SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 4
Downloaden Sie, um offline zu lesen
L




'.'
12   I O GLOBO                                              I ela I



II1OiM;.·';!;t;"'iLaurence Olivier. na       lijll.i~ni;im. amisa molhada
                                                          c
produção de 1940. e Matthew McFayden. um     para viver o personagem em
galã de estatura (1,91m). em filme de 2005   série da BBC. de 1995
N




         o
         RENATA lZAAL
         renata.izaal@oglobo.com.br
                                             muito, mas muito vulgar.
                                               - Apesar de serpreconceituoso no
                                             início do romance, Darcy sempre foi
              uando Rita Hayworth surgiu muito educado. Mesmo não sendo
             nas telas de cinema; em 1946, bonito, ele se tornou um galã pelos
             vestindo um tomara que caia modos e pelo recato. Mr. Darcy era
             preto e cantando "Put the bla- um gentleman, e isso é raro hoje. Tal-
             me on Mame" enquanto sen- vez exista alguém parecido com ele,
• sua mente tirava as luvas, o mundo mas eu não conheço - diz o editor
    aprendeu que "nunca houve uma mu- Marcos Maynart, que já trouxe ao
    lher como Gilda':Colin Firth não precí- Brasil um galã quase à moda antiga, o      d
    sou cantar na adaptação de "Orgulho e cantor Julio Iglesias.                       b
    preconceito'; feita pela BBC em 1995.      O livro de Jane Austen foi bem rece-    p
    Um mergulho no lago e a camisa bran- bido de imediato na Inglaterra. No            f
    ca molhada foram suficientes para en- mesmo ano da publicação, ganhou              "(

    tendermos que, bem, nunca houve um versão para o francês, começando en-            F
    homem como Mr. Darcy. Ao contrário tão uma trajetória internacional que            p
    de Gilda, obrigada a disputar terreno resultou na venda, até hoje, de 20 mi-       o
• com outras estrelas deslumbrantes          lhões de cópias ao redor do mundo.        (
    (que tal "a garota" de Marilyn Monroe "Orgulho e preconceito" virou peça           n
    em "O pecado mora ao lado"?), Mr. de teatro, musical no West End lon-              1
   gDarcy segue arrasando corações, com drino, série de TV;filme de Hollywo-           TI
  '§;ua popularidade até aumentando. E od e ganhou até uma versão em
• ~lha que ele já tem 200 anos.              Bollywood ("Bride and prejudíce"          b
   '" Fitzwilliam Darcy nasceu herói do uma brincadeira com o título em in-            a
    romance "Orgulho e preconceito'; de glês "Pride and prejudice"). A célebre         11
     1813, o segundo publicado pela íngle- . adaptação da BBCfoi o ponto alto da       ti
    sa Iane Austen. Charmoso e muito ri- carreira de Mr. Darcy, que, além de           C
• co, ele é inicialmente rejeitado pela Colin Firth, já foi interpretado por           II
    mocinha Blízabeth Bennet, que o crê Laurence Olivier (1940) e Matthew              tI
    arrogante e esnobe. Isso até descobrir   McFayden (2005).
    que Mr. Darcy é generoso, corajoso e       O sucesso da série de TV fez a im-
• muito apaixonado. Perto dele, o safa- prensa britânica classificar o mornen-         E
    dinho Chrístían Grey, de "Cínquenta      to de "darcymanía" Colin Firth virou
    tons de cinza'; é um homem absoluta-     superstar, e Mr. Darcy virou referência
    mente desinteressante. Além de ser pop. Nos últimos 20 anos, uma série             e
•                                                                                      s
                                                                                       n
                                                                                       o


         -e/----                                                                       1
                                                                                       E
                                                                                       1
                                                                                       d
                                                                                       TI
          Editora: Ana Cristina Reis (ana.reis@oglobo.com.br)                          II
          Editora assistente: Renata Izaal (renata.izaal@oglobo.com.br)                p
          Coordenadora de moda: Melina Dalboni (melina.dalboni@oglobo.com.br)          a
          Diagramação: Leonardo Drummond e Maraca                                      li
          Telefone/Redação: 2534-5000 Publicidade:  2534-4310                          I
          E-Mail: publicidade@oglobo.com.br                                            p
         .Correspondência: RtlaIrineu Marinho5 - 2 andar.CEP:
                                              3              20233-900                 b
                                                                                       ·1
         ANA CRlSTINA REIS VOLTA A ESCREVER A CRÔNICA NO DIA 16                        a
'.:j:'   WA
                     ~
mmado
                                                       JaneAusten
                                                       Centre.
                                                       reproduz parte
                                                       dadeclaraeão .
                                                       de amor de
                                                       Mr.Darcv para
                                                       Elizabeth
                                                       Bennet




