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ÍNDICE
SOBRE O AUTOR .................................................................6
AGRADECIMENTOS ...........................................................8
PREFÁCIO..............................................................................9
INFORMAÇÕES RELEVANTES........................................10
INTRODUÇÃO.......................................................................11
Um pouco de história............................................................11
O aprendiz de feiticeiro.........................................................11
Monica Lewinsky..................................................................12
Os estagiários atuais..............................................................12
PÚBLICOS-ALVO .................................................................16
Capítulo 1 - Como conseguir vaga de estagiário/trainee numa
grande empresa
POR QUE AS EMPRESAS QUEREM ESTAGIÁRIOS?..21
Empresas que não levam o estágio a sério............................22
Empresas que levam o estágio a sério...................................24
Chefe ruim não significa empresa ruim................................26
POR QUE EMPRESAS QUEREM TRAINEES? ...............27
POR QUE VALE A PENA FAZER ESTÁGIO...................33
PRÉ-REQUISITOS PARA A APROVAÇÃO .....................36
Primeiro, o currículo .............................................................36
Pensando nos mínimos detalhes .......................................37
Vá direto ao ponto.............................................................39
Sendo objetivo ..................................................................41
Formação acadêmica.............................................................42
Mas e quanto ao meu curso universitário?........................44
Idiomas..................................................................................45
Informática............................................................................47
Windows ...........................................................................49
Word .................................................................................49
Excel básico ......................................................................49
Excel intermediário...........................................................50
Excel avançado .................................................................50
3
Power Point.......................................................................51
Internet..............................................................................52
As redes sociais.................................................................53
Habilidades comportamentais...............................................57
O profissional que as empresas querem............................60
Algumas habilidades essenciais, em minha opinião.........61
Trabalhar em grupo...........................................................61
Relacionamento interpessoal ............................................63
Pró-atividade.....................................................................65
Capacidade de resolver problemas....................................66
Conclusão..........................................................................67
PROVAS DE RACIOCÍNIO LÓGICO................................68
Problem Solving....................................................................69
Data Sufficiency....................................................................71
Reading Comprehension.......................................................73
Critical Reasoning.................................................................75
Sentence Correction..............................................................77
DINÂMICA DE GRUPO .......................................................78
HORA DA ENTREVISTA.....................................................81
A preparação .........................................................................81
Pronto para a entrevista.........................................................83
Algumas dicas valiosas.....................................................85
Aguardando a resposta..........................................................88
Capítulo 2 - O que fazer para ser efetivado
ÉTICA NO TRABALHO.......................................................90
Integridade ............................................................................91
Respeito.................................................................................92
Lealdade................................................................................94
OS BENEFÍCIOS....................................................................95
COMO SABER SE ENTREI EM UMA “ROUBADA”......96
O QUE SE ESPERA DO ESTAGIÁRIO .............................97
Carta a Garcia .......................................................................99
Atitudes esperadas pelas empresas .......................................101
Simpatia ............................................................................101
4
Seja positivo......................................................................102
Pró-atividade.....................................................................104
Bons relacionamentos .......................................................106
Postura...................................................................................107
Desempenho..........................................................................109
Contrato de expectativas...................................................110
Feedback ...............................................................................112
O QUE ESPERAR DA EMPRESA.......................................115
Vagas para efetivação ...........................................................116
Oportunidade real de aprendizado ........................................119
Carreira .................................................................................122
COMO SABER SE O ESTÁGIO ESTÁ INDO BEM .........126
Envolvimento em projetos relevantes...................................128
Participação em reuniões importantes ..................................129
Presença nos meios de comunicação internos ......................129
Apresentação de trabalhos para a diretoria ...........................129
Mas e se não estiver bem, como saber? ................................130
O CAMINHO PARA A EFETIVAÇÃO...............................132
Os bons exemplos .................................................................132
Exemplos a não serem seguidos ...........................................135
FECHANDO COM CHAVE-DE-OURO .............................137
ANEXO: LEI DO ESTÁGIO.................................................140
CONTATO COM O AUTOR................................................151
5
Para minha amada esposa Michelle.
6
SOBRE O AUTOR
Wmazza é engenheiro formado pela Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo, com pós-graduação em administração industrial pela
Fundação Vanzolini. Durante a graduação estagiou em três grandes
empresas e foi trainee de um conceituado banco de investimentos. Mais
adiante, porém, foi efetivado como engenheiro numa indústria de
destaque do mercado brasileiro. Já exerceu a função de gestor numa
multinacional americana, tendo sob sua responsabilidade mais de
duzentos empregados.
Empolgado com a orientação dada aos estagiários sob seu comando e,
especialmente, com o desempenho desses jovens, proferiu algumas
palestras sobre estágio, que serviram de inspiração para este livro. Além
disso, é colunista do portal Click Carreira1
, do Portal Trainee2
e também
escreve artigos para o blog da Cia de Talentos3
.
1
http://www.clickcarreira.com.br
2
http://www.portaltrainee.grupoemidia.com/
3
Chega +: http://ciadetalentos.tempsite.ws/chegamais
7
Em resumo:
 Participou e foi aprovado em concorridos processos seletivos;
 Fez estágios e um programa de trainees em empresas
conceituadas, tendo sido efetivado na última delas.
 Comandou mais de duzentos funcionários numa empresa de
grande porte. Motivado com o bom desempenho de seus
estagiários, resultado atribuído à seleção dos estudantes pelas
consultorias especializadas e ao planejamento de atividades
realizadas pelo Departamento de Recursos Humanos da empresa
e também ao seu trabalho como gestor e, ainda, pelo interesse
que algumas palestras sobre o tema “estágio” desperta no meio
estudantil, decidiu escrever sobre o assunto.
 É colunista e articulista em portais sobre carreira e seleção de
estagiários e trainees.
8
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Lucio Mazza e Isabel Martins Mazza pela paciente
revisão, estímulo e sugestões. Devo tudo que sou a vocês dois.
Aos parceiros da Cia de Talentos e portal ClickCarreira por
acreditarem no meu projeto. Também agradeço à equipe do Portal
Trainee pelo convite e espaço disponibilizado.
Ao Sidnei Oliveira, expert no tema “geração Y”, pelo incentivo e
interesse pelo meu trabalho.
À Maíra Habimorad não só pelo prefácio e gentileza, mas pela
disponibilidade e dicas valiosas que fez em todo livro.
Julho de 2011.
9
PREFÁCIO
Todo início de qualquer coisa é muito difícil. O início de carreira não é
diferente disso.
Qualquer iniciativa que se propõe a trazer luz e esclarecimentos para este
momento merece ser incentivada. Quando o William nos procurou, fiquei
curiosa para saber por que um Engenheiro tinha interesse em escrever
sobre carreira para jovens. Descobrir que ele é um apaixonado pelo tema,
assim como eu, me deu ainda mais motivos para incentivá-lo.
“Seu próximo estágio é o sucesso” é um livro simples, mas
extremamente rico para não só informar, quanto promover reflexões
fundamentais para quem está iniciando a carreira. Ele fala para
estagiários, aspirantes a estagiários e aqueles que buscam uma colocação
como Trainee em uma grande empresa. Ele pode também falar para pais
e professores que querem se propor a ajudar estes jovens a encontrar seu
primeiro lugar ao sol e fazer deste, um lugar de aprendizados e sucesso.
Se você está procurando informações concretas, recheadas de exemplos e
análises bem humoradas sobre o início de carreira como estagiário ou
Trainee, assim como dicas bem práticas de como maximizar suas
oportunidades em um processo seletivo e melhorar seu aproveitamento já
dentro do estágio ou emprego dos seus sonhos, este livro é para você.
Escrito por quem já viveu tudo isso e adora o tema. É uma leitura mais
do que recomendada!
Maíra Habimorad
Sócia da Cia de Talentos
10
INFORMAÇÕES RELEVANTES
“Empresas dos sonhos”4 para os jovens em 2011:
1ª Google
2ª Petrobras
3ª Unilever
4ª Vale
5ª Natura
“As melhores empresas para começar a carreira – 20115”
1ª Vivo
2ª Procter&Gamble
3ª Ibis
4ª Dow
5ª Redecard
4
Pesquisa realizada pela Cia de Talentos, em parceria com a empresa de
pesquisa NextView People.
5
Reportagem “As melhores empresas para começar a carreira – 2011” – revista
VOCÊ S/A, edição 155, maio de 2011.
11
INTRODUÇÃO
Um pouco de história
A função de estagiário tem suas origens na Idade Média, quando
surgiram as primeiras corporações de ofícios e, com elas, a figura do
aprendiz. Na época de ouro do Renascimento, a Igreja pagava para que
os grandes artistas pintores e escultores mostrassem cenas que
ilustrassem os relatos bíblicos e os nobres e os ricos comerciantes
contratavam os mestres da pintura para se verem retratados para a
posteridade. Surgiram então, talvez os primeiros estagiários, jovens
talentosos que se ofereciam para trabalhar de graça (ô sina!) nos estúdios
dos grandes artistas, cuidando da faxina, lavando pincéis e preparando
telas ou separando material para as obras de arte.
O aprendiz de feiticeiro
Mais modernamente, tivemos um estagiário que se tornou sucesso no
mundo inteiro por obra e graça do filme “Fantasia”, lançado por Walt
Disney (1901-1966) em 1940. Nessa obra-prima, na verdade um desenho
animado de longa metragem, ficamos conhecendo o ratinho Mickey
Mouse como o aprendiz de feiticeiro criado por Paul Dukas (1865-1935),
baseado no conto “Der Zauberlehring” de Johann Wolfgang de Goethe
(1749-1832). Trata-se de um estagiário atrevido, que na ausência do
Mestre Yen-Sid, resolve brincar com a magia e consegue dar vida às
vassouras da caverna do Mestre, perdendo completamente o controle da
situação até que o feiticeiro volte e ponha ordem na casa.
12
Monica Lewinsky
Mas provavelmente a estagiária mais famosa de todos os tempos seja a
americana Monica Lewinsky, (1973-) que conseguiu emprego na Casa
Branca quase no final do segundo mandato de Bill Clinton (1946-) e que
se envolveu com o Presidente numas trapalhadas no Salão Oval da Casa
Branca, que se tornou mais conhecido, depois disso, por Salão Oral.
Os estagiários atuais
É certo que os estagiários de hoje levam uma grande vantagem sobre os
antigos aprendizes: dispõem de informações teóricas sobre a atividade
que pretendem exercer, contam com alguns direitos trabalhistas e são
motivados pela expectativa de, ao final do período de estágio, fazerem
parte do quadro funcional efetivo da empresa. Todavia, enfrentam uma
sociedade movida pela competitividade nem sempre salutar e, por vezes,
até desumana. Todos os anos, centenas de milhares (sem exagero, os
números são esses mesmos) de jovens em todo o Brasil competem entre
si, disputando vagas nas maiores e melhores empresas situadas no país.
Matéria publicada pela revista Exame6
em dezembro de 2009 mostra os
números da competição mais acirrada que se tem notícia: sessenta mil
candidatos disputaram vinte e seis vagas na AmBev, ou seja, uma relação
de dois mil trezentos e dez candidatos por vaga! Deixando para trás os
concursos públicos mais concorridos, como o da Polícia Rodoviária
Federal, com “apenas” oitocentos e trinta e três por vaga7
. Nem o curso
6
Fonte:
http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0959/gestao/selecao-mais-
concorrida-brasil-521772.html?page=1
7
Fonte: Revista E-Learning, n. 04, 2002 p. 22
13
de medicina da USP chega perto em termos de concorrência8
. Alheios à
magnitude e imponência desses dados, entretanto, e movidos pelo sonho
de uma carreira brilhante, muitos se inscrevem nos processos seletivos
sem saber ao certo o que encontrarão pela frente. Com isso, ficam em
enorme desvantagem em relação aos candidatos que, de alguma forma
(pontual), prepararam-se para enfrentar essa batalha. O fato ocorre
porque não há informação disponível sobre o assunto no mercado
editorial. Em suma, há um público considerável, totalmente desprovido
de orientação que o ajude a conquistar as tão disputadas vagas.
Por outro lado, mesmo depois de conseguir um bom estágio, ou de
tornar-se um trainee, o iniciante sente-se inseguro em relação a essa nova
empreitada, não sabendo exatamente o que se espera dele para manter-se
no estágio e, ao final, ser efetivado. Sei disso por experiência própria.
Também já me senti carente de informações nas etapas descritas acima e,
hoje, fazendo gestão de estagiários vejo, por outro ângulo, como os
jovens ficam “perdidos” durante o tempo em que conciliam os estudos
com a incipiente vida profissional. O objetivo deste livro não é outro
senão ajudar essa legião de estudantes a se situar e vencer cada uma das
fases que compõem essa batalha.
Você já sabe que não sou da área de recursos humanos. Por isso, não
alimente a expectativa de folhear um compêndio técnico, repleto de
informações para profissionais dos Departamentos de Recursos
8
Segundo o site da FUVEST
(http://www.fuvest.br/estat/insreg.html?anofuv=2011), o último vestibular de
medicina na USP em 2011 apresentou uma relação de 49,25 candidatos por
vaga.
14
Humanos. A proposta deste livro é orientar candidatos que almejam vaga
de estagiário ou trainee. E, aos que já superaram essa etapa, dar
informações que possam ajudá-los a desempenhar bem as respectivas
funções, não só para melhorar seu aprendizado e cumprir o dever ético de
executar um bom trabalho, mas também, visando à sua futura efetivação
na empresa. Para tanto, faço algumas considerações sobre a figura do
gestor, chefe de uma determinada área da empresa encarregado de
orientar e atribuir tarefas ao aprendiz, e ofereço dicas que considero úteis
para os estagiários/trainees descobrirem se estão no caminho certo ou não
e, mais importante, a ajudá-los na conquista do seu espaço e na
consecução de uma carreira de sucesso. A proposta também é auxiliar os
gestores na missão de conduzir os novos talentos que, diga-se de
passagem, não se parecem em nada com aquela imagem estereotipada do
estagiário de antigamente.
A revista Época9
mostrou o resultado de uma pesquisa feita com três mil
e duzentos alunos e trinta e oito empresas, que revelou a falta de
alinhamento entre os empregadores e os estudantes no quesito
“empregabilidade”. Veja que interessante:
9
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0%2C6993%2CEPT593967-
1653%2C00.html
15
Por que o primeiro emprego é difícil
Consultoria perguntou a empregadores e candidatos quais fatores atrapalham a
contratação de um recém-formado. O resultado mostrou que os jovens pensam
que são recusados por falta de experiência, mas o problema costuma ser de
personalidade ou formação.
Visão dos jovens Visão dos empresários
Falta de experiência profissional 1
Características pessoais, como
insegurança
Poucas vagas 2 Curso universitário fraco
Conhecimento insuficiente de idiomas 3 Poucas vagas
Curso universitário fraco 4
Conhecimento insuficiente de
idiomas
Conhecimento técnico insuficiente 5
Falta de identificação com a
profissão
Fonte: Grupo CM/Consultoria de Pesquisas Educacionais
Essa tabela é primordial para quebrar alguns paradigmas, tanto de
universitários quanto de gestores. Definitivamente, é notória a distinção
de percepções entre os dois públicos, que mal se conhecem e pecam na
leitura equivocada sobre os reais motivos que levam ao fracasso da
maioria dos candidatos em atingir seus intentos.
O livro divide-se em duas partes. A primeira trata da etapa anterior ao
estágio, de como consegui-lo e a segunda, do início do estágio em diante,
rumo à efetivação. Aqueles que ainda estão cursando suas graduações, ou
cursos técnicos e de tecnologia, e que pretendem iniciar suas carreiras
através de um programa de estágio, ou de formação de trainees, devem
ler o livro todo, pois será de grande valia. Aos que já estagiam, mas não
16
na empresa dos seus sonhos, a pretensão é que esta leitura os estimule a
uma nova busca, a um recomeço e, portanto, o conselho é o mesmo:
leitura integral. Quanto aos mais afortunados - já estagiam na empresa
onde pretendem ser efetivados - podem se dar ao luxo de ler apenas a
segunda parte do livro, já que venceram a primeira batalha por uma das
tão cobiçadas vagas. Parabéns!
A todos, boa leitura.
PÚBLICOS-ALVO
Os públicos-alvo desta obra, distintos mas interligados, são três: o dos
estudantes do ensino médio (técnico ou profissionalizante) e das
universidades, que pretendem estagiar em empresas privadas; o dos
estudantes, já estagiários, empenhados em se efetivar na empresa onde
estagiam e o dos gestores que têm estagiários no seu quadro de
funcionários. É claro, todos que desejam se tornar trainees, também se
encaixam no escopo.
Nada contra os estudantes que pretendem trabalhar por conta própria ou
aqueles que almejam ser funcionários públicos10
, mas esta obra tem
como alvo apenas os candidatos a vagas na iniciativa privada.
10
O setor público também oferece vagas a estagiários, especialmente nas áreas
jurídica, de educação e de saúde, preenchidas, na maior parte das vezes, por
concurso de provas e títulos. O critério de seleção é objetivo e, salvo raras
exceções, os aprovados não dependem de entrevista para serem contratados. São
estágios que visam, tão-só, dar treinamento a estudantes. Não resultam em
contratação de trabalho temporário, sob o regime da Consolidação das Leis do
17
Se você tem essa pretensão – trabalhar na iniciativa privada - saiba que o
estágio ou um programa de formação de trainees é a melhor maneira, a
mais rápida com certeza, de ingressar numa carreira de sucesso. Isso
porque, efetivado depois de cumprir período de estágio, você pulará
etapas e iniciará a carreira na empresa a partir de um patamar mais
elevado. É como começar uma corrida de cem metros rasos com pelo
menos dez metros de vantagem. Bom, não é? Bom não, ótimo! Mas,
como dito, trata-se de probabilidade, não de certeza. Não pense que será
fácil. Você tem que primar pela ética, batalhar, empenhar-se nas tarefas
que executar como estagiário, estar sempre interessado em aprender,
comportar-se adequadamente, ser assíduo, pontual... Não é só conseguir
um bom estágio e ficar esperando o diploma para efetivar-se na empresa.
Afinal, um canudo na mão, por si só, não dá direito nem é passaporte de
entrada no quadro funcional da empresa. Diploma não efetiva ninguém!
A boa faculdade, em si mesma, não rende um real a quem quer que seja.
Seu intercâmbio nos EUA não vai garantir nenhuma transferência
internacional. Tudo isso ajuda e é importante, mas não isoladamente, de
per si. O que vale é o conjunto de qualificações. É como uma orquestra:
sem um bom regente, que atente para todos os músicos, não há talento
individual que salve a apresentação, porque o resultado final desejado – a
boa música orquestrada - depende do conjunto.
O objetivo deste livro é mostrar a realidade dos processos seletivos e a
melhor maneira de encará-los e vencê-los. Depois, a importância de um
estágio bem conduzido e bem aproveitado. O estagiário precisa estar
Trabalho - CLT, nem em efetivação no Serviço Público, sob a égide do Estatuto
do Funcionário Público.
18
consciente do seu desempenho, de como está sendo visto, avaliado, pois
só assim terá condições de se situar, de conhecer suas chances reais na
empresa. Gostaria de criar nestas páginas uma escala de zero a cem, na
qual a inscrição em um programa de estágio seria o zero, a obtenção da
vaga o cinqüenta e a efetivação numa grande empresa, o cem; mas não
será necessário, uma vez que esses três marcos já falam muito bem, por si
próprios, e são mais compreensíveis se enxergados como degraus. Nesse
contexto, o livro irá orientá-lo sobre o que deve ser feito para subir de um
degrau para o outro e oferecer dicas que o ajudarão a se posicionar
quanto ao patamar almejado.
Tenho certeza de que muitos serão bem-sucedidos nessa empreitada.
Quanto aos gestores, precisam ouvir e entender os anseios desses jovens
funcionários, que já não aceitam mais (será que, intimamente, um dia
aceitaram?) um papel meramente burocrático e irrelevante no local de
trabalho. A maioria aspira a ser efetivada, crescer na carreira. E crescer
rápido, de preferência. A mesma reportagem da Exame citada
anteriormente traz um estudo da AmBev para conhecer o público-alvo de
seu programa de trainees. O resultado é que os jovens dão preferência a
empresas que lhes permitam um crescimento profissional rápido, entre
outras “exigências”. Como lidar com tudo isso? Primeiro,
compreendendo de verdade e sem medo o perfil dessa nova geração de
universitários. Depois, atraindo e retendo bons talentos, o que não é fácil,
uma vez que há empresas oferecendo mundos e fundos pelas “melhores
cabeças”.
Além disso, você está disposto a compartilhar seu tempo com estagiários,
ou seu tempo é valioso demais para isso? Dependendo da resposta, saiba
que os melhores não irão querer pertencer à sua equipe, pois encontrarão
19
o que desejam com gestores melhor preparados. Por outro lado, você
pode ser um ímã de talentos e ter uma área com desempenho
diferenciado. Em decorrência, suas chances de ascender na empresa
aumentarão de modo significativo. Suas aspirações são elevadas? Então,
com certeza, você topará este desafio.
20
Parte 1
Como conseguir vaga de
estagiário/trainee numa grande
empresa
“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.”
Evangelho de Mateus, capítulo 7, verso 7.
21
POR QUE AS EMPRESAS QUEREM
ESTAGIÁRIOS?
Já imagino o pessoal do escritório tirando um sarrinho dessa pergunta.
Vão dizer que “os estagiários não servem para nada, que são os últimos
que falam e os primeiros que apanham, que servem para tirar xérox, ir ao
banco, ou passar um cafezinho”. Ainda bem que nem todos pensam
assim! Esse tipo de preconceito já era! É claro que não estou falando das
brincadeiras, pois ainda têm vida longa e delas os estagiários não
escapam, por melhores e mais legais que sejam. Mas essa estória de
estagiário ser utilizado só para tirar cópias reprográficas (em desuso,
diga-se, em razão das impressoras), ou para fazer um cafezinho, não dá
prá aceitar. É verdade que o equívoco vem de longe e foi tolerado pelo
jovenzinho tímido, apático e quase nulo: o estagiário de antigamente –
um ser em franca extinção.
Ainda há empresas, jurássicas na mentalidade, que deixam os estagiários
à mercê de seus funcionários e estes, sem os devidos esclarecimentos e
também, por falta de instruções precisas, empenham-se em deixá-los
ocupados com quaisquer tarefas, ainda que, nem remotamente, tenham
alguma utilidade para o treinamento profissional do aprendiz. Nessas
empresas, não raro, o estagiário é contratado para executar as funções de
contínuo (faz entregas, serviços bancários, leva e traz recados...). Dá
vontade de chorar quando alguém conta, até com certo orgulho, as
humilhações que os estagiários passam em suas mãos. Parece que há uma
torcida para que os coitados errem e virem alvo de chacotas. O pessoal
22
torce para as “lambanças” serem logo na segunda-feira de manhã, pois
assim terão a semana inteira para ridicularizar o pobre infeliz.
Meu conselho para quem estiver num lugar desses é um só: “caia fora!”.
Não vai agregar nada a você manter-se num ambiente de hostilidade onde
o assédio moral11
domina. Não estranhe se além dos estagiários, outros
também sejam alvo das chacotas discriminatórias. Parece exagero, mas é
mais comum do que se imagina, infelizmente.
