2. Sumário
1. Sugestões Austenianas 3
2. Quando Conheci Jane Austen 5
3. Sensibilidade e Bom Senso 1981 7
4. Sensibilidade e Bom Senso 1995 e 2008 10
5. Sensibilidade e Bom Senso 1995 – “Alma” 12
6. Sensibilidade e Bom Senso 2008
a. Expectativa e Consenso 13
b. Pálido 14
7. Jane Austen e Eu 16
8. Quando Li S&S 18
9. S&S em Portugal 200 Anos Depois
Leitura Comparada 20
10. Contra Todas as Tormentas 23
11. Estoicamente Elinor 25
12. Marianne Dashwood 26
13. A Terceira Dashwood 28
14. Edward Ferrars 30
15. John Willoughby 31
16. Lucy Steele, A Manipuladora 32
17. As Irmãs Steele 33
18. Mrs. Jennings 34
19. John Dashwood 35
20. Mrs. Ferrars e o Seu Filho Robert 36
21. Charlotte e Thomas Palmer, O Adorável Casal 37
22. Sir John e Lady Middleton 38
23. A Herança em S&S 39
24. Mini Conto Temático 41
25. Lost In Jane Austen Portugal 42
26. Os Lugares de Jane Austen 45
27. Sabias Que… 47
2
Página
3. Sugestões Austenianas
Por Fátima Velez de Castro
Sugestão Livro:
Truman Capote, um dos mais geniais e controversos escritores americanos de sempre, (re)inaugura o estilo “non-
ficcional novel” com este livro – A Sangue Frio (In Cold Blood, no original). Foi publicado pela primeira vez em 1966 e
trata a história de um crime horrendo que ocorreu Holcom, Kansas (EUA). A família Clutter, pais agricultores e dois filhos,
foram assassinados de forma bárbara por Richard "Dick" Hickock e Perry Smith, ex-condenados pretendiam apenas
roubar algum dinheiro e fugir para o México, com o objectivo de começar uma nova vida. Porém o
crime desenrola-se da pior forma.
Truman Capote trabalha durante seis anos nesta obra, entrevistando na prisão os assassinos
assim como outras pessoas das relações das vítimas. Como resultado, produz um impressionante
relato dos factos, baseado na intensa e profunda análise psicológica dos intervenientes. (Nota:
Leiam o livro e vejam o filme “Capote”, com a brilhante interpretação de Philip Seymour Hoffman.)
Site: http://en.wikipedia.org/wiki/In_Cold_Blood
Sugestão música:
Literalmente o segundo trabalho desta cantora brasileira – Maria Rita, Segundo. Filha
da cantora Elis Regina e do músico César Camargo, apenas aos 24 iniciou a sua
carreira musical, com receio de ficar “na sombra da mãe”. Mas não foi isso que
aconteceu, e hoje Maria Rita é uma das mais importantes intérpretes musicais de
MPB. O primeiro álbum intitulou-se “Maria Rita”, tendo alcançado grande sucesso
(tripla platina).
É uma cantora enérgica, criativa, que interage de forma única com o público.
Exuberante sem exageros, possui uma voz potente e segura em vários registos, incrivelmente bonita no samba.
Impossível ficar indiferente a este furacão brasileiro!
Uma das minhas músicas favoritas, “Feliz”: http://www.youtube.com/watch?v=7WGIubAfu6o
3
Página
4. Sugestão Filme:
Quem não gosta de uma boa história de amor no cinema? Este é o filme ideal para
todos aqueles que gostam de romance, aventura, acção, crime e muito, muito humor
num só filme. Realizado por Emir Kusturica (1998), Gato Preto, Gato Branco
(Crna macka, beli macor, no original) é sobre a história de Matko, um criminoso
incapaz e do seu filho Zare, cujo sonho é ser capitão de um barco de recreio
(cruzeiro). Eles vivem nas margens do Danúbio e são ciganos da Europa de Leste.
Dadan Carambolo, um verdadeiro gangster/vedeta, quer a todos os custos casar o
jovem Zare com a sua irmã Afrodita, conhecida pela sua fealdade e baixa estatura,
mas que sonha com o príncipe encantado – um jovem alto de bigode. E ele existe, é
o neto mais velho de Grga Pitic, il padrino de uma complexa e divertida máfia que
opera na região. Mas Zare gosta de outra – Ida – uma voluptuosa jovem que, em conjunto com a avó, é contratada para
lhe organizar o casamento. Partindo do princípio que os avôs dos noivos morrem e são deixados no sótão com um bloco
de gelo preso ao corpo (para não “atrapalhar” a realização da cerimónia), o que é que pode correr mal? Tudo! Mas com
muito humor.
Tailer: http://www.youtube.com/watch?v=7uB8lA8mSxY
Sugestão Blog:
Imigraste, o meu blog pessoal, dedicado a todos aqueles que se interessam pelas (i)migrações e sobretudo pelo Outro.
Porque, no fundo, todos fomos, somos e seremos sempre (i)migrantes. Sítio onde, com alguma regularidade, dou a
conhecer notícias, entrevistas, eventos académicos, estatísticas, livros e outros aspectos relacionados as migrações.
Tendencialmente é um blog sobre estrangeiros que procuram Portugal para trabalhar e residir, embora o âmbito temático
acabe por se alargar à emigração portuguesa e aos
fluxos migratórios internacionais, numa perspectiva
global/regional/local.
Blog: http://imigraste.blogs.sapo.pt/
4
Página
5. Por Leonor, uma fã do JAPT
desde o 1º dia…
R ecordo-me de que era noite.
Numa das habituais viagens à
sala que antecedem o jantar,
sento-me no sofá, perscrutando o ecrã
Um novo movimento e, do lado oposto,
um semblante enceta o seu desenho por
entre o campo verdejante. Dou conta
do televisor em busca de algo que capte de que é um homem de porte distinto.
o meu interesse. Avança confiante, como se nada o
Efectuando um breve “zapping”, pudesse impedir, imerso nos seus
detenho-me perante uma imagem que pensamentos, em jeito de reflexão. O
se afigurava como um campo envolto piano que em crescendo acompanha os
na misteriosa neblina da manhã. A seus passos e é o espelho do estado da
câmara desloca-se e acompanha em sua alma – é-me quase possível sentir o
uníssono o caminhar melancólico de bater descompassado do seu coração.
uma jovem rapariga, a qual subitamente Lembro-me do momento seguinte como
faz uma pausa na ponte, fixando os olhos uma das confissões mais profundas e
na neblina. Sufocando um murmúrio despojada de emoções artificiais que
quase inaudível na garganta, parece evocava tão-só e subtilmente o amor
indagar a veracidade do que presencia. sincero, sem falsas pretensões. O acto
5
Página
6. simbólico de tocar as mãos e levá-las até me de correr para o computador do
aos lábios foi, pessoalmente, melhor do meu irmão e vidrar-me vezes sem conta
que qualquer beijo efusivo, expressando na “cena da tempestade” e outras; a
a delicadeza e respeito que ambos composição de Dario Marianelli e Jean-
possuíam e partilhavam. A fechar, o Yves Thibaudet eram a minha banda
quadro encerra-se juntamente com a sonora na escola e da minha casa,
coroação dos primeiros raios solares. rodeada por pinheiros e carvalhos ao
longe e o chilrear dos pássaros, abria a
Agarrada ao comando e com os olhos janela do meu quarto todas as manhãs
presos no ecrã: assim permaneci alguns inspirando o orvalho da manhã e fruindo
instantes, imóvel e plácida até que por o nascer do sol.
fim – acordada pela racionalidade –
apercebi-me de que um sorriso se Passaram cinco anos e entretanto tomei
esboçava no meu rosto. Sorria para a contacto com outros trabalhos de
televisão, sozinha na sala. Tomada de Austen – “Persuasão” e “Sensibilidade e
impulso, precipitei-me com o controlo Bom Senso” – sendo que, quando me é
remoto nas mãos, perseguindo apenas possível, assisto a séries e filmes.
um intento: saber o nome do filme.
