Este catálogo apresenta obras de artistas espanhóis que exploram a narrativa e o relato em suas criações. A seção inclui desenhos de Guillermo Pérez Villalta que ilustram a cena artística contemporânea com humor e ironia, além de obras de Curro González, Pablo Milicua, Curro Ulzurrun e Simon Zabell que incorporam elementos narrativos em diferentes mídias.
3. Ivânia de Mendonça Gallo
Directora de ARTE LISBOA
A presença espanhola na ARTE LISBOA, a Feira internacional de arte contemporânea de Por-
tugal, tem sido, desde o início, muito intensa. Não podia ser de outra forma, tendo em conta a
frequente manifestação da proximidade cultural de ambas as nações.
No caso das artes plásticas, a habitual integração dos artistas portugueses nas colecções públicas
e privadas espanholas e dos espanhóis nos museus e instituições portuguesas, tem servido para
difundir enormemente a prática artística entre os cidadãos de ambos os lados da fronteira.
ARTE LISBOA 09 celebra este interesse mútuo com um projecto específico sobre o momento
artístico do país vizinho comissariado pelo crítico Óscar Alonso Molina o qual ocupará, nesta
nona edição da feira, toda a secção dedicada aos projectos individuais dos artistas.
Desejo igualmente que estas linhas de apresentação sirvam para manifestar o nosso agrade-
cimento aos artistas e galerias participantes cuja resposta tem sido entusiástica, bem como ao
Ministério da Cultura do Governo de Espanha e ao Programa Iniciarte da Junta de Andaluzia,
cujo apoio tem sido fundamental para o desenvolvimento do programa.
4. Ivânia de Mendonça Gallo Ivânia de Mendonça Gallo
Directora de ARTE LISBOA Director of ARTE LISBOA
La presencia española en ARTE LISBOA, la feria internacional de arte contemporáneo de Por- The Spanish presence in ARTE LISBOA, International Contemporary Art Fair of Portugal, has
tugal, es, desde la primera convocatoria, muy intensa. No podía ser de otro modo, ya que la been very intense since its first edition. It couldn’t be any other way, since the cultural proxi-
proximidad cultural de ambas naciones se manifiesta frecuentemente. mity of both nations is often evident.
En el caso de las artes plásticas, la integración habitual de los artistas portugueses en las co- In the case of plastic arts, the customary integration of Portuguese artists in public and private
lecciones públicas y privadas españolas y, simétricamente, de los españoles en los museos e Spanish collections and, symmetrically, Spanish artists in Portuguese museums and institu-
instituciones portuguesas, ha difundido enormemente la práctica artística de ambos lados de tions has enormously spread the artistic practice on both sides of the border between citizens.
la frontera entre los ciudadanos.
ARTE LISBOA 09 celebrates this mutual interest with a specific Project dealing with the artistic
ARTE LISBOA 09 celebra este mutuo interés con un proyecto específico sobre la escena artís- scene of the neighboring country commissioned by the art critic Óscar Alonso Molina. In this
tica del país vecino comisariado por el crítico Óscar Alonso Molina por encargo de la feria, que ninth edition, the project will take up the entire section dedicated to the individual projects of
ocupará, en esta novena edición de la feria, toda la sección dedicada a los proyectos individua- the artists.
les de artistas.
I would also like to take this opportunity to express our gratitude to the artists and participating
Deseo igualmente que estas líneas de presentación sirvan para manifestar nuestro agradeci- galleries whose response has been enthusiastic, as well as to the Ministry of Cultural Affairs
miento a los artistas y galerías participantes cuya respuesta ha sido entusiasta, al igual que al of the Government of Spain and to the Program Iniciarte (Start) of the Council of Andalusia,
Ministerio de Cultura del Gobierno de España y al Programa Iniciarte de la Junta de Andalucía, whose support has been fundamental for the development of the program.
cuyo apoyo ha sido fundamental para el desarrollo del programa.
5. 1 1 Lights, Camera, Action!
[Até onde o fio do conto nos levar]
[Hasta donde nos lleve el orden del relato]
[Where the Story Takes Us]
Óscar Alonso Molina
24 Guillermo Pérez Villalta. El artista moderno
Galería Soledad Lorenzo, Madrid
30 Curro González. Hotel Fénix
Galería Rafael Ortiz, Sevilla
36 Pablo Milicua. Paisajes imaginarios
Galería Fernando Latorre, Madrid
42 Curro Ulzurrun. Las mentiras se construyen
Galería Trinta, Santiago de Compostela
48 Simon Zabell. Klavierstück IX
Galería Sandunga, Granada
54 Paco Mesa y Lola Marazuela. Idea de Norte. Paralelo 45º 25’ Norte
EE.UU. - Canadá
Galería Blanca Soto, Madrid
60 Juan Carlos Bracho. Félix y su amiga F
Galería Carles Taché, Barcelona
66 Rodrigo Martín Freire. Espacio disponible
Galeria Full Art, Sevilla
72 José Luis Serzo. La insolita y reveladora historia de Pietro Ferro
Galería Siboney, Santander
78 Juan Zamora. Cuando un cuadrúpedo sin cabeza en el suelo
Galería Moriarty, Madrid
84 Alejandra Freymann. Fragmento de un sueño de campamento
Galería Pepe Cobo & Cia., Madrid
91 Galerias / Galerías / Galleries
8
6. Lights,
Camera,
Action!