                                                       lij;M1~1;rj
                                                       criada também
                                                       pelo Jane
                                                       Austen Centre:
                                                       "Eusou
                                                       Mr.Darcy"

 de produtos fez crescer o valor do galã    sentir especial. Se no início do roman-    uma relação é construída verbalmen-
 bicentenário    como ícone da cultura      ce ele não quis dançar com Elizabeth       te, mas Darcy e Elizabeth se perce-
 pop. Uma dezena de livros duvidosos        porque a considerava "tolerável, mas       bem desde o primeiro encontro. Um
 foi editada ("O diário de Mr. Darcy" e     não bela o suficiente para me tentar';     não consegue tirar os olhos do outro.
 "Os 50 tons de Mr. Darcy" são alguns).     no decorrer da história Darcy admite       É uma troca de olhares muito seduto-
 Frases do personagem foram estam-          ter mudado de visão, pede desculpas e      ra, não é preciso dizer nada. Para
 padas em camisetas e louças - a mai-       tenta corrigir seus erros. Em segredo,     Freud, o estranho tem sempre algo de
 orla das peças à venda no Iane Austen      ele ajuda a família da heroína. E por      familiar. Apesar das diferenças inici-
.Centre, em Bath - em todos os conti-       fim deixa de lado os próprios precon-      ais, os dois percebem que têm algo
 nentes. Durante as Olimpíadas       de     ceitos e os da sociedade para ficar com    em comum, que mais tarde se revela.
 Londres, no ano passado, a onda de         ela. A antropóloga Mirian Goldenberg
 reinterpretações da famosa campanha        diz que ser considerada única vira a
 "Keep calm and carry on" usada pelos       cabeça de qualquer mulher.                 BONITO, RICO E HONRADO
 britânicos na Segunda Guerra Mundi-           - O Mr. Darcy faz de tudo para que
 al, viu nascer um "Keep calm and find      a Elizabeth acredite nele, mas sem se        Mr. Darcy. não resiste aos olhos e à
 Mr. Darcy" Pode acreditar, muita gente     exibir. As mulheres' que eu pesquiso       "vivacidade do espírito" de Elizabeth,
 trocaria o brilhantismo    político de     dizem que desejam essa generosida-         como ele mesmo afirma no final do
 Churchill por um refúgio em Pember-        de. Mesmo as bem-sucedidas          que-   romance. E ela não consegue evitar
 ley, a propriedade de Mr. Darcy no in-     rem um ato simbólico, uma demons-          amar o homem que tanto se esforçou
 terior da Inglaterra.                      tração do quanto são especiais para        para vê-Ia feliz. Marcella Virzi, desig-
                                            aquele homem. Elizabeth          não é a   ner da dupla Virzi--Del.uca, não con-
                                            mais bonita, nem a mais valorizada,        seguiu resistir ao personagem. É fã as-
ELAS QUEREM FIDELIDADE                      mas ele só tem olhos para ela. Um          sumída do Mr. Darcy.                       •
                                            homem que luta pela mulher amada             - Li o livro pela primeira vez aos 14
   No cinema, Mr. Darcy é inspiração        é especial - explica Mirian, frisando      anos e já o reli umas 15 vezes. Darcy
explícita. A comédia romântica "Men-        que hoje muitas mulheres se sentem         representa os ideais românticos. Ele é
sagem para você'; de Nora Ephron, ho-       invisíveis com tanta concorrência. -       bonito, elegante, muito rico e honra-o
menageia a obra de Iane Austen, com         O que as mulheres mais me dizem é          do. Mas Iane Austen escreve de forma
os personagens    de Meg Ryan e Tom         que querem fidelidade. É quase uma         a nos permitir acompanhar a transfor-
Hanks fazendo referências ao casal          prova de amor.                         .   mação das idealizações dos persona-
Elizabeth e Darcy. A escritora inglesa         Homens como o Darcy até existem,        gens em paixão real - diz a designer.
Helen Fielding admitiu ter se inspira-      mas são raros. Por isso, essa fantasia é     Não custa-lembrar que coube a Mr.
do em Mr. Darcy para criar o par            tão valorizada. Mas a fantasia começa      Darcy uma das mais famosas declara-
romântico de sua heroína no best -sel-      muito antes da prova de amor. O inte-      ções de amor da literatura inglesa:
ler "O diário de Bridget Ienes" Sem         resse mútuo aparece         porque Mr.     "Em vão tenho lutado comigo mes-
pudor, o chamou de Mark Darcy. Na           Darcy e Elizabeth percebem um no           mo, mas nada consegui. Meus senti-
adaptação para o cinema, o papel foi        outro algo que não tinham visto até        mentos não podem ser reprimidos;
interpretado por ... Colin Firth! Mas Mr.   então no seu círculo social. Quando        preciso que me permita dizer-lhe que
Darcy não se tornou um ícone apenas         se encontram, parecem estar à procu-       eu a admiro e amo ardentemente':
pelos modos refinados ou por ser um         ra de alguma coisa, mas sem saber o          E se alguém ainda precisa de moti-
homem imensamente          apaixonado.      quê, como explica a psicanalista Mô-       vo para amar Mr. Darcy, bem, há sem-
Ele foi também capaz de provar o seu        nica Donetto Guedes.                       pre Colin Firth e aquela camisa
amor fazendo Elizabeth Bennet se               - Ficamos presos à ideia de que         branca .•