Ansiosa, foi com felicidade que o Por último, foi através do blogue da Clara
desvendei: “Orgulho e Preconceito”. (quando era ainda “Um Minuto de
Uma ideia rapidamente se tornou um Histórias") que tive conhecimento - com
imperativo: “Tenho de ver este filme”. E enorme satisfação – do Jane Austen
assim fiz. Portugal, o qual visito frequentemente.
Descobri a autora que inspirou esta Foi igualmente com imenso prazer que
adaptação cinematográfica e rendi-me acolhi o gentil pedido endereçado pela
à obra, a qual prontamente imprimi e Clara para descrever a minha
que só consigo ler em inglês (não sei experiência enquanto leitora desta
justificar a razão). perspicaz escritora que delicia gerações.
Desde então, a evasão no universo de Neste momento, tal como há cinco anos,
Jane Austen foi-me concedida: lembro- sorrio. E acrescento: muito Obrigado.
6
Página
7. SENSIBILIDADE E BOM SENSO 1981 | CLARA FERREIRA
“Definitivamente posso dizer que me tornei fã deste Edward Ferrars”
I ncentivada
por
comentário
um
de uma leitora
do blogue,
decidi ver esta
Edwards
não sei, mas a
timidez
muito
bem
conseguidos!),
parece
inata, e o "mau
estar" de se ver no
versão de centro das
1981 de atenções parece
Sensibilidade incrivelmente
e Bom Senso. genuíno.
Esta versão Elinor está
conta com fenomenalmente
Irene Richard bem
no papel de representada.
Elinor e Tracey Nesta versão,
Childs no Elinor possui
papel de sentido de humor
Marianne. engraçadíssima, aliás, a (como também acontece
actriz que interpreta Fanny no livro), é certo que a
O primeiro episódio está Dashwood (Amanda Boxer) Elinor de 08 consegue
muito próximo da história consegue encarnar também mostrar isso, já
original. Tal como no livro, totalmente a personagem, Emma Thompson em 95
sabemos da morte de Mr. deixando de lado o deu-nos uma Elinor
Dashwood pelas falas das histerismo tanto da Fanny demasiado distante.
restantes personagens. de 95 como da de 08. A
Uma falha enorme, cena em que Fanny Nesta versão existe o
gigantesca... não há convence o marido a verdadeiro "adeus a
Margaret Dashwood. Mrs. dispensar a renda às meias- Norland" de Marianne, da
Dashwood aparece como irmãs segue rigorosamente tão célebre frase de Elinor,
mãe apenas de duas o texto de Austen, se a "It is not every one,” said
raparigas, Elinor e memória não me falha. Elinor, “who has your
Marianne. passion for dead leaves".
O Edward desta versão Esta Marianne é muito
Um episódio muito curioso, (Bosco Hogan) é interessante, embora às
que penso que nunca foi encantador, muito mais o vezes pareça menos
aprofundado nas restantes Edward que sempre espontânea do que seria
adaptações foi o da imaginei, pela descrição do suposto.
porcelana de Mrs. livro, do que o Edward das
Dashwood e a inveja de restantes adaptações Devo confessar que, se não
Mrs. John Dashwood... está (embora ache todos os soubesse a história, não
8. Brandon é pouco
aprofundado.
Uma curiosidade, a actriz
que interpreta Mrs.
Dashwood (Diana Fairfax)
interpretou também Emma
Woodhouse na versão de
1960.
No 2º episódio, ficamos a
conhecer Willoughby... a
cena do resgate de
Marianne não é muito
intensa, comparada com a
das restantes versões.
Willoughby não é tão
encantador como se
espera, nem tão galã. No
entanto, a paixão de
Marianne por ele é muito
teria percebido muito bem O convívio com os desenvolvida, seguindo
se Edward e Elinor estavam Middleton não é muito rigorosamente o texto
apaixonados. Existem duas aprofundado, neste original, temos a pergunta
cenas em que os vemos vepisódio conhecemos sobre "quem é Willoughby"
juntos no jardim, e outra em também Mrs. Jennings, feita a Sir John e a
que parecem estar de muito longe da imagem indignação de Marianne
olhares desencontrados que temos dela no livro ou por ele só lhe falar dos seus
durante o pequeno- que temos de outras dotes de caçador; temos
almoço, mas nada de versões; e o Coronel Willougby a cantar com
substancial que nos possa Brandon, muito aquém de Marianne, a recitar poesia
levar a pensar que foram qualquer expectativa, com ela, a criticar Brandon,
feitos um para o outro. O garanto. O tema Marianne- a oferecer-lhe o cavalo,
adeus é distante.
A chegada a Devonshire
ainda acontece neste
episódio. Confesso que sou
uma grande admiradora
na alteração feita em 2008,
onde colocam a casa
perto do mar, mas esta
"cottage" também é
"fofinha".
O encontro com Sir John e
Lady Middlenton é
engraçado, Lady
Middleton não é como eu
imaginava, acho que está
muito bem retratada na
versão de 2008, Sir Jonh, é
Sir John, embora prefira o
de 2008 (até porque entrou
no Harry Potter).
8
Página
9. episódio que Brandon salva Marianne.
tem uma das De facto a relação
cenas mais Brandon-Marianne é pouco
importantes e ou nada focada nesta
hilariantes, no adaptação, estou ansiosav
entanto, por saber como é que no
pareceu-me fim os vão juntar.
mais teatral do
que os O último episódio foi uma
anteriores. É agradável surpresa,
natural as embora tenha fugido um
adaptações pouco à obra original,
desta data adorei a forma como
serem teatrais e transformaram Coronel
devemos dar Brandon, só com esta
sim, temos tudo isso! Aliás, sempre um desconto, no adaptação é que ganhei
todo este episódio gira em entanto, lembro-me agora simpatia por ele, embora
torno de Marianne. da cena em que Miss de inicio não tenha
Steele visita Elinor depois do gostado muito do seu
Este é o episódio em que serão passado em Mrs. papel, até porque nesta
recebemos a visita de Ferrars e achei essa cena adaptação, como já referi,
Edward Ferrars, peço tão crua que até me doeu! a relação dele com
desculpa ao Hugh Grant e Marianne é pouco
ao Dan Stevens, mas a Este episódio teve muitos desenvolvida.
interpretação de Bosco altos e baixos. O ponto alto Definitivamente posso dizer
Hogan é tal e qual o refere-se à cena do pedido que me tornei fã deste
Edward de Jane Austen... e de desculpas de Edward Ferrars, pura e
o mesmo posso dizer de Willoughby que em todas simplesmente maravilhoso.