[Até onde o fio do conto nos levar]
“O senhor é um narrador”, tinha-me dito uma vez um amigo. Como não
havia de sê-lo quando a palavra, a imagem intervém cada vez mais fazen-
do-se ouvir na sua áurea, quando o conto é feito de fragmentos de contra-
contos e o silêncio espreita o mundo?
Edmond Jabès: O livro das Perguntas
A partir da fractura do paradigma estético tardo-moderno, nos anos setenta, a recuperação
do espaço narrativo (ou por assim dizer, no sentido mais preciso: a introdução mais ou menos
consc iente do relato na imagem), constituiu um dos focos mais chamativos de constante ex-
perimentação e reivindicação de toda uma série de novos artistas, os quais vieram considerar
no seu conjunto completamente esgotada a rígida proposta do formalismo, omnipresente ainda
naquela altura, empenhado em manter nitidamente diferenciadas as condições de existência
específica de cada uma das artes. O teatral, o literário, podiam então ser introduzidos de novo
no plano – por exemplo – da pintura. Por conseguinte, a biografia, a fábula, o conto seriam
susceptíveis de voltar a formar parte do tecido semântico da obra de arte.
Em perspectiva, este parece ser um dos aspectos inovadores mais chamativos e desa-
fiantes das inércias herdadas daquele momento crucial, tão complexo; e, no entanto, de forma
talvez surpreendente, foi rapidamente assumido pelo meio no seu conjunto, até ao ponto de
quase não existirem, nos nossos dias quando a presença da fotografia, do vídeo e da animação
ocupam um lugar sem precedentes no seu desenvolvimento, quase estudos concretos fora do
meio audiovisual onde, a verdade seja dita, tanta rentabilidade deu.
Pela sua natureza, a imagem-tempo, e até em boa medida a fotografia na sua radica-
lidade indicial, estão relacionadas com a ordem da história de forma diferente que nas outras
artes plásticas, como o desenho, a pintura, a escultura ou o collage. Aspiro a veicular, através do
meu comissariado do programa Project Rooms para a Feira de Lisboa’09, uma pequena amostra
inevitavelmente selectiva que permita conhecer os aspectos relacionados com o desenvolvi-
mento da arte espanhola das últimas décadas.
Sem dúvida alguma, Guillermo Pérez Villalta (Tarifa, Cádiz, 1948) deverá ser o
ponto de partida obrigatório para um itinerário deste tipo. Foi ele quem criou, no início dos
anos setenta (antecipando-se em quase uma década aos que iriam ser com o tempo os pontos
teóricos determinantes na poética da Transvanguardia e dos anacronisti italianos, e em geral
do posmodern mais cálido), um claro ponto de inflexão na consunção e a afasia próprias do
neo-vanguardismo epigonal daquele momento na narrativa. A recuperação de cada narração
concreta acontece a partir de uma reabilitação paralela das figuras – no seu duplo sentido de
protagonistas da cena, mas também como estratégias retóricas – que implicam a presença de
10 11
7. um enunciador, “o narrador”. No seu caso, portanto, narrador e autor são absolutamente inse- à divisão tripartida clássica: apresentação, nó e desfecho. O silêncio antes e o silêncio depois,
paráveis, dotando a sua obra do carácter desinibidamente autobiográfico que a caracteriza. a partir de um óptimo tema central, uma das obras mais elaboradas realizadas pelo autor até
a data e que ele mesmo define como “paisagem sonora ao invés”. Está baseada na peça mu-
Ao apresentar uma trajectória tão contrastada e consolidada como a sua, que constitui de sical de Stockhausen, Kavierkonzert IX, que dá sentido interno às suas repetições e elementos
certa maneira uma opção privada seguida de forma muito diferente pelas gerações sucessivas, optei figurais, bem como à sua estrutura de tríptico. Mais uma vez, o artista arranca de uma posição
por seleccionar um conjunto de desenhos que, à maneira das ilustrações literárias ou das primitivas intelectualizada que tem muito em conta os próprios aspectos meta-linguísticos da represen-
vinhetas cómicas, explicam o seu próprio significado através de legendas em rodapé. A série, inédita tação (aqui, as relações entre música e imagem, a procura dos seus respectivos sistemas nota-
até a data, francamente divertida, resume com enorme ironia e um pouco de mortificação, o olhar cionais), sendo o sentido narrativo relacionado com a visualidade, o protagonista principal.
