Educação a distância na EJA e inclusão de jovens e adultos
1. 1
RELAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS
Lucia Margareth Requião Jander1
RESUMO
Este trabalho apresenta reflexões produzidas pela inquietação em buscar compreender a
situação dos estudantes que se utilizam da modalidade EJA (Educação de Jovens e
Adultos) e assim tentar explicar de forma breve as possibilidades de inclusão que são
geradas a partir da parceria EJA com a Educação a Distância (EAD). Faz-se pertinente,
então, analisar e compreender através da pesquisa bibliográfica os desdobramentos
produzidos pela parceria entre as duas modalidades educacionais supracitadas.
Palavras-chave: EJA; EAD; inclusão; parceria.
INTRODUÇÃO
O trabalho apresentado visa analisar e compreender o cenário educacional
resultante da realidade dos alunos que cursam a modalidade Educação de Jovens e
Adultos (EJA) e perceber sua relação com a modalidade Educação a Distância (EAD),
investigando em que contexto a citada relação se realiza, bem como os processos e os
resultados constituídos e por consequência o impacto na vida dos educandos
envolvidos. Para melhor entendimento da questão acima, precisamos entender como
surgiu a modalidade EJA e a finalidade à qual se destina.
1
Pedagoga – Prefeitura de Saquarema e Prefeitura de Maricá. Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro – UNIRIO. Pós-graduada em Gestão de EAD-Universidade Federal Fluminense. E-mail:
luciajander27@gmail.com.
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO - PROPPI
2. 2
DESENVOLVIMENTO
Para que se possa entender mais claramente o conceito da EJA, precisa-se visitar
o passado (recente), a fim de perceber brevemente os movimentos que resultaram na
situação dita inclusiva atual.
A ideia de uma educação que fosse direcionada para o trabalho surge em 1940,
com vistas ao aumento de eleitores. O Governo lança, então, a Campanha de Educação
de Adolescentes e Adultos, que incluía um professor voluntário e tempo de duração de 3
meses para a alfabetização dos alunos. Esta campanha acabou em 1963 e suscitou base
para rever os conceitos ligados à base educacional dirigida aos jovens e adultos.
Antes dos anos 60, surge Paulo Freire, com sua teoria humanista, que valoriza as
vivências do aluno. Logo em seguida, Freire é exilado e cria-se o MOBRAL
(Movimento Brasileiro de Alfabetização), que visava à alfabetização funcional,
oferecido para pessoas com 15 a 30 anos de idade. Mais tarde, em 1973, é instituído o
Ensino supletivo, que oferecia uma educação em tempo reduzido. Nos anos 80,
estudiosos da Educação como Anísio Teixeira e Paulo Freire têm suas ideias
reconhecidas e passa-se a pensar em educação em sentido mais amplo, atendendo às
necessidades mais próximas das reais em relação aos sujeitos.
Conforme nos cita Gadotti (p.2),
A diversidade é a marca desse movimento de educação
social, popular, cidadã, cívica, comunitária. Trata-se de
uma rica diversidade que precisa ser compreendida,
respeitada e valorizada.
O citado autor aponta a ideia da diversidade como contraditória aos movimentos
educacionais ocorrentes no país à época do MOBRAL, entendendo que a própria
educação por si é um processo contraditório, onde cabem, portanto ideias convergentes
e divergentes. Portanto, a educação popular, como qualquer outra, requer que se
trabalhe cada indivíduo em sua especificidade no que tange ao modo como ele aprende.
Percebe-se que o processo educacional popular ainda ocorre de forma fechada
no Estado e na sociedade, sendo mais aberto quando oferecido pelas ONGs ou entidades
não governamentais.
3. 3
A partir de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) garante o
direito à educação fundamental para os cidadãos que não tiveram acesso escolar em
idade própria, conforme se pode visualizar no texto que se segue:
Art. 1.º Os cursos de Educação para Jovens e Adultos
autorizados pelo Órgão competente do Poder Público Estadual e
oferecidos por instituições de ensino privadas ou públicas que
não integrantes da Administração Pública Direta do Estado e
dos Municípios, devidamente credenciadas, qualquer que seja a
metodologia aplicada, não terão duração inferior a 24 (vinte e
quatro) meses, quando se tratar de ensino correspondente às
quatro últimas séries do Ensino Fundamental, nem inferior a 18
(dezoito) meses, quando em nível equivalente ao Ensino Médio.