Irene Richard, que nos dá a as versões tem sido muito Em relação a esta Elinor,
Elinor mais próxima da Elinor comovente (salvo a de considero que foi uma
de Jane Austen. 1995 em que esta cena é grande interpretação,
inexistente). O ponto baixo todavia, nestes últimos
Não me canso de repetir refere-se ao facto de episódios creio que perdeu
que estou a adorar este retirarem a cena em que alguma qualidade.
casal - Elinor e Edward -
parece que estou a ler
Jane Austen e além disso,
esta versão de
Sensibilidade e Bom Senso,
tem muitos dos diálogos
originais. Mas estou certa
que quem não for fã
ardente de Jane Austen já
não conseguiria suportar
esta adaptação porque,
sejamos sinceras, já lá vão
quase 30 anos e as versões
mais recentes são muito
mais apelativas tanto em
cenário como em guarda-
roupa!
O 5º episódio não me
"soube" tão bem como os
9
anteriores. Quer dizer, é um
Página
10. SENSIBILIDADE E BOM SENSO 1995 E 2008 | CATARINA R. P.
A história propriamente dita, não é a mais bonita, ou a mais
romântica da autora Jane Austen, mas sem dúvida a mais real e a
mais cruel para as mulheres da sua época.
H
á que desde já mulheres da
referir que este sua época.
livro, da autoria
de Jane Austen Em relação
é o mais ao filme
autobiográfico com um
encontrado na sua elenco
obra. É aqui que luxuoso,
Austen expõe um composto
dos seus maiores por: Emma
medos… ficar sem Thompson,
nada após a morte Kate Winslet,
do pai e viver à o rei da
mercê dos seus comédia
irmãos. Elinor é sem romântica
mais nem menos do britânica
que a sua irmã Hugh Grant,
Cassandra e a apaixonada Marianne tem e o Alan Rickman, escusado será dizer que a
características em comum com a autora parte interpretativa não é um ponto fraco
(Jane Austen). Se fizermos um exercício muito deste filme. O mesmo se poderá dizer do
simples que é; ver o filme “Becoming Jane” e argumento, o realizador Ang Lee (Brokeback
depois Sense & Sensibility, podemos ver as Mountain) inteligentemente colocou uma
enormes parecenças/semelhanças entre mulher a escrevê-lo, nada mais do que a
personagem e as pessoas em questão. actriz principal Emma Thompson (vencedora
de Óscar de melhor argumento adaptado).
A história Nota-se uma
propriamente maturidade
dita, não é a deliciosamente
mais bonita, cruel no diálogo
ou a mais e um toque
romântica da feminino, dois
autora Jane componentes
Austen, mas que parecem
sem dúvida a não de conjugar,
mais real e a conseguem aqui
mais cruel conviver numa
para as extraordinária
harmonia,
todavia o
11. excesso de espectaculares.
romance leva
a um certo Para finalizar há
cansaço do que referir a
espectador. extraordinária
Reconheço interpretação
que a maior de Emma
parte de nós, Thompson e
mulheres, não Kate Winslet, as
adormece melhores do
durante o filme.
filme, mas
estes filmes Em relação à
não são só série de 2008,
para mulheres não tenho
extremamente românticas, mas sim para grandes comentários a fazer. Considero que
todos, inclusive homens, dotados de uma comparar o filme de Ang Lee à produção
insensibilidade difícil de explicar. Não se televisiva de 2008 é no mínimo impossível. O
pode ter sensibilidade então têm-se bom elemento central e principal de uma pelicula
senso! é o seu argumento é com ele que se
distingue um bom e um mau filme. Como
Em relação ao guarda-roupa, na minha sabemos as séries televisivas têm o dom de
opinião o calcanhar de Aquiles desta terem um péssimo argumento, salvo algumas
produção, poderia ser melhor mas acredito excepções. Isto porque, este varia conforme
que o financiamento de um realizador as audiências e o grau de satisfação da
estrangeiro não seja o melhor para satisfazer cadeia televisiva. Acho que já me fiz
esta categoria. Perderam no guarda-roupa entender em relação à produção de 2008.
mas ganharam na banda-sonora da autoria Pode ter todos os ingredientes como guarda-
de Patrick Doyle, um nome não muito roupa, banda-sonora e até actores bastante
conhecido mas com um trabalho bastante razoáveis, mas sem um bom argumento não
interessante. Os cenários são fantásticos, se faz um bom filme.
aliás tenho de referir que os cenários dos
filmes de Jane Austen têm a particularidade
de serem todos maravilhosamente
11
Página
12. SENSIBILIDADE E BOM SENSO 1995
“ALMA” |CÁTIA PEREIRA
Tratando-se de um filme com mais de quinze anos, é impressionante a
actualidade da sua imagem
A
alma deste filme reside em dois Thompson for the lead, eventually
nomes: Emma Thompson e Ang Lee. decided to age Elinor's character to 27
years so that modern audiences would
Em primeiro lugar, foi Emma Thompson understand how Elinor could be
quem se dedicou e acreditou nesta considered a spinster. Thompson adds:
obra ao ponto de levar quase cinco "With make-up and a good wig I might
anos a escrever o roteiro. Na sua look young enough." In addition, some
adaptação, alguns personagens ficaram de of the supporting cast members had to
fora, como Lady Middleton e a irmã de Lucy be cast older as well, to balance the
Steel; contudo, penso que isso não lhe retira 36-year old lead."
o valor. O facto do roteiro ter o cunho de
Emma Thompson explica - e esta é uma Chego ao segundo nome, Ang Lee. Quem
suposição minha - o facto de Shakespeare imaginaria que ele, um cineasta ainda
ser uma presença constante através da voz novato e de origem chinesa, seria perfeito
de Marianne Dashwood. Sabemos que Jane para fazer um filme de época inglês? Muitos
Austen não o faz. Mas Emma Thompson tem deverão ter duvidado. Aliás eu li no Eras of
um passado voltado para as produções Elegance que, até aquela altura, ele nunca
baseadas em obras de Shakespeare, teria lido nenhuma obra de Jane Austen. O
principalmente durante o seu casamento que demonstra, sem sombra de dúvidas, a
com Kenneth Branagh. qualidade do seu trabalho; já que consegue
transmitir o estilo da nossa querida Jane.
Ela não teria a intenção de interpretar o
papel de Elinor. Quem a convenceu de tal Sempre fico impressionada com a qualidade
foi Ang Lee, o director do filme. Ele defendia do cenário e da fotografia deste filme.
a opinião de que ela seria perfeita para Tratando-se de um filme com mais de quinze
interpretar este personagem: anos, é impressionante a actualidade da sua
imagem. Por vezes, ao assistir esqueço-me
"Emma Thompson, who wrote the deste pormenor, de como já faz tanto tempo
screenplay, crafted the script que foi filmado. E isso tem a ver com a
intending to cast real-life sisters, elegância que Ang Lee imprimiu à obra.
Natasha and Joely Richardson Achei interessante descobrir que ele tenha
(daughters of British actress Vanessa se inspirado nos quadros do pintor holandês
Redgrave) as Marianne and Elinor. Johannes Vermeer (a característica
However, she was later encouraged to principal da sua obra é a forma como utiliza
play Elinor herself by director Ang Lee. a luz e o jogo com as sombras ) para criar e
Thompson was reluctant to cast herself desenvolver a fotografia deste filme.
as Elinor, because she thought she was
12
too old (Elinor is supposed to be 19 São dois nomes, dois estilos, duas assinaturas
Página
years old). Lee, who wanted e um excelente resultado final.