Voltando à pergunta acima - por que as empresas querem estagiários? -
ela é fácil de responder, mas é preciso fazer uma distinção: empresas que
levam o estágio a sério, e as que não levam. A resposta depende dessa
consideração. Vou começar pela segunda opção.
Empresas que não levam o estágio a sério
Essas empresas querem mão-de-obra qualificada a preço de banana. Não
há vagas disponíveis, muito menos carreiras a oferecer. Quer melhor do
que isso? Um funcionário que está estudando, buscando se aperfeiçoar, e
com motivação acima da média, tentando um lugar ao sol. É uma
tentação mesmo, sobretudo porque o custo de um empregado contratado
sob o regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) é altíssimo e,
na verdade, inibe a competitividade das empresas no Brasil. Entretanto, a
solução do problema não está em contratar estagiários. Essa é apenas a
opção mais fácil e barata.
Já aconteceu comigo. Meu primeiro “estágio” não passava de um
emprego informal disfarçado12
- instrutor de informática, numa escola do
11
Para mais informações sobre o que é Assédio Moral acesse
http://www.assediomoral.org/.
12
Quando resumi minha experiência profissional, não considerei a passagem por
essa empresa como meu primeiro estágio, pois, de fato, não foi. Atualmente a
23
gênero. Só isso. A empresa colocava cartazes em faculdades de ponta, e
prometia um salário diferenciado (de fato, era). Só que a sua pretensão
era contar com os serviços de um empregado diferenciado, sem os ônus
trabalhistas, contratando-o como estagiário. Financeiramente, foi
importante para mim, pois me ajudou a pagar as despesas com a
faculdade (livros, transporte, alimentação...) por um tempo, mas,
consideradas a natureza e a finalidade do estágio, foi uma distorção total.
O equívoco durou alguns meses.
Tive ciência, por intermédio de colegas de turma e também por
estagiários que entrevistei, do que acontece em algumas empresas:
excesso de burocracia para o ingresso e, depois, uma infinidade de
atividades rotineiras “chatérrimas” e, pior, só para encher lingüiça. A
verdade é que não há espaço no quadro de funcionários e então alguém
sugere a solução considerada genial: “Vamos contratar um estagiário e
‘empurrar’ prá ele somente tarefas enfadonhas que ninguém tem vontade
de executar, como por exemplo, arquivar aquela montanha de
documentos, trocar cartuchos das impressoras, ir ao banco...”
Em casos mais extremos, a preparação dos cafezinhos da área e a tarefa
de servi-los são atribuídas a ele - o “estag”- apelido carinhoso utilizado
em algumas empresas. Ah, esqueci da “nobre” missão de higienizar o
galão de água de vinte litros para que os fanfarrões da área encham suas
panças com água mineral geladinha.
Aos meus amigos do curso técnico, devo informar que a situação pode
ser ainda pior. Fiz o colegial técnico no excelente Liceu de Artes e
Ofícios de São Paulo e também tive que cumprir período de estágio. Até
Lei do Estágio (ll.788/2008) é rigorosa nesse sentido. Se o caso for levado à
Justiça do Trabalho o período de estágio é considerado vínculo trabalhista.
24
que não foi ruim, mas alguns amigos meus sofreram. Um deles, para ficar
em um caso só, tinha como uma de suas obrigações limpar os banheiros
do escritório de engenharia. Quando dava, ele até se debruçava nas
pranchetas13
de desenho técnico. Dá para acreditar?
Que motivador! O jovem selecionado para estagiar na empresa, mal
ingressa e, pronto, já percebe que as atividades que o esperam
acrescentarão pouco, ou nada, à sua educação profissional. Se for um
cara esperto, que não pretende ficar flanando enquanto a vida passa, que
leva a sério os estudos, a decisão não deve ficar aquecendo em “banho-
maria”. É partir para outra, e logo!
Resumindo, há empresas que resolvem o problema de suas folhas de
pagamento contratando jovens estudantes, na condição de estagiários. A
solução ajuda a pessoa jurídica, não o estagiário.
Empresas que levam o estágio a sério
Por outro lado, há uma infinidade de outras empresas, felizmente a
maioria, que atenta para a sua função social, está engajada na sociedade,
acredita que uma educação de qualidade é a base do desenvolvimento e
deseja por futuros profissionais gabaritados em seus quadros. Numa
visão ampla, valoriza o estágio porque está comprometida com o
processo educacional. Por outro lado, como é eficiente, não desconhece
que pessoas novas, com vontade de aprender e que, geralmente,
questionam o status quo, são valiosíssimas e que a renovação de suas
equipes, com acréscimo da qualidade do serviço, só se dará através de
bons substitutos.
13
Para os mais novinhos, naquela época não havia softwares para a elaboração
de peças de desenho técnico em duas dimensões e para criação de modelos
tridimensionais. Era tudo feito à mão.
25
É uma questão de estratégia. A empresa que enxerga o estágio como
benéfico sabe que uma organização só atinge bons resultados quando tem
bons profissionais. Portanto, não é apenas por compromisso social, para
contribuir com o aprimoramento da educação que a iniciativa privada
contrata estagiários. É porque não ignora que a continuidade da vida
empresarial depende desse fluxo incessante de novos cérebros, dessa
oxigenação, para atingir resultados cada vez mais competitivos.
As melhores empresas levam o assunto estágio muito a sério, e não é à
toa que há processos seletivos para estagiários mais concorridos que
alguns vestibulares de universidades públicas, e ainda mais difíceis que
todos os concursos públicos, considerando a relação de candidatos por
vaga. E o que essas empresas oferecem? Simples: oportunidades reais de
aprendizagem, respeito, treinamentos, gestores preparados e uma
perspectiva de carreira onde o céu é o limite! Essa é a razão pela qual
tantos querem trabalhar em grandes corporações: há uma nítida relação
de ganha-ganha.
O que é uma relação ganha-ganha? Explico. Estamos muito acostumados
com outro tipo de relação. No país onde vigora a lei de Gérson a
mentalidade continua sendo “tirar vantagem de tudo”, e a relação
predominante é a ganha-perde. Claro, eu ganho e você perde. De
qualquer forma essa lei - da vantagem sobre o outro - vira uma luta de
foices em que sai perdendo o lado mais fraco. No caso, o estagiário. Há
mão-de-obra qualificada bem barata (empresa ganha), e por outro lado,
oferece o “privilégio” do trabalho mais burocrático e desinteressante
(estagiário perde).
Na relação ganha-ganha, é diferente. Ambos se beneficiam da situação. A
empresa oferece recursos, treinamento e aprendizado prático e, assim,
26
complementa a formação do aluno (estagiário ganha). Por outro lado, o
contratado para o estágio dá o melhor de si a um custo baixíssimo,
trazendo seu conhecimento teórico atualizado (empresa ganha).
Conclusão: os benefícios do programa de estágios devem ser em mão-
dupla.
Chefe ruim não significa empresa ruim
Sempre existe uma figura como essa: o chefe “do contra”. Se a empresa
opta pelo Seis Sigma14
, ele diz que não vai funcionar. Se o RH (recursos
humanos) traz um novo modelo de avaliação de desempenho, ele diz que
isso só dá certo em empresas americanas. Se o setor de TI (tecnologia da
informação) resolve implantar o SAP15
, ele diz que tem um cunhado que
manja muito do sistema, e que só dá pau... Enfim, o chefe é um mala-
sem-alça.
Não me pergunte por que esse tipo ainda continua na empresa, pois não
sei explicar. O fato é que ele está lá. Pior ainda, pode ser seu chefe. Bem,
faço questão de destacar esse assunto, pois se você conseguir entrar – e
você vai conseguir! – numa boa empresa, pode ter o azar de ser
subordinado a alguém assim. Ele não vai facilitar a sua vida, nem sequer,
montar um plano de estágio. Você pode ficar num canto esquecido, sem
orientação. Ao final de um ano ele faz cara de conteúdo, diz que não há
vagas (na verdade, ele não gostou do seu estilo ou nunca quis ter um
14
Seis Sigma é uma ferramenta de qualidade cujo princípio fundamental é o de
reduzir de forma contínua a variação nos processos, eliminando defeitos ou
falhas nos produtos e serviços.
15
SAP é uma empresa alemã criadora do Software de Gestão de Negócios de
mesmo nome.
27
estagiário na equipe, mas não terá estofo para dizer isso) e contrata outra
vítima para o ano seguinte.
Isso faz parte da vida e nos ajuda a amadurecer. Além disso, você está
sujeito a se defrontar com esse “figurão” em qualquer momento da
carreira, portanto, esteja preparado. O perigo é julgar o todo pela parte.
Às vezes, o RH se estrutura, planeja um bom programa de estágio, ou
trainee, submete o programa ao diretor e às gerências envolvidas, enfim,
implementa tudo corretamente, mas um sem-noção pode botar tudo a
perder, bem na vaga que você conquistou com tanto suor. Não é a
empresa que é ruim, mas sim, esse indivíduo que está de “hora-extra”
atrapalhando sua vida.
Se a empresa valer a pena, use seus contatos com o RH, e, sutilmente,
demonstre interesse por outras áreas. Não jogue na lata do lixo uma boa
oportunidade só porque um despreparado atravessou seu caminho.
Provavelmente, o pessoal do RH já conhece a fama do cidadão e vai
tentar tudo para lhe ajudar. Mas lembre-se: sem faniquito, nem beicinho,
afinal, agora você é um profissional, não o “pepê da mamã”, ok?
POR QUE EMPRESAS QUEREM TRAINEES?
Essa resposta é complexa e não pretendo exaurir a questão. Mas, é claro,
vou dar meus “pitacos”. Como já fui trainee e estagiário percebi nítidas
diferenças entre um programa e outro. Apesar de não ser uma regra geral,
entendo que o programa de trainees é bem mais formal que o programa
de estágio e a expectativa em relação ao aproveitamento dos trainees é
maior, comparada à do estagiário. Em muitos casos, os trainees
28
assumirão cargos de gestão tão logo acabem seus programas de
treinamentos.
A rigor, um programa de trainees é estruturado por grandes empresas,
que recrutam jovens recém-formados16
para funções estratégicas após um
ou dois anos de trabalho, já com vínculos empregatícios formais desde o
início da contratação. Normalmente, a concorrência por vagas nesses
programas é acirrada. Segundo informações disponíveis em artigo no
portal Click Carreira17
, a Cia de Talentos revelou que em 2010 o número
de inscrições variou de três a quarenta e nove mil inscritos por programa,
atingindo a incrível média de dois mil candidatos por vaga!
O mesmo artigo citado acima, de autoria de Ana Luiza Gimenez, relata
com exatidão o grau de exigências a que as empresas submetem seus
candidatos:
 Formação acadêmica sólida (tradução: faculdade de primeira
linha);
 Inglês fluente (além de outros idiomas, se possível);
 Experiências acadêmicas relevantes (monitoria, empresas júnior,
bolsas de iniciação científica);
 Intercâmbio fora do país;
 Realização de outros estágios em grandes empresas; e
 Trabalho em grupo, comunicação e raciocínio lógico afiado.
16
Pode haver variações de modelos de programas de trainee: eu mesmo fui
trainee de um banco de investimentos que recrutava estudantes no penúltimo e
último anos de graduação, para efetivá-los em definitivo imediatamente após a
conclusão do terceiro grau.
17
Fonte: http://www.clickcarreira.com.br/Artigo.aspx?id=954
29
Calma e tente não ficar assustado, pois essa não é uma lista de requisitos,
mas de elementos que se somam para configurar um perfil desejado.
Quanto mais alguém se aproximar da lista, mais apto está para conseguir
sua tão desejada vaga. E não acaba aqui. Uma vez contratado, a cobrança
é à altura do destaque conferido aos recém-chegados. É absolutamente
normal trainees conduzirem projetos relevantes, realizarem
apresentações para a diretoria e trabalharem 12 horas por dia. Por isso,
esteja bem certo do que quer para a vida profissional, pois ser trainee
numa grande empresa não é só glamour, mas também representa trabalho
duro e muita cobrança por resultados.
Por que tantas exigências? Para começar, trata-se de uma questão óbvia.
Selecionar uma pessoa no meio de duas mil não é fácil; é preciso recorrer
a algum mecanismo que diferencie um candidato do outro. Fosse apenas
uma prova com cinqüenta questões, o que fazer caso vinte pessoas
tivessem a mesma nota? Por isso a seleção é tão rigorosa. Além do mais,
o programa de trainees é uma alternativa que as empresas criaram para
atrair jovens diferenciados. Quanto melhor os benefícios e perspectivas
de carreira oferecidas pela empresa, mais pessoas interessam-se por
pertencer à corporação. Dentro desse rol de candidatos alguns
apresentam alta performance e o ciclo se fecha: uma grande empresa com
selecionados de alto nível.
Não deixa também de haver uma competição entre empresas. Quanto
mais robusto o programa maior a demonstração de força da instituição.
Na verdade, os candidatos também são clientes/consumidores e as
marcas representam muito mais que um emprego: também produzem
status, realização e orgulho. Ou alguém duvida de que pertencer à
Embraer, AmBev, Vale, Citi ou Coca-Cola – só para exemplificar – não é
30
motivo de grande satisfação pessoal? Quem na roda de amigos não quer
ter esse diferencial? As empresas sabem que suas marcas têm um poder
incrível de atração, e um excepcional programa de trainees é prova
inconteste dessa força. É briga de gigantes.
Por outro lado, pode-se dizer que num programa de estágio, bons
estagiários poderão ser aproveitados no quadro da empresa, enquanto,
num programa de trainees, a expectativa é de que todos fiquem, tanto é,
que a firma registra os trainees como funcionários efetivos, no regime da
CLT, ou seja, assume o papel de empregadora dos jovens talentos.
Quando um deles não permanece, o clima é de bastante frustração.
Além disso, geralmente, a cúpula da empresa faz questão de conhecer
cada um dos novos trainees, o que normalmente não ocorre com
estagiários. Lembro-me muito bem de ter sido apresentado aos
banqueiros, que depois me chamavam pelo nome nos corredores, do
então programa de trainees de um banco de investimentos multinacional.
Foi uma mensagem muito clara: “estamos aqui para homologar a
expectativa do RH em relação a cada um de vocês”. Senti calafrios, mas
desafiei-me a provar meu valor.
As empresas também utilizam o programa de trainees como estratégia de
retenção de talentos. Já vi pagarem bônus, 14º e 15º salários,
treinamentos no Insper18
, cursos no exterior, entre outros luxos. Nada
mal, hein? Mas, obviamente, a cobrança também é à altura. Avaliações
de desempenho, no máximo, trimestralmente, desenvolvimento de
projetos e apresentações para a diretoria são rotinas em alguns programas
18
Insper é o novo nome do IBMEC, um centro de referência em ensino e
pesquisa nas áreas de negócios e economia.
31
mais sofisticados. Conhece aquela frase “There is no free lunch!”19
? É
perfeita para esse contexto.
Entretanto, - tinha que ter uma ressalva... – assim como há estágios e
estágios, também há programas de trainees e programas de trainees.
Tudo que dá certo é rapidamente copiado. Por exemplo: já reparou
quantos resorts há hoje em dia? Colocou uma piscina com bar ao lado,
uma TV de LCD no quarto e um restaurante mais ou menos, virou resort.
Fácil assim. Virou Brasil. E quanto aos MBAs20
? É festa também. As
instituições que não conseguiam alavancar seus cursos de pós-graduação
usaram a tática da mudança de nome. Afinal, MBA é muito mais chique.
Tem MBA de tudo: Direito, RH, Telecom, Saúde, etc. É só escolher, e
preparar o bolso.
Por isso, colocar todos os programas de trainee no mesmo barco é um
engano. Às vezes, é só uma isca para atrair o interesse dos universitários.
Criam a ilusão de algo diferente, realizam um período de job rotation21
,
mas na hora da efetivação, sobram apenas aquelas vagas mixurucas. Mas
aí você já está por lá mesmo e até pode acabar ficando.
Já me perguntaram várias vezes quais os melhores programas de trainees
disponíveis no mercado. Impossível nomear sem cometer injustiças, em
razão da grande quantidade existente. Há ainda o problema da atividade
profissional ser condizente com o currículo do curso escolhido. Por isso
as empresas interessadas em recrutar estagiários/trainees costumam
colocar cartazes nos quadros de aviso das universidades que formam
19
Tradução: “Não existe almoço grátis!”.
20
MBA é a sigla em inglês para Master in Business Administration, ou seja, um
mestrado em administração de empresas.
21
Tradução: “rotatividade no trabalho”; uma maneira de passar alguém pelos
diversos departamentos da empresa, para dar uma visão geral do negócio.
32
especialistas na sua área. Sobre isso, uma dica é conversar com aqueles
professores legais, que estão sempre “antenados” e, principalmente, são
amigos dos alunos. Com certeza, eles têm conhecimento das empresas do
ramo de atividade para o qual você está se direcionando e, dentre elas, as
melhores para trabalhar. Aí, é só você entrar no site daquela que lhe
despertar mais interesse. É possível ainda, descobrir esses programas por
meio de empresas especializadas em recrutamento de
estagiários/trainees, como a Cia. de Talentos, Dreves e Grupo Foco.
Outra maneira é procurar anúncios feitos diretamente pelas empresas
interessadas, nos jornais de grande circulação. Você vai para a sessão de
classificados e depois, aproveita e lê o jornal. Leitura é fundamental.
Quem lê, além de aprender, escreve e se comunica melhor, portanto, tem
muito mais chance de se sair bem numa avaliação escrita e também numa
entrevista.
Nesta altura você me interrompe. “Então, cara, pare de enrolar e diga
logo, o que é melhor, ser estagiário ou trainee”? Alguém mais apressado
pode querer se antecipar dizendo: “trainee!”. Calma! Vou dar a típica
resposta de engenheiro: depende. Depende da empresa, depende da
proposta dela para estagiários ou trainees, depende do estudante, depende
da área escolhida, depende do seu perfil, depende dos seus valores e dos
valores da empresa, depende...
Não há resposta pronta. Você deve colher as informações e tentar aquilo
que acha que será o melhor. Uma coisa posso garantir, depois de tanta
experiência em diversos locais de trabalho, a empresa pode ser a melhor
do mundo, mas se você cair na área errada, ou fizer um trabalho maçante,
não dá prá agüentar. Em regra, salários de trainees são melhores do que
de estagiários, mas isso não significa que a carreira daqueles será melhor
33
do que destes, por isso, ao optar por um, ou por outro, não leve apenas
esse fato em consideração. Pergunte: Quais as possibilidade de carreira?
Onde há mais investimento na formação nos funcionários? Alguma delas
aparece no ranking das melhores para se trabalhar, e em qual posição? A
resposta dessas perguntas dará o rumo certo para quem quiser saber o que
é melhor. No entanto, é possível ser os dois: estagiário e trainee, pois o
primeiro pode ser realizado durante o curso superior e o segundo, após a
graduação. Não necessariamente são excludentes. Se puder fazer os dois,
tanto melhor.
POR QUE VALE A PENA FAZER ESTÁGIO
Muitos jovens trabalham durante o dia e estudam à noite. Às vezes, essa
é a única forma de poder cursar uma faculdade. Acontece que o tempo
vai passando, a graduação vai chegando à reta final e chega a hora de
fazer o famoso estágio. O problema é o seguinte: “estou empregado,
preciso do dinheiro e não quero pedir demissão para ganhar uma mixaria
num estágio, sem direito a férias (de acordo com a nova lei, anexa ao
final do livro, se o período de estágio for igual ou superior a um ano o
estagiário tem direito a recesso de trinta dias, remunerado ou não), 13º
salário, participação nos resultados e outros benefícios trabalhistas
negados aos pobres ‘escraviários’.”. A primeira tentativa – frustrada – é
converter seu emprego em um estágio, dentro da própria empresa.
Esqueça! Isso é impossível. A segunda é ficar na mesma empresa e fazer
um estágio “meia-boca” em outro local, “só prá cumprir tabela”, como se
diz, e guardar o diploma na gaveta. A terceira e última é largar tudo e
fazer o estágio como deve ser feito.
34
Claro que a terceira opção é a melhor. Por quê? Porque pensar no curto
prazo, nos pequenos benefícios do agora, é confortável, cômodo, mas, em
tese, não leva longe. O estágio, via de regra, é a porta de entrada para
uma grande empresa, e isso é muito mais promissor, nos médio e longo
prazos. Uma carreira, após a efetivação, certamente é um caminho mais
certeiro do que se manter naquele emprego para o qual nem o colegial é
necessário.
Na verdade, esse é o momento para uma decisão de suma importância.
Você deve se perguntar: “Estou fazendo uma faculdade porque todos
querem fazer, só para ter um diploma universitário? Ou enxergo nesse
curso universitário a melhor maneira de me realizar profissionalmente, de
crescer como cidadão, de subir na vida?”. “Estou cursando
Administração (ou Direito, Farmácia, Psicologia...) porque tenho
vocação e afinidade com o curso, ou só porque é o que dura menos, o
mais fácil, o mais barato...”?
Exemplos. Sou auxiliar de farmácia e curso Direito. Para quê? Porque
pretendo mudar de vida, ser uma advogada, ou promotora pública, ou
juíza de direito... A atividade que exerço não tem nada a ver com o curso
de Direito, mas no momento oportuno vou estagiar num escritório de
advocacia e, quando estiver apta a exercer a profissão, deixo meu atual
emprego. Muito bem! Você tem um objetivo e está no caminho certo.
Outro exemplo: sou gerente numa loja de shopping e estou cursando
História. Para quê? “Ah, vou usar os conceitos da faculdade em meu
trabalho.” – diria alguém. Ótimo, mas para relacionar os conceitos dessa
faculdade em seu atual serviço você precisa ser genial. Percebe a falta de
relação?
35
Mais um: sou técnico de laboratório, já fiz Administração e faço pós-
graduação em Finanças. Gente do céu! Para quê isso? Vou enumerar os
problemas:
1. Fazer uma graduação que não tem nada a ver com a sua função
pode ser um erro. A não ser que queira mudar de carreira, é um
tremendo equívoco.
2. Fazer pós-graduação em especialidade que não tem nada a ver
com a sua função é outro erro enorme. Dinheiro, tempo e energia
jogados no lixo.
3. Fazer uma graduação achando que diploma universitário, por si
só, alavanca carreira é ilusão.
4. Ninguém de finanças vai contratar um técnico de laboratório que
já cursou Administração e optou, só na pós-graduação, por
finanças. A atividade empresarial deve ser compatível com sua
área acadêmica.
5. Os conhecimentos adquiridos não ajudarão em nada na sua
profissão atual.
Não estou querendo dizer que você deve interromper seus estudos. Muito
pelo contrário. Você tem meu estímulo para cursar uma graduação e ter
seu diploma de curso superior. Isso ninguém mais tira de suas mãos. O
que estou dizendo, e insisto no ponto, é para você considerar seriamente
a possibilidade de largar seu emprego atual em favor de um estágio numa
boa empresa, mesmo com remuneração inferior à que você tem
atualmente, pois essa decisão pode mudar seu futuro, ser muito mais
frutífera. Mesmo que a guinada seja radical demais, a ponto de gerar
36
comentários irônicos dos amigos e da família, acredito que o sacrifício
momentâneo será devidamente recompensado. É a velha estória: dar um
passo para trás agora, para dar três para frente depois.