Parágrafo único: Os cursos desenvolvidos com metodologia de
ensino presencial, além da duração prevista no “caput” deste
artigo, terão a carga horária mínima de 1.200 (mil e duzentos)
horas, quando equivalentes às quatro últimas séries do Ensino
Fundamental ou 1.080 (mil e oitenta) horas, se equivalentes ao
Ensino Médio.
O Ensino Supletivo troca de nomenclatura, passando a se chamar Educação de
Jovens e Adultos (EJA). A partir dos anos 2000, surgem o PROEJA e o PROJOVEM,
programas criados para a criação profissional (o primeiro, para o nível fundamental e o
segundo para o nível médio). Ao considerar sobre a EJA, PAIVA (2011, p. 6 e 7),
especifica que:
“Modalidade é um modo próprio de fazer a educação básica,
modo esse determinado pelos sujeitos que recebem: jovens e
adultos.”
”O direito ao trabalho e à educação do trabalhador como
direitos sociais se complexificam.”
Cabe-nos agora entender a quem se aplica a resolução da LDB, ou seja, o
público que compõe a supracitada contemplação educacional: o público da EJA. Trata-
se de uma clientela cuja definição paira na diversidade de sujeitos que, como tal, devem
ser atendidos em suas especificidades educacionais. Entende-se que há disparidade entre
a prática e a lei escrita que mostra o direito. Lamentavelmente, na sociedade brasileira, a
marca da diversidade historicamente está atrelada à marca da desigualdade.
Ainda parafraseando a autora acima referida, para melhor entender a EJA,
devemos dimensionar que a exposição da ideia da exclusão quando vista apenas pelo
lado do não possuir bens de consumo, por si só já indica que alguém só está “incluído”
4. 4
se tiver acesso bens econômicos; um conceito que subtrai a condições de ser e de estar
dos sujeitos da EJA.
Estes sujeitos precisam ser reconhecidamente valorizados em suas culturas, no
sentido de atuar, de compartilhar ideias, de se sentirem pertencentes a um grupo que tem
vez e voz na sociedade. A grande dificuldade para que isto aconteça, conforme afirma
PAIVA, (2011, p. 1), “trançar políticas de direitos para jovens e adultos”.
Para atingir o citado público-alvo, não é suficiente oferecer somente atividades
contextualizadas ou se pensar a metodologia semelhante à das crianças que estão na
mesma série. Há que se considerar, portanto, a vivência do aluno da EJA, que traz uma
gama de saberes empíricos que não devem ser ignorados, já que sua aprendizagem
precisa fazer sentido para ser consolidada, conforme observação seguinte:
Não é possível a educadoras e educadores pensar apenas os
procedimentos didáticos e os conteúdos a serem ensinados aos
grupos populares. Os próprios conteúdos a serem ensinados não
podem ser totalmente estranhos àquela cotidianidade. O que
acontece, no meio popular, nas periferias das cidades, nos
campos – trabalhadores urbanos e rurais reunindo-se para rezar
ou para discutir seus direitos – nada pode escapar à curiosidade
arguta dos educadores envolvidos na prática da Educação
Popular. (FREIRE, 1995, p.13)
Sabe-se ser um desafio educar populações tão diversificadas. Ao perceber a
importância da discussão dos contextos de vida dos sujeitos da EJA, entendemos mais a
necessidade de articular um currículo que tenha formação de sentido para tal público. A
ideia é que cada indivíduo, ao se apropriar de seu processo de aprendizagem, venha a
adquirir autonomia para entender sua própria história, e assim possa modificar e alterar
o sentido de sua trajetória educacional, melhorando por consequência sua qualidade de
vida.