13. SENSIBILIDADE E BOM SENSO 2008
EXPECTATIVA E CONSENSO |CÁTIA PEREIRA
Grande expectativa - esta é a expressão correcta para traduzir o que milhares
de fãs de Jane Austen sentiram enquanto a mini-série não estreava
P
odemos Propositadamente,
contar com não aprofundei a
mais de uma leitura destes
década de mesmos artigos
intervalo para não
entre a condicionar a
produção minha própria
cinematográfica opinião. Contudo,
de Ang Lee e a este sentimento de
adaptação expectativa é
televisiva de latente. De igual
forma, notava-se que todos
"Sense and Sensibility" pela BBC. Destaque-se
tinham curiosidade de ver
que a última adaptação da BBC é de 1981,
como Andrew Davies
o que gera quase trinta de anos de intervalo
teria desenvolvido o
- no que diz respeito à BBC - e, por
roteiro. O que pude
consequência, gera também um elevado
concluir é que as
grau de curiosidade pelo resultado final.
opiniões dividem-se e não
Portanto, a fasquia era alta.
são de maneira nenhuma
consensuais. Há os que não
Grande expectativa - esta é a expressão gostaram, os que gostaram, os que não
correcta para traduzir o que milhares de fãs gostaram mas apreciaram certos pontos, os
de Jane Austen sentiram enquanto a mini- que gostaram mas desgostaram de muita
série não estreava. Eu tive a curiosidade de coisa. Enfim, uma amálgama de opiniões.
fazer uma breve pesquisa de artigos da
época anterior à estreia e nos dias seguintes.
14. SENSIBILIDADE E BOM SENSO 2008
“PÁLIDO” |CÁTIA PEREIRA
Aquele local ressaltaria também todo o distanciamento da vida social
O
tratamento exteriores como
cénico, as os interiores são
locações, o amiúde sombrios;
design, a e, algumas vezes,
fotografia e o até cinzentos.
guarda-
roupa resultou do
trabalho de três
pessoas: James Aqui a imagem
Merrifield, Paul revela e
Ghirardani e Michele potencializa
Clapton. Toda a sentimentos e
coordenação da sensações; na
imagem leva a medida em que a
predominância de cores neutras, pálidas e sua combinação substancializa o que o
cinzentas, o que faz com que toda a personagem visado está a pensar, a sentir ou
fotografia de Sensibilidade e Bom Senso 2008 a exteriorizar. Pode-se dizer que o tom quase
traduza os sentimentos de melancolia, pálido imprime
recolhimento e realismo ao
alguma tristeza. ambiente de luto
Sobretudo, das Dashwood.
melancolia.
Acho que o
contraste é ainda
mais acentuado
Inicialmente sente-se quando as
alguma estranheza. Dashwood
Esperamos ver chegam a Barton
campos verdejantes Cottage. Que
e dias de sol sensação tão
convidativos a desoladora senti,
passeios e pic-nics. devo confessar,
14
Contrariamente, quando vi a cena
tanto os cenários da família a
Página
15. chegar no seu novo local de morada. Achei interessante, na entrevista
Acompanhei o olhar de total desilusão de anteriormente publicada aqui, a produtora,
Mrs. Dashwood a olhar para cada recanto Anne Pivcevic, dizer que esta opção de
da húmida, vazia e descolorida casa. colocar Barton Cottage numa zona tão
Entendi-lhe o olhar: “então, ser viúva é isto? diferente da concebida por Jane Austen,
então, ser pobre é isto? então, não ser mais teve como fundamento reforçar a ideia do
senhora de Norland é isto? então, ser alvo de corte ocorrido na vida anterior das mulheres
caridade alheia é isto? Que fiz eu para viver Dashwood. Para além da perda, da descida
nestas condições? que fiz eu, de tão errado, económico-social, aquele local ressaltaria
para ver as minhas filhas descerem de nível também todo o distanciamento da vida
social desta maneira? que fiz eu…?”. social.
Por outro lado, não se pode negar que o Não posso dizer que assistir a esta mini-série
local atribuído à Barton Cottage é idílico e seja como admirar uma pintura. Mas, a meu
belíssimo. É impossível ser-lhe indiferente. O ver, há sequências de profunda beleza em
cenário quase épico reforça a ideia de Sensibilidade e Bom Senso 2008, que
melancolia, recolhimento, tristeza, luto e enchem os olhos e traduzem uma série de
alguma solidão. mensagens.
15
Página
16. Querida Jane Austen,
Como sempre, aqui estou eu para lhe sobre o livro (pelo menos para quem
enviar os meus pensamentos sobre as conhece a história): o orgulho e o
suas obras nestas singelas cartas. preconceito de cada uma das
Singelas, sim, que o meu talento para a personagens (tal como muitos outros
escrita não se compara ao seu. defeitos que nem vale a pena
enumerar...), bem patente ao longo da
Mas se é verdade que desejava história, é o mote de todo o livro. Sem
imenso voltar a escrever-lhe uma carta, estes nossos "amigos" ali, atrevo-me a
também é verdade que me tenho dizer que a curiosidade do leitor não
deparado com diversos problemas: o seria estimulada.
primeiro, e talvez o mais urgente de
todos, é a época de exames que se Afinal de contas, porquê "orgulho"?
inicia e que exige imenso estudo, Porquê "preconceito"? E quando damos
concentração mas, acima de tudo, por nós, estamos a tentar decifrar todas
calma (que eu não costumo ter!); o as palavras da sua obra.
segundo, é o tema da carta.
Sabe, Jane, é que ainda que um
dos meus objectivos seja ler tudo o que Mas há mais: O Parque de
escreveu, ainda só li Orgulho e Mansfield. Novamente, este título
Preconceito e O Parque de Mansfield. reporta-se ao mote da história - ou pelo
Como poderei, então, escrever-lhe algo menos à zona principal onde ela se
que vá de encontro ao livro do mês, desenrola. Com efeito, o parque de
Sensibilidade e Bom Senso? Mansfield é o background para todos os
Devo confessar que andei, durante momentos de aflição da nossa querida
muito tempo, às voltas, tentando arranjar Fanny (de quem eu lhe falei na última
algo que encaixasse. Lembrei-me, carta, como certamente se lembra),
inclusive, que vi a mini-série britânica de para os despautérios da nossa querida
1981 mas (ironia do destino), não me (ahem!) Mary Crawford, para a aparente
recordo bem da sua história. redenção de Mr. Crawford e para tantas
outras coisas.
Até que, no meio disto, tudo me Ainda que a referência ao parque
apercebi de algo: títulos. não dê, imediatamente, uma ideia do
tema principal envolvido (ao contrário
do que ocorre, por exemplo, em Orgulho
"Títulos? Como assim, títulos?", e Preconceito), a verdade é que
16
pergunta a Jane. Bem, passo a explicar: conseguimos, automaticamente, formar
Orgulho e Preconceito. Este título diz tudo uma imagem de um parque e várias
Página
17. histórias com as suas personagens (que, história e, para os menos astutos (como
na maior parte das vezes, não eu), que surpreendem quando se
combinam com a verdadeira história). termina o livro.
E os títulos são essenciais por isso
E, com isto, chego ao meu ponto mesmo. Mas quem refere estas obras,
principal: Sensibilidade e Bom Senso. Ora, refere outras: Emma, Northanger Abbey,
tendo em conta que me lembro de Persuasion, Lady Susan,...
muito pouco da história, tendo a juntar
fragmentos da mini-série com o próprio Cada uma das suas obras tem
título. Assim, tudo me leva a crer que títulos que correspondem à história, que
estamos perante personagens que são a resumem e que a caracterizam.
ou demasiado sensíveis (acabando por Haverá alguém melhor do que a Jane
sair magoadas devido à sua facilidade para ensinar a alguns destes novos
em se apaixonar ou ficarem ofendidas) autores a importância de um título bem
ou cujo bom senso lhes falta em alta feito? Provavelmente, não.
medida.