PRÉ-REQUISITOS PARA A APROVAÇÃO
Basta ler os anúncios de vagas de estágio para conhecer o perfil básico
desejado. São alguns clichês, para dizer a verdade, mas não há como
fugir deles. Trata-se de itens objetivos que devem ser informados por
meio de currículo, como formação acadêmica, conhecimentos de
informática, domínio de idioma estrangeiro... e subjetivos, como a
nomeação de alguns comportamentos desejados, como facilidade de
comunicação, dinamismo, cooperação.... O interessante é que muitos
pedem inglês fluente, mas você não terá nenhum tipo de contato com o
idioma. Outros pedem pacote Office proficiente, mas não sabem nem
quais são os programas existentes nesse pacote. Por exemplo, alguém já
usou Access em seu estágio? Duvido, mas faz parte do Office. E por aí
vai.
Como dito acima, não dá para fugir desses requisitos, daí a necessidade
de comentar cada um deles. Só assim você poderá avaliar seu nível de
conhecimentos e habilidades e, espero, sanar suas deficiências.
Primeiro, o currículo
Apesar de a maioria dos currículos para programas de estágio serem
feitos on-line, através de formulários padronizados nos próprios sites das
empresas, muitos candidatos não conferem ao currículo seu real valor,
não o tratam com a seriedade devida. Fique sabendo que o cartão de
visitas de qualquer candidato é seu currículo. Eu acredito no jargão “a
37
primeira impressão é a que fica”. Um currículo ruim é um péssimo
começo. Pode botar tudo a perder, logo de cara.
Se a versão de currículo a ser enviada é a tradicional, escrito com suas
próprias palavras, sempre imagine que a pessoa que irá recebê-lo é
exigente, tem má vontade e é muito preguiçosa. Prepare-se para o pior,
pois assim você capricha prá valer.
 Como agradar alguém exigente? Pensando nos mínimos detalhes.
 Como lidar com alguém com má vontade? Vá direto ao ponto.
 Como lidar com alguém muito preguiçoso? Sendo objetivo.
Pensando nos mínimos detalhes
No passado, fiz e refiz meu currículo. Hoje, estou do outro lado do
balcão; mudei de posição e agora recebo muitos currículos. Tenho que
dar o braço a torcer aos psicólogos, pois quanto mais o tempo passa, mais
suas teorias me convencem. Confesso que sempre achei bobagem a
conversa de que é possível conhecer alguém pelo seu currículo, mas
acredite: é possível! As palavras escolhidas, o capricho, os erros de
Português, a formatação do texto, enfim, tudo passa dicas valiosas a
respeito do candidato. Diria que, infelizmente, em 90% dos casos, a
avaliação não é positiva.
Definitivamente, as pessoas não sabem o que colocar e o que retirar de
um currículo. Poderia dar muitos exemplos, mas não quero expor ao
ridículo as pessoas que, ansiosas por uma boa oportunidade, confiam em
mim entregando suas informações pessoais. Mas é de lascar.
Fique atento aos “detalhes”. Não caia na bobagem de pensar que o
importante é o conteúdo das informações a seu respeito e que, o resto
38
será relevado. Ledo engano. Gaste, ou melhor, invista um bom tempo na
elaboração de seu currículo. Procure modelos na internet22
, peça para
amigos mais experientes analisarem, e até mesmo pague, se for preciso,
para um especialista avaliar o seu currículo.
Nada de fotos, cores extravagantes, fontes malucas e variadas, figuras, e
o mais importante, não passe de uma página. Lembro-me de um amigo
de faculdade e seu currículo de três páginas. Nem tinha iniciado a vida
profissional, e já era “muito experiente”. Que pretensão! Isso é de uma
falta de noção gritante. O mundo corporativo costuma não tolerar esses
pretensos super candidatos. É melhor que a NASA23
aproveite esses
super talentos. Não há problema algum com o currículo de uma página
para um futuro estagiário, pois ninguém contrata um, pensando em sua
larga experiência.
Por último, tenha um endereço de e-mail decente, para não virar motivo
de chacotas na empresa. Evite as situações abaixo:
 Difícil de digitar:
o wil_lia_m_123456_m-a-z-z-a@bol.com.br
 Muito comprido:
o william.engenheiro.metalurgista@escolapolitecnica.edu.
br
 Domínio esquisito:
o wmazza@turma_dos_vagabundos.com.br
22
Pelo amor de Deus, use os currículos da internet como referência. Não vai sair
dando copiar/colar em currículos por aí, pois pode ser como um tiro no pé.
23
Agência espacial americana famosa por contratar gênios, de verdade, para seu
quadro de funcionários.
39
 Apelidinho mimoso: will_pitelzinho@bol.com.br
 Suas preferências: adorovocesfofinhas@hotmail.com
 Combinações esdrúxulas: wmazza@quer_ficar.com.vc
 Conotação sexual: will_25cm@tigrao.com.br
 Incompreensível: tk32gftf-45k@bol.com.br
 Países remotos: wmazza@gyk.com.af
 Destinatário tosco:
o black charme <wmazza2010@hotmail.com>
Vá direto ao ponto
Não seja inocente, ninguém quer saber seu endereço completo. Tem
gente que põe até o CEP. Às vezes, pergunto-me se está querendo
receber um cartão de Natal meu. Esse tipo de informação deve ficar de
fora, a não ser que esteja concorrendo a uma vaga fora da sua cidade de
domicílio. Mas só diga que é de outra cidade, ou estado.
Ninguém quer saber sobre sua naturalidade. Se é carioca, capixaba,
potiguar, baiano ou gaúcho, isso, realmente, é irrelevante. É a típica
informação para encher lingüiça. Tem mais. Também não coloque
características pessoais como “bonita”, “loira”, “moreno”, “pardo” e
“traços indígenas”.
Por favor, tire aquelas frases horrorosas e comuns dos finais de currículos
feitos na rua. Todos os trechos citados são casos reais que recebi. Além
de pegar muito mal, são uma embromação que diz, diz e não diz nada.
Confira:
 “Declaro serem verdadeiras as informações contidas neste
curriculum, sendo responsável pelas mesmas”;
40
 “Venho através deste curriculum tentar uma oportunidade...”;
 “Desde já agradeço pela oportunidade”;
 “Pretendo usar minhas experiências com o objetivo de atender às
expectativas dessa empresa, colaborando e somando esforços
visando sempre a boa imagem das atividades a mim atribuídas”;
 “Gostaria de participar do quadro de funcionários desta
conceituada empresa, pois, tenho disposição, conforme ou não
meus conhecimentos, pois busco crescimento profissional
contribuindo de modo positivo nos objetivos e metas da
empresa”;
 “Solicito a gentileza de incluir meus dados no cadastro desta
conceituada empresa, a fim de serem analisadas caso venha
surgir alguma vaga”.
Seja direto:
 Interesse: “realizar um estágio no departamento de
Controladoria”, e não “trabalhar na digníssima companhia em
qualquer área disponível, de acordo com meu perfil”. Isso é pura
enrolação.
 Conhecimentos em informática: “conhecimentos avançados em
Word e Excel 2007”, e não “Pacote Office - básico”. Diga o que
sabe e em qual versão.
 Idiomas: “Inglês fluente”, e não “Inglês intermediário (estudando
o nível 5, Upper Intermmediate, na escola tal...)”. Nas grandes
empresas, esse item não é classificatório, mas eliminatório. É
41
saber ou não saber. Não diga que só fala, mas não lê, nem
escreve. Ou você é fluente, ou não é.
 Formação: “engenheiro metalurgista pela Escola Politécnica da
USP”, e não “eng. metal. na EPUSP”. Cuidado com abreviações
e com a “famosa” sopa de letrinhas que só você sabe o que
significa.
 Disponibilidade de horário para estágio: manhãs.
 Atividades extracurriculares: “Curso de Matemática Financeira,
40 horas, SENAC-SP, em 2009”, e não “Grupo de escoteiros
Lobinhos Vermelhos Saltitantes, aos sábados”. Coloque
atividades relevantes ao estágio. Outras peculiaridades podem ser
ótimas e importantes para você contar num grupo de amigos, em
algumas entrevistas específicas ou para sua tia, mas sem ligação
alguma com a atividade profissional devem ficar de fora.
Sendo objetivo
Esse item é parecido, mas não igual ao anterior. Você tem que ser capaz
de dizer tudo o que foi exposto acima, em apenas uma página. Vai ter
que escrever e reescrever até ficar bom.
Se não ficou claro, explico de novo. Às vezes, para uma mesma vaga, há
muitos currículos, por isso, quem faz a triagem quer saber rapidamente o
que você estudou e onde, e seus conhecimentos de informática e idiomas.
Para só depois, observar os currículos com mais detalhes.
Muitos erram nas informações sobre informática. Caso seu estágio não
seja em TI, ninguém dará muito valor aos seus conhecimentos de Lotus
123, nem ao fato de conhecer programação em C++
ou HTML, e muito
menos, seu talento de diagramação no Page Maker, da Adobe. É óbvio
42
que, para um escritório de engenharia, conhecer a última versão do
AutoCad é fundamental, mas para uma vaga na área comercial de um
banco de investimentos, não importa nem um pouco.
Mais interessante ainda, é que depois da triagem inicial, seu currículo,
em algum momento, irá cair nas mãos de alguém da sua área de interesse.
Se tiver sido exageradamente sucinto isso pode prejudicá-lo. Por isso,
criar um currículo é difícil, pois é a arte de ser sucinto o suficiente para
não parecer prolixo ou, pior, “enrolador”, mas hábil o bastante para
prover informações relevantes à vaga desejada.
Só mais uma dica: todo currículo deve ser “personalizado” para a
empresa em que se deseja trabalhar. Esse papo de fazer um único formato
de currículo e metralhá-lo mercado a fora é um hábito terrível. Percebe-
se de imediato, para infelicidade do candidato. Cada empresa quer se
sentir preferida em detrimento das demais. Se parecer que você quer
qualquer coisa em qualquer lugar, a situação se complica.
Formação acadêmica
Este assunto é controverso. Certa vez um estagiário me perguntou:
“Existe diferença de tratamento entre estagiários de universidades de
ponta e os de universidades sem expressão?”. Ele estava se sentindo
discriminado por algum motivo que não me lembro. Estudava engenharia
numa faculdade pouco conhecida, na Grande São Paulo. Será que essa
distinção de cursos resulta em problema para o estagiário? Respondo.
Antigamente, antes da internet, as melhores empresas só divulgavam suas
vagas nas universidades que escolhiam. Isso restringia o acesso de muitos
estudantes, pois, sequer tinham conhecimento das oportunidades. Assim,
sua chance de participar de processos seletivos de estagiários era quase
43
nula. Hoje em dia, é muito diferente. Mesmo que a empresa não envie
nenhum cartaz para sua faculdade, basta entrar no site apropriado, ou na
empresa de recrutamento contratada pela interessada para promover o
concurso de estagiários e, livremente, inscrever-se como qualquer outro
aluno de faculdades de ponta. Sem dúvida, esse advento beneficiou
milhares de universitários nesse Brasil a fora.
Mas não se iluda. As empresas têm sim uma “quedinha” pelos alunos que
já foram aprovados nos mais difíceis vestibulares do país. Por quê? Pelo
motivo mais óbvio do mundo: esses alunos foram vitoriosos na batalha
dos vestibulares, conseguindo superar muitos outros candidatos. É um
sinal de competência que não pode ser desprezado e para quem tem que
escolher, sem conhecer, essa é a maneira tradicionalmente mais sensata.
Funciona desse jeito: se você tiver duzentos mil reais para comprar um
carro, vai optar por um Mercedes-Benz, ou arriscaria numa outra marca
que você desconhece? A maioria compraria a marca alemã, afinal ela já
tem um histórico de sucesso, que não pode ser deixado de lado. A outra
marca, pode sim ser ótima, como também, pode não ser.
Entretanto, há alunos excelentes e brilhantes em todas as faculdades.
Muitos não se saem bem no vestibular porque os pais não tiveram
condições, ou visão, para oferecer uma educação de alto nível. Por vezes,
são até mais inteligentes; só não foram devidamente preparados. Em
condições de igualdade, dariam um show. É por isso que várias empresas
têm quebrado o tabu e dado oportunidades sem preconceitos de
formação.
Aliás, a maioria dos concorrentes nos processos seletivos vem das
faculdades menos tradicionais. Como o volume é grande, você, que faz
parte delas (se for o seu caso, claro), vai ter que apresentar um diferencial
44
para mostrar que não é só alguém atrás de um diploma. Há várias
oportunidades. Se você for muito bem na fase de testes, nas redações, nas
provas de Inglês e atualidades, nas dinâmicas e entrevistas, estará em pé
de igualdade com quaisquer candidatos.
Aos alunos egressos das melhores universidades do país tenho duas
notícias: uma boa, uma ruim. Por certo, vão querer primeiro a boa. Lá
vai. A sua universidade lhe abre as portas da maioria das empresas. Elas,
provavelmente, darão a chance de você mostrar seu potencial. A ruim, é
que muitos se tornam arrogantes e pensam que a empresa tem que
estender tapetes vermelhos para um candidato tão “gabaritado”. Muitos
esbarram na própria presunção. Participam do processo com displicência,
julgando que a fama da faculdade onde estudaram preenche todos os
requisitos que a vaga exige. Seja inteligente. Use a qualidade de sua
formação a seu favor, não contra.
Mas e quanto ao meu curso universitário?
Já sei. Você optou por estudar um curso diferente do tradicional e está
morrendo de medo de não encontrar trabalho depois de formado. Faz
sentido. Até pouco tempo atrás, os melhores programas de trainees eram
redutos de engenheiros e administradores, principalmente. Hoje, contudo,
a tendência é diferente. Segundo reportagem do jornal Valor24
: “a
escassez de mão de obra no mercado tem feito muitas companhias
reverem suas prioridades e reduzirem as exigências em relação à
formação acadêmica dos candidatos”. Que ótima notícia, não acha?
24
Edição de Sexta-feira e fim de semana, 27, 28 e 29 de maio de 2011; no
caderno EU&CARREIRA.
45
A mesma reportagem nos informa que levantamento realizado pela Cia
de Talentos mostrou que 80% das empresas aceitam currículos de
graduações diferentes de administração, engenharia e economia, apesar
de pouquíssimas abrirem o leque em 100% para toda e qualquer
graduação. A Natura foi a pioneira e vem atraindo seguidores dispostos a
quebrar paradigmas em relação ao assunto. Entretanto, ainda levará
tempo para que todo mercado adote tal postura, mas há luz no final do
túnel.
Idiomas
Quais os principais aspectos que um jovem profissional precisa
ter para trabalhar na sua empresa?25
97% Formação acadêmica
57% Fluência na língua inglesa
50% Experiência profissional anterior
47% Participação em atividades extracurriculares
43% Formação relacionada à área de atuação
Você, meu inteligente leitor, é capaz de matar essa charada. Partindo do
pressuposto que todos que almejam vaga de estágio/trainee são
universitários, qual é o quesito mais importante para ingressar nas
melhores empresas, tendo como parâmetro a tabela acima? Muito bem!
Inglês!
25
Reportagem “As melhores empresas para começar a carreira – 2011” – revista
VOCÊ S/A, edição 155, maio de 2011.
46
Essa está fácil. Tem que saber Inglês e ponto final. Vejo gente estudando
Espanhol, Chinês sem estar afiado no Inglês. Na minha opinião, um
desperdício. Salvo casos bem específicos, não falar a língua universal
pode arruinar suas pretensões. Já ouvi alguém dizendo: “Eu estava quase
lá, mas aí me barraram por causa do Inglês!”. Não deixe que isso
aconteça com você. Seria uma pena.
 Definição de fluência em outro idioma no mundo dos
negócios: ser capaz de conduzir uma reunião, realizar uma
apresentação, escrever um relatório ou e-mail, participar de uma
conference call, ler literatura técnica e se virar sozinho numa
viagem internacional. Está apto a tudo? Não? Então visite seu
currículo e, de fininho, como quem não quer nada, mude o status
para “intermediário”.
Mas precisa ser fluente mesmo? Nem sempre. Se você conseguir se
comunicar com razoável destreza e for capaz de entender outra pessoa
falando, pelo menos o essencial, pode se considerar com boas chances.
Ninguém quer um professor de Cambridge no quadro, a não ser a Cultura
Inglesa, mas aquele jeito de falar sem sentido, como nas hilárias
propagandas das escolas de Inglês, pagando vários micos, ninguém
merece... Importante: se o seu conhecimento for básico, não diga que
“domina” o idioma, porque pode passar “um carão” na entrevista.
Outra coisa: se você tiver condiçõe$ para fazer um intercâmbio, pelo
amor de Deus, não vá para a Ucrânia, nem para a República Tcheca;
escolha qualquer país cujo idioma seja o Inglês. Nada contra os países
citados, só não perca essa chance magnífica de adquirir fluência no
47
idioma mais requisitado do mundo. Isso vai transformar sua vida, pode
crer.
Se a grana estiver curta, estude a Língua Inglesa em uma das dezenas de
opções oferecidas no mercado. Dê ênfase à conversação, pois é o que lhe
será requerido logo de cara. Se estiver num nível muito básico, apresse-
se, afinal, não se aprende outro idioma da noite para o dia.
Para quem quiser manter contato diário com o idioma e não agüenta mais
as aulas em turma, a melhor opção que conheço é o site da britânica
BBC, na seção Learning English26
. É gratuito e o conteúdo, fora de série.
Você vai gostar muito.
Informática
Exceção feita aos estágios em TI, nos quais esse item é talvez o mais
importante, ninguém precisa ser nenhum Bill Gates, entretanto, conhecer
apenas o Word é muito pouco. Hoje em dia, a moçada conhece muito
bem o Messenger, o Twitter, o Orkut e o Facebook, mas sinto lhe dizer
que esses softwares são bons para entretenimento, mas podem ser bem
improdutivos se totalmente disponibilizados no ambiente de trabalho.
Tenho que abrir parêntese para alertar meus leitores sobre um ponto
muito importante: essas redes de relacionamentos virtuais podem
“queimar mais o filme” do que ajudar, na hora de encontrar um estágio.
No Orkut, por exemplo, há comunidades que podem denegrir a sua
imagem. Tenha certeza de que em vários processos seletivos os gestores
das vagas irão tentar encontrar mais informações a seu respeito. Veja
onde você não pode ser encontrado:
26
Fonte: http://www.bbc.co.uk/worldservice/learningenglish
48
 “Eu detesto acordar cedo” – a não ser que esteja procurando
estágio numa casa noturna, não vai cair bem ser membro de tal
comunidade, não acha?
 “Eu sou preguiçoso” – que ótima notícia, hein?
 “Seria Inri Cristo um Pokemon?” – não é provável, mas e se
o seu futuro chefe for discípulo do “cristo” genérico? Ele pode se
ofender.
 “Não gosto de tomar banho” – nem para a entrevista irão
chamá-lo.
 “Só compro CD e DVD pirata” – já pensou se estiver
pleiteando uma vaga no jurídico de uma grande gravadora?
 “Não sou fácil, sou bêbado” – o que vão pensar de você
quando o convidarem para o próximo happy hour? Será que
convidariam? Pensando bem, essa dúvida está fora de cogitação.
Empresa não é AAA.
 “Eu fumo baseado, e daí?” – daí que você vai ficar de fora.
 “Adoro cantar a mulher dos outros” – vai haver fila de
maridos/noivos/namorados para te pegar lá fora.
 “Eu durmo com meu ursinho de pelúcia” – por Deus, vão
tirar sarro de você do primeiro ao último minuto de trabalho,
todos os dias.
 “Eu adoro soltar pum” – santa flatulência! – diria Robin.
 “Odeio estudar” – ainda bem que você avisou antes da
contratação.
49
Enfim, há inúmeros outros exemplos a não serem seguidos. “Ah,
ninguém tem nada que ver com minha vida pessoal.” – alguém pode
argumentar – “Isso é um abuso!”. Vai nessa, vai? Fechado o parêntese,
voltemos aos requisitos essenciais em informática.
Windows
O conhecimento mais básico é o de Windows. Pode parecer estranho,
mas ainda há quem não sabe configurar um teclado, não diferencia entre
“salvar” e “salvar como”, não consegue mudar o idioma do sistema
operacional e nem imagina como se instala uma impressora. Se não
bastasse, há os que nunca se interessaram em descobrir para que serve o
botão direito do mouse, não entendem a estrutura de arquivos e pastas do
seu computador local, e são incapazes de localizar arquivos numa
máquina ou em outro computador conectado à rede. E daí? Daí, que
saber essas coisas economizam muito do seu tempo e, de lambuja, podem
ajudá-lo a ganhar um “moralzinho” com seu chefe, que não manja muito
disso também.
Word
Saber digitar um texto não é sinônimo de conhecer o Word, ou outro
editor de texto similar. É preciso entender bem de formatação de texto e
parágrafo, configurar a página e a impressão, inserir cabeçalho e rodapé,
imagens e fotos e, também, inserir e formatar tabelas. Se souber isso, está
bom, o resto, aprenda se necessário.
Excel básico
Esse software põe medo em muita gente mas, se bem utilizado, é
ferramenta essencial para todos os que vivem de cálculos. Os conselhos
50
Acredite se quiser
Meu último estagiário passou um mês
comigo (estágio de férias). Seu projeto
envolvia o uso dessa ferramenta poderosa:
VBA. Como o rapaz é muito inteligente, e
teve boa vontade, rapidamente deslanchou e
apresentou um projeto de estágio espetacular.
Coincidência ou não, ao regressar à
universidade, aplicou seus conhecimentos
adquiridos em outro assunto, e foi convidado
a ir apresentar seu trabalho na China. Vale a
pena ou não um estágio diferenciado?
citados acima também são válidos para o Excel, mas não é só isso. É
necessário conhecer as opções “colar especial”, “gráfico” e “função” (só
as básicas: auto-soma e média). Para um estágio em escritório de ciências
humanas é o suficiente.
Excel intermediário
Para quem pretende trabalhar em engenharia, contabilidade,
controladoria e outras áreas abarrotadas de cálculos, o conhecimento de
Excel é vital. Além do que está citado acima, é bom você também
conhecer as opções “formatação condicional”, “macros”, “classificar e
filtrar”, outras “funções” mais sofisticadas (procv, proch, cont valores...),
“atingir metas”, “solver” e “tabelas dinâmicas”. Acredite, você precisa
conhecer e fazer uso dessas ferramentas.
Excel avançado
Para quem quiser
“causar” na seção, pode
aprender a usar o editor
do Visual Basic for
Applications (VBA)
dentro do Excel. É
necessário ter noções de
programação para poder
ir a fundo na ferramenta.
Isso aqui é muito chique,
e só é indicado para
aqueles que querem tirar
51
“nota 10, com louvor!” no estágio. Você pode construir pequenos
aplicativos, que realizam cálculos padronizados e com lógica própria. As
aplicações são infinitas. Quando trainee criei um aplicativo que
otimizava o fechamento contábil dos fundos de investimento. O trainee
anterior fechava vinte fundos por mês, trabalhando oito horas por dia.
Depois de meu aplicativo, fechávamos mais de cinqüenta, com a metade
do tempo e sem erros. Qual foi a minha nota nos três meses em que
fiquei na contabilidade? Nota A.
Power Point
Ainda lembro das transparências e dos retropojetores, como se fosse
ontem. Hoje, são peças de museu. Tudo é apresentado em Power Point.
