Azul Cerúleo (Cerulean Blue) ***Azul Turquesa (Turquoise)
  • 15. Vermelhos: 1*Alizarin Crimson 1*Rosa Púrpura (“Pink” – Permanent Rose) **Vermelhão ou Laca Escarlate (Cadmium Red ou Vermilion) Amarelos: 1*Amarelo Ouro (Cadmium Yellow) *Alaranjado (Talens Cadmium Yellow Deep − próximo ao Cadmium Orange, deve ser vibrante) *Amarelo Limão (Cadmium Lemmon) ***Gamboge (Talens Gamboge) Violetas e purpúreos: **Violeta Anilado (Winsor violet da W&N ou Ultramarine Violet da Schmincke) **Magenta ***Violeta Purpúreo (Cobalt Violet) Verdes: 1*Verde Hooker (Hooker Green Deep Talens) *Verde Vessie (Sap Green) **Verde Inglês (Vivid Green da Daler Rowney – na tabela localizado em “verde intenso”) **Verde Intenso (Phtalo Green) **Verde Escuro Cinéreo (Acinzentado) - (Perylene Green da W&N) Terrosos: 1*Marrom de Vandyke *Ocre (Yellow Ochre) **Sépia **Vermelho Indiano (Indian Red) **Sombra Queimada (Burnt Umber) ***Sombra Natural (Raw Umber) Preste atenção a CADA DETALHE da tabela 2 abaixo, pois há à venda, por exemplo, muitas vezes duas cores com nomes iguais, mas uma delas pode ser “blue shade” e outra “red shade”. Apesar de terem o mesmo nome, a diferença de ambas pode ser imensa, por isso atente a tudo que estiver especificado no nome da cor para cada marca. Antes de escolher entre a linha de iniciantes ou profissional, analise as qualidades de cada tinta nas cartas de cores (ver abaixo), pois eventualmente a mesma cor na linha de iniciantes pode ser semi-transparente enquanto na linha profissional é opaca ou vice-versa. Também pode haver gritantes diferenças de tom entre cores de mesmo nome, mesmo entre ambas as linhas da mesma marca. Leve em consideração as recomendações sobre pigmento vibrante e escuro dadas no texto acima, seção: “Quantos e quais tipos de cores é preciso ter?”
  • 16. Tabela 2: Índice por ordem de preferência dos nomes de cores e os nomes correspondentes da cor para cada marca. Os seis primeiros nomes de cores representam a paleta absolutamente essencial. Marca W&N Talens Daler Rowney Horadam Schmincke Cor Artists Cotman Rembrandt Van Gogh Artists Aquafine Artists 1*Amarelo Ouro Cadmium Yellow Cadmium Yellow Hue Cadmium Yellow M Azo Yellow M Cadmium Yellow Cadmium Yellow Hue Cadmium Yellow Mid. 1*Carmim Alizarim Perm. Alizarin Crimson Alizarin Crimson Hue Perm. Madder Lake 7 * Madder Lake D Alizarin Crimson Alizarin Crimson Madder Red Dark ou Permanent Carmine 1*Rosa (‘Pink’ ou Púrpura) Permanent Rose Permanent Rose Quinacridone Rose Quinacridone Rose Permanent Rose Permanent Rose Magenta 1*Azul Intenso Antwerp Blue³* Intense (Phthalo) Blue Phthalo Blue Red Phthalo Blue Phthalo Blue Red Sh. Phthalo Blue Helio Blue Reddish 1*Verde Escuro Intenso Perylene Green 18 * Hooker’s Green Dark Hooker Green D Hooker Green D Hooker’s Green Dark Hooker’s Green ou Viridian 15 * Hooker’s Green 1*Marrom Escuro Vandyke Brown Vandyke Brown Vandyke Brown Vandyke Brown Não Há Vandyke Brown Vandyke Brown *Índigo Indigo Indigo Indigo Indigo Indigo Indigo Dark Blue Indigo *Alaranjado Intenso Winsor Yellow Deep 4 * Cadmium Orange Hue Cadmium Yellow D Azo Yellow D Cadmium Yellow Deep ou Cadm. Orange 13 * Cadmium Orange ou Rowney Orange 16 * Cadmium Orange Light *Amarelo Limão Winsor Lemon Lemon Yellow Hue