E, com isto, devo deixá-la, minha
Estarei certa? Talvez não, afinal, cara Jane: não serve de nada continuar
não me recordo da história. Mas é a debater a importância dos seus títulos.
precisamente a isto que quero chegar, e A verdade é que todos aqueles que
não propriamente ao título da obra: lerem a carta se irão lembrar da primeira
títulos bem escolhidos e sonantes fazem- vez que olharam para um dos seus livros
nos pensar sobre eles. e imaginaram uma história, muito
provavelmente, completamente
Porque razão se chama diferente à verdadeira, e irão rir-se.
Sensibilidade e Bom Senso? Será que há
alguém com demasiado bom senso e E não há nada melhor do que
outra pessoa com pouca sensibilidade? rirmos com as nossas próprias memórias e
Será o contrário? Será que não tem nada termos a possibilidade de voltarmos a
que ver com isto? mergulhar nas histórias que amamos.
Verdade seja dita, a Jane é mestra Até à próxima carta,
na arte de dar títulos dignos às suas
obras, títulos que aguçam a curiosidade
e a imaginação, títulos que contam,
para os mais astutos, um pouco da
17
Página
18. QUANDO LI S&S|CLARA FERREIRA
Acredita-se que estas duas irmãs foram criadas a partir de Jane Austen e
da sua irmã Cassandra
"A ranked as
nd among
the
and
Elinor
merits
Marianne, let it not be
the
the
happiness of
and
least
considerable, that, though
sisters, and living almost
within sight of each other,
they could live without
disagreement between
themselves, or producing
coolness between their
husbands"
Publicado em 1811, foi o
primeiro romance de Jane
Austen a ser publicado, sob
o pseudónimo de " A Lady".
Jane Austen escreveu o
primeiro rascunho desta personagem preferida de tão fortemente como se
obra em 1795, quando sempre - Elinor Dashwood. ama a primeira vez.
tinha cerca de 19 anos.
Primeiramente chamado À semelhança de A história possui duas
"Elinor and Marianne" e "Persuasion" este livro é personagens principais:
depois, definitivamente totalmente absorvente, são Elinor e Marianne
"Sense and Sensibility". tantas as desgraças que Dashwood (duas irmãs). O
acontecem à família contraste entre ambas é
Não é o meu livro preferido Dashwood que vivemos a enorme. Elinor revela um
de Jane Austen, mas é história como se fôssemos enorme bom senso e
aquele que contém lá uma das irmãs. O livro, fala- Marianne representa a
dentro a minha nos da possibilidade de emoção do seu maior
18
amar uma segunda vez, esplendor. Acredita-se que
Página
estas duas irmãs foram
19. criadas a partir de Jane do que sente se reflecte amor... o que não deixa de
Austen e da sua irmã (exageradamente) para ser irónico, dado que era
Cassandra. fora, embora sinta tudo e ela a "eterna romântica".
de uma forma muito
Tudo começa quando o profunda, acaba por se Deixo aqui um trecho do
pai de Elinor, Marianne e apaixonar por Edward último capítulo que explica
Margarett morre. Toda a Ferrars, irmão da sua a situação de Marianne,
sua fortuna passa para as cunhada. Uma relação em tudo diferente dos finais
mãos do filho do primeiro manifestamente impossível a que Jane Austen nos
casamento (meio irmão de perante os olhos da família habituou, pois o de
Elinor, Marianne e de Edward. Marianne, aproxima-se mais
Margarett). As irmãs e a sua da realidade da vida e não
mãe ficam com uma Marianne, apaixona-se por da felicidade eterna.
pequena renda anual. O Willoughby... e também nós
irmão e a sua mulher (leitores), a relação deles é "Marianne Dashwood was
acabam por vir residir para claramente aquele "amor born to an extraordinary
Norland - a morada do pai, perfeito" em que fate. She was born to
madrasta e meias-irmãs. acreditamos fielmente. No discover the falsehood of
entanto, esta personagem her own opinions, and to
Mrs. Dashwood começa a acaba por nos counteract, by her
procurar uma casa para decepcionar a todos, conduct, her most favourite
poder ir viver com as suas porque, afinal de contas, maxims. She was born to
filhas, um primo oferece-lhe não era tão perfeito assim. overcome an affection
uma pequena casa de formed so late in life as at
campo em Barton e aí se Há um capítulo, já no fim, seventeen, and with no
acabam por estabelecer. em que Willoughby tem sentiment superior to strong
uma conversa com Elinor, esteem and lively friendship,
Elinor, razoável, sensata, onde se justifica ou explica voluntarily to give her hand
prudente e com um as suas acções... e até eu, to another! (...)
enorme bom senso é o que lhe fiquei com um
oposto da sua irmã, que enorme "pó" depois do que But so it was. Instead of
vive tudo com a emoção à ele fez à Marianne, falling a sacrifice to an
flor da pele, que não consegui desculpá-lo, de irresistible passion, (...) she
suporta ficar calada certa forma. found herself at nineteen
quando julga que algo está submitting to new
mal, que pouco que lhe O fim do livro é ao mesmo attachments, entering on
importa o que os outros tempo fantástico e ao new duties, placed in a
pensam das suas acções - mesmo tempo de um certo new home, a wife, the
Marianne é a eterna desapontamento... fiquei mistress of a family, and the
romântica que apenas muito feliz com Elinor pois patroness of a village.
acredita no único amor e acabou por se casar com
que ninguém consegue Edward (o "amor da sua (...) and that Marianne
amar novamente depois vida"), mas o destino de found her own happiness in
de ter encontrado o "amor Marianne é, embora feliz, forming his, was equally the
da sua vida". um destino alternativo, pois persuasion and delight of
ela não acaba com o each observing friend.
"amor da sua vida", eu senti Marianne could never love
que, ao casar-se com o by halves; and her whole
Muito acontece Colonel Brandon, casou-se heart became, in time, as
entretanto... Elinor, que primeiramente pela grande much devoted to her
pode por vezes parecer amizade que tinham e que, husband as it had once
indiferente e fria, pois nada acabou por se tornar em been to Willoughby."
19
Página
20. SENSE AND SENSIBILITY EM PORTUGAL 200 ANOS
DEPOIS – LEITURA COMPARADA |CÁTIA PEREIRA
Ler escritores clássicos é, muitas vezes, visto como algo pouco atractivo e
antiquado. Acredito que a genialidade ultrapassa a barreira do tempo
Traduções:
“Sensibilidade e Bom Senso” (Maria Luísa Ferreira da Costa) e “Razão e Sentimento” (Ivo Barroso)
I
ntrodução. Após a surpresa e a alegria semelhantes aos da nossa
iniciais provenientes do convite da contemporaneidade.
Raquel Sallaberry do Jane Austen em
Português para este desafio, veio a Gosto deste desafio que, por vezes,
fase de planeamento e a designo como um desafio lusófono.
concretização de algumas etapas do
programa delineado. Sobre a tarefa Leitura Comparada. Esta primeira etapa da
específica da Leitura Comparada Leitura Comparada entre “Sensibilidade e
confesso que senti algum pânico: o Bom Senso” (tradução de Maria Luísa Ferreira
que posso eu dizer sobre isto? Como da Costa) e “Razão e Sentimento” (tradução
posso fazer uma apreciação sobre o de Ivo Barroso) foi feita do Capítulo 1 ao 22.
resultado do trabalho de um Não foi um percurso de um fôlego só. Tem
especialista? Eu não sou tradutora. sido uma gradual construção e um exercício
Estou bem longe deste ofício. de compreensão. É interessante confirmar
que a língua portuguesa é multifacetada e
Não tenho a pretensão de fazer um que a sua expressão nos dois países (Portugal
estudo aprofundado e/ou e Brasil) assume particularidades assinaláveis.
académico. Assumi a certeza de que
a minha leitura terá de ser a de Optei por não demonstrar capítulo a
alguém que ama três coisas: a língua capítulo as diferenças porque seria
portuguesa, a literatura e Jane Austen. demasiadamente longo. O que faço é
O meu olhar será do ponto de vista do destacar algumas passagens que convidam
leitor. Uma irremediável leitora. à reflexão.