Você precisa ser capaz de utilizar esse aplicativo de maneira eficaz.
Aqui, valem mais as dicas de como falar em público, do que a respeito do
uso das funções do software. Apenas tome os seguintes cuidados:
 Cores e fontes extravagantes costumam irritar a platéia. Se a platéia
for a diretoria, por exemplo, não recomendo irritá-los. O contraste
entre a cor das fontes e a cor de fundo pode ser fatal.
 Lembre-se de que seu público é todo alfabetizado. Se for só para
ler o slide, deixe que cada um o faça, por si mesmo.
 Pela lei de Murphy, todos os vídeos, atalhos e anexos da
apresentação não abrirão na hora “H” e você ficará com cara de
tacho. Eu somente arriscaria se tivesse a oportunidade de testar e ter
certeza absoluta de que tudo estará funcionando.
 Nada é mais tedioso do que assistir a uma chatérrima
apresentação e ver no cantinho do slide “13 de 156”, por exemplo.
52
Ninguém merece! O pior não é o exagero do número de slides; é
calcular o tempo que vai ficar ali plantado ouvindo aquele tró-ló-ló
enfadonho. Fale o necessário. Nem uma palavra a mais.
 Apresente olhando para o público, não para o slide, o que
demonstra insegurança.
 Não exagere nos efeitos especiais, afinal sua apresentação não
estará concorrendo ao Oscar nessa categoria. Nem pense em usar a
famosa metralhadora de letrinhas!
É isso aí.
Internet
Quem é que pode se dizer expert em Internet? Já sei: é alguém viciado
em bate-papo no chat do UOL? Ou um especialista em achar vídeos
engraçados no YouTube? Melhor, é um cara que tem um Twitter com
mais de 10 mil seguidores? Infelizmente, nenhuma das opções anteriores
é correta. Para afirmar que tem conhecimentos relevantes de Internet
você deve ser capaz de realizar boas pesquisas, tanto científicas como
comerciais, além de obter informações de qualidade, com bastante
rapidez. Só isso.
Abre parêntese. Se a sua empresa fornecer acesso ilimitado à rede
mundial de computadores, olha lá os sites que vai acessar, hein? Nada
com conteúdo sexual, páginas de fofocas sobre artistas e, muito menos,
os que buscam por outras vagas profissionais. Não seja tolo e deixe para
fazer essas coisas no conforto e privacidade do seu lar.
Outra coisa, evite usar o Messenger, mesmo que seja autorizado a isso. É
uma perda de tempo sem fim. Muita gente não tem “semancol” e adora
ficar enviando “chamadas”. Perdem a concentração no serviço,
53
interrompem a execução de uma tarefa. Na minha equipe, incluindo
minha pessoa, o uso está fora de questão; e digo mais, a restrição não traz
prejuízo algum.
Tem mais. Muita gente já foi demitida por causa de e-mails com
conteúdo impróprio. Nem pense em dar uma mancada dessas, repassando
as fotos da última capa da revista Sexy. Quanto às correntes de e-mail
(do tipo “envie essa mensagem para quinze pessoas, senão vai virar
vampiro”), deixe de ser “mala” e apague essas bobagens da sua “caixa de
entrada”, de imediato. Muito cuidado também com arquivos contendo
assuntos confidenciais da companhia. Alguns desavisados (e
desocupados), inocentemente, ficam fuçando onde não devem e acabam
acessando informações que não lhes dizem respeito, e pior, imprimem ou
enviam para e-mails particulares informações de uso restrito à empresa.
Caso você não saiba, o uso de todas as funcionalidades de seu
computador pode ser facilmente rastreado. Cada clique pode ser
monitorado e, uma vez recuperados, todos os seus atos virão à tona num
segundo. Depois, até você explicar que Jesus não é Genésio, já era. Fecha
parêntese.
As redes sociais
Quem nunca ouviu falar em Orkut, Facebook, Twitter, Myspace, e
Flickr? Esses são os sites de relacionamentos do momento e você não
pode ficar de fora dessa moda. Por quê? Porque eles podem ajudar (ou
não, como vimos anteriormente) a arrumar um bom estágio. Como?
Segundo reportagem no site da revista Veja27
, várias empresas utilizam
27
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia-tecnologia/redes-sociais-saiba-
como-usar-profissionalmente-527564.shtml
54
os perfis dos candidatos como fonte de informação para processos
seletivos. Conheça algumas posturas/habilidades/comportamentos que as
empresas consideram positivos e, outros, considerados negativos,
seguidas de um pequeno comentário meu a respeito:
 Positivos:
o Alta freqüência nas postagens. Sugere sociabilidade e
vontade de se comunicar.
o Cuidado com a linguagem e a ortografia. Mostra quem
gosta ou não de ler e escrever.
o Desenvoltura em relação às novidades tecnológicas.
Fundamental para os desafios do século XXI.
o Amigos em quantidade e qualidade, especialmente
estrangeiros. Bom para ver como anda o Inglês dos
candidatos.
o Interação saudável e intensa com os amigos. Revela
que você não é um bicho-do-mato.
o Argumentação e posicionamento em fóruns de
discussões. Ter opiniões próprias e capacidade de
argumentação são requisitos fundamentais para
desenvolver um bom trabalho.
 Negativos
o Erros de ortografia/concordância. Escrever
corretamente é quase uma obrigação, afinal você é um
privilegiado, considerando sua escolaridade em relação à
55
grande maioria dos brasileiros. Cuidado para não grafar,
por exemplo, “menas”, “opito”, “vareia, “estrupo”... Ou
dizer: “meia cansada”, “pra mim fazer”...
o Falta de coerência. Dizer que é esforçado e fazer parte
da comunidade dos “vagabundos, fanfarrões e bêbados”
é de lascar!
o Uso inadequado da linguagem. Falar palavrões e
expressões vulgares constrange os colegas de serviço.
Evite palavras de baixo calão.
o Pessimismo permanente. Cuidado! Quem tem uma
visão negativa da vida, que está sempre achando que
“nada vale a pena”, precisa ler Fernando Pessoa. Nem
vou explicar. Com certeza você conhece a frase
monumental do grande autor português.
o Críticas agressivas. Esse vai ser o futuro grosseirão do
departamento, pois a agressividade de seus comentários
pode extrapolar os limites toleráveis.
o Radicalismo: Só agrada os insanos da Al-Qaeda.
o Comentários preconceituosos: Sem comentários.
Fazer parte de redes sociais, portanto, é faca de dois gumes: pode contar
a favor, ou contra. Depende do uso. Como você é inteligente, claro que
vai fazer bom uso, não é mesmo? Crie uma conta em cada uma dessas
redes sociais, use e abuse, pois podem render ótimos frutos, mas em sua
casa e não no serviço!
56
Caso real: segundo reportagem do jornal O Globo28
, a consultoria
PricewaterhouseCoopers no Brasil está usando o Twitter e o Facebook
para divulgar seu programa de trainee 2010. No primeiro, a empresa
posta dicas de informações institucionais e vantagens em ser trainee na
PwC, e no segundo, há ainda mais interação entre candidatos e a marca,
através de fóruns de discussões sobre o processo. Essa é uma iniciativa
desbravadora, e que rapidamente será disseminada entre as empresas
mais “plugadas” na moçada. Fique atento.
Vale ficar atento às palavras de Sidnei Oliveira:
“o crescimento das redes sociais trouxe a sedução da
comunicação fácil e descontraída. Isso tem promovido novos
comportamentos, com a exposição ilimitada de interesses
pessoais e do estilo de vida permitindo interpretações diversas
sobre os possíveis candidatos. Os profissionais de RH estão
atentos a isso e já fazem uso intenso dessas redes29
.”
Para finalizar este capítulo sobre informática gostaria de dizer que se
você tem outros conhecimentos em Access, InfoPath, Visio, Project,
Corel Draw, Photoshop e afins, eles poderão ser muito úteis para casos
bem específicos, mas para noventa por cento dos estágios é irrelevante
possuir tais habilidades.
Se você leu tudo a respeito de informática, e algo soou meio estranho, é
provável que seus conhecimentos sejam insuficientes. Quem costuma
colocar em seu currículo “domínio do pacote Office”, por exemplo, deve
28
Fonte: http://oglobo.globo.com/blogs/mercadodigital/posts/2010/03/12/twitter-
facebook-na-estrategia-de-contratacao-de-trainee-273977.asp
29
Geração Y: ser potencial ou ser talento? Faça por merecer, ed. Integrare,
2011, p. 58.
57
repensar se está com esse moral todo. Se estiver, ótimo. Se não, vá
resolver o problema imediatamente, pois em apenas seis meses, com
dedicação e curiosidade, dá para se tornar um ótimo usuário de
microcomputadores, afinal, eles são ferramentas de trabalho.
Habilidades comportamentais
Este é um tema de difícil abordagem, pois está relacionado a questões de
foro íntimo, subjetivas. Para um engenheiro, tudo que não é binário, nem
exato, gera incômodo. Não discordo que, hoje em dia, ser pró-ativo,
trabalhar em equipe e ter habilidades para cultivar relacionamentos seja
fundamental, mas como avaliar isso corretamente?
As famosas dinâmicas de grupo, ou painéis, têm a missão de avaliar o
comportamento dos indivíduos. Já participei de algumas delas e confesso
que me aborreci um pouco, diante de tanta mesmice. Todas são muito
parecidas. Além disso, várias vezes me questionei se as pessoas
realmente eram sinceras ou estariam “fazendo tipo” para se aproximar
do almejado “perfil ideal” perante o grupo. Hoje, tenho certeza de que é
possível se fazer passar por “candidato certo” para um determinado
perfil, mas por pouco tempo. A farsa não resistirá à rotina diária na
empresa.
Durante um trabalho de grupo alguém até pode simular características de
um gentleman, de alguém próximo à perfeição, mas é evidente que não
conseguirá manter o disfarce por muito tempo. No dia-a-dia a cobrança
de todos, colegas e superiores hierárquicos, será impiedosa e, com
certeza, a máscara vai cair e com ela, o mascarado, vítima da arapuca que
ele mesmo armou. Não vale a pena. O melhor a fazer é ser você mesmo e
trabalhar num local em que seu perfil seja compatível com o pretendido
58
para aquele setor. É melhor para todo mundo, principalmente para sua
carreira.
Uma dica importante é conhecer os valores de uma empresa e avaliar se
você aceita esses valores, convive com eles. Essas informações sempre
estão disponíveis no seu web site. Por exemplo, há empresas nas quais o
valor “integridade” é o primeiro da lista. Lá, tudo o que acontece deve ser
passado por esse filtro. Posso dizer que aqueles que não primam pela
integridade não terão vida longa nessas corporações, unicamente por
questão de afinidade. Se você pensa que os valores da companhia são
apenas para atender as exigências das normas ISO30
, ou para enfeitar
paredes, está enganado.
Na verdade, não existe um perfil ideal genérico. Depende da empresa e
da característica da área. Por exemplo, não adianta ser genial se o
candidato for introvertido ou tímido, para trabalhar na mesa de operações
da tesouraria de um banco. Não serve. Precisa ser alguém que se expõe
com coragem e toma decisões rápidas num ambiente de altíssima
pressão. Se você for tímido e, por conseguinte, detestar falar em público,
não vá para empresas de consultoria, pois lidará com clientes quase todos
os dias. Mais: se quiser ser pesquisador num grande laboratório
farmacêutico, terá de apresentar grande habilidade em pesquisas
acadêmicas, além de ser muito criativo e persistente. Por outro lado, se
30
ISO (International Organization for Standardization) é o maior
desenvolvedor mundial e publicador de padrões internacionais; é
também uma rede mundial de institutos de padrões de 162 países, com
um membro de cada localidade. (Fonte:
http://www.iso.org/iso/about.htm)
59
gosta de entrar e sair sempre no horário, estude bastante e vá ser
funcionário público31
. E assim por diante. Percebeu como não há
fórmulas mágicas?
31
Não é menosprezo, não. Tenho muitos parentes e amigos funcionários
públicos e, alguns deles, estão em ótimos empregos. Há excelentes
oportunidades no serviço público, além de salários invejáveis. Sem falar na
estabilidade e aposentadoria invejáveis. Mas é inegável que a “pegada”,
dificilmente, é a mesma da iniciativa privada, por isso, os perfis adequados para
um e outra são diferentes, sim senhor!
60
O profissional que as empresas querem
A VOCÊ S/A realizou uma pesquisa com as 30 companhias que
participaram do guia “As melhores empresas para começar a carreira –
2011” para saber o que, de fato, é desejado na hora da contratação, no
quesito “habilidades comportamentais”. Veja:
Um verdadeiro banho de água fria em quem nem terminou a faculdade e
já pensa em emendar o MBA na sequência. Perceba que não são itens de
prateleira, no que diz respeito a algo que é possível aprender em cursos
ou livros. São características pessoais inatas ou, na melhor das hipóteses,
bem trabalhadas naqueles que se autoconhecem bem.
61
Algumas habilidades essenciais, em minha opinião
Há certas habilidades requeridas pelo mercado de trabalho que são
básicas, essenciais, para se trabalhar em qualquer empresa. Apesar de não
pertencer à área de recrutamento e seleção, não terei nenhuma
dificuldade em listá-las, afinal, estão em voga há muito tempo. Você
precisa não só conhecê-las, mas ter desenvoltura para falar a respeito
delas, além de reconhecer seus pontos fortes e fracos em relação a cada
uma. Normalmente, os recrutadores pedem exemplos práticos para
verificar o alinhamento entre seu discurso e suas ações. Convença-os de
que suas habilidades são reais; que não pertencem, apenas, ao campo da
retórica. Prepare-se.
Trabalhar em grupo
As empresas ainda têm muitas pessoas que não gostam de trabalhar em
grupo. Elas pensam que é mais fácil, e mais rápido, fazer tudo sozinhas,
pois os outros “erram demais, demoram a entender e, mais atrapalham do
que ajudam” – dizem elas. Acontece que, atualmente, essa visão sobre o
trabalho de grupo é inaceitável. As áreas estão incrivelmente enxutas. As
demandas crescem a cada dia. Sem trabalho de equipe não há como
cumprir prazos. Não há mais espaço para os chamados “centralizadores”,
que se sentem desprestigiados por não concentrar em suas mãos todas as
tarefas importantes, ou não dar “o seu aval” quando executadas por
outrem. Com eles o trabalho não rende, a equipe se desmotiva, a área
emperra...
Cada membro da equipe tem uma habilidade específica e uma
contribuição diferente a oferecer. O bom gestor reconhece isso, distribui
62
as atividades conforme as aptidões de cada funcionário, mas visando ao
trabalho como um todo. A satisfação aumenta, o trabalho rende e as
novas demandas continuam a chegar e a sair nos prazos acordados. E o
ciclo se repete, positivamente.
Quando fui convocado a prestar o serviço militar obrigatório, no caso, a
servir o Exército, entrei pensando que a tropa fosse composta por
soldados altos, fortes e bem preparados32
. Achava que a força estava na
homogeneidade do grupo. Ledo engano. No primeiro dia, percebi que
havia de tudo: magros, altos, baixos, gordinhos, corajosos, medrosos, etc.
No decorrer do ano, nos exercícios militares, percebi a importância de
cada um:
 Os magricelas passam por passagens muito estreitas;
 Os altos podem subir nos locais mais difíceis;
 Os de estatura baixa podem passar, imperceptivelmente, por uma
mata rasteira;
 Os gordinhos podem ser excelentes contrapesos em alavancas;
 Os corajosos podem ser os únicos a completar uma missão
arriscada; e
 Os medrosos podem salvar a tropa de realizar uma missão
suicida.
Ao contrário do que pensava, à época, a força está na heterogeneidade do
time. Quanto mais heterogêneo, melhor. Esse é o segredo do trabalho em
equipe. Os individualistas, porém, não acreditam nisso. Que rapaz nunca
32
É bem verdade que eu não me encaixava inteiramente nesse perfil, mas...
63
jogou futebol ao lado de um “fominha”? Há profissionais que são
verdadeiros fominhas. Não passam a bola prá ninguém. Na verdade, não
confiam nos outros e isso é muito ruim. Sempre digo que não existe meia
confiança: ou confia, ou não confia.
A graduação é um excelente momento para você avaliar como é seu
desempenho no trabalho de grupo. Qual é o seu estilo? Você é daqueles
que entram no grupo para fazer a sua parte bem feita ou só para fazer
número e fica torcendo para surgir um bom aluno que realize a
empreitada sozinho? Saiba que no mercado de trabalho, nem o que faz
tudo sozinho, nem o “espertinho” que larga tudo para os companheiros,
são valorizados. O ideal é participar com responsabilidades definidas e
interesse. Esse, com certeza, será bem sucedido.
Mas há uma boa notícia para você que se auto-avaliou
desfavoravelmente: sempre é possível mudar. Se você for um fominha
pense que, se continuar cultivando o individualismo corre o risco de ficar
isolado no seu “mundinho”33
.
Relacionamento interpessoal
O relacionamento é inerente ao ser humano. No livro bíblico das origens
– o Gênesis – a história da criação do homem ilustra muito bem esse fato.
Nas próprias palavras do Criador: “Não é bom que o homem esteja só”34
,
ou seja, o homem é um ser gregário, sociável. Não tente contrariar essa
realidade. Pelo menos, não no mercado de trabalho atual.
Por que isso é importante? Fácil. Ninguém faz uma empresa rodar
sozinho. O entrelaçamento das atividades é o que faz a roda girar. Todos
33
Minha homenagem ao meu querido amigo Nivaldo Barbato. Ele adora dizer
isso a seus subordinados.
34
Livro do Gênesis, capítulo 2, verso 18.
64
precisam de todos. Os empregados que se relacionam bem tornam suas
vidas mais fáceis no trabalho. Um ótimo exemplo é um ex-funcionário
meu que tem uma habilidade incrível em obter o que deseja35
. Agrada
quando tem que agradar, bate o pé quando necessário, e recorre aos
superiores hierárquicos imediatamente por uma causa que acredita justa.
Além disso, um ambiente onde não há bons relacionamentos é péssimo.
Na verdade, isso depende muito das chefias das áreas. Por vezes, cria-se
um ambiente tenso, de difícil convivência e cuja tendência, caso as partes
não se esforcem para reverter o quadro, é a da perpetuação. Atualmente,
tenho convicção de que minha postura é responsável pelo clima do setor
que chefio e posso garantir que esse clima tem sido salutar. É claro que o
ideal seria provar o que digo. Entretanto, transcrever os depoimentos de
um ou mais funcionários sob minha supervisão, especialmente os
feedbacks que normalmente recebo, geraria polêmica e poderia ser
interpretado como “sermão encomendado”. Fato é que, priorizando o
desempenho do grupo, a cooperação, o resultado do trabalho conjunto,
mas sempre levando em conta as diferenças individuais, tenho
conseguido manter um ambiente saudável de trabalho. Por oportuno, é
bom lembrar que aceitar diferenças não significa passar a mão na cabeça
do funcionário, mas respeitá-lo como pessoa e como profissional.
Respeito não é só ser legal. Significa interessar-se pelo outro, ouvi-lo,
considerar seu ponto de vista e experiência.
No caso dos estagiários não é diferente. Digo mais. Se não se
relacionarem bem, dificilmente, serão efetivados. Nessa fase inicial,
especialmente, você depende demais da ajuda alheia. Nem pense em ser
35
Marcos Pilingrini, mais conhecido como “Parafuso”.
65
arrogante ou antipático. Isso pode custar a sua permanência na empresa,
ao final do contrato de estágio, ou até antes. Na verdade, a maioria dos
estagiários que conheço, ou conheci, entende perfeitamente a importância
dessa habilidade comportamental e se empenha para ser colaborativo
com todos.
Pró-atividade
Essa é uma das habilidades mais desenvolvidas nas pessoas de sucesso.
Ser pró-ativo é buscar o serviço e não ser buscado por ele. É a diferença
entre aquele que só faz o que lhe é mandado e aquele que sempre vai
além do que lhe pedem. O chamado pró-ativo não fica esperando alguém
passar o recado: sabe ou descobre o que deve ser feito e faz.
Aqui, faço um alerta aos futuros, ou já estagiários: a postura passiva é
fatal. Já entrei numa determinada área e deparei com um estagiário
olhando fixamente para o computador, digitando algo, ou pior, “voando”
em sites de notícias na internet. No começo do estágio é perfeitamente
compreensível não ter muito trabalho, afinal, é difícil parar tudo e ficar
explicando o serviço, tintim por tintim para o aprendiz que acabou de
chegar. Mas, que fique bem claro: isso não justifica ficar à-toa. Há tanto
a aprender, e você vai ter coragem de se quedar num canto, sem fazer
nada? De jeito nenhum. Encoste-se em alguma mesa, ofereça ajuda. Peça
um livro sobre a área em que está estagiando e leia, anotando eventuais
dúvidas sobre o texto para, posteriormente, esclarecê-las junto ao gestor,
crie uma planilha, faça algo interessante. Pelo amor de Deus, só não fique
plantado em frente do computador como se estivesse em sua casa ou
numa lan house.
66
Lembro de um trainee que era um rolo-compressor. Terminava um
serviço, pedia outro e, depois, outro... Uma boa-vontade incrível. Qual o
resultado? Promovido antes de todos os outros, é claro. Quem vai ser
louco de perder alguém assim? Ninguém! Seu exemplo me inspirava,
entretanto, alguns colegas o tinham como um “puxa-saco”, um
“aparecido”, um “cara que não sabia seu lugar”. Fala sério, a turma dos
“bolas-murchas” quer sempre esvaziar a dos “bolas-cheias”. Deixe esse
pessoal de lado, pois com certeza, são frustrados, e isso é contagioso.
Capacidade de resolver problemas
Por fim, adicionei algo que minha mãe sempre me diz, quando fala a
respeito de trabalho: “somos pagos para resolver problemas”. Nada mais
certo. Acho engraçado quando está tudo rodando bem, num dia comum, e
aparece uma bucha daquelas, de pára-quedas. Algumas pessoas ficam
inconformadas e fazem de tudo para empurrar o problema para os outros.
Usam sua criatividade de maneira errada. Ao invés de gastar os
neurônios com a possível solução, criam saídas mirabolantes para fugir
de suas responsabilidades.
Aliás, há pessoas que têm o dom de se desvencilhar de problemas de sua
responsabilidade. Você conhecerá muitas delas, mas não se preocupe,
pois nunca vão longe na hierarquia, afinal, essa postura é totalmente
indesejada. Quem age assim se acha muito astuto, mas está cavando a
própria sepultura. Ironicamente, são esses cidadãos os que mais
reclamam de salários baixos e das “injustiças” nas promoções e
oportunidades perdidas. Por que será, não é?
Não se espera que o estagiário resolva muitos problemas, mas se o fizer,
é óbvio, contará muitos pontos a seu favor. Infelizmente, contudo, muitos
67
gestores se contentam apenas com o básico. Ficam preocupados em
mostrar de tudo um pouco durante o estágio, e não percebem que o
melhor aprendizado é o que ocorre quando se resolvem problemas
práticos. Além disso, passar para o estagiário a rotina chata que ninguém
gosta de executar é um desestímulo ao desenvolvimento do estágio.
Há ainda os que iniciam a solução de problemas, mas não vão até o fim.