Weitere ähnliche Inhalte

Mehr von Adriana Sales Zardini

Referências sobre Jane Austen e Fanfiction
Referências sobre Jane Austen e FanfictionReferências sobre Jane Austen e Fanfiction
Referências sobre Jane Austen e FanfictionAdriana Sales Zardini
 
Teaching english literature in brazilian high school classes adriana sales ...
Teaching english literature in brazilian high school classes   adriana sales ...Teaching english literature in brazilian high school classes   adriana sales ...
Teaching english literature in brazilian high school classes adriana sales ...Adriana Sales Zardini
 
Hospedagens VII Encontro Nacional da JASBRA
Hospedagens VII Encontro Nacional da JASBRAHospedagens VII Encontro Nacional da JASBRA
Hospedagens VII Encontro Nacional da JASBRAAdriana Sales Zardini
 
Programacao oficial do vi encontro nacional da jasbra
Programacao oficial do vi encontro nacional da jasbraProgramacao oficial do vi encontro nacional da jasbra
Programacao oficial do vi encontro nacional da jasbraAdriana Sales Zardini
 
Programação vi encontro nacional da jasbra 2017
Programação vi encontro nacional da jasbra 2017Programação vi encontro nacional da jasbra 2017
Programação vi encontro nacional da jasbra 2017Adriana Sales Zardini
 
Preços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbra
Preços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbraPreços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbra
Preços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbraAdriana Sales Zardini
 
Hoteis encontro 200 anos da morte de jane austen
Hoteis encontro 200 anos da morte de jane austenHoteis encontro 200 anos da morte de jane austen
Hoteis encontro 200 anos da morte de jane austenAdriana Sales Zardini
 
Iv encontro nacional da jasbra 2013 no jornal estado de minas
Iv encontro nacional da jasbra  2013 no jornal estado de minasIv encontro nacional da jasbra  2013 no jornal estado de minas
Iv encontro nacional da jasbra 2013 no jornal estado de minasAdriana Sales Zardini
 
Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016
Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016
Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016Adriana Sales Zardini
 
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteo
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteoPalestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteo
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteoAdriana Sales Zardini
 
Shakespeare in love film education estudy
Shakespeare in love film education estudyShakespeare in love film education estudy
Shakespeare in love film education estudyAdriana Sales Zardini
 
Roteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudia
Roteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudiaRoteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudia
Roteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudiaAdriana Sales Zardini
 