Ler Jane Austen, nos nossos dias, pode
parecer um tanto deslocado. Ler
escritores clássicos é, muitas vezes, Uma mesma língua: significantes diferentes,
visto como algo pouco atractivo e significados iguais. Falamos a mesma língua
antiquado. Acredito que a mas a forma de expressão difere. A escolha
genialidade ultrapassa a barreira do e o uso das palavras para traduzirem
tempo. Se lapidarmos as determinado significado, pelos tradutores,
circunstâncias e o contexto histórico são um exemplo desta diferença. Há
20
entendemos que os sentimentos e as expressões que são típicas e que, não sendo
atitudes relatados são extremamente
Página
21. literais ao original, traduzem a ideia que o
texto quer transmitir.
Opções e dúvidas. Deparo-me com algumas
Coloco alguns exemplos deste tipo de frases em ambas traduções que levantam-
situação: me dúvidas quanto ao resultado.
“uma articulação imperfeita das palavras,
um desejo voluntarioso de fazer o que “Lembra-te, minha querida, de que ainda
queria, muitas partidas* engraçadas e muito não tens dezassete anos.” (Sensibilidade e
barulho” (Sensibilidade e Bom Senso, Bom Senso, Capítulo 3, pg. 16)
Capítulo 1, pg. 6)
"Lembre-se, minha querida, de que você
“uma articulação imperfeita, um persistente ainda não tem dezesseis anos.” (Razão e
desejo de afirmar a sua vontade, muitas Sentimento, Capítulo 3 , pg. 16)
artimanhas astuciosas e uma barulheira
infernal” (Razão e Sentimento, Capítulo 1, pg. Questiono-me o porquê da tradução
6) brasileira atribuir à Marianne uma idade
diferente do original. Será que “you are not
*Dizer “pregar uma partida” em Portugal será seventeen” possa implicar que Marianne não
o equivalente a “pregar uma peça” no Brasil; tenha especificamente 16 anos e que possa
ou seja, o sentido é o de uma brincadeira ter menos idade? Deirdre La Faye escreve
inesperada. que “they made their debut into society in
their late teens” (La Faye, Deirdre; “Jane
Austen – The world of her novels”, pg. 113) o
que poderia significar que uma jovem
debutaria entre os 17 e os 18 anos. Então
faria sentido pensar que com esta fala, Jane
Austen através de Mrs. Dashwood não está a
indicar a idade exacta de Marianne.
“A sua casa ficará portanto quase
completamente recheada* logo que tomar
posse dela”. (Sensibilidade e Bom Senso,
Capítulo 2 , pg.12)
“Ela estará com a casa quase
completamente montada quando se
mudarem daqui.” (Razão e Sentimento, “Margaret, como acompanhante de
Capítulo 2, pg.12) Marianne, com maior elegância que
precisão, acalmou Willoughby, que viera
* A expressão “casa recheada” ou “com cedo, na manhã seguinte à casa para saber
recheio” é quando ela está devidamente pessoalmente como ela
mobilada. Não é incomum aqui utilizar-se o passava.”(Sensibilidade e Bom Senso,
termo “montada”, mas é mais usual dizer-se Capítulo 9, pg. 36)
21
“recheada”.
Página
22. “O guardião de Marianne, título que descodificação de uma mensagem. Ele está
Margaret, com mais elegância que precisão, diante de uma obra, que pertence a um
atribuíra a Willoughby, apareceu na manhã tempo histórico, a uma cultura, a um tipo de
seguinte bem cedo à porta do chalé para mentalidade e a uma língua específica. Para
saber pessoalmente do estado dela.” (Razão além disso, ainda temos que considerar que
e Sentimento, Capítulo 9, pg. 35) há o escritor e a sua intencionalidade. E,
ainda temos de considerar também, que o
Este foi o parágrafo que, ao longo destes 22 tradutor tem o seu ponto de vista de leitor e
capítulos, levantou-me mais dúvidas. Não que tem de abstrair-se disto. Ou não?
vos parece que o início da frase, em ambas
as traduções, transmita um significado Interrogo-me, muitas vezes, se a dualidade
totalmente diferente entre si? Quando “tradutor/leitor” entram em conflito na
compara ambas com o original, as minhas actividade de tradução. Há a intenção do
dúvidas aumentam. autor da obra que, excepto ele a deixe por
escrito, nunca a alcançamos totalmente. Há
a interpretação da obra por parte do leitor.
Isto será um terreno minado para quem tem
Em traços gerais, através destes breves a tarefa de traduzir uma obra?
exemplos pretendi destacar diferenças de
expressão e as dúvidas que algumas Parto da ideia de que para efectuar
passagens criaram em mim. Contudo, a qualquer tradução estarão inerentes
aventura ainda está no início. Ainda há um determinados processos que levam ao rigor
longa caminho a percorrer nesta trilha do e a objectividade para obter um resultado
desafio do Bicentenário S&S e da Leitura final fiel ao original. Num texto técnico, o
Comparada entre "Sensibilidade e Bom rigor e a objectividade parecem-me ser
Senso" e "Razão e Sentimento". Guardo a metas indispensáveis senão fundamentais.
certeza de que as páginas ainda reservam Num texto e obra de cariz literário, para além
muitos aspectos sobre os quais repousar os disto, há toda uma série de
olhos, alargar a visão e surpreender-me com condicionalismos. Alguns condicionalismos
alegria pelas novas descobertas. Aproprio- foram referidos acima: tempo histórico,
me, com civilidade, de uma frase das cartas cultura, língua, mentalidade; mas ainda há
de Jane Austen para afirmar... outros, dentre eles: o estilo de escrita do
autor da obra, a coordenação entre a
..."No, indeed, I am never too busy to think of subjectividade do autor e do tradutor, e a
S. and S.." interpretação da intencionalidade do autor
pelo tradutor. Será que podemos conceber
que exista este espaço de interpretação?
Isto é, a semelhança de um jornalista, há a
necessidade de imparcialidade como
condição ética essencial para o exercício
Não sou tradutora e estou bem longe disto. da sua actividade; ou, pelo contrário, a
Contudo, a dada altura e durante a leitura parcialidade é benéfica?
comparada, comecei a reflectir sobre a
posição do tradutor. Neste desafio não Estas interrogações e afirmações têm uma
estamos a focar o olhar unicamente sobre natureza intuitiva. Foram ilações que me
Jane Austen, mas sobretudo sobre as opções atravessavam a mente durante o exercício
tomadas por cada tradutor. de leitura de ambas as traduções. Não
quero ter a pretensão de lançar pressupostos
Dei por mim a pensar na dinâmica deste sobre a técnica de tradução ou sobre o
trabalho e surgiu-me este pensamento: trabalho do tradutor e acredito que estas
haverá condição mais solitária do que o questões poderão parecer “romantização”
tradutor no exercício do seu ofício? Não sei da profissão. A minha partilha destina-se,
se a minha interrogação será abusiva mas apenas, a ser matéria de reflexão de uma
actividade que parece ficar um pouco à
22
comecei a visualizar mentalmente o tradutor
neste diálogo silencioso de leitura e de sombra do anonimato.