Direcionam o caminho, depois, caem numa inércia total. Pior ainda,
mandam um e-mail para quem consideram os responsáveis em resolver
os “pepinos” e acham que isso resolve alguma coisa. Aliás, se e-mail
tivesse esse poder - de dar um jeito em tudo - estaríamos todos na rua. Na
verdade, o e-mail pode ser uma ferramenta dos acomodados. Daqueles
que estão mais preocupados em se defender de eventuais cobranças, do
que de gerar resultados consistentes. Meu conselho: tire o popô da
cadeira e vá resolver seus problemas pessoalmente, firmando
compromissos individuais com as outras pessoas. Filie-se ao projeto
TBC36
.
Conclusão
Há muitas outras habilidades requeridas por essa ou aquela empresa, mas
essas quatro que mencionei são a espinha-dorsal, a linha-mestra do tema.
Saindo-se bem em relação a essas, as demais você tira de letra. E lembre-
se de que há uma forte relação entre elas. Por exemplo, é impossível
trabalhar bem em grupo se você não mantém bom relacionamento com
cada componente da equipe. Quer dizer, possível é, mas será uma tarefa
insuportável. Além disso, não se resolvem problemas sem pró-atividade.
E assim por diante.
36
Tire a bunda da cadeira!
Seu próximo estágio é o sucesso!
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Seu próximo estágio é o sucesso!

  • 1.
  • 2. 2 ÍNDICE SOBRE O AUTOR .................................................................6 AGRADECIMENTOS ...........................................................8 PREFÁCIO..............................................................................9 INFORMAÇÕES RELEVANTES........................................10 INTRODUÇÃO.......................................................................11 Um pouco de história............................................................11 O aprendiz de feiticeiro.........................................................11 Monica Lewinsky..................................................................12 Os estagiários atuais..............................................................12 PÚBLICOS-ALVO .................................................................16 Capítulo 1 - Como conseguir vaga de estagiário/trainee numa grande empresa POR QUE AS EMPRESAS QUEREM ESTAGIÁRIOS?..21 Empresas que não levam o estágio a sério............................22 Empresas que levam o estágio a sério...................................24 Chefe ruim não significa empresa ruim................................26 POR QUE EMPRESAS QUEREM TRAINEES? ...............27 POR QUE VALE A PENA FAZER ESTÁGIO...................33 PRÉ-REQUISITOS PARA A APROVAÇÃO .....................36 Primeiro, o currículo .............................................................36 Pensando nos mínimos detalhes .......................................37 Vá direto ao ponto.............................................................39 Sendo objetivo ..................................................................41 Formação acadêmica.............................................................42 Mas e quanto ao meu curso universitário?........................44 Idiomas..................................................................................45 Informática............................................................................47 Windows ...........................................................................49 Word .................................................................................49 Excel básico ......................................................................49 Excel intermediário...........................................................50 Excel avançado .................................................................50
  • 3. 3 Power Point.......................................................................51 Internet..............................................................................52 As redes sociais.................................................................53 Habilidades comportamentais...............................................57 O profissional que as empresas querem............................60 Algumas habilidades essenciais, em minha opinião.........61 Trabalhar em grupo...........................................................61 Relacionamento interpessoal ............................................63 Pró-atividade.....................................................................65 Capacidade de resolver problemas....................................66 Conclusão..........................................................................67 PROVAS DE RACIOCÍNIO LÓGICO................................68 Problem Solving....................................................................69 Data Sufficiency....................................................................71 Reading Comprehension.......................................................73 Critical Reasoning.................................................................75 Sentence Correction..............................................................77 DINÂMICA DE GRUPO .......................................................78 HORA DA ENTREVISTA.....................................................81 A preparação .........................................................................81 Pronto para a entrevista.........................................................83 Algumas dicas valiosas.....................................................85 Aguardando a resposta..........................................................88 Capítulo 2 - O que fazer para ser efetivado ÉTICA NO TRABALHO.......................................................90 Integridade ............................................................................91 Respeito.................................................................................92 Lealdade................................................................................94 OS BENEFÍCIOS....................................................................95 COMO SABER SE ENTREI EM UMA “ROUBADA”......96 O QUE SE ESPERA DO ESTAGIÁRIO .............................97 Carta a Garcia .......................................................................99 Atitudes esperadas pelas empresas .......................................101 Simpatia ............................................................................101
  • 4. 4 Seja positivo......................................................................102 Pró-atividade.....................................................................104 Bons relacionamentos .......................................................106 Postura...................................................................................107 Desempenho..........................................................................109 Contrato de expectativas...................................................110 Feedback ...............................................................................112 O QUE ESPERAR DA EMPRESA.......................................115 Vagas para efetivação ...........................................................116 Oportunidade real de aprendizado ........................................119 Carreira .................................................................................122 COMO SABER SE O ESTÁGIO ESTÁ INDO BEM .........126 Envolvimento em projetos relevantes...................................128 Participação em reuniões importantes ..................................129 Presença nos meios de comunicação internos ......................129 Apresentação de trabalhos para a diretoria ...........................129 Mas e se não estiver bem, como saber? ................................130 O CAMINHO PARA A EFETIVAÇÃO...............................132 Os bons exemplos .................................................................132 Exemplos a não serem seguidos ...........................................135 FECHANDO COM CHAVE-DE-OURO .............................137 ANEXO: LEI DO ESTÁGIO.................................................140 CONTATO COM O AUTOR................................................151
  • 5. 5 Para minha amada esposa Michelle.
  • 6. 6 SOBRE O AUTOR Wmazza é engenheiro formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, com pós-graduação em administração industrial pela Fundação Vanzolini. Durante a graduação estagiou em três grandes empresas e foi trainee de um conceituado banco de investimentos. Mais adiante, porém, foi efetivado como engenheiro numa indústria de destaque do mercado brasileiro. Já exerceu a função de gestor numa multinacional americana, tendo sob sua responsabilidade mais de duzentos empregados. Empolgado com a orientação dada aos estagiários sob seu comando e, especialmente, com o desempenho desses jovens, proferiu algumas palestras sobre estágio, que serviram de inspiração para este livro. Além disso, é colunista do portal Click Carreira1 , do Portal Trainee2 e também escreve artigos para o blog da Cia de Talentos3 . 1 http://www.clickcarreira.com.br 2 http://www.portaltrainee.grupoemidia.com/ 3 Chega +: http://ciadetalentos.tempsite.ws/chegamais
  • 7. 7 Em resumo:  Participou e foi aprovado em concorridos processos seletivos;  Fez estágios e um programa de trainees em empresas conceituadas, tendo sido efetivado na última delas.  Comandou mais de duzentos funcionários numa empresa de grande porte. Motivado com o bom desempenho de seus estagiários, resultado atribuído à seleção dos estudantes pelas consultorias especializadas e ao planejamento de atividades realizadas pelo Departamento de Recursos Humanos da empresa e também ao seu trabalho como gestor e, ainda, pelo interesse que algumas palestras sobre o tema “estágio” desperta no meio estudantil, decidiu escrever sobre o assunto.  É colunista e articulista em portais sobre carreira e seleção de estagiários e trainees.
  • 8. 8 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Lucio Mazza e Isabel Martins Mazza pela paciente revisão, estímulo e sugestões. Devo tudo que sou a vocês dois. Aos parceiros da Cia de Talentos e portal ClickCarreira por acreditarem no meu projeto. Também agradeço à equipe do Portal Trainee pelo convite e espaço disponibilizado. Ao Sidnei Oliveira, expert no tema “geração Y”, pelo incentivo e interesse pelo meu trabalho. À Maíra Habimorad não só pelo prefácio e gentileza, mas pela disponibilidade e dicas valiosas que fez em todo livro. Julho de 2011.
  • 9. 9 PREFÁCIO Todo início de qualquer coisa é muito difícil. O início de carreira não é diferente disso. Qualquer iniciativa que se propõe a trazer luz e esclarecimentos para este momento merece ser incentivada. Quando o William nos procurou, fiquei curiosa para saber por que um Engenheiro tinha interesse em escrever sobre carreira para jovens. Descobrir que ele é um apaixonado pelo tema, assim como eu, me deu ainda mais motivos para incentivá-lo. “Seu próximo estágio é o sucesso” é um livro simples, mas extremamente rico para não só informar, quanto promover reflexões fundamentais para quem está iniciando a carreira. Ele fala para estagiários, aspirantes a estagiários e aqueles que buscam uma colocação como Trainee em uma grande empresa. Ele pode também falar para pais e professores que querem se propor a ajudar estes jovens a encontrar seu primeiro lugar ao sol e fazer deste, um lugar de aprendizados e sucesso. Se você está procurando informações concretas, recheadas de exemplos e análises bem humoradas sobre o início de carreira como estagiário ou Trainee, assim como dicas bem práticas de como maximizar suas oportunidades em um processo seletivo e melhorar seu aproveitamento já dentro do estágio ou emprego dos seus sonhos, este livro é para você. Escrito por quem já viveu tudo isso e adora o tema. É uma leitura mais do que recomendada! Maíra Habimorad Sócia da Cia de Talentos
  • 10. 10 INFORMAÇÕES RELEVANTES “Empresas dos sonhos”4 para os jovens em 2011: 1ª Google 2ª Petrobras 3ª Unilever 4ª Vale 5ª Natura “As melhores empresas para começar a carreira – 20115” 1ª Vivo 2ª Procter&Gamble 3ª Ibis 4ª Dow 5ª Redecard 4 Pesquisa realizada pela Cia de Talentos, em parceria com a empresa de pesquisa NextView People. 5 Reportagem “As melhores empresas para começar a carreira – 2011” – revista VOCÊ S/A, edição 155, maio de 2011.
  • 11. 11 INTRODUÇÃO Um pouco de história A função de estagiário tem suas origens na Idade Média, quando surgiram as primeiras corporações de ofícios e, com elas, a figura do aprendiz. Na época de ouro do Renascimento, a Igreja pagava para que os grandes artistas pintores e escultores mostrassem cenas que ilustrassem os relatos bíblicos e os nobres e os ricos comerciantes contratavam os mestres da pintura para se verem retratados para a posteridade. Surgiram então, talvez os primeiros estagiários, jovens talentosos que se ofereciam para trabalhar de graça (ô sina!) nos estúdios dos grandes artistas, cuidando da faxina, lavando pincéis e preparando telas ou separando material para as obras de arte. O aprendiz de feiticeiro Mais modernamente, tivemos um estagiário que se tornou sucesso no mundo inteiro por obra e graça do filme “Fantasia”, lançado por Walt Disney (1901-1966) em 1940. Nessa obra-prima, na verdade um desenho animado de longa metragem, ficamos conhecendo o ratinho Mickey Mouse como o aprendiz de feiticeiro criado por Paul Dukas (1865-1935), baseado no conto “Der Zauberlehring” de Johann Wolfgang de Goethe (1749-1832). Trata-se de um estagiário atrevido, que na ausência do Mestre Yen-Sid, resolve brincar com a magia e consegue dar vida às vassouras da caverna do Mestre, perdendo completamente o controle da situação até que o feiticeiro volte e ponha ordem na casa.
  • 12. 12 Monica Lewinsky Mas provavelmente a estagiária mais famosa de todos os tempos seja a americana Monica Lewinsky, (1973-) que conseguiu emprego na Casa Branca quase no final do segundo mandato de Bill Clinton (1946-) e que se envolveu com o Presidente numas trapalhadas no Salão Oval da Casa Branca, que se tornou mais conhecido, depois disso, por Salão Oral. Os estagiários atuais É certo que os estagiários de hoje levam uma grande vantagem sobre os antigos aprendizes: dispõem de informações teóricas sobre a atividade que pretendem exercer, contam com alguns direitos trabalhistas e são motivados pela expectativa de, ao final do período de estágio, fazerem parte do quadro funcional efetivo da empresa. Todavia, enfrentam uma sociedade movida pela competitividade nem sempre salutar e, por vezes, até desumana. Todos os anos, centenas de milhares (sem exagero, os números são esses mesmos) de jovens em todo o Brasil competem entre si, disputando vagas nas maiores e melhores empresas situadas no país. Matéria publicada pela revista Exame6 em dezembro de 2009 mostra os números da competição mais acirrada que se tem notícia: sessenta mil candidatos disputaram vinte e seis vagas na AmBev, ou seja, uma relação de dois mil trezentos e dez candidatos por vaga! Deixando para trás os concursos públicos mais concorridos, como o da Polícia Rodoviária Federal, com “apenas” oitocentos e trinta e três por vaga7 . Nem o curso 6 Fonte: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0959/gestao/selecao-mais- concorrida-brasil-521772.html?page=1 7 Fonte: Revista E-Learning, n. 04, 2002 p. 22
  • 13. 13 de medicina da USP chega perto em termos de concorrência8 . Alheios à magnitude e imponência desses dados, entretanto, e movidos pelo sonho de uma carreira brilhante, muitos se inscrevem nos processos seletivos sem saber ao certo o que encontrarão pela frente. Com isso, ficam em enorme desvantagem em relação aos candidatos que, de alguma forma (pontual), prepararam-se para enfrentar essa batalha. O fato ocorre porque não há informação disponível sobre o assunto no mercado editorial. Em suma, há um público considerável, totalmente desprovido de orientação que o ajude a conquistar as tão disputadas vagas. Por outro lado, mesmo depois de conseguir um bom estágio, ou de tornar-se um trainee, o iniciante sente-se inseguro em relação a essa nova empreitada, não sabendo exatamente o que se espera dele para manter-se no estágio e, ao final, ser efetivado. Sei disso por experiência própria. Também já me senti carente de informações nas etapas descritas acima e, hoje, fazendo gestão de estagiários vejo, por outro ângulo, como os jovens ficam “perdidos” durante o tempo em que conciliam os estudos com a incipiente vida profissional. O objetivo deste livro não é outro senão ajudar essa legião de estudantes a se situar e vencer cada uma das fases que compõem essa batalha. Você já sabe que não sou da área de recursos humanos. Por isso, não alimente a expectativa de folhear um compêndio técnico, repleto de informações para profissionais dos Departamentos de Recursos 8 Segundo o site da FUVEST (http://www.fuvest.br/estat/insreg.html?anofuv=2011), o último vestibular de medicina na USP em 2011 apresentou uma relação de 49,25 candidatos por vaga.
  • 14. 14 Humanos. A proposta deste livro é orientar candidatos que almejam vaga de estagiário ou trainee. E, aos que já superaram essa etapa, dar informações que possam ajudá-los a desempenhar bem as respectivas funções, não só para melhorar seu aprendizado e cumprir o dever ético de executar um bom trabalho, mas também, visando à sua futura efetivação na empresa. Para tanto, faço algumas considerações sobre a figura do gestor, chefe de uma determinada área da empresa encarregado de orientar e atribuir tarefas ao aprendiz, e ofereço dicas que considero úteis para os estagiários/trainees descobrirem se estão no caminho certo ou não e, mais importante, a ajudá-los na conquista do seu espaço e na consecução de uma carreira de sucesso. A proposta também é auxiliar os gestores na missão de conduzir os novos talentos que, diga-se de passagem, não se parecem em nada com aquela imagem estereotipada do estagiário de antigamente. A revista Época9 mostrou o resultado de uma pesquisa feita com três mil e duzentos alunos e trinta e oito empresas, que revelou a falta de alinhamento entre os empregadores e os estudantes no quesito “empregabilidade”. Veja que interessante: 9 Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0%2C6993%2CEPT593967- 1653%2C00.html
  • 15. 15 Por que o primeiro emprego é difícil Consultoria perguntou a empregadores e candidatos quais fatores atrapalham a contratação de um recém-formado. O resultado mostrou que os jovens pensam que são recusados por falta de experiência, mas o problema costuma ser de personalidade ou formação. Visão dos jovens Visão dos empresários Falta de experiência profissional 1 Características pessoais, como insegurança Poucas vagas 2 Curso universitário fraco Conhecimento insuficiente de idiomas 3 Poucas vagas Curso universitário fraco 4 Conhecimento insuficiente de idiomas Conhecimento técnico insuficiente 5 Falta de identificação com a profissão Fonte: Grupo CM/Consultoria de Pesquisas Educacionais Essa tabela é primordial para quebrar alguns paradigmas, tanto de universitários quanto de gestores. Definitivamente, é notória a distinção de percepções entre os dois públicos, que mal se conhecem e pecam na leitura equivocada sobre os reais motivos que levam ao fracasso da maioria dos candidatos em atingir seus intentos. O livro divide-se em duas partes. A primeira trata da etapa anterior ao estágio, de como consegui-lo e a segunda, do início do estágio em diante, rumo à efetivação. Aqueles que ainda estão cursando suas graduações, ou cursos técnicos e de tecnologia, e que pretendem iniciar suas carreiras através de um programa de estágio, ou de formação de trainees, devem ler o livro todo, pois será de grande valia. Aos que já estagiam, mas não
  • 16. 16 na empresa dos seus sonhos, a pretensão é que esta leitura os estimule a uma nova busca, a um recomeço e, portanto, o conselho é o mesmo: leitura integral. Quanto aos mais afortunados - já estagiam na empresa onde pretendem ser efetivados - podem se dar ao luxo de ler apenas a segunda parte do livro, já que venceram a primeira batalha por uma das tão cobiçadas vagas. Parabéns! A todos, boa leitura. PÚBLICOS-ALVO Os públicos-alvo desta obra, distintos mas interligados, são três: o dos estudantes do ensino médio (técnico ou profissionalizante) e das universidades, que pretendem estagiar em empresas privadas; o dos estudantes, já estagiários, empenhados em se efetivar na empresa onde estagiam e o dos gestores que têm estagiários no seu quadro de funcionários. É claro, todos que desejam se tornar trainees, também se encaixam no escopo. Nada contra os estudantes que pretendem trabalhar por conta própria ou aqueles que almejam ser funcionários públicos10 , mas esta obra tem como alvo apenas os candidatos a vagas na iniciativa privada. 10 O setor público também oferece vagas a estagiários, especialmente nas áreas jurídica, de educação e de saúde, preenchidas, na maior parte das vezes, por concurso de provas e títulos. O critério de seleção é objetivo e, salvo raras exceções, os aprovados não dependem de entrevista para serem contratados. São estágios que visam, tão-só, dar treinamento a estudantes. Não resultam em contratação de trabalho temporário, sob o regime da Consolidação das Leis do
  • 17. 17 Se você tem essa pretensão – trabalhar na iniciativa privada - saiba que o estágio ou um programa de formação de trainees é a melhor maneira, a mais rápida com certeza, de ingressar numa carreira de sucesso. Isso porque, efetivado depois de cumprir período de estágio, você pulará etapas e iniciará a carreira na empresa a partir de um patamar mais elevado. É como começar uma corrida de cem metros rasos com pelo menos dez metros de vantagem. Bom, não é? Bom não, ótimo! Mas, como dito, trata-se de probabilidade, não de certeza. Não pense que será fácil. Você tem que primar pela ética, batalhar, empenhar-se nas tarefas que executar como estagiário, estar sempre interessado em aprender, comportar-se adequadamente, ser assíduo, pontual... Não é só conseguir um bom estágio e ficar esperando o diploma para efetivar-se na empresa. Afinal, um canudo na mão, por si só, não dá direito nem é passaporte de entrada no quadro funcional da empresa. Diploma não efetiva ninguém! A boa faculdade, em si mesma, não rende um real a quem quer que seja. Seu intercâmbio nos EUA não vai garantir nenhuma transferência internacional. Tudo isso ajuda e é importante, mas não isoladamente, de per si. O que vale é o conjunto de qualificações. É como uma orquestra: sem um bom regente, que atente para todos os músicos, não há talento individual que salve a apresentação, porque o resultado final desejado – a boa música orquestrada - depende do conjunto. O objetivo deste livro é mostrar a realidade dos processos seletivos e a melhor maneira de encará-los e vencê-los. Depois, a importância de um estágio bem conduzido e bem aproveitado. O estagiário precisa estar Trabalho - CLT, nem em efetivação no Serviço Público, sob a égide do Estatuto do Funcionário Público.
  • 18. 18 consciente do seu desempenho, de como está sendo visto, avaliado, pois só assim terá condições de se situar, de conhecer suas chances reais na empresa. Gostaria de criar nestas páginas uma escala de zero a cem, na qual a inscrição em um programa de estágio seria o zero, a obtenção da vaga o cinqüenta e a efetivação numa grande empresa, o cem; mas não será necessário, uma vez que esses três marcos já falam muito bem, por si próprios, e são mais compreensíveis se enxergados como degraus. Nesse contexto, o livro irá orientá-lo sobre o que deve ser feito para subir de um degrau para o outro e oferecer dicas que o ajudarão a se posicionar quanto ao patamar almejado. Tenho certeza de que muitos serão bem-sucedidos nessa empreitada. Quanto aos gestores, precisam ouvir e entender os anseios desses jovens funcionários, que já não aceitam mais (será que, intimamente, um dia aceitaram?) um papel meramente burocrático e irrelevante no local de trabalho. A maioria aspira a ser efetivada, crescer na carreira. E crescer rápido, de preferência. A mesma reportagem da Exame citada anteriormente traz um estudo da AmBev para conhecer o público-alvo de seu programa de trainees. O resultado é que os jovens dão preferência a empresas que lhes permitam um crescimento profissional rápido, entre outras “exigências”. Como lidar com tudo isso? Primeiro, compreendendo de verdade e sem medo o perfil dessa nova geração de universitários. Depois, atraindo e retendo bons talentos, o que não é fácil, uma vez que há empresas oferecendo mundos e fundos pelas “melhores cabeças”. Além disso, você está disposto a compartilhar seu tempo com estagiários, ou seu tempo é valioso demais para isso? Dependendo da resposta, saiba que os melhores não irão querer pertencer à sua equipe, pois encontrarão
  • 19. 19 o que desejam com gestores melhor preparados. Por outro lado, você pode ser um ímã de talentos e ter uma área com desempenho diferenciado. Em decorrência, suas chances de ascender na empresa aumentarão de modo significativo. Suas aspirações são elevadas? Então, com certeza, você topará este desafio.
  • 20. 20 Parte 1 Como conseguir vaga de estagiário/trainee numa grande empresa “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.” Evangelho de Mateus, capítulo 7, verso 7.