Hipertexto 2015 adriana sales zardini
Hipertexto 2015 adriana sales zardiniHipertexto 2015 adriana sales zardini
Hipertexto 2015 adriana sales zardiniAdriana Sales Zardini
 

Mehr von Adriana Sales Zardini (20)

Literausten número 02 - 2017
Literausten número 02 - 2017Literausten número 02 - 2017
Literausten número 02 - 2017
 
Referências sobre Jane Austen e Fanfiction
Referências sobre Jane Austen e FanfictionReferências sobre Jane Austen e Fanfiction
Referências sobre Jane Austen e Fanfiction
 
Teaching english literature in brazilian high school classes adriana sales ...
Teaching english literature in brazilian high school classes   adriana sales ...Teaching english literature in brazilian high school classes   adriana sales ...
Teaching english literature in brazilian high school classes adriana sales ...
 
Primeira circular jasbra 2019
Primeira circular jasbra 2019Primeira circular jasbra 2019
Primeira circular jasbra 2019
 
Hospedagens VII Encontro Nacional da JASBRA
Hospedagens VII Encontro Nacional da JASBRAHospedagens VII Encontro Nacional da JASBRA
Hospedagens VII Encontro Nacional da JASBRA
 
LiterAusten número 02 2017
LiterAusten número 02   2017LiterAusten número 02   2017
LiterAusten número 02 2017
 
Programacao oficial do vi encontro nacional da jasbra
Programacao oficial do vi encontro nacional da jasbraProgramacao oficial do vi encontro nacional da jasbra
Programacao oficial do vi encontro nacional da jasbra
 
Programação vi encontro nacional da jasbra 2017
Programação vi encontro nacional da jasbra 2017Programação vi encontro nacional da jasbra 2017
Programação vi encontro nacional da jasbra 2017
 
Preços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbra
Preços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbraPreços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbra
Preços de hotéis para o vi encontro nacional da jasbra
 
Hoteis encontro 200 anos da morte de jane austen
Hoteis encontro 200 anos da morte de jane austenHoteis encontro 200 anos da morte de jane austen
Hoteis encontro 200 anos da morte de jane austen
 
Iv encontro nacional da jasbra 2013 no jornal estado de minas
Iv encontro nacional da jasbra  2013 no jornal estado de minasIv encontro nacional da jasbra  2013 no jornal estado de minas
Iv encontro nacional da jasbra 2013 no jornal estado de minas
 
Programaçao jasbra 2016 ouro preto
Programaçao jasbra 2016 ouro pretoProgramaçao jasbra 2016 ouro preto
Programaçao jasbra 2016 ouro preto
 
Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016
Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016
Programaçao Jane Austen Sociedade do Brasil 2016
 
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteo
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteoPalestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteo
Palestra feminismo e cultura do esturpo adriana sales cefemg_timoteo
 
Cronograma de atividades 3º ano
Cronograma de atividades 3º anoCronograma de atividades 3º ano
Cronograma de atividades 3º ano
 
Shakespeare in love film education estudy
Shakespeare in love film education estudyShakespeare in love film education estudy
Shakespeare in love film education estudy
 
Cronograma de atividades 3º ano
Cronograma de atividades 3º anoCronograma de atividades 3º ano
Cronograma de atividades 3º ano
 
Roteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudia
Roteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudiaRoteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudia
Roteiro de trabalho visita aos museus da praça da liberdade adriana e claudia
 
Shakespeare factpack lives
Shakespeare factpack lives Shakespeare factpack lives
Shakespeare factpack lives
 
Hipertexto 2015 adriana sales zardini
Hipertexto 2015 adriana sales zardiniHipertexto 2015 adriana sales zardini
Hipertexto 2015 adriana sales zardini
 