Página
23. CONTRA TODAS AS TORMENTAS |CLARA FERREIRA
Elinor tem igual porção de Sensibilidade quanto de Bom Senso
E
linor Dashwood, effectual, possessed a she knew how to govern
geralmente associada strength of understanding, them: it was a knowledge
ao lado de "Bom Senso" and coolness of judgment, which her mother had yet
do título da obra, é a which qualified her, though to learn, and which one of
irmã mais velha de only nineteen, to be the her sisters had resolved
Sensibilidade e Bom counsellor of her mother, never to be taught."
Senso. Com apenas 19 and enabled her frequently
anos, Elinor é detentora de to counteract, to the Ao longo da história
uma personalidade advantage of them all, that habituamo-nos à aparente
terrivelmente sensata, eagerness of mind in Mrs. crueza com que lida com
realista e razoável. Por tudo Dashwood which must tudo. Personagem com pés
isso, sinto uma forte generally have led to mais assentes na terra, creio
empatia e admiração pelo imprudence. She had an que não existe, pelo menos
seu carácter. excellent heart; her no universo de Jane Austen.
disposition was Elinor julga correctamente
"Elinor, this eldest daughter affectionate, and her as acções e atitudes das
whose advice was so feelings were strong: but restantes personagens,
24. possui uma não faz nada
maturidade disso, ela faz
tremenda e pior... guarda
uma tudo dentro
consciência de si na
abismal. expectativa
Menospreza- de que o
se tempo tudo
demasiado. cure, mas
Considera ilude o
que os seus próprio
sentimentos coração
apenas (que julga ser
servem para mais forte do
afligir os que é na
outros e por realidade) e
isso, cala-os esquece-se
e envolve-os numa redoma Marianne, dou um passo que se a dor não for falada
de vidro colocando sobre si ainda mais em falso e digo e partilhada consome
uma máscara de bem-estar que Elinor tem igual porção cada pedaço da alma. E o
ou de "tudo vai correr de Sensibilidade quanto de choro desalmado com que
bem". Nada parece deitá- Bom Senso. Ninguém sofre recebe a notícia do não
la abaixo, nada faz com mais ao longo da história casamento de Edward
que fraqueje, Elinor do que ela, ninguém Ferrars é precisamente a
permanece firme contra suporta mais tristeza. Tal consequência de toda essa
todas as tormentas e é como diz, ela ama com reserva, Elinor rebenta, mas
nela, que todos os outros se todas as desvantagens que ainda bem que é de alívio
abrigam, qual porto seguro. isso traz sem nunca ter de alegria... !
Elinor é sinónimo de conhecido os benefícios -
segurança, sobre ela mais palavra menos
parece que nada perfura, palavra, esta é a ideia. De
tudo se desintegra antes de facto, ela não chora feita Elinor parece-me, apesar
poder atingi-la. No entanto, desalmada como da família adorável que
sabemos, que não é bem Marianne, ela não caí tem e que a ama muito,
assim... numa apatia doentia como uma personagem
Marianne, ela não grita aos incrivelmente solitária,
Elinor, arrisco afirmar, sente sete mundos a sua dor demasiado...
muito mais que a irmã como Marianne... não, ela
24
Página
25. ESTOICAMENTE ELINOR |CLARA FERREIRA
A sua conduta é regular e constante e é isso que a torna tão sublime aos
meus olhos
E
linor Dashwood alguma
possui uma importância ainda
enorme que falsa e
descartável. A
importância de
Elinor está, em
condescendência contraponto, no
e paciência. Ela seu carácter forte,
atura e suporta inabalável,
com a maior das determinado, na
naturalidades qualquer carácter. Não possui sua humildade e na sua bondade.
a impertinência de Emma ou a ousadia de
uma Lizzie ou mesmo o atrevimento da Elinor não é totalmente indiferente aos
própria irmã, Marianne... Não, em sociedade comentários malévolos da futura sogra e
Elinor trata todos de forma plácida, cunhada, sabemos que a magoam, mas ela
suportando os comentários mais atrozes e sabe como ultrapassá-los, dar a volta por
injustos e nunca se subjugando, mantendo cima e por isso as trata com uma indiferença
sempre uma "irritante" dignidade que deixa superior e educada que me fazem regozijar
cair por terra toda e qualquer observação enquanto leio certas passagens. Elinor é,
menos própria vinda de uma Mrs. Jennings tanto em carácter como em inteligência,
ou um comentário a roçar o insulto vindo de superior a qualquer uma delas e por isso é
Mrs. Ferrars ou de Fanny Dashwood. ela quem se ri no fim. Nela não há
contradições, a sua conduta é regular e
Ao contrário de muitas das outras heroínas constante e é isso que a torna tão sublime
de Austen, Elinor sabe agir em sociedade aos meus olhos, tomando conta do lugar
sem provocar tumultos, sem gerar atritos; a cimeiro nas minhas preferências em relação
Elinor é impossível apontar uma falha, todas às heroínas de Jane Austen. Elinor é fiel a si
as intrigas que se geram em torno dela são própria, não age com subterfúgios, não se
provocadas pela simples e odiosa inveja, serve do cinismo para conquistar amizades,
não há um defeito nela aos olhos dos outros ela age em sociedade com naturalidade,
e por isso, servem-se da sua falta de dinheiro sem impulsos, porque sabe avaliar, à partida,
para a diminuir porque só por aí conseguem os bons e os menos bons caracteres,
justificação - claro exemplo disso são Mrs. respondendo a todos à altura das
Ferrars e Fanny Dashwood que coitadas, a circunstâncias. É de certa forma a sua
única coisa que têm em seu abono é, de estoicidade (aparente) que me cativa e é
facto, a fortuna, tudo o resto é mau e sem pela profundidade dos seus sentimentos que
valor, daí que se agarrem tanto à sua eu me apaixono.
25
fortuna, a única coisa que lhes pode trazer
Página
26. MARIANNE DASHWOOD |VERA SANTOS
Ela é também das poucas personagens que não disfarça aquilo que
sente
H
á quem não hesite apaixonasse,
em apelidar conhecem-se de
Marianne de tola uma forma muito
romântica, mas romântica,
quem aos dezassete haverá algo mais
anos, nunca o foi romântico que
que atire a primeira pedra. um homem que
Dizia, o Camilo Castelo surge do meio de
Branco que o primeiro nevoeiro e salva a
amor sentido por uma donzela em
mulher é ainda uma perigo?? Depois,
manifestação do amor às os seus modos,
bonecas, contudo ele maneira de ser e
acredita que Teresa, a sua gostos comuns
heroína em Amor de aos dela,
Perdição, amou Simão acabam por
com mais seriedade e vencer qualquer
sinceridade do que outras resistência caso
da mesma idade o teriam ela ainda existisse.
feito.
Infelizmente, Willoughby engana Marianne e
Eu também eu acredito que o amor de todos os leitores quando mais tarde revela
Marianne por Willoughby está longe de ser ser o bom sacana que é.
uma manifestação do amor às bonecas,
mas sim uma verdadeira afeição. Olhando a Mas se Marianne tem uma natureza
estória dos romântica,
dois de uma ela é
forma também
impessoal, é das poucas
quase
impossível
que ela não
se
27. momento
romântico
que ela
própria
gostaria de
ter, morrer
por amor,
porque
aquela
morte seria
vista por ela
como isso.
