2. PSICODIAGNÓSTICO: CONCEITO
É uma compreensão Globalizada (aspectos psíquicos,
fisiológicos, sociais e cognitivos) do que se passa com a
criança(incluindo sua família e às vezes outros
contextos aos quais pertence) a fim de proporcionar -
lhe(s) o encaminhamento que melhor atenda às suas
necessidades.
3. Conhecimentos Importantes
Desenvolvimento infantil - Fases do desenvolvimento
Desenvolvimento cognitivo- Escolaridade
Psicopatologia- Transtornos do sono (terrores
noturnos, sonambulismo, insônia), Transtornos da
aprendizagem, transtornos das habilidades motoras e
transtornos da comunicação (linguagem), Transtorno
do déficit de atenção-hiperatividade, Transtornos do
Comportamento, Transtornos Globais do
Desenvolvimento (Autismo Infantil), Outras formas de
transtornos globais do desenvolvimento.
Psicoses
4. Fases do Psicodiagnóstico
1. Contato inicial e primeiras entrevistas, visam identificar
o motivo da consulta (queixa), bem como ansiedades,
defesas, expectativas...
2. Levantamento das hipóteses iniciais
3. Planejamento da avaliação, seleção dos instrumentos
diagnósticos e aplicação (Entrevista clínica: principal
recurso do analista, observação clínica, investigação clínica
da personalidade - Observação lúdica ou hora de jogo -
Procedimento de desenhos e estórias.
4. Análise e integração dos dados levantados
5. Comunicação de resultados, orientação sobre o caso e
encerramento do processo.
5. Primeira Entrevista
Nesta entrevista devem estar presentes: A Criança e os
Pais (pai e mãe, mãe e mãe, pai e pai).
Entrevista semi-dirigida: busca-se entender o motivo
da consulta (queixa), ansiedades , expectativas,
observar o comportamento dos pais e da criança. Bem
como buscar elementos para esclarecer o mesmo.
Oferecer a criança papel, lápis, borracha e lápis
coloridos.
Ao final da entrevista explicar o processo
psicodiagnóstico (fases do processo e fazer o
enquadramento).
6. ENQUADRAMENTO
Define papéis, obrigações, direitos e responsabilidades
mútuas .
Contrato de trabalho: Horário e dias das sessões, valor
do processo. comprometimento de ambas as partes de
cumprir certas obrigações formais (faltas, reposição,
etc).
Permite perceber aspectos latentes da conduta do
entrevistado, dificuldades de compreender e / ou
respeitar o enquadramento.
7. Formulação das perguntas básicas ou hipóteses:
Formulação das perguntas básicas ou hipóteses:
Psicodiagnóstico parte de perguntas específicas onde
as respostas prováveis HIPÓTESES que serão
confirmadas ou não.
Perguntas:
LEIGO: Será que A não aprende por um problema
psicológico?
PSICANALISTA: Será que A apresenta uma limitação
intelectual? Será que A não aprende por interferência
de problemas emocionais? Será que A possui alguma
psicopatologia ou doença somática?
8. Segunda Sessão: sessão livre como meio de Observação
Nesta sessão a criança é atendida sozinha.
- É de grande importância para o analista a observação
livre da criança num setting mais controlado e longe
dos olhos dos pais.
- Neste primeiro contato sozinho com a criança, a
mesma deve ficar livre para determinar a direção da
sessão, realizando o que bem entender; poderá brincar,
desenhar ou conversar.
- -Obs: caso o analista achar necessário, poderá realizar
mais de uma sessão livre.
9. Terceira sessão: Entrevista de anamnese
Esta entrevista é realizada com os pais e a criança.
Como na primeira sessão, oferecer à criança
brinquedos e /ou papel para desenhar.
O propósito desta sessão é levantar os principais dados
do desenvolvimento físico, emocional e social da
criança, assim como traçar um perfil da dinâmica
familiar.
Esse momento poderá se desdobrar em mais de uma
entrevista, conforme a necessidade de
complementação das informações ( tempo insuficiente,
entrevistar mais um membro da família,etc.)
10. continua
Fica implícito que, a partir de Freud, a realidade de tais
informações estará sempre sob suspeita. Os atos
falhos, as lacunas de memória, as lembranças
encobertas. Algumas das omissões, feitas pelos pais
durante a anamnese, são inconscientes. Outras são
intencionais, pois os pais se preocupam com sua
imagem diante do analista. Cabe ao analista buscar um
ambiente de confiança e livre de qualquer idéia pré
concebida.
OBS: o analista vai se interessar pelos dados que
puderem esclarecer como transcorreu a vida psíquica
e emocional da criança durante o desenvolvimento das
fases oral, anal e fálica, e como ela vivenciou as
intensas emoções do Édipo.