Para que tal movimento de cidadania aconteça com a clientela da EJA, é
importante pensar numa articulação da dita necessidade educacional com uma
atualização tecnológica, pois como analisa PAIVA (2011, p. 23):
O sentido verdadeiro da EJA é, assim, o da educação
continuada, o de aprender por toda a vida, que favorece
processos educativos – e não apenas educacionais –
para jovens e adultos.
5. 5
Para facilitar a compreensão e também desmistificar alguns conceitos que ainda
persistem sobre a modalidade EJA, é interessante observar a tabela abaixo:
Tabela 12
Mito Conceito desmistificado
A EJA como solução para amenizar a
enorme lacuna sócioeducacional do
Brasil.
A EJA é uma modalidade educacional e
institucionalizada por lei.
Todos têm direito à EJA. Nem todas as pessoas conseguem usar do
direito, visto que o direito somente
acontece quando é usufruído pelos
sujeitos que a lei contempla.
A EJA gera inclusão social e digital. As atuais políticas públicas para a
clientela da EJA ainda não atingem à
demanda nacional.
São vítimas da exclusão os cidadãos que
não têm acesso aos bens de consumo.
Qualquer pessoa que não tem seus direitos
respeitados é vítima da exclusão, não
importando sua condição econômica.
Para alfabetizar na EJA, basta praticar o
currículo do Ensino Fundamental
direcionado às crianças.
Deve-se organizar o currículo do aluno da
EJA contemplando os saberes adquiridos
pelas suas vivências.
A partir daí, podemos verificar que antes de qualquer coisa, é preciso entender e
situar o público da EJA, pois existe uma grande diversidade embutida nele que não pode
ser ignorada. Visualizamos que esta população deseja romper as barreiras econômicas,
sociais, espaciais e mesmo culturais para se adaptar às tecnologias atuais, com variadas
finalidades, quer seja galgar uma promoção no trabalho ou adquirir conhecimento e,
além disso, também, produzir interações.
Entendemos que há urgência na articulação tecnológica, visto que atualmente
todos os investimentos se resumem em adventos que envolvem direta ou indiretamente,
as tecnologias utilizadas para servir à sociedade. Por sua vez, a sociedade precisa estar
preparada para usaras citadas tecnologias em seu favor. É neste cenário que a Educação
a Distância (EAD) vem corroborar, pois se trata de uma modalidade educacional que
claramente utiliza os meios tecnológicos diversos para fins de aprendizagem.
Sabendo que as novas tecnologias da informação e da
comunicação são uma realidade no mundo atual, que elas são
carregadas de interesses diversos e que a escola é a principal
agência de alfabetismo em nossa sociedade, o seu uso em
ambientes escolares deve estar pautado em uma visão crítica e
2
Tabela 1 - Alguns mitos e desmistificações da modalidade EJA
6. 6
emancipadora do ser humano. COELHO & CRUZ (2007,
p.4):
A ideia acima descrita pelas autoras define bem a relação de necessidade
enfrentada pela sociedade humana atualmente, visto que estamos rodeados de
tecnologias que facilitam a comunicação e a disseminação da informação.
A validade do conceito acima demonstrado reside no fato de termos na escola
uma imensa representatividade, já que além do espaço físico em que se acomodam os
sujeitos e os artefatos tecnológicos, o significado da instituição escolar é para muitos o
acolhimento e a oportunidade de serrem inseridos num espaço cultural e por assim ser,
dar a estes indivíduos o status de sujeitos culturais. Sabe-se que muitos destes sujeitos
são oriundos de espaços menos favorecidos socialmente.
Trata-se do público que está em áreas rurais ou na prisão, ou mesmo em outras
áreas distintas, tendo em comum a falta de um espaço que os conduza ao mundo letrado.
Isto sem falar na interação que o uso das ditas tecnologias nos traz. Pensar no
ambiente escolar para estabelecer uma ponte entre o conhecimento e os sujeitos da EJA
torna-se algo muito natural. Isto porque muitos destes indivíduos também sofrem com a
dificuldade de ter conexões de internet em suas casas, restando-lhes a escola para lhes
proporcionar as devidas condições de acesso.