Mas não é
um balde
de água
fria, pelo
menos para
mim, que
ela se
personagens que não disfarça aquilo que recupere. Jane Austen já demonstrou por
sente, seja o amor por Willoughby, seja a diversas vezes que acredita em novas
indiferença pelo Coronel Brandon e é aqui oportunidades e Marianne ao viver percebe
que a personagem se torna digna de ser como as suas ideias eram erradas e depois
amada, por ser absolutamente sincera, outro como diz o Mr. Bennet, toda a rapariga
tanto não se pode dizer de outras precisa de um desgosto amoroso, o homem
personagens e corajosa, muito corajosa, na sua sabedoria, faz-nos ver que são esses
acho que ninguém se atreveria a dizer a Mrs. dissabores, o bater com a cabeça na
Ferrars aquilo que ela disse. parede que nos fazem crescer.
Marianne cresce ao longo do livro e no fim já Há quem questione o amor pelo Brandon,
não será tão romântica e terá percebido afinal ela não era TÃO apaixonada por
que afinal pode-se amar mais que uma vez, Willoughby? Pessoalmente acredito que ela
entre outras lições igualmente importantes. ame o Coronel e que o seu amor seja
sincero, afinal já não tenho dezassete anos,
A primeira vez que vi a adaptação de já não sou uma tola romântica e já descobri
1995 pensei que Marianne não iria resistir e que se pode voltar amar, basta darmos uma
acabaria por morrer, esse seria o grande oportunidade ao amor....
27
Página
28. A TERCEIRA DASHWOOD |CLARA FERREIRA
Margaret na sua simplicidade e "criancice" concede-nos momentos
especiais ao longo da história
M
em Margaret.
Não era um
adulto mas
sim uma
"criança" que
podia
argaret, the transmitir
other sister, was alguma
a good- "sinceridade"
humored, well- nas suas
disposed girl; but observações
as she had ao que se
already imbibed passava à
a good deal of sua volta. "
Marianne's De facto, é a
romance, without having much of her sense, sinceridade das suas observações que
she did not, at thirteen, bid fair to equal her levantam o véu de muito daquilo que as
sisters at a more advanced period of life." irmãs pensam mas não dizem!
Margaret é a irmã mais nova,
uma figura engraçada e muito
bem conseguida nas
adaptações de 1995 e 2008. A
minha colega Marina aqui no
blogue deixou, o que passo a
citar de seguida, um
comentário acertadíssimo:
"Margaret, a meu ver, existe na
história para a tornar mais
jovial. A seriedade e sensatez
de Elinor e o carácter
apaixonado e impulsivo de
Marianne (e até de sua mãe)
tinha que ter um "ponto de
equilíbrio". E esse ponto de
28
equilíbrio foi muito bem
"encontrado" por Jane Austen
Página
29. Margaret é
também uma
espécie de
âncora para Mrs.
Dashwood, é
Margaret que
está junto dela
quando as outras
filhas não estão,
mantendo o seu
papel maternal
activo,
afastando-se
assim da viuvez
representada por
Mrs. Jennings.
Mrs. Dashwood
ainda tem um
Embora a descrição feita no início da obra papel crucial a cumprir - o de educar tão
acerca de Margaret a diminua em relação bem ou melhor Margaret como fez com as
às irmãs, é de notar que, também ela sofre outras duas filhas.
uma mudança ao longo da história. Jane
Austen escreve que, enquanto as irmãs
estiveram em Londres com Mrs. Jennings,
Margaret foi alvo de um processo educativo É uma personagem aparentemente
intensivo por parte da sua mãe, descartável, tanto assim é que a adaptação
conhecimento que adquire e que mostra de 1981 decidiu suprimi-la, no entanto,
depois quando as irmãs regressam a Barton Margaret na sua simplicidade e "criancice"
em vários diálogos. concede-nos momentos especiais ao longo
da história. Quero também ressalvar a
interpretação de Lucy Boynton em 2008 que
nos deu uma Margaret inoportuna e doce.
29
Página
30. EDWARD FERRARS |LILIANA ISABEL
Apesar de ser um homem passivo, é um homem apaixonado
P
rimeiro de noivado seja uma
tudo o forma de escape e
Edward é revolta contra as
uma regras ditadas pela
personagem sua família, no que
que eu gosto diz respeito ao seu
bastante, apesar futuro pessoal e
da minha monetário.
dualidade de
sentimentos Apesar de amar
como já vão Elinor, Edward
reparar pela mantém a sua
minha análise. promessa de
No que toca a adaptações eu acho que o casamento com Lucy, o que reflecte um
Hugh Grant foi mesmo perfeito como homem íntegro e com valores que pensa nos
Edward Ferrars. Apesar outros em detrimento dos
de gostar de Edward seus sentimentos. No final
porque no fundo ele talvez se terá apercebido
consegui fazer frente a de que ao "abafar" os seus
todos por amor, não sentimentos por Elinor, está
deixa de ser, na minha também a ferir os
opinião um homem um sentimentos da mulher que
pouco fraco, apenas ama. No entanto, mesmo no
decidido em fazer a momento em que
sua mãe feliz e seguir o finalmente fala dos seus
plano que ela tem sentimentos a Elinor, eles são
traçado para ele. Ao escassos e deixam Elinor um
mesmo tempo que se pouco confusa à espera de
apresenta "obediente" um pedido, que não vem
à sua mãe e irmã, logo... No fundo apesar de
comete uma ser um homem passivo, é um
"ilegalidade" e nas homem apaixonado,
costas destas fica noivo sensível e com bons
de Lucy, mesmo princípios morais e como tal,
sabendo que a sua merece todo o meu
família está respeito.
30
inteiramente contra
Página
esse cenário. Talvez o
31. JOHN WILLOUGHBY |LILIANA ISABEL
Nem tudo o que reluz é ouro...
Q
uando língua" com
pensamos quem ele
em John passou bons
Willoughby momentos de
pensamos diversão, e
logo no nada mais...
ditado português
"quando a esmola é Infelizmente
demais o santo Marianne não
desconfia". teve o
discernimento
Não passa de um lobo No entanto eu não suficiente para avaliar
mascarado de cordeiro acredito que ele não sinta correctamente Willoughby,
com toda a sua educação, remorsos do que fez. Ele é mas se pensarmos bem não
cordialidade e simpatia. Ele daquelas pessoas que se é fácil acreditar que um
fez com que não só deixa envolver pelo que ela rapaz com tantas
Marianne como toda a própria faz e diz e depois é qualidades que se vão
família Dashwood se tarde demais. Também revelar de tão má
rendesse ao seu charme. podemos consideram John qualidade...
Promete mundos e fundos a Willoughby como um
Marianne (não Playboy da era Regency e Detesto homens como
"descaradamente" mas nada mais que isso. Willoughby e penso que a
implicitamente) e isso é o Marianne é bonita, Jane talvez tenha escrito
suficiente para apaixonar determinada e inteligente. esta personagem a pensar
Marianne que sonha com o Trata-se de uma rapariga nas muitas donzelas
seu futuro ao lado do divertida e sem "papas na sonhadoras que sonham
príncipe com o príncipe
encantado. E encantado que
depois, desaparece mais tarde se
e não dá tornará num lobo
satisfações, como mau. Podemos
se nem sequer mesmo dizer que
tivesse feito parte com John
da vida de Willoughby nem
Marianne e do resto tudo o que reluz é
das Dashwood. ouro...