  • 21. 21 POR QUE AS EMPRESAS QUEREM ESTAGIÁRIOS? Já imagino o pessoal do escritório tirando um sarrinho dessa pergunta. Vão dizer que “os estagiários não servem para nada, que são os últimos que falam e os primeiros que apanham, que servem para tirar xérox, ir ao banco, ou passar um cafezinho”. Ainda bem que nem todos pensam assim! Esse tipo de preconceito já era! É claro que não estou falando das brincadeiras, pois ainda têm vida longa e delas os estagiários não escapam, por melhores e mais legais que sejam. Mas essa estória de estagiário ser utilizado só para tirar cópias reprográficas (em desuso, diga-se, em razão das impressoras), ou para fazer um cafezinho, não dá prá aceitar. É verdade que o equívoco vem de longe e foi tolerado pelo jovenzinho tímido, apático e quase nulo: o estagiário de antigamente – um ser em franca extinção. Ainda há empresas, jurássicas na mentalidade, que deixam os estagiários à mercê de seus funcionários e estes, sem os devidos esclarecimentos e também, por falta de instruções precisas, empenham-se em deixá-los ocupados com quaisquer tarefas, ainda que, nem remotamente, tenham alguma utilidade para o treinamento profissional do aprendiz. Nessas empresas, não raro, o estagiário é contratado para executar as funções de contínuo (faz entregas, serviços bancários, leva e traz recados...). Dá vontade de chorar quando alguém conta, até com certo orgulho, as humilhações que os estagiários passam em suas mãos. Parece que há uma torcida para que os coitados errem e virem alvo de chacotas. O pessoal
  • 22. 22 torce para as “lambanças” serem logo na segunda-feira de manhã, pois assim terão a semana inteira para ridicularizar o pobre infeliz. Meu conselho para quem estiver num lugar desses é um só: “caia fora!”. Não vai agregar nada a você manter-se num ambiente de hostilidade onde o assédio moral11 domina. Não estranhe se além dos estagiários, outros também sejam alvo das chacotas discriminatórias. Parece exagero, mas é mais comum do que se imagina, infelizmente. Voltando à pergunta acima - por que as empresas querem estagiários? - ela é fácil de responder, mas é preciso fazer uma distinção: empresas que levam o estágio a sério, e as que não levam. A resposta depende dessa consideração. Vou começar pela segunda opção. Empresas que não levam o estágio a sério Essas empresas querem mão-de-obra qualificada a preço de banana. Não há vagas disponíveis, muito menos carreiras a oferecer. Quer melhor do que isso? Um funcionário que está estudando, buscando se aperfeiçoar, e com motivação acima da média, tentando um lugar ao sol. É uma tentação mesmo, sobretudo porque o custo de um empregado contratado sob o regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) é altíssimo e, na verdade, inibe a competitividade das empresas no Brasil. Entretanto, a solução do problema não está em contratar estagiários. Essa é apenas a opção mais fácil e barata. Já aconteceu comigo. Meu primeiro “estágio” não passava de um emprego informal disfarçado12 - instrutor de informática, numa escola do 11 Para mais informações sobre o que é Assédio Moral acesse http://www.assediomoral.org/. 12 Quando resumi minha experiência profissional, não considerei a passagem por essa empresa como meu primeiro estágio, pois, de fato, não foi. Atualmente a
  • 23. 23 gênero. Só isso. A empresa colocava cartazes em faculdades de ponta, e prometia um salário diferenciado (de fato, era). Só que a sua pretensão era contar com os serviços de um empregado diferenciado, sem os ônus trabalhistas, contratando-o como estagiário. Financeiramente, foi importante para mim, pois me ajudou a pagar as despesas com a faculdade (livros, transporte, alimentação...) por um tempo, mas, consideradas a natureza e a finalidade do estágio, foi uma distorção total. O equívoco durou alguns meses. Tive ciência, por intermédio de colegas de turma e também por estagiários que entrevistei, do que acontece em algumas empresas: excesso de burocracia para o ingresso e, depois, uma infinidade de atividades rotineiras “chatérrimas” e, pior, só para encher lingüiça. A verdade é que não há espaço no quadro de funcionários e então alguém sugere a solução considerada genial: “Vamos contratar um estagiário e ‘empurrar’ prá ele somente tarefas enfadonhas que ninguém tem vontade de executar, como por exemplo, arquivar aquela montanha de documentos, trocar cartuchos das impressoras, ir ao banco...” Em casos mais extremos, a preparação dos cafezinhos da área e a tarefa de servi-los são atribuídas a ele - o “estag”- apelido carinhoso utilizado em algumas empresas. Ah, esqueci da “nobre” missão de higienizar o galão de água de vinte litros para que os fanfarrões da área encham suas panças com água mineral geladinha. Aos meus amigos do curso técnico, devo informar que a situação pode ser ainda pior. Fiz o colegial técnico no excelente Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e também tive que cumprir período de estágio. Até Lei do Estágio (ll.788/2008) é rigorosa nesse sentido. Se o caso for levado à Justiça do Trabalho o período de estágio é considerado vínculo trabalhista.
  • 24. 24 que não foi ruim, mas alguns amigos meus sofreram. Um deles, para ficar em um caso só, tinha como uma de suas obrigações limpar os banheiros do escritório de engenharia. Quando dava, ele até se debruçava nas pranchetas13 de desenho técnico. Dá para acreditar? Que motivador! O jovem selecionado para estagiar na empresa, mal ingressa e, pronto, já percebe que as atividades que o esperam acrescentarão pouco, ou nada, à sua educação profissional. Se for um cara esperto, que não pretende ficar flanando enquanto a vida passa, que leva a sério os estudos, a decisão não deve ficar aquecendo em “banho- maria”. É partir para outra, e logo! Resumindo, há empresas que resolvem o problema de suas folhas de pagamento contratando jovens estudantes, na condição de estagiários. A solução ajuda a pessoa jurídica, não o estagiário. Empresas que levam o estágio a sério Por outro lado, há uma infinidade de outras empresas, felizmente a maioria, que atenta para a sua função social, está engajada na sociedade, acredita que uma educação de qualidade é a base do desenvolvimento e deseja por futuros profissionais gabaritados em seus quadros. Numa visão ampla, valoriza o estágio porque está comprometida com o processo educacional. Por outro lado, como é eficiente, não desconhece que pessoas novas, com vontade de aprender e que, geralmente, questionam o status quo, são valiosíssimas e que a renovação de suas equipes, com acréscimo da qualidade do serviço, só se dará através de bons substitutos. 13 Para os mais novinhos, naquela época não havia softwares para a elaboração de peças de desenho técnico em duas dimensões e para criação de modelos tridimensionais. Era tudo feito à mão.
  • 25. 25 É uma questão de estratégia. A empresa que enxerga o estágio como benéfico sabe que uma organização só atinge bons resultados quando tem bons profissionais. Portanto, não é apenas por compromisso social, para contribuir com o aprimoramento da educação que a iniciativa privada contrata estagiários. É porque não ignora que a continuidade da vida empresarial depende desse fluxo incessante de novos cérebros, dessa oxigenação, para atingir resultados cada vez mais competitivos. As melhores empresas levam o assunto estágio muito a sério, e não é à toa que há processos seletivos para estagiários mais concorridos que alguns vestibulares de universidades públicas, e ainda mais difíceis que todos os concursos públicos, considerando a relação de candidatos por vaga. E o que essas empresas oferecem? Simples: oportunidades reais de aprendizagem, respeito, treinamentos, gestores preparados e uma perspectiva de carreira onde o céu é o limite! Essa é a razão pela qual tantos querem trabalhar em grandes corporações: há uma nítida relação de ganha-ganha. O que é uma relação ganha-ganha? Explico. Estamos muito acostumados com outro tipo de relação. No país onde vigora a lei de Gérson a mentalidade continua sendo “tirar vantagem de tudo”, e a relação predominante é a ganha-perde. Claro, eu ganho e você perde. De qualquer forma essa lei - da vantagem sobre o outro - vira uma luta de foices em que sai perdendo o lado mais fraco. No caso, o estagiário. Há mão-de-obra qualificada bem barata (empresa ganha), e por outro lado, oferece o “privilégio” do trabalho mais burocrático e desinteressante (estagiário perde). Na relação ganha-ganha, é diferente. Ambos se beneficiam da situação. A empresa oferece recursos, treinamento e aprendizado prático e, assim,
  • 26. 26 complementa a formação do aluno (estagiário ganha). Por outro lado, o contratado para o estágio dá o melhor de si a um custo baixíssimo, trazendo seu conhecimento teórico atualizado (empresa ganha). Conclusão: os benefícios do programa de estágios devem ser em mão- dupla. Chefe ruim não significa empresa ruim Sempre existe uma figura como essa: o chefe “do contra”. Se a empresa opta pelo Seis Sigma14 , ele diz que não vai funcionar. Se o RH (recursos humanos) traz um novo modelo de avaliação de desempenho, ele diz que isso só dá certo em empresas americanas. Se o setor de TI (tecnologia da informação) resolve implantar o SAP15 , ele diz que tem um cunhado que manja muito do sistema, e que só dá pau... Enfim, o chefe é um mala- sem-alça. Não me pergunte por que esse tipo ainda continua na empresa, pois não sei explicar. O fato é que ele está lá. Pior ainda, pode ser seu chefe. Bem, faço questão de destacar esse assunto, pois se você conseguir entrar – e você vai conseguir! – numa boa empresa, pode ter o azar de ser subordinado a alguém assim. Ele não vai facilitar a sua vida, nem sequer, montar um plano de estágio. Você pode ficar num canto esquecido, sem orientação. Ao final de um ano ele faz cara de conteúdo, diz que não há vagas (na verdade, ele não gostou do seu estilo ou nunca quis ter um 14 Seis Sigma é uma ferramenta de qualidade cujo princípio fundamental é o de reduzir de forma contínua a variação nos processos, eliminando defeitos ou falhas nos produtos e serviços. 15 SAP é uma empresa alemã criadora do Software de Gestão de Negócios de mesmo nome.
  • 27. 27 estagiário na equipe, mas não terá estofo para dizer isso) e contrata outra vítima para o ano seguinte. Isso faz parte da vida e nos ajuda a amadurecer. Além disso, você está sujeito a se defrontar com esse “figurão” em qualquer momento da carreira, portanto, esteja preparado. O perigo é julgar o todo pela parte. Às vezes, o RH se estrutura, planeja um bom programa de estágio, ou trainee, submete o programa ao diretor e às gerências envolvidas, enfim, implementa tudo corretamente, mas um sem-noção pode botar tudo a perder, bem na vaga que você conquistou com tanto suor. Não é a empresa que é ruim, mas sim, esse indivíduo que está de “hora-extra” atrapalhando sua vida. Se a empresa valer a pena, use seus contatos com o RH, e, sutilmente, demonstre interesse por outras áreas. Não jogue na lata do lixo uma boa oportunidade só porque um despreparado atravessou seu caminho. Provavelmente, o pessoal do RH já conhece a fama do cidadão e vai tentar tudo para lhe ajudar. Mas lembre-se: sem faniquito, nem beicinho, afinal, agora você é um profissional, não o “pepê da mamã”, ok? POR QUE EMPRESAS QUEREM TRAINEES? Essa resposta é complexa e não pretendo exaurir a questão. Mas, é claro, vou dar meus “pitacos”. Como já fui trainee e estagiário percebi nítidas diferenças entre um programa e outro. Apesar de não ser uma regra geral, entendo que o programa de trainees é bem mais formal que o programa de estágio e a expectativa em relação ao aproveitamento dos trainees é maior, comparada à do estagiário. Em muitos casos, os trainees
  • 28. 28 assumirão cargos de gestão tão logo acabem seus programas de treinamentos. A rigor, um programa de trainees é estruturado por grandes empresas, que recrutam jovens recém-formados16 para funções estratégicas após um ou dois anos de trabalho, já com vínculos empregatícios formais desde o início da contratação. Normalmente, a concorrência por vagas nesses programas é acirrada. Segundo informações disponíveis em artigo no portal Click Carreira17 , a Cia de Talentos revelou que em 2010 o número de inscrições variou de três a quarenta e nove mil inscritos por programa, atingindo a incrível média de dois mil candidatos por vaga! O mesmo artigo citado acima, de autoria de Ana Luiza Gimenez, relata com exatidão o grau de exigências a que as empresas submetem seus candidatos:  Formação acadêmica sólida (tradução: faculdade de primeira linha);  Inglês fluente (além de outros idiomas, se possível);  Experiências acadêmicas relevantes (monitoria, empresas júnior, bolsas de iniciação científica);  Intercâmbio fora do país;  Realização de outros estágios em grandes empresas; e  Trabalho em grupo, comunicação e raciocínio lógico afiado. 16 Pode haver variações de modelos de programas de trainee: eu mesmo fui trainee de um banco de investimentos que recrutava estudantes no penúltimo e último anos de graduação, para efetivá-los em definitivo imediatamente após a conclusão do terceiro grau. 17 Fonte: http://www.clickcarreira.com.br/Artigo.aspx?id=954
  • 29. 29 Calma e tente não ficar assustado, pois essa não é uma lista de requisitos, mas de elementos que se somam para configurar um perfil desejado. Quanto mais alguém se aproximar da lista, mais apto está para conseguir sua tão desejada vaga. E não acaba aqui. Uma vez contratado, a cobrança é à altura do destaque conferido aos recém-chegados. É absolutamente normal trainees conduzirem projetos relevantes, realizarem apresentações para a diretoria e trabalharem 12 horas por dia. Por isso, esteja bem certo do que quer para a vida profissional, pois ser trainee numa grande empresa não é só glamour, mas também representa trabalho duro e muita cobrança por resultados. Por que tantas exigências? Para começar, trata-se de uma questão óbvia. Selecionar uma pessoa no meio de duas mil não é fácil; é preciso recorrer a algum mecanismo que diferencie um candidato do outro. Fosse apenas uma prova com cinqüenta questões, o que fazer caso vinte pessoas tivessem a mesma nota? Por isso a seleção é tão rigorosa. Além do mais, o programa de trainees é uma alternativa que as empresas criaram para atrair jovens diferenciados. Quanto melhor os benefícios e perspectivas de carreira oferecidas pela empresa, mais pessoas interessam-se por pertencer à corporação. Dentro desse rol de candidatos alguns apresentam alta performance e o ciclo se fecha: uma grande empresa com selecionados de alto nível. Não deixa também de haver uma competição entre empresas. Quanto mais robusto o programa maior a demonstração de força da instituição. Na verdade, os candidatos também são clientes/consumidores e as marcas representam muito mais que um emprego: também produzem status, realização e orgulho. Ou alguém duvida de que pertencer à Embraer, AmBev, Vale, Citi ou Coca-Cola – só para exemplificar – não é
  • 30. 30 motivo de grande satisfação pessoal? Quem na roda de amigos não quer ter esse diferencial? As empresas sabem que suas marcas têm um poder incrível de atração, e um excepcional programa de trainees é prova inconteste dessa força. É briga de gigantes. Por outro lado, pode-se dizer que num programa de estágio, bons estagiários poderão ser aproveitados no quadro da empresa, enquanto, num programa de trainees, a expectativa é de que todos fiquem, tanto é, que a firma registra os trainees como funcionários efetivos, no regime da CLT, ou seja, assume o papel de empregadora dos jovens talentos. Quando um deles não permanece, o clima é de bastante frustração. Além disso, geralmente, a cúpula da empresa faz questão de conhecer cada um dos novos trainees, o que normalmente não ocorre com estagiários. Lembro-me muito bem de ter sido apresentado aos banqueiros, que depois me chamavam pelo nome nos corredores, do então programa de trainees de um banco de investimentos multinacional. Foi uma mensagem muito clara: “estamos aqui para homologar a expectativa do RH em relação a cada um de vocês”. Senti calafrios, mas desafiei-me a provar meu valor. As empresas também utilizam o programa de trainees como estratégia de retenção de talentos. Já vi pagarem bônus, 14º e 15º salários, treinamentos no Insper18 , cursos no exterior, entre outros luxos. Nada mal, hein? Mas, obviamente, a cobrança também é à altura. Avaliações de desempenho, no máximo, trimestralmente, desenvolvimento de projetos e apresentações para a diretoria são rotinas em alguns programas 18 Insper é o novo nome do IBMEC, um centro de referência em ensino e pesquisa nas áreas de negócios e economia.
  • 31. 31 mais sofisticados. Conhece aquela frase “There is no free lunch!”19 ? É perfeita para esse contexto. Entretanto, - tinha que ter uma ressalva... – assim como há estágios e estágios, também há programas de trainees e programas de trainees. Tudo que dá certo é rapidamente copiado. Por exemplo: já reparou quantos resorts há hoje em dia? Colocou uma piscina com bar ao lado, uma TV de LCD no quarto e um restaurante mais ou menos, virou resort. Fácil assim. Virou Brasil. E quanto aos MBAs20 ? É festa também. As instituições que não conseguiam alavancar seus cursos de pós-graduação usaram a tática da mudança de nome. Afinal, MBA é muito mais chique. Tem MBA de tudo: Direito, RH, Telecom, Saúde, etc. É só escolher, e preparar o bolso. Por isso, colocar todos os programas de trainee no mesmo barco é um engano. Às vezes, é só uma isca para atrair o interesse dos universitários. Criam a ilusão de algo diferente, realizam um período de job rotation21 , mas na hora da efetivação, sobram apenas aquelas vagas mixurucas. Mas aí você já está por lá mesmo e até pode acabar ficando. Já me perguntaram várias vezes quais os melhores programas de trainees disponíveis no mercado. Impossível nomear sem cometer injustiças, em razão da grande quantidade existente. Há ainda o problema da atividade profissional ser condizente com o currículo do curso escolhido. Por isso as empresas interessadas em recrutar estagiários/trainees costumam colocar cartazes nos quadros de aviso das universidades que formam 19 Tradução: “Não existe almoço grátis!”. 20 MBA é a sigla em inglês para Master in Business Administration, ou seja, um mestrado em administração de empresas. 21 Tradução: “rotatividade no trabalho”; uma maneira de passar alguém pelos diversos departamentos da empresa, para dar uma visão geral do negócio.
  • 32. 32 especialistas na sua área. Sobre isso, uma dica é conversar com aqueles professores legais, que estão sempre “antenados” e, principalmente, são amigos dos alunos. Com certeza, eles têm conhecimento das empresas do ramo de atividade para o qual você está se direcionando e, dentre elas, as melhores para trabalhar. Aí, é só você entrar no site daquela que lhe despertar mais interesse. É possível ainda, descobrir esses programas por meio de empresas especializadas em recrutamento de estagiários/trainees, como a Cia. de Talentos, Dreves e Grupo Foco. Outra maneira é procurar anúncios feitos diretamente pelas empresas interessadas, nos jornais de grande circulação. Você vai para a sessão de classificados e depois, aproveita e lê o jornal. Leitura é fundamental. Quem lê, além de aprender, escreve e se comunica melhor, portanto, tem muito mais chance de se sair bem numa avaliação escrita e também numa entrevista. Nesta altura você me interrompe. “Então, cara, pare de enrolar e diga logo, o que é melhor, ser estagiário ou trainee”? Alguém mais apressado pode querer se antecipar dizendo: “trainee!”. Calma! Vou dar a típica resposta de engenheiro: depende. Depende da empresa, depende da proposta dela para estagiários ou trainees, depende do estudante, depende da área escolhida, depende do seu perfil, depende dos seus valores e dos valores da empresa, depende... Não há resposta pronta. Você deve colher as informações e tentar aquilo que acha que será o melhor. Uma coisa posso garantir, depois de tanta experiência em diversos locais de trabalho, a empresa pode ser a melhor do mundo, mas se você cair na área errada, ou fizer um trabalho maçante, não dá prá agüentar. Em regra, salários de trainees são melhores do que de estagiários, mas isso não significa que a carreira daqueles será melhor
  • 33. 33 do que destes, por isso, ao optar por um, ou por outro, não leve apenas esse fato em consideração. Pergunte: Quais as possibilidade de carreira? Onde há mais investimento na formação nos funcionários? Alguma delas aparece no ranking das melhores para se trabalhar, e em qual posição? A resposta dessas perguntas dará o rumo certo para quem quiser saber o que é melhor. No entanto, é possível ser os dois: estagiário e trainee, pois o primeiro pode ser realizado durante o curso superior e o segundo, após a graduação. Não necessariamente são excludentes. Se puder fazer os dois, tanto melhor. POR QUE VALE A PENA FAZER ESTÁGIO Muitos jovens trabalham durante o dia e estudam à noite. Às vezes, essa é a única forma de poder cursar uma faculdade. Acontece que o tempo vai passando, a graduação vai chegando à reta final e chega a hora de fazer o famoso estágio. O problema é o seguinte: “estou empregado, preciso do dinheiro e não quero pedir demissão para ganhar uma mixaria num estágio, sem direito a férias (de acordo com a nova lei, anexa ao final do livro, se o período de estágio for igual ou superior a um ano o estagiário tem direito a recesso de trinta dias, remunerado ou não), 13º salário, participação nos resultados e outros benefícios trabalhistas negados aos pobres ‘escraviários’.”. A primeira tentativa – frustrada – é converter seu emprego em um estágio, dentro da própria empresa. Esqueça! Isso é impossível. A segunda é ficar na mesma empresa e fazer um estágio “meia-boca” em outro local, “só prá cumprir tabela”, como se diz, e guardar o diploma na gaveta. A terceira e última é largar tudo e fazer o estágio como deve ser feito.
  • 34. 34 Claro que a terceira opção é a melhor. Por quê? Porque pensar no curto prazo, nos pequenos benefícios do agora, é confortável, cômodo, mas, em tese, não leva longe. O estágio, via de regra, é a porta de entrada para uma grande empresa, e isso é muito mais promissor, nos médio e longo prazos. Uma carreira, após a efetivação, certamente é um caminho mais certeiro do que se manter naquele emprego para o qual nem o colegial é necessário. Na verdade, esse é o momento para uma decisão de suma importância. Você deve se perguntar: “Estou fazendo uma faculdade porque todos querem fazer, só para ter um diploma universitário? Ou enxergo nesse curso universitário a melhor maneira de me realizar profissionalmente, de crescer como cidadão, de subir na vida?”. “Estou cursando Administração (ou Direito, Farmácia, Psicologia...) porque tenho vocação e afinidade com o curso, ou só porque é o que dura menos, o mais fácil, o mais barato...”? Exemplos. Sou auxiliar de farmácia e curso Direito. Para quê? Porque pretendo mudar de vida, ser uma advogada, ou promotora pública, ou juíza de direito... A atividade que exerço não tem nada a ver com o curso de Direito, mas no momento oportuno vou estagiar num escritório de advocacia e, quando estiver apta a exercer a profissão, deixo meu atual emprego. Muito bem! Você tem um objetivo e está no caminho certo. Outro exemplo: sou gerente numa loja de shopping e estou cursando História. Para quê? “Ah, vou usar os conceitos da faculdade em meu trabalho.” – diria alguém. Ótimo, mas para relacionar os conceitos dessa faculdade em seu atual serviço você precisa ser genial. Percebe a falta de relação?