É possível perceber, então, a importância destas novas tecnologias tanto na vida
dos discentes como na vida dos docentes, uma vez que para a realização de usos das
TIC (Tecnologias de Comunicação e Informação) é necessário que os profissionais da
escola estejam devidamente preparados para capacitar também àqueles a quem irão
atender.
Como todo sujeito que utiliza sua autonomia, o aluno da EJA também precisa ter
seu ambiente facilitado e entender que tem toda uma estrutura diante de si para que
possa realizar seu curso e obter resultados satisfatórios.
Ao fazer uma rápida análise sobre a estruturação de um curso na modalidade
EJA x EAD, é possível notar que o referido curso, apesar de gratuito, é moldado no
intuito de atender às séries mais altas, deixando de fornecer alguns suportes ao Ensino
Fundamental.
7. 7
ANALISANDO A REDE CEJA
Ao acessar a Plataforma CEDERJ3
, encontramos disponibilizada a Rede CEJA
(Centro de Educação de Jovens e Adultos), que atende a pessoas que estão fora da idade
escolar e desejam concluir o Ensino Fundamental e o Ensino Médio no Estado do Rio
de Janeiro.
Pode-se notar a dinâmica do atendimento ao aluno exposta na figura abaixo:
O referido centro oferece o CEJA Virtual, um Ambiente de Aprendizagem
Virtual (AVA), destinado a fornecer apoio logístico para os estudantes, no sentido de
armazenar material didático contendo recursos como vídeos, animações, textos, listas de
exercícios, exercícios interativos e simuladores, além de chats e fóruns. O aluno poderá
postar nos fóruns e receber posteriormente a resposta do professor ou de um colega
(comunicação assíncrona).
No que tange ao atendimento, há algumas atividades presenciais que são
realizadas nos polos do CEJA, como: atendimento dos professores, oficinas em grupo,
avaliações e provas. O aluno do Ensino Fundamental é contemplado na questão
presencial, sendo que o aluno do Ensino Médio tem uma abordagem mais ampla do
esquema virtual, no sentido de participação e atuação na plataforma virtual. Resta ao
aluno do Ensino Fundamental na parte virtual o acesso aos conteúdos do material
didático.
3
www.cederj.edu.br
Figura 1 – Dinâmica de atendimento ao aluno da Rede CEJA
8. 8
Destacam-se nos CEJAs algumas vantagens gerais, como: atendimento
individual presencial, gratuidade no material didático, ambiente para realização das
provas e a possibilidade de avanço nas etapas, pois uma vez concluída a disciplina, o
aluno poderá logo ingressar na próxima etapa referente à disciplina estudada. É
importante saber que o material didático é gratuito, mas é utilizado como empréstimo,
cabendo ao aluno devolver o referido material logo que conclua o módulo relativo à
disciplina cursada.
PRÉ-VESTIBUILAR SOCIAL
Após concluir o Ensino Médio, o próximo passo é cursar o Pré-Vestibular Social
que o CEDERJ oferece gratuitamente aos que querem continuar estudando e pretendem
ingressar numa carreira universitária. Este curso oferece uma preparação para que o
candidato possa prestar o vestibular em qualquer instituição que desejar.
Fig. 24
CONSÓRCIO CEDERJ – UNIVERSIDADES PÚBLICAS A DISTÂNCIA
Fig. 3
Sendo aprovado no vestibular, o Consórcio CEDERJ oferece ao aluno uma gama
de cursos de acordo com a localização do polo que o atende. Todos os cursos oferecidos
são oriundos de universidades federais que oferecem cursos semipresenciais, dando
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Fig. 2- Logo do Pré-Vestibular Social do CEDERJ
Fig. 3 – Logo do Consórcio CEDERJ
9. 9
todo o suporte necessário para que o estudante venha a adquirir competências essenciais
dentro da área que estuda. Apesar de lidar com o ambiente virtual, o discente também
terá disciplinas e atividades presenciais no polo ao qual estiver vinculado.