11. Contato com outros profissionais
Dependendo da problemática apresentada pela criança
se faz necessário que o analista busque maiores
esclarecimentos com outro profissionais, por isso
torna-se necessário a realização de contatos externos:
no colégio (orientador educacional), com médicos
(pediatra, neurologista), com fonoaudiólogo e etc.
Neste caso o analista irá avaliar qual a melhor forma de
obter as informações necessária. Podendo fazer
contato telefônico, pessoalmente ou solicitar um
relatório.
12. Quarta sessão – Hora do jogo diagnóstica
Nesta sessão o analista irá utilizar técnicas que venham
auxiliá-lo numa melhor compreensão das suas
hipóteses iniciais.
Técnicas expressivas: configuram situações onde a
criança poderá ficar “inteiramente livre”, tanto do
ponto de vista de instruções, quanto do material a ser
utilizado por ela.
Técnicas projetivas: onde a resposta é livre, mas o
material é definido e padronizado. Ex: Sugerir
brinquedos, brincadeiras,utilizar a técnica do desenho
infantil (desenho livre) ou sugerir desenhos específicos
( casa, família, pai, mãe, irmãos, etc).
13. Quinta Sessão – Continuação da sessão anterior
Importante que realize mais uma ou duas sessões de
jogo diagnóstica, para que sinta-se seguro ao final do
processo psicodiagnóstico.
14. RECOMENDAÇÃO
Em relação aos desenhos , vale a pena lembrar uma
recomendação de Koppitz (1968).
“Sempre devemos considerar o desenho total assim
como a combinação de vários signos e indicadores,os
quais deverão ainda serem analisados levando em
consideração a idade da criança, sua maturação, seu
status emocional, social e a sua cultura, devendo
finalmente ser avaliado juntamente com os demais
instrumentos usados na avaliação”.
15. Sexta Sessão – Entrevista de Devolução
Nesta sessão reuni-se os “pais” e a criança (deixar a
criança livre).
Explicar que todas as informações que forem exposta
serão sigilosas e que falam de um momento específico
da criança. Explicar ainda que é importante que
entendam tudo que será exposto (não ter dúvidas,
perguntar). E que é importante que sigam todas as
recomendações.
Explicar qual foi a conclusão final ou seja, o que se
passa com a criança (causas de seu comportamento)
Fazer os encaminhamentos necessários.
16. ENCAMINHAMENTOS
Os encaminhamentos dependerão da conclusão do
analista:
Se tratando de dificuldade na área emocional, indicar
atendimento psicanalítico.
Se tratando de dificuldade na área escolar, indicar
atendimento psicopedagógico.
Se tratando de problema neurológico , indicar
atendimento com neurologista.
Etc......
OBS: algumas vezes se faz necessário o acompanhamento de mais de um
profissional.
17. RECOMENDAÇÕES GERAIS
O Processo Psicodiagnóstico tem um tempo
determinado: deve durar de 6 à 8 sessões.
O processo deve ser explicado detalhadamente para os
“pais”, ficando claro que não se trata ainda de uma
análise.
Quando os “pais” forem separados respeitar o desejo
de serem atendidos separadamente. Embora deve ser
explicado a importância do atendimento juntos.
É importante a criança estar presente em todas as
sessões (já que o processo diz respeito a mesma), mas
em casos excepcionais atender apenas os “pais”.
18. ANEXO 1
Materiais empregados:
mesa baixa – bonecos representando adultos e
crianças – caminhões – carros – trens – animais –
panelinhas - papel – lápis – tesoura - pratinhos -
colheres – lápis de cor – giz de cera – cola – massa de
modelar – barbante – palitos de sorvete, etc.
Dependendo da orientação do analista os brinquedos
serão guardados em armários ou utilizará a caixa
individual para cada criança (desperta segurança e
sigilo).
31. LAUDO
O laudo é uma apresentação descritiva acerca de
situações e/ou condições emocionais e suas
determinações históricas, sociais, políticas, e culturais,
pesquisadas no processo de avaliação . Como todo
documento, deve ser subsidiado em dados colhidos e
analisados, a luz de um instrumento técnico
(entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos,
observações, exame psíquico, intervenção verbal),
consubstanciado em referencial técnico-filosófico e
científico adotado pelo profissional.
32. Finalidade do Laudo
A finalidade do laudo será a de apresentar os
procedimentos e conclusões gerados pela avaliação,
relatando sobre o encaminhamento, as intervenções, o
diagnóstico, o prognóstico, e evolução do caso,
orientação e sugestão de projeto terapêutico, bem
como, caso necessário, solicitação de
acompanhamento psicanalítico, limitando-se a
fornecer somente as informações necessárias
relacionadas à demanda, solicitação ou petição.
33. Estrutura do Laudo
O laudo é uma peça de natureza e valor científico,
devendo conter narrativa detalhada e didática, com
clareza, precisão e harmonia, tornando-se acessível e
compreensível ao destinatário. Os termos técnicos
devem portanto, estar acompanhado e/ou
conceituação retiradas dos fundamentos teórico-
filosóficos que os sustentam.