  • 35. 35 Mais um: sou técnico de laboratório, já fiz Administração e faço pós- graduação em Finanças. Gente do céu! Para quê isso? Vou enumerar os problemas: 1. Fazer uma graduação que não tem nada a ver com a sua função pode ser um erro. A não ser que queira mudar de carreira, é um tremendo equívoco. 2. Fazer pós-graduação em especialidade que não tem nada a ver com a sua função é outro erro enorme. Dinheiro, tempo e energia jogados no lixo. 3. Fazer uma graduação achando que diploma universitário, por si só, alavanca carreira é ilusão. 4. Ninguém de finanças vai contratar um técnico de laboratório que já cursou Administração e optou, só na pós-graduação, por finanças. A atividade empresarial deve ser compatível com sua área acadêmica. 5. Os conhecimentos adquiridos não ajudarão em nada na sua profissão atual. Não estou querendo dizer que você deve interromper seus estudos. Muito pelo contrário. Você tem meu estímulo para cursar uma graduação e ter seu diploma de curso superior. Isso ninguém mais tira de suas mãos. O que estou dizendo, e insisto no ponto, é para você considerar seriamente a possibilidade de largar seu emprego atual em favor de um estágio numa boa empresa, mesmo com remuneração inferior à que você tem atualmente, pois essa decisão pode mudar seu futuro, ser muito mais frutífera. Mesmo que a guinada seja radical demais, a ponto de gerar
  • 36. 36 comentários irônicos dos amigos e da família, acredito que o sacrifício momentâneo será devidamente recompensado. É a velha estória: dar um passo para trás agora, para dar três para frente depois. PRÉ-REQUISITOS PARA A APROVAÇÃO Basta ler os anúncios de vagas de estágio para conhecer o perfil básico desejado. São alguns clichês, para dizer a verdade, mas não há como fugir deles. Trata-se de itens objetivos que devem ser informados por meio de currículo, como formação acadêmica, conhecimentos de informática, domínio de idioma estrangeiro... e subjetivos, como a nomeação de alguns comportamentos desejados, como facilidade de comunicação, dinamismo, cooperação.... O interessante é que muitos pedem inglês fluente, mas você não terá nenhum tipo de contato com o idioma. Outros pedem pacote Office proficiente, mas não sabem nem quais são os programas existentes nesse pacote. Por exemplo, alguém já usou Access em seu estágio? Duvido, mas faz parte do Office. E por aí vai. Como dito acima, não dá para fugir desses requisitos, daí a necessidade de comentar cada um deles. Só assim você poderá avaliar seu nível de conhecimentos e habilidades e, espero, sanar suas deficiências. Primeiro, o currículo Apesar de a maioria dos currículos para programas de estágio serem feitos on-line, através de formulários padronizados nos próprios sites das empresas, muitos candidatos não conferem ao currículo seu real valor, não o tratam com a seriedade devida. Fique sabendo que o cartão de visitas de qualquer candidato é seu currículo. Eu acredito no jargão “a
  • 37. 37 primeira impressão é a que fica”. Um currículo ruim é um péssimo começo. Pode botar tudo a perder, logo de cara. Se a versão de currículo a ser enviada é a tradicional, escrito com suas próprias palavras, sempre imagine que a pessoa que irá recebê-lo é exigente, tem má vontade e é muito preguiçosa. Prepare-se para o pior, pois assim você capricha prá valer.  Como agradar alguém exigente? Pensando nos mínimos detalhes.  Como lidar com alguém com má vontade? Vá direto ao ponto.  Como lidar com alguém muito preguiçoso? Sendo objetivo. Pensando nos mínimos detalhes No passado, fiz e refiz meu currículo. Hoje, estou do outro lado do balcão; mudei de posição e agora recebo muitos currículos. Tenho que dar o braço a torcer aos psicólogos, pois quanto mais o tempo passa, mais suas teorias me convencem. Confesso que sempre achei bobagem a conversa de que é possível conhecer alguém pelo seu currículo, mas acredite: é possível! As palavras escolhidas, o capricho, os erros de Português, a formatação do texto, enfim, tudo passa dicas valiosas a respeito do candidato. Diria que, infelizmente, em 90% dos casos, a avaliação não é positiva. Definitivamente, as pessoas não sabem o que colocar e o que retirar de um currículo. Poderia dar muitos exemplos, mas não quero expor ao ridículo as pessoas que, ansiosas por uma boa oportunidade, confiam em mim entregando suas informações pessoais. Mas é de lascar. Fique atento aos “detalhes”. Não caia na bobagem de pensar que o importante é o conteúdo das informações a seu respeito e que, o resto
  • 38. 38 será relevado. Ledo engano. Gaste, ou melhor, invista um bom tempo na elaboração de seu currículo. Procure modelos na internet22 , peça para amigos mais experientes analisarem, e até mesmo pague, se for preciso, para um especialista avaliar o seu currículo. Nada de fotos, cores extravagantes, fontes malucas e variadas, figuras, e o mais importante, não passe de uma página. Lembro-me de um amigo de faculdade e seu currículo de três páginas. Nem tinha iniciado a vida profissional, e já era “muito experiente”. Que pretensão! Isso é de uma falta de noção gritante. O mundo corporativo costuma não tolerar esses pretensos super candidatos. É melhor que a NASA23 aproveite esses super talentos. Não há problema algum com o currículo de uma página para um futuro estagiário, pois ninguém contrata um, pensando em sua larga experiência. Por último, tenha um endereço de e-mail decente, para não virar motivo de chacotas na empresa. Evite as situações abaixo:  Difícil de digitar: o wil_lia_m_123456_m-a-z-z-a@bol.com.br  Muito comprido: o william.engenheiro.metalurgista@escolapolitecnica.edu. br  Domínio esquisito: o wmazza@turma_dos_vagabundos.com.br 22 Pelo amor de Deus, use os currículos da internet como referência. Não vai sair dando copiar/colar em currículos por aí, pois pode ser como um tiro no pé. 23 Agência espacial americana famosa por contratar gênios, de verdade, para seu quadro de funcionários.
  • 39. 39  Apelidinho mimoso: will_pitelzinho@bol.com.br  Suas preferências: adorovocesfofinhas@hotmail.com  Combinações esdrúxulas: wmazza@quer_ficar.com.vc  Conotação sexual: will_25cm@tigrao.com.br  Incompreensível: tk32gftf-45k@bol.com.br  Países remotos: wmazza@gyk.com.af  Destinatário tosco: o black charme <wmazza2010@hotmail.com> Vá direto ao ponto Não seja inocente, ninguém quer saber seu endereço completo. Tem gente que põe até o CEP. Às vezes, pergunto-me se está querendo receber um cartão de Natal meu. Esse tipo de informação deve ficar de fora, a não ser que esteja concorrendo a uma vaga fora da sua cidade de domicílio. Mas só diga que é de outra cidade, ou estado. Ninguém quer saber sobre sua naturalidade. Se é carioca, capixaba, potiguar, baiano ou gaúcho, isso, realmente, é irrelevante. É a típica informação para encher lingüiça. Tem mais. Também não coloque características pessoais como “bonita”, “loira”, “moreno”, “pardo” e “traços indígenas”. Por favor, tire aquelas frases horrorosas e comuns dos finais de currículos feitos na rua. Todos os trechos citados são casos reais que recebi. Além de pegar muito mal, são uma embromação que diz, diz e não diz nada. Confira:  “Declaro serem verdadeiras as informações contidas neste curriculum, sendo responsável pelas mesmas”;
  • 40. 40  “Venho através deste curriculum tentar uma oportunidade...”;  “Desde já agradeço pela oportunidade”;  “Pretendo usar minhas experiências com o objetivo de atender às expectativas dessa empresa, colaborando e somando esforços visando sempre a boa imagem das atividades a mim atribuídas”;  “Gostaria de participar do quadro de funcionários desta conceituada empresa, pois, tenho disposição, conforme ou não meus conhecimentos, pois busco crescimento profissional contribuindo de modo positivo nos objetivos e metas da empresa”;  “Solicito a gentileza de incluir meus dados no cadastro desta conceituada empresa, a fim de serem analisadas caso venha surgir alguma vaga”. Seja direto:  Interesse: “realizar um estágio no departamento de Controladoria”, e não “trabalhar na digníssima companhia em qualquer área disponível, de acordo com meu perfil”. Isso é pura enrolação.  Conhecimentos em informática: “conhecimentos avançados em Word e Excel 2007”, e não “Pacote Office - básico”. Diga o que sabe e em qual versão.  Idiomas: “Inglês fluente”, e não “Inglês intermediário (estudando o nível 5, Upper Intermmediate, na escola tal...)”. Nas grandes empresas, esse item não é classificatório, mas eliminatório. É
  • 41. 41 saber ou não saber. Não diga que só fala, mas não lê, nem escreve. Ou você é fluente, ou não é.  Formação: “engenheiro metalurgista pela Escola Politécnica da USP”, e não “eng. metal. na EPUSP”. Cuidado com abreviações e com a “famosa” sopa de letrinhas que só você sabe o que significa.  Disponibilidade de horário para estágio: manhãs.  Atividades extracurriculares: “Curso de Matemática Financeira, 40 horas, SENAC-SP, em 2009”, e não “Grupo de escoteiros Lobinhos Vermelhos Saltitantes, aos sábados”. Coloque atividades relevantes ao estágio. Outras peculiaridades podem ser ótimas e importantes para você contar num grupo de amigos, em algumas entrevistas específicas ou para sua tia, mas sem ligação alguma com a atividade profissional devem ficar de fora. Sendo objetivo Esse item é parecido, mas não igual ao anterior. Você tem que ser capaz de dizer tudo o que foi exposto acima, em apenas uma página. Vai ter que escrever e reescrever até ficar bom. Se não ficou claro, explico de novo. Às vezes, para uma mesma vaga, há muitos currículos, por isso, quem faz a triagem quer saber rapidamente o que você estudou e onde, e seus conhecimentos de informática e idiomas. Para só depois, observar os currículos com mais detalhes. Muitos erram nas informações sobre informática. Caso seu estágio não seja em TI, ninguém dará muito valor aos seus conhecimentos de Lotus 123, nem ao fato de conhecer programação em C++ ou HTML, e muito menos, seu talento de diagramação no Page Maker, da Adobe. É óbvio
  • 42. 42 que, para um escritório de engenharia, conhecer a última versão do AutoCad é fundamental, mas para uma vaga na área comercial de um banco de investimentos, não importa nem um pouco. Mais interessante ainda, é que depois da triagem inicial, seu currículo, em algum momento, irá cair nas mãos de alguém da sua área de interesse. Se tiver sido exageradamente sucinto isso pode prejudicá-lo. Por isso, criar um currículo é difícil, pois é a arte de ser sucinto o suficiente para não parecer prolixo ou, pior, “enrolador”, mas hábil o bastante para prover informações relevantes à vaga desejada. Só mais uma dica: todo currículo deve ser “personalizado” para a empresa em que se deseja trabalhar. Esse papo de fazer um único formato de currículo e metralhá-lo mercado a fora é um hábito terrível. Percebe- se de imediato, para infelicidade do candidato. Cada empresa quer se sentir preferida em detrimento das demais. Se parecer que você quer qualquer coisa em qualquer lugar, a situação se complica. Formação acadêmica Este assunto é controverso. Certa vez um estagiário me perguntou: “Existe diferença de tratamento entre estagiários de universidades de ponta e os de universidades sem expressão?”. Ele estava se sentindo discriminado por algum motivo que não me lembro. Estudava engenharia numa faculdade pouco conhecida, na Grande São Paulo. Será que essa distinção de cursos resulta em problema para o estagiário? Respondo. Antigamente, antes da internet, as melhores empresas só divulgavam suas vagas nas universidades que escolhiam. Isso restringia o acesso de muitos estudantes, pois, sequer tinham conhecimento das oportunidades. Assim, sua chance de participar de processos seletivos de estagiários era quase
  • 43. 43 nula. Hoje em dia, é muito diferente. Mesmo que a empresa não envie nenhum cartaz para sua faculdade, basta entrar no site apropriado, ou na empresa de recrutamento contratada pela interessada para promover o concurso de estagiários e, livremente, inscrever-se como qualquer outro aluno de faculdades de ponta. Sem dúvida, esse advento beneficiou milhares de universitários nesse Brasil a fora. Mas não se iluda. As empresas têm sim uma “quedinha” pelos alunos que já foram aprovados nos mais difíceis vestibulares do país. Por quê? Pelo motivo mais óbvio do mundo: esses alunos foram vitoriosos na batalha dos vestibulares, conseguindo superar muitos outros candidatos. É um sinal de competência que não pode ser desprezado e para quem tem que escolher, sem conhecer, essa é a maneira tradicionalmente mais sensata. Funciona desse jeito: se você tiver duzentos mil reais para comprar um carro, vai optar por um Mercedes-Benz, ou arriscaria numa outra marca que você desconhece? A maioria compraria a marca alemã, afinal ela já tem um histórico de sucesso, que não pode ser deixado de lado. A outra marca, pode sim ser ótima, como também, pode não ser. Entretanto, há alunos excelentes e brilhantes em todas as faculdades. Muitos não se saem bem no vestibular porque os pais não tiveram condições, ou visão, para oferecer uma educação de alto nível. Por vezes, são até mais inteligentes; só não foram devidamente preparados. Em condições de igualdade, dariam um show. É por isso que várias empresas têm quebrado o tabu e dado oportunidades sem preconceitos de formação. Aliás, a maioria dos concorrentes nos processos seletivos vem das faculdades menos tradicionais. Como o volume é grande, você, que faz parte delas (se for o seu caso, claro), vai ter que apresentar um diferencial
  • 44. 44 para mostrar que não é só alguém atrás de um diploma. Há várias oportunidades. Se você for muito bem na fase de testes, nas redações, nas provas de Inglês e atualidades, nas dinâmicas e entrevistas, estará em pé de igualdade com quaisquer candidatos. Aos alunos egressos das melhores universidades do país tenho duas notícias: uma boa, uma ruim. Por certo, vão querer primeiro a boa. Lá vai. A sua universidade lhe abre as portas da maioria das empresas. Elas, provavelmente, darão a chance de você mostrar seu potencial. A ruim, é que muitos se tornam arrogantes e pensam que a empresa tem que estender tapetes vermelhos para um candidato tão “gabaritado”. Muitos esbarram na própria presunção. Participam do processo com displicência, julgando que a fama da faculdade onde estudaram preenche todos os requisitos que a vaga exige. Seja inteligente. Use a qualidade de sua formação a seu favor, não contra. Mas e quanto ao meu curso universitário? Já sei. Você optou por estudar um curso diferente do tradicional e está morrendo de medo de não encontrar trabalho depois de formado. Faz sentido. Até pouco tempo atrás, os melhores programas de trainees eram redutos de engenheiros e administradores, principalmente. Hoje, contudo, a tendência é diferente. Segundo reportagem do jornal Valor24 : “a escassez de mão de obra no mercado tem feito muitas companhias reverem suas prioridades e reduzirem as exigências em relação à formação acadêmica dos candidatos”. Que ótima notícia, não acha? 24 Edição de Sexta-feira e fim de semana, 27, 28 e 29 de maio de 2011; no caderno EU&CARREIRA.
  • 45. 45 A mesma reportagem nos informa que levantamento realizado pela Cia de Talentos mostrou que 80% das empresas aceitam currículos de graduações diferentes de administração, engenharia e economia, apesar de pouquíssimas abrirem o leque em 100% para toda e qualquer graduação. A Natura foi a pioneira e vem atraindo seguidores dispostos a quebrar paradigmas em relação ao assunto. Entretanto, ainda levará tempo para que todo mercado adote tal postura, mas há luz no final do túnel. Idiomas Quais os principais aspectos que um jovem profissional precisa ter para trabalhar na sua empresa?25 97% Formação acadêmica 57% Fluência na língua inglesa 50% Experiência profissional anterior 47% Participação em atividades extracurriculares 43% Formação relacionada à área de atuação Você, meu inteligente leitor, é capaz de matar essa charada. Partindo do pressuposto que todos que almejam vaga de estágio/trainee são universitários, qual é o quesito mais importante para ingressar nas melhores empresas, tendo como parâmetro a tabela acima? Muito bem! Inglês! 25 Reportagem “As melhores empresas para começar a carreira – 2011” – revista VOCÊ S/A, edição 155, maio de 2011.
  • 46. 46 Essa está fácil. Tem que saber Inglês e ponto final. Vejo gente estudando Espanhol, Chinês sem estar afiado no Inglês. Na minha opinião, um desperdício. Salvo casos bem específicos, não falar a língua universal pode arruinar suas pretensões. Já ouvi alguém dizendo: “Eu estava quase lá, mas aí me barraram por causa do Inglês!”. Não deixe que isso aconteça com você. Seria uma pena.  Definição de fluência em outro idioma no mundo dos negócios: ser capaz de conduzir uma reunião, realizar uma apresentação, escrever um relatório ou e-mail, participar de uma conference call, ler literatura técnica e se virar sozinho numa viagem internacional. Está apto a tudo? Não? Então visite seu currículo e, de fininho, como quem não quer nada, mude o status para “intermediário”. Mas precisa ser fluente mesmo? Nem sempre. Se você conseguir se comunicar com razoável destreza e for capaz de entender outra pessoa falando, pelo menos o essencial, pode se considerar com boas chances. Ninguém quer um professor de Cambridge no quadro, a não ser a Cultura Inglesa, mas aquele jeito de falar sem sentido, como nas hilárias propagandas das escolas de Inglês, pagando vários micos, ninguém merece... Importante: se o seu conhecimento for básico, não diga que “domina” o idioma, porque pode passar “um carão” na entrevista. Outra coisa: se você tiver condiçõe$ para fazer um intercâmbio, pelo amor de Deus, não vá para a Ucrânia, nem para a República Tcheca; escolha qualquer país cujo idioma seja o Inglês. Nada contra os países citados, só não perca essa chance magnífica de adquirir fluência no
  • 47. 47 idioma mais requisitado do mundo. Isso vai transformar sua vida, pode crer. Se a grana estiver curta, estude a Língua Inglesa em uma das dezenas de opções oferecidas no mercado. Dê ênfase à conversação, pois é o que lhe será requerido logo de cara. Se estiver num nível muito básico, apresse- se, afinal, não se aprende outro idioma da noite para o dia. Para quem quiser manter contato diário com o idioma e não agüenta mais as aulas em turma, a melhor opção que conheço é o site da britânica BBC, na seção Learning English26 . É gratuito e o conteúdo, fora de série. Você vai gostar muito. Informática Exceção feita aos estágios em TI, nos quais esse item é talvez o mais importante, ninguém precisa ser nenhum Bill Gates, entretanto, conhecer apenas o Word é muito pouco. Hoje em dia, a moçada conhece muito bem o Messenger, o Twitter, o Orkut e o Facebook, mas sinto lhe dizer que esses softwares são bons para entretenimento, mas podem ser bem improdutivos se totalmente disponibilizados no ambiente de trabalho. Tenho que abrir parêntese para alertar meus leitores sobre um ponto muito importante: essas redes de relacionamentos virtuais podem “queimar mais o filme” do que ajudar, na hora de encontrar um estágio. No Orkut, por exemplo, há comunidades que podem denegrir a sua imagem. Tenha certeza de que em vários processos seletivos os gestores das vagas irão tentar encontrar mais informações a seu respeito. Veja onde você não pode ser encontrado: 26 Fonte: http://www.bbc.co.uk/worldservice/learningenglish
  • 48. 48  “Eu detesto acordar cedo” – a não ser que esteja procurando estágio numa casa noturna, não vai cair bem ser membro de tal comunidade, não acha?  “Eu sou preguiçoso” – que ótima notícia, hein?  “Seria Inri Cristo um Pokemon?” – não é provável, mas e se o seu futuro chefe for discípulo do “cristo” genérico? Ele pode se ofender.  “Não gosto de tomar banho” – nem para a entrevista irão chamá-lo.  “Só compro CD e DVD pirata” – já pensou se estiver pleiteando uma vaga no jurídico de uma grande gravadora?  “Não sou fácil, sou bêbado” – o que vão pensar de você quando o convidarem para o próximo happy hour? Será que convidariam? Pensando bem, essa dúvida está fora de cogitação. Empresa não é AAA.  “Eu fumo baseado, e daí?” – daí que você vai ficar de fora.  “Adoro cantar a mulher dos outros” – vai haver fila de maridos/noivos/namorados para te pegar lá fora.  “Eu durmo com meu ursinho de pelúcia” – por Deus, vão tirar sarro de você do primeiro ao último minuto de trabalho, todos os dias.  “Eu adoro soltar pum” – santa flatulência! – diria Robin.  “Odeio estudar” – ainda bem que você avisou antes da contratação.
  • 49. 49 Enfim, há inúmeros outros exemplos a não serem seguidos. “Ah, ninguém tem nada que ver com minha vida pessoal.” – alguém pode argumentar – “Isso é um abuso!”. Vai nessa, vai? Fechado o parêntese, voltemos aos requisitos essenciais em informática. Windows O conhecimento mais básico é o de Windows. Pode parecer estranho, mas ainda há quem não sabe configurar um teclado, não diferencia entre “salvar” e “salvar como”, não consegue mudar o idioma do sistema operacional e nem imagina como se instala uma impressora. Se não bastasse, há os que nunca se interessaram em descobrir para que serve o botão direito do mouse, não entendem a estrutura de arquivos e pastas do seu computador local, e são incapazes de localizar arquivos numa máquina ou em outro computador conectado à rede. E daí? Daí, que saber essas coisas economizam muito do seu tempo e, de lambuja, podem ajudá-lo a ganhar um “moralzinho” com seu chefe, que não manja muito disso também. Word Saber digitar um texto não é sinônimo de conhecer o Word, ou outro editor de texto similar. É preciso entender bem de formatação de texto e parágrafo, configurar a página e a impressão, inserir cabeçalho e rodapé, imagens e fotos e, também, inserir e formatar tabelas. Se souber isso, está bom, o resto, aprenda se necessário. Excel básico Esse software põe medo em muita gente mas, se bem utilizado, é ferramenta essencial para todos os que vivem de cálculos. Os conselhos
  • 50. 50 Acredite se quiser Meu último estagiário passou um mês comigo (estágio de férias). Seu projeto envolvia o uso dessa ferramenta poderosa: VBA. Como o rapaz é muito inteligente, e teve boa vontade, rapidamente deslanchou e apresentou um projeto de estágio espetacular. Coincidência ou não, ao regressar à universidade, aplicou seus conhecimentos adquiridos em outro assunto, e foi convidado a ir apresentar seu trabalho na China. Vale a pena ou não um estágio diferenciado? citados acima também são válidos para o Excel, mas não é só isso. É necessário conhecer as opções “colar especial”, “gráfico” e “função” (só as básicas: auto-soma e média). Para um estágio em escritório de ciências humanas é o suficiente. Excel intermediário Para quem pretende trabalhar em engenharia, contabilidade, controladoria e outras áreas abarrotadas de cálculos, o conhecimento de Excel é vital. Além do que está citado acima, é bom você também conhecer as opções “formatação condicional”, “macros”, “classificar e filtrar”, outras “funções” mais sofisticadas (procv, proch, cont valores...), “atingir metas”, “solver” e “tabelas dinâmicas”. Acredite, você precisa conhecer e fazer uso dessas ferramentas. Excel avançado Para quem quiser “causar” na seção, pode aprender a usar o editor do Visual Basic for Applications (VBA) dentro do Excel. É necessário ter noções de programação para poder ir a fundo na ferramenta. Isso aqui é muito chique, e só é indicado para aqueles que querem tirar
  • 51. 51 “nota 10, com louvor!” no estágio. Você pode construir pequenos aplicativos, que realizam cálculos padronizados e com lógica própria. As aplicações são infinitas. Quando trainee criei um aplicativo que otimizava o fechamento contábil dos fundos de investimento. O trainee anterior fechava vinte fundos por mês, trabalhando oito horas por dia. Depois de meu aplicativo, fechávamos mais de cinqüenta, com a metade do tempo e sem erros. Qual foi a minha nota nos três meses em que fiquei na contabilidade? Nota A. Power Point Ainda lembro das transparências e dos retropojetores, como se fosse ontem. Hoje, são peças de museu. Tudo é apresentado em Power Point. Você precisa ser capaz de utilizar esse aplicativo de maneira eficaz. Aqui, valem mais as dicas de como falar em público, do que a respeito do uso das funções do software. Apenas tome os seguintes cuidados:  Cores e fontes extravagantes costumam irritar a platéia. Se a platéia for a diretoria, por exemplo, não recomendo irritá-los. O contraste entre a cor das fontes e a cor de fundo pode ser fatal.  Lembre-se de que seu público é todo alfabetizado. Se for só para ler o slide, deixe que cada um o faça, por si mesmo.  Pela lei de Murphy, todos os vídeos, atalhos e anexos da apresentação não abrirão na hora “H” e você ficará com cara de tacho. Eu somente arriscaria se tivesse a oportunidade de testar e ter certeza absoluta de que tudo estará funcionando.  Nada é mais tedioso do que assistir a uma chatérrima apresentação e ver no cantinho do slide “13 de 156”, por exemplo.