O aluno do CEDERJ terá a garantia de ser assistido de acordo com o curso
escolhido por universidades como: CEFET, IFF, UENF, UERJ, UFF, UFRJ, UFRRJ
(Rural) e UNIRIO. O aluno que estuda a distância terá a oportunidade de se preparar
cada vez mais para a sociedade tecnológica, além de desenvolver também disciplina e
organização para que assim possa estudar e fazer suas avaliações. Neste processo,
desenvolverá, também, habilidades e competências sem ter que se deslocar para os
grandes centros.
EXTENSÃO E QUALIFICAÇÃO
Fig. 45
Visando preparar e qualificar cada vez mais aos docentes, o referido consórcio
oferece capacitação gratuita na modalidade EAD também para aqueles que lecionam, a
fim de que estes também sejam atualizados e possam lidar com as novas tecnologias,
preparando-se para lidar com alunos que precisam de orientação no mundo virtual e
utilizar adequadamente as ferramentas oferecidas nele.
É importante ressaltar a necessidade de uma metodologia flexível, que
possibilite ao educando participar das etapas do processo de aprendizagem, além de
progredir e ampliar seus conhecimentos e ressignificá-los. Para isso, acredita-se que seja
necessário que o aluno da EJA além de ter à sua disposição espaços escolares que
possam servir de polo, possa também dispor de ferramentas virtuais que lhe forneçam
apoio e lhe proporcionem o acesso e a feitura de suas atividades, de acordo com as
exigências do curso. Além disso, o citado aluno precisa interagir com seus professores e
colegas de curso.
5
Logo dos cursos de extensão e qualificação
10. 10
Para dominar o ambiente virtual, é necessário que o curso proporcione uma
plataforma que seja bem preparada em termos de apelo visual, que seja de fácil
entendimento, para que o indivíduo logo se familiarize e consiga expandir suas ideias,
atuando de forma a ser incluído no ambiente virtual e passe assim a fazer-se valer como
membro de uma comunidade unida para o mesmo propósito estudantil.
E o que fará com que o aluno da EJA persista num curso EAD? Por mais que
haja esforços de toda uma equipe que compõe uma plataforma de cursos EAD, sabe-se
que a ação do tutor que acompanhará o aluno em todo o processo e a determinação do
aluno serão fatores principais para o sucesso de um curso deste porte.
É importante ressaltar que a atuação do tutor em um curso EAD é primordial
porque é este personagem quem irá conduzir toda a trama do curso. Em alguns
momentos provocando a aprendizagem o aluno, corrigindo atividades ou orientando
sobre postagens em fóruns e chats e esclarecendo dúvidas quanto ao uso do material
didático do curso. Ou seja, o tutor motiva, estimula e incentiva o aluno a aprender.
Caberá também ao tutor considerar que cada discente tem sua forma própria de
aprender e, consequentemente, conduzir os alunos ao conhecimento e também à
aprendizagem colaborativa, ressaltando para os estudantes o tipo de educação à qual
eles estão ligados, que os instiga a produzir conhecimentos em rede através de suas
interações.
O citado profissional de educação terá em sua atuação uma grande dose de
sensibilidade e ampliação do olhar, sabendo que estará lidando com um aluno que não
tem muita intimidade com o ambiente virtual e que talvez não tenha hábitos recentes de
estudo ou pesquisa.
Entende-se a partir daí que o exercício da educação na vida do indivíduo torna-
se tão amplo que não mais se limita aos muros da escola. Há uma necessidade humana
tão intensa de educar e ser educado, que o cenário educacional abriga um espectro
variado de educações, contemplando, assim, cenário social.
Conforme menciona Gadotti (p.11),
A educação social compreende a educação de adultos, popular,
comunitária, cidadã, ambiental, rural, educação em saúde e se
preocupa, particularmente, com a família, a juventude, a criança
11. 11
e o adolescente, a animação sociocultural, o tempo livre, a
formação na empresa, a ação social.