34. O laudo deve conter, no mínimo 5 (cinco)
itens: identificação, descrição da demanda,
procedimentos, análise e conclusão.
1- Identificação
2- Descrição da demanda
3- Procedimento
4- Análise
5- Conclusão
35. 1- IDENTIFICAÇÃO
É a parte superior do primeiro tópico.
O autor /relator – quem elabora
O interessado – quem solicita
O assunto/finalidade – qual a razão/finalidade
36. 2- DESCRIÇÃO DA DEMANDA
Esta parte é destinada à narração das informações
referentes à problemática apresentada e dos
motivos, razões e expectativas que produziram o
pedido. Justificar o procedimento adotado.
37. PROCEDIMENTOS
3- PROCEDIMENTOS
A descrição dos procedimentos, apresentará os
recursos e instrumentos técnicos utilizados para
coletar as informações (número de encontros, pessoas
ouvidas, etc) à luz do referencial técnico –filosófico
que embasa. O PROCEDIMENTO ADOTADO DEVE
SER PERTINENTE PARA AVALIAR A
COMPLEXIDADE DO QUE ESTÁ SENDO
DEMANDADO
38. ANÁLISE
4- ANÁLISE
É a parte do documento na qual o profissional faz uma
exposição descritiva de forma objetiva e fiel dos dados
colhidos e da situação vividas relacionados à demanda
em sua complexidade.
Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação
teórica que sustenta o instrumental técnico utilizado,
bem como princípios éticos e as questões relativas ao
sigilo das informações. SOMENTE DEVE SER
RELATADO O QUE FOR NECESSÁRIO PARA O
ESCLARECIMENTO DO ENCAMINHAMENTO.
39. CONCLUSÃO
5- CONCLUSÃO
Na conclusão do documento, o profissional vai expor o
resultado e/ou considerações a respeito de sua
investigação a partir das referências que subsidiaram o
trabalho.
Após a narração conclusiva, o documento deve ser
encerrado, com indicação do local, data de emissão e
assinatura do profissional e o número de seu regisstro.
40. MODELO DE LAUDO
Identificação:
Psicanalista: J.L.S. N
Solicitante: Serviço de Orientação Pedagógica do Colégio Esplendor
Psicodiagnóstico de J.P.M.
Descrição da demanda:
Criança de 07 anos de idade encaminhada pelo Serviço de Orientação
Pedagógica do Colégio Esplendor, por apresentar dificuldade de expressão e
compreensão. Apresentando ainda dificuldade no relacionamento com colegas
e professores.
Procedimentos:
Para a presente avaliação foram realizados um total de 08 (seis)
encontros, sendo distribuídos em 02 entrevistas com a mãe da criança, 01
entrevista de anamenese, 02 sessões livre com a criança e 02 sessões onde
utilizou-se a técnica da hora do jogo diagnóstica. E 01 sessão de devolução.
41. Análise:
Criança compareceu regularmente aos atendimentos e sua mãe
mostrou-se cooperativa e sempre pronta a atender as solicitações do analista.
Podemos observar um bom vínculo mãe e filha e que este se mostra de
maneira saudável. A mãe busca atender as necessidades afetivas e cognitivas da
criança, colocando os limites necessários para o seu desenvolvimento
emocional. Fica clara a atuação predominantemente da figura materna na
educação da criança e que a figura paterna aparece com menos destaque na
vida cotidiana da mesma, embora este apareça com freqüência em seu
discurso.
J. Apresenta por vezes um certo prejuízo na organização do
pensamento, com tudo pode –se perceber boa capacidade de abstração, e boa
memória visual e auditiva. Sua inteligência mostra-se dentro do esperado para
sua faixa etária. Consegue resolver problemas dos mais simples aos mais
complexos, relacionando por vezes inadequadamente idéia e pensamento.
Em algumas situações pode-se observar que a criança apresenta um
comportamento regredido, principalmente quando se utiliza a fantasia.
42. Acredita-se que este comportamento se justifica pelo longo tempo em
que J. conviveu com crianças de uma faixa etária inferior a sua, já que até os seis
anos de idade freqüentou uma creche de pequeno porte próxima a sua
residência e hoje se encontra ainda em processo de adaptação a sua nova
realidade.
Conclusão:
Pode-se concluir que J. P. M. encontre-se ainda em fase de adaptação,
uma vez que iniciamos o segundo semestre letivo recentemente. Acredita-se
que o suporte psicoterapêutico poderá contribuir de maneira significativa
para minimizar as dificuldades apresentadas pela criança, facilitando sua
adaptação aos novos desafios impostos pela sua atual realidade. Possibilitando
assim que a mesma possa conviver de maneira adequada com colegas e
professores e possa responder as expectativas de pais e professores.