  • 52. 52 Ninguém merece! O pior não é o exagero do número de slides; é calcular o tempo que vai ficar ali plantado ouvindo aquele tró-ló-ló enfadonho. Fale o necessário. Nem uma palavra a mais.  Apresente olhando para o público, não para o slide, o que demonstra insegurança.  Não exagere nos efeitos especiais, afinal sua apresentação não estará concorrendo ao Oscar nessa categoria. Nem pense em usar a famosa metralhadora de letrinhas! É isso aí. Internet Quem é que pode se dizer expert em Internet? Já sei: é alguém viciado em bate-papo no chat do UOL? Ou um especialista em achar vídeos engraçados no YouTube? Melhor, é um cara que tem um Twitter com mais de 10 mil seguidores? Infelizmente, nenhuma das opções anteriores é correta. Para afirmar que tem conhecimentos relevantes de Internet você deve ser capaz de realizar boas pesquisas, tanto científicas como comerciais, além de obter informações de qualidade, com bastante rapidez. Só isso. Abre parêntese. Se a sua empresa fornecer acesso ilimitado à rede mundial de computadores, olha lá os sites que vai acessar, hein? Nada com conteúdo sexual, páginas de fofocas sobre artistas e, muito menos, os que buscam por outras vagas profissionais. Não seja tolo e deixe para fazer essas coisas no conforto e privacidade do seu lar. Outra coisa, evite usar o Messenger, mesmo que seja autorizado a isso. É uma perda de tempo sem fim. Muita gente não tem “semancol” e adora ficar enviando “chamadas”. Perdem a concentração no serviço,
  • 53. 53 interrompem a execução de uma tarefa. Na minha equipe, incluindo minha pessoa, o uso está fora de questão; e digo mais, a restrição não traz prejuízo algum. Tem mais. Muita gente já foi demitida por causa de e-mails com conteúdo impróprio. Nem pense em dar uma mancada dessas, repassando as fotos da última capa da revista Sexy. Quanto às correntes de e-mail (do tipo “envie essa mensagem para quinze pessoas, senão vai virar vampiro”), deixe de ser “mala” e apague essas bobagens da sua “caixa de entrada”, de imediato. Muito cuidado também com arquivos contendo assuntos confidenciais da companhia. Alguns desavisados (e desocupados), inocentemente, ficam fuçando onde não devem e acabam acessando informações que não lhes dizem respeito, e pior, imprimem ou enviam para e-mails particulares informações de uso restrito à empresa. Caso você não saiba, o uso de todas as funcionalidades de seu computador pode ser facilmente rastreado. Cada clique pode ser monitorado e, uma vez recuperados, todos os seus atos virão à tona num segundo. Depois, até você explicar que Jesus não é Genésio, já era. Fecha parêntese. As redes sociais Quem nunca ouviu falar em Orkut, Facebook, Twitter, Myspace, e Flickr? Esses são os sites de relacionamentos do momento e você não pode ficar de fora dessa moda. Por quê? Porque eles podem ajudar (ou não, como vimos anteriormente) a arrumar um bom estágio. Como? Segundo reportagem no site da revista Veja27 , várias empresas utilizam 27 Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia-tecnologia/redes-sociais-saiba- como-usar-profissionalmente-527564.shtml
  • 54. 54 os perfis dos candidatos como fonte de informação para processos seletivos. Conheça algumas posturas/habilidades/comportamentos que as empresas consideram positivos e, outros, considerados negativos, seguidas de um pequeno comentário meu a respeito:  Positivos: o Alta freqüência nas postagens. Sugere sociabilidade e vontade de se comunicar. o Cuidado com a linguagem e a ortografia. Mostra quem gosta ou não de ler e escrever. o Desenvoltura em relação às novidades tecnológicas. Fundamental para os desafios do século XXI. o Amigos em quantidade e qualidade, especialmente estrangeiros. Bom para ver como anda o Inglês dos candidatos. o Interação saudável e intensa com os amigos. Revela que você não é um bicho-do-mato. o Argumentação e posicionamento em fóruns de discussões. Ter opiniões próprias e capacidade de argumentação são requisitos fundamentais para desenvolver um bom trabalho.  Negativos o Erros de ortografia/concordância. Escrever corretamente é quase uma obrigação, afinal você é um privilegiado, considerando sua escolaridade em relação à
  • 55. 55 grande maioria dos brasileiros. Cuidado para não grafar, por exemplo, “menas”, “opito”, “vareia, “estrupo”... Ou dizer: “meia cansada”, “pra mim fazer”... o Falta de coerência. Dizer que é esforçado e fazer parte da comunidade dos “vagabundos, fanfarrões e bêbados” é de lascar! o Uso inadequado da linguagem. Falar palavrões e expressões vulgares constrange os colegas de serviço. Evite palavras de baixo calão. o Pessimismo permanente. Cuidado! Quem tem uma visão negativa da vida, que está sempre achando que “nada vale a pena”, precisa ler Fernando Pessoa. Nem vou explicar. Com certeza você conhece a frase monumental do grande autor português. o Críticas agressivas. Esse vai ser o futuro grosseirão do departamento, pois a agressividade de seus comentários pode extrapolar os limites toleráveis. o Radicalismo: Só agrada os insanos da Al-Qaeda. o Comentários preconceituosos: Sem comentários. Fazer parte de redes sociais, portanto, é faca de dois gumes: pode contar a favor, ou contra. Depende do uso. Como você é inteligente, claro que vai fazer bom uso, não é mesmo? Crie uma conta em cada uma dessas redes sociais, use e abuse, pois podem render ótimos frutos, mas em sua casa e não no serviço!
  • 56. 56 Caso real: segundo reportagem do jornal O Globo28 , a consultoria PricewaterhouseCoopers no Brasil está usando o Twitter e o Facebook para divulgar seu programa de trainee 2010. No primeiro, a empresa posta dicas de informações institucionais e vantagens em ser trainee na PwC, e no segundo, há ainda mais interação entre candidatos e a marca, através de fóruns de discussões sobre o processo. Essa é uma iniciativa desbravadora, e que rapidamente será disseminada entre as empresas mais “plugadas” na moçada. Fique atento. Vale ficar atento às palavras de Sidnei Oliveira: “o crescimento das redes sociais trouxe a sedução da comunicação fácil e descontraída. Isso tem promovido novos comportamentos, com a exposição ilimitada de interesses pessoais e do estilo de vida permitindo interpretações diversas sobre os possíveis candidatos. Os profissionais de RH estão atentos a isso e já fazem uso intenso dessas redes29 .” Para finalizar este capítulo sobre informática gostaria de dizer que se você tem outros conhecimentos em Access, InfoPath, Visio, Project, Corel Draw, Photoshop e afins, eles poderão ser muito úteis para casos bem específicos, mas para noventa por cento dos estágios é irrelevante possuir tais habilidades. Se você leu tudo a respeito de informática, e algo soou meio estranho, é provável que seus conhecimentos sejam insuficientes. Quem costuma colocar em seu currículo “domínio do pacote Office”, por exemplo, deve 28 Fonte: http://oglobo.globo.com/blogs/mercadodigital/posts/2010/03/12/twitter- facebook-na-estrategia-de-contratacao-de-trainee-273977.asp 29 Geração Y: ser potencial ou ser talento? Faça por merecer, ed. Integrare, 2011, p. 58.
  • 57. 57 repensar se está com esse moral todo. Se estiver, ótimo. Se não, vá resolver o problema imediatamente, pois em apenas seis meses, com dedicação e curiosidade, dá para se tornar um ótimo usuário de microcomputadores, afinal, eles são ferramentas de trabalho. Habilidades comportamentais Este é um tema de difícil abordagem, pois está relacionado a questões de foro íntimo, subjetivas. Para um engenheiro, tudo que não é binário, nem exato, gera incômodo. Não discordo que, hoje em dia, ser pró-ativo, trabalhar em equipe e ter habilidades para cultivar relacionamentos seja fundamental, mas como avaliar isso corretamente? As famosas dinâmicas de grupo, ou painéis, têm a missão de avaliar o comportamento dos indivíduos. Já participei de algumas delas e confesso que me aborreci um pouco, diante de tanta mesmice. Todas são muito parecidas. Além disso, várias vezes me questionei se as pessoas realmente eram sinceras ou estariam “fazendo tipo” para se aproximar do almejado “perfil ideal” perante o grupo. Hoje, tenho certeza de que é possível se fazer passar por “candidato certo” para um determinado perfil, mas por pouco tempo. A farsa não resistirá à rotina diária na empresa. Durante um trabalho de grupo alguém até pode simular características de um gentleman, de alguém próximo à perfeição, mas é evidente que não conseguirá manter o disfarce por muito tempo. No dia-a-dia a cobrança de todos, colegas e superiores hierárquicos, será impiedosa e, com certeza, a máscara vai cair e com ela, o mascarado, vítima da arapuca que ele mesmo armou. Não vale a pena. O melhor a fazer é ser você mesmo e trabalhar num local em que seu perfil seja compatível com o pretendido
  • 58. 58 para aquele setor. É melhor para todo mundo, principalmente para sua carreira. Uma dica importante é conhecer os valores de uma empresa e avaliar se você aceita esses valores, convive com eles. Essas informações sempre estão disponíveis no seu web site. Por exemplo, há empresas nas quais o valor “integridade” é o primeiro da lista. Lá, tudo o que acontece deve ser passado por esse filtro. Posso dizer que aqueles que não primam pela integridade não terão vida longa nessas corporações, unicamente por questão de afinidade. Se você pensa que os valores da companhia são apenas para atender as exigências das normas ISO30 , ou para enfeitar paredes, está enganado. Na verdade, não existe um perfil ideal genérico. Depende da empresa e da característica da área. Por exemplo, não adianta ser genial se o candidato for introvertido ou tímido, para trabalhar na mesa de operações da tesouraria de um banco. Não serve. Precisa ser alguém que se expõe com coragem e toma decisões rápidas num ambiente de altíssima pressão. Se você for tímido e, por conseguinte, detestar falar em público, não vá para empresas de consultoria, pois lidará com clientes quase todos os dias. Mais: se quiser ser pesquisador num grande laboratório farmacêutico, terá de apresentar grande habilidade em pesquisas acadêmicas, além de ser muito criativo e persistente. Por outro lado, se 30 ISO (International Organization for Standardization) é o maior desenvolvedor mundial e publicador de padrões internacionais; é também uma rede mundial de institutos de padrões de 162 países, com um membro de cada localidade. (Fonte: http://www.iso.org/iso/about.htm)
  • 59. 59 gosta de entrar e sair sempre no horário, estude bastante e vá ser funcionário público31 . E assim por diante. Percebeu como não há fórmulas mágicas? 31 Não é menosprezo, não. Tenho muitos parentes e amigos funcionários públicos e, alguns deles, estão em ótimos empregos. Há excelentes oportunidades no serviço público, além de salários invejáveis. Sem falar na estabilidade e aposentadoria invejáveis. Mas é inegável que a “pegada”, dificilmente, é a mesma da iniciativa privada, por isso, os perfis adequados para um e outra são diferentes, sim senhor!
  • 60. 60 O profissional que as empresas querem A VOCÊ S/A realizou uma pesquisa com as 30 companhias que participaram do guia “As melhores empresas para começar a carreira – 2011” para saber o que, de fato, é desejado na hora da contratação, no quesito “habilidades comportamentais”. Veja: Um verdadeiro banho de água fria em quem nem terminou a faculdade e já pensa em emendar o MBA na sequência. Perceba que não são itens de prateleira, no que diz respeito a algo que é possível aprender em cursos ou livros. São características pessoais inatas ou, na melhor das hipóteses, bem trabalhadas naqueles que se autoconhecem bem.
  • 61. 61 Algumas habilidades essenciais, em minha opinião Há certas habilidades requeridas pelo mercado de trabalho que são básicas, essenciais, para se trabalhar em qualquer empresa. Apesar de não pertencer à área de recrutamento e seleção, não terei nenhuma dificuldade em listá-las, afinal, estão em voga há muito tempo. Você precisa não só conhecê-las, mas ter desenvoltura para falar a respeito delas, além de reconhecer seus pontos fortes e fracos em relação a cada uma. Normalmente, os recrutadores pedem exemplos práticos para verificar o alinhamento entre seu discurso e suas ações. Convença-os de que suas habilidades são reais; que não pertencem, apenas, ao campo da retórica. Prepare-se. Trabalhar em grupo As empresas ainda têm muitas pessoas que não gostam de trabalhar em grupo. Elas pensam que é mais fácil, e mais rápido, fazer tudo sozinhas, pois os outros “erram demais, demoram a entender e, mais atrapalham do que ajudam” – dizem elas. Acontece que, atualmente, essa visão sobre o trabalho de grupo é inaceitável. As áreas estão incrivelmente enxutas. As demandas crescem a cada dia. Sem trabalho de equipe não há como cumprir prazos. Não há mais espaço para os chamados “centralizadores”, que se sentem desprestigiados por não concentrar em suas mãos todas as tarefas importantes, ou não dar “o seu aval” quando executadas por outrem. Com eles o trabalho não rende, a equipe se desmotiva, a área emperra... Cada membro da equipe tem uma habilidade específica e uma contribuição diferente a oferecer. O bom gestor reconhece isso, distribui
  • 62. 62 as atividades conforme as aptidões de cada funcionário, mas visando ao trabalho como um todo. A satisfação aumenta, o trabalho rende e as novas demandas continuam a chegar e a sair nos prazos acordados. E o ciclo se repete, positivamente. Quando fui convocado a prestar o serviço militar obrigatório, no caso, a servir o Exército, entrei pensando que a tropa fosse composta por soldados altos, fortes e bem preparados32 . Achava que a força estava na homogeneidade do grupo. Ledo engano. No primeiro dia, percebi que havia de tudo: magros, altos, baixos, gordinhos, corajosos, medrosos, etc. No decorrer do ano, nos exercícios militares, percebi a importância de cada um:  Os magricelas passam por passagens muito estreitas;  Os altos podem subir nos locais mais difíceis;  Os de estatura baixa podem passar, imperceptivelmente, por uma mata rasteira;  Os gordinhos podem ser excelentes contrapesos em alavancas;  Os corajosos podem ser os únicos a completar uma missão arriscada; e  Os medrosos podem salvar a tropa de realizar uma missão suicida. Ao contrário do que pensava, à época, a força está na heterogeneidade do time. Quanto mais heterogêneo, melhor. Esse é o segredo do trabalho em equipe. Os individualistas, porém, não acreditam nisso. Que rapaz nunca 32 É bem verdade que eu não me encaixava inteiramente nesse perfil, mas...
  • 63. 63 jogou futebol ao lado de um “fominha”? Há profissionais que são verdadeiros fominhas. Não passam a bola prá ninguém. Na verdade, não confiam nos outros e isso é muito ruim. Sempre digo que não existe meia confiança: ou confia, ou não confia. A graduação é um excelente momento para você avaliar como é seu desempenho no trabalho de grupo. Qual é o seu estilo? Você é daqueles que entram no grupo para fazer a sua parte bem feita ou só para fazer número e fica torcendo para surgir um bom aluno que realize a empreitada sozinho? Saiba que no mercado de trabalho, nem o que faz tudo sozinho, nem o “espertinho” que larga tudo para os companheiros, são valorizados. O ideal é participar com responsabilidades definidas e interesse. Esse, com certeza, será bem sucedido. Mas há uma boa notícia para você que se auto-avaliou desfavoravelmente: sempre é possível mudar. Se você for um fominha pense que, se continuar cultivando o individualismo corre o risco de ficar isolado no seu “mundinho”33 . Relacionamento interpessoal O relacionamento é inerente ao ser humano. No livro bíblico das origens – o Gênesis – a história da criação do homem ilustra muito bem esse fato. Nas próprias palavras do Criador: “Não é bom que o homem esteja só”34 , ou seja, o homem é um ser gregário, sociável. Não tente contrariar essa realidade. Pelo menos, não no mercado de trabalho atual. Por que isso é importante? Fácil. Ninguém faz uma empresa rodar sozinho. O entrelaçamento das atividades é o que faz a roda girar. Todos 33 Minha homenagem ao meu querido amigo Nivaldo Barbato. Ele adora dizer isso a seus subordinados. 34 Livro do Gênesis, capítulo 2, verso 18.
  • 64. 64 precisam de todos. Os empregados que se relacionam bem tornam suas vidas mais fáceis no trabalho. Um ótimo exemplo é um ex-funcionário meu que tem uma habilidade incrível em obter o que deseja35 . Agrada quando tem que agradar, bate o pé quando necessário, e recorre aos superiores hierárquicos imediatamente por uma causa que acredita justa. Além disso, um ambiente onde não há bons relacionamentos é péssimo. Na verdade, isso depende muito das chefias das áreas. Por vezes, cria-se um ambiente tenso, de difícil convivência e cuja tendência, caso as partes não se esforcem para reverter o quadro, é a da perpetuação. Atualmente, tenho convicção de que minha postura é responsável pelo clima do setor que chefio e posso garantir que esse clima tem sido salutar. É claro que o ideal seria provar o que digo. Entretanto, transcrever os depoimentos de um ou mais funcionários sob minha supervisão, especialmente os feedbacks que normalmente recebo, geraria polêmica e poderia ser interpretado como “sermão encomendado”. Fato é que, priorizando o desempenho do grupo, a cooperação, o resultado do trabalho conjunto, mas sempre levando em conta as diferenças individuais, tenho conseguido manter um ambiente saudável de trabalho. Por oportuno, é bom lembrar que aceitar diferenças não significa passar a mão na cabeça do funcionário, mas respeitá-lo como pessoa e como profissional. Respeito não é só ser legal. Significa interessar-se pelo outro, ouvi-lo, considerar seu ponto de vista e experiência. No caso dos estagiários não é diferente. Digo mais. Se não se relacionarem bem, dificilmente, serão efetivados. Nessa fase inicial, especialmente, você depende demais da ajuda alheia. Nem pense em ser 35 Marcos Pilingrini, mais conhecido como “Parafuso”.
  • 65. 65 arrogante ou antipático. Isso pode custar a sua permanência na empresa, ao final do contrato de estágio, ou até antes. Na verdade, a maioria dos estagiários que conheço, ou conheci, entende perfeitamente a importância dessa habilidade comportamental e se empenha para ser colaborativo com todos. Pró-atividade Essa é uma das habilidades mais desenvolvidas nas pessoas de sucesso. Ser pró-ativo é buscar o serviço e não ser buscado por ele. É a diferença entre aquele que só faz o que lhe é mandado e aquele que sempre vai além do que lhe pedem. O chamado pró-ativo não fica esperando alguém passar o recado: sabe ou descobre o que deve ser feito e faz. Aqui, faço um alerta aos futuros, ou já estagiários: a postura passiva é fatal. Já entrei numa determinada área e deparei com um estagiário olhando fixamente para o computador, digitando algo, ou pior, “voando” em sites de notícias na internet. No começo do estágio é perfeitamente compreensível não ter muito trabalho, afinal, é difícil parar tudo e ficar explicando o serviço, tintim por tintim para o aprendiz que acabou de chegar. Mas, que fique bem claro: isso não justifica ficar à-toa. Há tanto a aprender, e você vai ter coragem de se quedar num canto, sem fazer nada? De jeito nenhum. Encoste-se em alguma mesa, ofereça ajuda. Peça um livro sobre a área em que está estagiando e leia, anotando eventuais dúvidas sobre o texto para, posteriormente, esclarecê-las junto ao gestor, crie uma planilha, faça algo interessante. Pelo amor de Deus, só não fique plantado em frente do computador como se estivesse em sua casa ou numa lan house.
  • 66. 66 Lembro de um trainee que era um rolo-compressor. Terminava um serviço, pedia outro e, depois, outro... Uma boa-vontade incrível. Qual o resultado? Promovido antes de todos os outros, é claro. Quem vai ser louco de perder alguém assim? Ninguém! Seu exemplo me inspirava, entretanto, alguns colegas o tinham como um “puxa-saco”, um “aparecido”, um “cara que não sabia seu lugar”. Fala sério, a turma dos “bolas-murchas” quer sempre esvaziar a dos “bolas-cheias”. Deixe esse pessoal de lado, pois com certeza, são frustrados, e isso é contagioso. Capacidade de resolver problemas Por fim, adicionei algo que minha mãe sempre me diz, quando fala a respeito de trabalho: “somos pagos para resolver problemas”. Nada mais certo. Acho engraçado quando está tudo rodando bem, num dia comum, e aparece uma bucha daquelas, de pára-quedas. Algumas pessoas ficam inconformadas e fazem de tudo para empurrar o problema para os outros. Usam sua criatividade de maneira errada. Ao invés de gastar os neurônios com a possível solução, criam saídas mirabolantes para fugir de suas responsabilidades. Aliás, há pessoas que têm o dom de se desvencilhar de problemas de sua responsabilidade. Você conhecerá muitas delas, mas não se preocupe, pois nunca vão longe na hierarquia, afinal, essa postura é totalmente indesejada. Quem age assim se acha muito astuto, mas está cavando a própria sepultura. Ironicamente, são esses cidadãos os que mais reclamam de salários baixos e das “injustiças” nas promoções e oportunidades perdidas. Por que será, não é? Não se espera que o estagiário resolva muitos problemas, mas se o fizer, é óbvio, contará muitos pontos a seu favor. Infelizmente, contudo, muitos
  • 67. 67 gestores se contentam apenas com o básico. Ficam preocupados em mostrar de tudo um pouco durante o estágio, e não percebem que o melhor aprendizado é o que ocorre quando se resolvem problemas práticos. Além disso, passar para o estagiário a rotina chata que ninguém gosta de executar é um desestímulo ao desenvolvimento do estágio. Há ainda os que iniciam a solução de problemas, mas não vão até o fim. Direcionam o caminho, depois, caem numa inércia total. Pior ainda, mandam um e-mail para quem consideram os responsáveis em resolver os “pepinos” e acham que isso resolve alguma coisa. Aliás, se e-mail tivesse esse poder - de dar um jeito em tudo - estaríamos todos na rua. Na verdade, o e-mail pode ser uma ferramenta dos acomodados. Daqueles que estão mais preocupados em se defender de eventuais cobranças, do que de gerar resultados consistentes. Meu conselho: tire o popô da cadeira e vá resolver seus problemas pessoalmente, firmando compromissos individuais com as outras pessoas. Filie-se ao projeto TBC36 . Conclusão Há muitas outras habilidades requeridas por essa ou aquela empresa, mas essas quatro que mencionei são a espinha-dorsal, a linha-mestra do tema. Saindo-se bem em relação a essas, as demais você tira de letra. E lembre- se de que há uma forte relação entre elas. Por exemplo, é impossível trabalhar bem em grupo se você não mantém bom relacionamento com cada componente da equipe. Quer dizer, possível é, mas será uma tarefa insuportável. Além disso, não se resolvem problemas sem pró-atividade. E assim por diante. 36 Tire a bunda da cadeira!