O referido autor menciona os desdobramentos da educação e sua penetração na
sociedade, em todos os âmbitos de atuação dos seres humanos. Âmbitos nos quais se
exerce e também se recebe influência, processando, desta maneira, novos formatos de
aprendizagens e conhecimentos.
No âmago da questão educacional social encontra-se a Educação de Jovens e
Adultos, e também se vincula a figura do pedagogo social, um profissional da educação
que atuará em perspectiva crítica 6
para transformar e emancipar socialmente os
indivíduos.
Visto que o campo da educação social é o que se mostra mais carente em termos
de validação de direitos relativos à educação, como alfabetizar-se e dar continuidade aos
estudos, é possível compreender a urgência da aplicabilidade da EJA de forma a
adequar-se à necessidade educacional dos sujeitos.
A EJA precisa ser vista como uma educação que faça sentido na vida do
indivíduo e que por sua vez possa gerar produção de sentido para todos. Isso pelo fato
de ser uma educação que ocorre na vida do discente em concomitância com sua atuação
na sociedade. Ou seja, o sujeito trabalha e também se educa, influenciando e
transformando seu entorno.
Assim é possível produzir um diferencial na atitude do aluno da EJA/EAD, que
ao iniciar seu plano de atuação de cidadania num espaço de educação (que não
necessariamente teria de ser na escola), começa a compartilhar educação com a
sociedade. Estimular a formação cidadã em todos os sentidos faz com que a pessoa se
sinta plena e compreenda que pode enfrentar o mundo, segura de sua essência, sabendo
perfeitamente quem é e o papel que desempenha na sociedade.
Dessa forma, este cidadão perceberá que cabe no ambiente escolar, seja de qual
porte for e não se sentirá rebaixado por não saber articular as tecnologias, porque se
entenderá como capaz de aprender e superar desafios.
6
Gadotti, EDUCAÇÃO POPULAR, EDUCAÇÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA Conceitos e
práticas diversas, cimentadas por uma causa comum (p.12)
12. 12
CONSIDERAÇOES FINAIS
Embora a sociedade brasileira atual possua um parâmetro histórico das dívidas
sociais que se evidenciam na diferenciação de oportunidades direcionadas apenas a um
tipo de público padronizado pela etnia ou classe social, podemos analisar que à medida
que cada cidadão nessa linha limítrofe de desprovimento de acesso digital consiga
alcançar sua obtenção de conhecimento relacionado com o uso das TIC, mais barreiras
se rompem e se realizam as conquistas educacionais.
Isto se dá porque conforme o processo de acesso à educação se realiza, há uma
multiplicidade de atos cidadãos envolvidos. Tanto para quem aprende como para quem
ensina, já que gera parcerias entre os sujeitos docentes e discentes. Uma conquista
educacional é, antes de tudo, um exercício de democracia, visto que nossa apreensão de
instrução e compartilhamento de informação aprendida se dará na proporção que nossa
vontade subjetiva permite.
Aprendemos, portanto, o que queremos e mesmo em conformidade com a
libertação de grilhões, sejam eles quais forem. A expectativa das citadas parcerias é a
inovação. Espera-se que assim possam surgir ideias novas a respeito dos conhecimentos
analisados.
REFERÊNCIAS
COELHO, Suzana Lanna Burnier, CRUZ, Regina Mara Ribeiro. Limites e
possibilidades das tecnologias digitais na Educação de Jovens e Adultos. In Anais
da 31ª Reunião Nacional da Anped. Trabalho apresentado no GT 18.pdf. Disponível
em: http://www.cead.uff.br/ead/mod/assign/view.php?id=4333. Acesso em Junho/2016.
Cordova,Tania; Favretto,Rosani Aparecida Dias - A Implantação da EAD na
Modalidade de Educação de Jovens e Adultos: o Modelo do SESI em Santa
Catarina - Florianópolis – SC - abril 2012.
GADOTTI, Moacir. EDUCAÇÃO POPULAR, EDUCAÇÃO SOCIAL,
EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA - Conceitos e práticas diversas, cimentadas por uma
causa comum. Acesso em Julho/2016.