Cadm. Yellow Lemon 8 * Perm. Lemon Yellow Lemon Yellow Lemon Yellow Cadm. Yellow Lemon *Ocre Yellow Ochre Yellow Ochre Yellow Ochre 9 * Yellow Ochre Yellow Ochre Yellow Ochre Yellow Ochre *Verde Vessie Permanent Sap Green Sap Green Sap Green Sap Green Sap Green Sap Green Sap Green **Azul Cobalto Cobalt Blue Cobalt Blue Hue Cobalt Blue (Ultram) 10 * Cobalt Blue (Ultram) Cobalt Blue Cobalt Blue Hue Cobalt Blue Light **Violeta anilado Winsor Violet Dioxazine Purple Perm. Blue Violet 11 * Perm. Blue Violet Ultramarine Violet Purple Ultramarine Violet **Vermelhão (v. Laca²* ) Cadmium Red Cadmium Red Deep Hue Cadmium Red M ou Vermilion Perm Red D ou Vermilion Cadmium Red Cadmium Red Hue Cadmium Red Middle ou Vermilion **Azul Ultramar French Ultramarine Ultramarine Ultramarine D 12 * Ultramarine D French Ultramarine Ultramarine Ultramarine Finest ou Ultramarine Blue **Verde Intenso Viridian Viridian Hue ou Phthalo Phthalo Green Phthalo Green Phthalo Green ou Vivid Green 14 * Emerald Green Hue Phthalo Green **Magenta (#ver aviso ) Quinacridone Magenta Purple Lake Permanent Madder Lake Permanent Red Violet Quinacridone Magenta Rose Madder Hue Purple Magenta **Sépia Sepia Sepia Sepia Sepia Warm Sepia Sepia Hue Sepia Brown **Azul da Prússia Prussian Blue Prussian Blue Prussian Blue Prussian Blue Prussian Blue Prussian Blue Prussian Blue **Vermelho Indiano Indian Red Indian Red Light Oxide Red Light Oxide Red Indian Red Light Red Indian Red **Violeta purpúreo Cobalt Violet Purple Lake Cobalt Violet Perm. Red Violet Cobalt Magenta Mauve Manganese Violet **Sombra Queimada Burnt Umber Burnt Umber Burnt Umber Burnt Umber Burnt Umber Burnt Umber Burnt Umber ***Azul Cerúleo Cerulean Blue Cerulean Blue Hue Cerulean Blue (Phthalo) Cerulean Blue (Phthalo) Coeruleum Coeruleum Hue Cobalt Cerulaen ou Helio Cerulean ***Laca²* Escarlate Scarlet Lake Não Há Laca - 6 * Não Há Laca Não Há Laca Não Há Laca Scarlet Lake ou Crimson Lake 17 * Scarlet Red ou Ruby Red ***Amarelo Gamboge Quinacridone Gold 5 * Gamboge Hue Gamboge Gamboge Gamboge Hue Gamboge Hue Gamboge Gum Modern ***Sombra Natural Raw Umber Raw Umber Raw Umber Raw Umber Raw Umber Raw Umber Raw Umber ***Azul Turquesa Cobalt Turquoise Turquoise Turquoise Blue Não Há Manganese Blue Não há Cobalt Turquoise ou Helio Turquoise # - Os nomes recomendados na tabela são de cores mais saturadas e difíceis de obter do que “Permanent Magenta” da W&N, por exemplo, mas esta pode ser substituta daquelas se necessário. 1* - Cores da paleta fundamental. As outras seguem o código de asteriscos descrito antes da lista. 2* - Laca Escarlate é uma opção ao Vermelhão, com pequena variação, mas Scarlet Lake é semi- transparente enquanto Cadmium Red é opaco. 3* - Opção ao Antwerp Blue pode ser Winsor Blue (Red Shade) ou talvez (Green Shade). 4* - Dentre os alaranjados da carta, escolhi o mais transparente, mas é melhor escolher o mais vibrante entre Winsor Yellow Deep, Cadmium Yellow Deep, Cadmium Orange e Winsor Orange. Há muitos anos, ao escolher entre os W&N e Talens, preferi o Cadmium Yellow Deep Talens Rembrandt, o mais vibrante, mas as coisas mudam muito em anos. 5* - Eventualmente trocar por “New Gamboge”. 6* - Cotman não tem tons de Laca Escarlate, escolher entre Cadmium Red Pale Hue, Cadmium Red Hue, Cadmium Red Deep Hue, preferência ao último. 