Galã 200 anos depois

  • 2. 12 I O GLOBO I ela I II1OiM;.·';!;t;"'iLaurence Olivier. na lijll.i~ni;im. amisa molhada c produção de 1940. e Matthew McFayden. um para viver o personagem em galã de estatura (1,91m). em filme de 2005 série da BBC. de 1995
  • 3. N o RENATA lZAAL renata.izaal@oglobo.com.br muito, mas muito vulgar. - Apesar de serpreconceituoso no início do romance, Darcy sempre foi uando Rita Hayworth surgiu muito educado. Mesmo não sendo nas telas de cinema; em 1946, bonito, ele se tornou um galã pelos vestindo um tomara que caia modos e pelo recato. Mr. Darcy era preto e cantando "Put the bla- um gentleman, e isso é raro hoje. Tal- me on Mame" enquanto sen- vez exista alguém parecido com ele, • sua mente tirava as luvas, o mundo mas eu não conheço - diz o editor aprendeu que "nunca houve uma mu- Marcos Maynart, que já trouxe ao lher como Gilda':Colin Firth não precí- Brasil um galã quase à moda antiga, o d sou cantar na adaptação de "Orgulho e cantor Julio Iglesias. b preconceito'; feita pela BBC em 1995. O livro de Jane Austen foi bem rece- p Um mergulho no lago e a camisa bran- bido de imediato na Inglaterra. No f ca molhada foram suficientes para en- mesmo ano da publicação, ganhou "( tendermos que, bem, nunca houve um versão para o francês, começando en- F homem como Mr. Darcy. Ao contrário tão uma trajetória internacional que p de Gilda, obrigada a disputar terreno resultou na venda, até hoje, de 20 mi- o • com outras estrelas deslumbrantes lhões de cópias ao redor do mundo. ( (que tal "a garota" de Marilyn Monroe "Orgulho e preconceito" virou peça n em "O pecado mora ao lado"?), Mr. de teatro, musical no West End lon- 1 gDarcy segue arrasando corações, com drino, série de TV;filme de Hollywo- TI '§;ua popularidade até aumentando. E od e ganhou até uma versão em • ~lha que ele já tem 200 anos. Bollywood ("Bride and prejudíce" b '" Fitzwilliam Darcy nasceu herói do uma brincadeira com o título em in- a romance "Orgulho e preconceito'; de glês "Pride and prejudice"). A célebre 11 1813, o segundo publicado pela íngle- . adaptação da BBCfoi o ponto alto da ti sa Iane Austen. Charmoso e muito ri- carreira de Mr. Darcy, que, além de C • co, ele é inicialmente rejeitado pela Colin Firth, já foi interpretado por II mocinha Blízabeth Bennet, que o crê Laurence Olivier (1940) e Matthew tI arrogante e esnobe. Isso até descobrir McFayden (2005). que Mr. Darcy é generoso, corajoso e O sucesso da série de TV fez a im- • muito apaixonado. Perto dele, o safa- prensa britânica classificar o mornen- E dinho Chrístían Grey, de "Cínquenta to de "darcymanía" Colin Firth virou tons de cinza'; é um homem absoluta- superstar, e Mr. Darcy virou referência mente desinteressante. Além de ser pop. Nos últimos 20 anos, uma série e • s n o -e/---- 1 E 1 d TI Editora: Ana Cristina Reis (ana.reis@oglobo.com.br) II Editora assistente: Renata Izaal (renata.izaal@oglobo.com.br) p Coordenadora de moda: Melina Dalboni (melina.dalboni@oglobo.com.br) a Diagramação: Leonardo Drummond e Maraca li Telefone/Redação: 2534-5000 Publicidade: 2534-4310 I E-Mail: publicidade@oglobo.com.br p .Correspondência: RtlaIrineu Marinho5 - 2 andar.CEP: 3 20233-900 b ·1 ANA CRlSTINA REIS VOLTA A ESCREVER A CRÔNICA NO DIA 16 a '.:j:' WA ~
  • 4. mmado JaneAusten Centre. reproduz parte dadeclaraeão . de amor de Mr.Darcv para Elizabeth Bennet lij;M1~1;rj criada também pelo Jane Austen Centre: "Eusou Mr.Darcy" de produtos fez crescer o valor do galã sentir especial. Se no início do roman- uma relação é construída verbalmen- bicentenário como ícone da cultura ce ele não quis dançar com Elizabeth te, mas Darcy e Elizabeth se perce- pop. Uma dezena de livros duvidosos porque a considerava "tolerável, mas bem desde o primeiro encontro. Um foi editada ("O diário de Mr. Darcy" e não bela o suficiente para me tentar'; não consegue tirar os olhos do outro. "Os 50 tons de Mr. Darcy" são alguns). no decorrer da história Darcy admite É uma troca de olhares muito seduto- Frases do personagem foram estam- ter mudado de visão, pede desculpas e ra, não é preciso dizer nada. Para padas em camisetas e louças - a mai- tenta corrigir seus erros. Em segredo, Freud, o estranho tem sempre algo de orla das peças à venda no Iane Austen ele ajuda a família da heroína. E por familiar. Apesar das diferenças inici- .Centre, em Bath - em todos os conti- fim deixa de lado os próprios precon- ais, os dois percebem que têm algo nentes. Durante as Olimpíadas de ceitos e os da sociedade para ficar com em comum, que mais tarde se revela. Londres, no ano passado, a onda de ela. A antropóloga Mirian Goldenberg reinterpretações da famosa campanha diz que ser considerada única vira a "Keep calm and carry on" usada pelos cabeça de qualquer mulher. BONITO, RICO E HONRADO britânicos na Segunda Guerra Mundi- - O Mr. Darcy faz de tudo para que al, viu nascer um "Keep calm and find a Elizabeth acredite nele, mas sem se Mr. Darcy. não resiste aos olhos e à Mr. Darcy" Pode acreditar, muita gente exibir. As mulheres' que eu pesquiso "vivacidade do espírito" de Elizabeth, trocaria o brilhantismo político de dizem que desejam essa generosida- como ele mesmo afirma no final do Churchill por um refúgio em Pember- de. Mesmo as bem-sucedidas que- romance. E ela não consegue evitar ley, a propriedade de Mr. Darcy no in- rem um ato simbólico, uma demons- amar o homem que tanto se esforçou terior da Inglaterra. tração do quanto são especiais para para vê-Ia feliz. Marcella Virzi, desig- aquele homem. Elizabeth não é a ner da dupla Virzi--Del.uca, não con- mais bonita, nem a mais valorizada, seguiu resistir ao personagem. É fã as- ELAS QUEREM FIDELIDADE mas ele só tem olhos para ela. Um sumída do Mr. Darcy. • homem que luta pela mulher amada - Li o livro pela primeira vez aos 14 No cinema, Mr. Darcy é inspiração é especial - explica Mirian, frisando anos e já o reli umas 15 vezes. Darcy explícita. A comédia romântica "Men- que hoje muitas mulheres se sentem representa os ideais românticos. Ele é sagem para você'; de Nora Ephron, ho- invisíveis com tanta concorrência. - bonito, elegante, muito rico e honra-o menageia a obra de Iane Austen, com O que as mulheres mais me dizem é do. Mas Iane Austen escreve de forma os personagens de Meg Ryan e Tom que querem fidelidade. É quase uma a nos permitir acompanhar a transfor- Hanks fazendo referências ao casal prova de amor. . mação das idealizações dos persona- Elizabeth e Darcy. A escritora inglesa Homens como o Darcy até existem, gens em paixão real - diz a designer. Helen Fielding admitiu ter se inspira- mas são raros. Por isso, essa fantasia é Não custa-lembrar que coube a Mr. do em Mr. Darcy para criar o par tão valorizada. Mas a fantasia começa Darcy uma das mais famosas declara- romântico de sua heroína no best -sel- muito antes da prova de amor. O inte- ções de amor da literatura inglesa: ler "O diário de Bridget Ienes" Sem resse mútuo aparece porque Mr. "Em vão tenho lutado comigo mes- pudor, o chamou de Mark Darcy. Na Darcy e Elizabeth percebem um no mo, mas nada consegui. Meus senti- adaptação para o cinema, o papel foi outro algo que não tinham visto até mentos não podem ser reprimidos; interpretado por ... Colin Firth! Mas Mr. então no seu círculo social. Quando preciso que me permita dizer-lhe que Darcy não se tornou um ícone apenas se encontram, parecem estar à procu- eu a admiro e amo ardentemente': pelos modos refinados ou por ser um ra de alguma coisa, mas sem saber o E se alguém ainda precisa de moti- homem imensamente apaixonado. quê, como explica a psicanalista Mô- vo para amar Mr. Darcy, bem, há sem- Ele foi também capaz de provar o seu nica Donetto Guedes. pre Colin Firth e aquela camisa amor fazendo Elizabeth Bennet se - Ficamos presos à ideia de que branca .•