7* - A permanência do Alizarin da Talens Rembandt é muito baixa, optei por sugerir outra cor próxima de permanência alta na tabela. Na ausência dessas opções, melhor ter outra marca ou em último caso o Carmine da Talens Rembrandt. 8* - Opção mais barata ao Cadmium Yellow Lemon seria Permanent Yellow Lemon. 9* - Alternativa ao Yellow Ochre pode ser Gold Ochre ou Transparent Oxide Yellow. 10* - Eventualmente trocar o da tabela por Cobalt Blue, tendo ciência de que este tende a granular na pintura e é menos transparente, além de ser série mais cara. 11* - Eventualmente trocar o da tabela por Ultramarine Violet, ciente de que tende a granular.
  • 17. 12* - Dispensável caso o cobalto comprado tenha sido Cobalt Blue Ultramar Rembrandt. Eventualmente trocar o Ultramarine D (Deep), da tabela, por French Ultramarine, mais claro porém. 13* - Escolher entre ambos o alaranjado mais vibrante, intenso. 14* - Daler Rowney profissional apresenta esse verde vívido, Vivid Green, que é bem mais claro que o Phthalo Green, mas se houver a possibilidade, adquira-se o verde vívido, um tipo de verde claro vibrante; tom raro e necessário, chamado de verde inglês também, é essencial quando se precisa de um verde iridescente e translúcido. 15* - Escolha o verde mais escuro entre ambos na tabela. 16* - Escolha o alaranjado mais vibrante. 17* - Escolha o mais vibrante. 18* - Perylene Green não é intenso, é cinéreo e pálido, porém bem escuro e excelente, mas não há Hooker’s Green na linha artística da W&N. Entretanto, esse Perylene é uma excelente cor de sombra de verde, bastante neutro. Se possível, escolha Hooker’s Green de outra coluna preferencialmente, mas se puder leve também Perylene. Links para catálogos das marcas sugeridas: W&N Profissional W&N Iniciantes Talens Profissional Talens Iniciantes Daler Rowney Profissional Daler Rowney Iniciantes (catálogo incrementado) Daler Rowney Iniciantes (catálogo básico) Schmincke Profissional IMPORTANTES MATERIAIS EXTRAS: - Godê plástico ou de porcelana, ou prato branco com acabamento vitrificado comum. Porcelana e acabamento vitrificado causam menos desgaste ao pincel por serem de menor atrito que o plástico, mas não é grande problema. O plástico sendo poroso também tende a manchar enquanto a porcelana se mantém clara, mas tampouco é problema. - Vidro grande como de maionese para água de limpeza e um recipiente menor para água limpa. - Papel toalha e/ou pano sem fiapos (sugestão popeline, mas pode ser algum que não solte micropoeiras) - Conta gotas ou canudinho - Lápis HB, borracha branca macia (Pentel Hi-Polymer Soft ou Sakura Foam). - Papel vegetal Aos que desejam desenhar fora do papel definitivo para evitar estragar a superfície, primeiro desenha-se num vegetal e depois se passa ao papel de aquarela final, por transparência com luz ao fundo ou por decalque. - Copo ou porta lápis para os pincéis em espera - Prancheta A3 e algo que fique sob ela para deixá-la inclinada (a uns 30 graus). Pode ser qualquer MDF ou Duratex ou mesmo acrílico firmes, mas caso queira algo mais específico e bem acabado, visite: http://www.mochoartes.com/#!shop/e0kzg - Binder clips se necessário para segurar o papel na prancheta.