crítico deste prestigiado artista sobre os tópicos, os tiques, as parvoíces consentidas por todos no dia a
dia da arte contemporânea. Refrescante e, mais uma vez, corajoso, surpreenderá de certeza àqueles Como alternativa a esta forma radical de divisão da história e da sua preeminência visí-
que seguem de perto o seu trabalho, sem deixar contudo indiferentes aos mais novos, às vezes muito vel, sem dúvida de raiz formalista, o grupo formado pela dupla Paco Mesa (Granada, 1969) e
mais próximos da sua própria poética que os colegas da mesma idade. Lola Marazuela (Segovia, 1970), propõe quase uma narrativa-vida (road movie por um lado,
novela de aventuras por outro) que implica esbater definitivamente os limites do plano de re-
Num segundo plano geracional, contei com os trabalhos de três artistas muito dife- presentação clássico e alargá-lo até aos limites da existência particular, onde resulta decisi-
rentes. Em primeiro lugar, Curro González (Sevilha, 1960), que representa aqui simbolica- va a experiência da paisagem, no seu sentido mais amplo. Trazem até Lisboa uma prova desse
mente a clareza e inteligência com que foram recebidas pela promoção seguinte as conquistas ambicioso projecto em que estão a trabalhar há anos e que, previsvelmente, irá levar muitos
na liberação do espaço narrativo dessa primeira vaga pós-vanguardista. O artista sevilhano mais. Trata-se de dar a volta ao mundo seguindo um desenho, uma linha imaginária, um ideal:
preparou para esta ocasião uma obra específica que vem recuperar certos interesses por si tra- o paralelo terrestre 45º25’N. Deixam, entretanto, para trás um rasto de placas metálicas que
balhados nos anos oitenta. O desenvolvimento linear de uma certa história fica fragmentado assinalam a sua viagem, a todos os 100 Km., aproximadamente, acompanhadas nos espaços ex-
em cenas individuais que não dão lugar a sequências; por outro lado, esses mesmos “foto- positivos onde se apresentam pela prova testemunhal (como aquele fuit hic habitual na pintura
gramas” ou “vinhetas” elidem com toda a consciência a eleição do mítico momento pregnante, flamenga) que proporciona a fotografia do lugar escolhido e a indicação de um GPS.
organizando-se assim a ordem da narrativa em função de uma série de intermitências, um
dizer balbuciante, um percurso tremido embora dirigido a uma conclusão pré-determinada. Junto com esta dupla, Juan Carlos Bracho (La Línea de la Concepción, Cádiz, 1975),
À beira do excesso – a sua própria produção é uma reflexão sobre o transbordar do visível –, o representa a distância enorme que encontraram desde o início as práticas pós-conceptuais en-
artista exibe, mais uma vez, a vontade de comunicar através da arte algo que transcenda a sua tre a sua geração. Se a equação ideal vanguardista “arte = vida” se mantém ainda como poético
própria especificidade como linguagem. work in progress no caso anterior, aqui só podemos falar de um simulacro consciente e irónico
pelo qual o processo, as pautas de desenvolvimento, a normatividade ou o rigor analítico – tão
A frequência de uma figuração variegada e proliferante, às vezes até ao inescrutável, é característicos de determinada arte dos setenta –, se transforma em mania ou capricho. Sem
o ponto de contacto deste artista com o seu colega de geração, Pablo Milicua (Bilbau, 1960), história evidente, sem conto nem lição, o procedimento sistemático deste artista é a entrada em
cujos complicados collage estão na linha dos de Paul Citroen nos anos vinte, de Pere Català Pic um mundo de evocações não reprimidas que empurram o espectador para as fronteiras de uma
nos trinta, e os mais recentes de Jess ou Petrantoni. Nestas obras, o ponto referencial da origem fusão com o sublime, de corte neo-romântico e com o ornamento como expansão exagerada do
atomiza-se, ficando irreconhecível, não se deixando arrastar como era previsível pela entro- que em princípio é secundário. A articulação fílmica ou sequencial de todo o processo trans-
pia; antes pelo contrário, o mundo reorganiza-se de maneira fantástica entre as suas mãos e, forma-se em efeito, em resíduo que não aspira necessariamente a ter centro nem perímetro,
através de facetas minúsculas mas ainda viáveis, plausíveis, volta a parecer habitável. As partes princípio nem fim, apresentação nem desfecho.
de narrativa primigénia, multiplicadas até ao infinito, arrastam o seu carácter de fragmento,
não de detalhe (o todo está dito in absentia), e o resultado tem algo de ubérrimo, de generoso Certamente mais representativo do que a fascinação da sua geração pelo meio audio-
gasto do dizer, do ver, do fazer que, como é habitual nas criações de marginais, abraça o plano visual, e em geral os media, é o trabalho de Rodrigo Martín Freire (Sevilha, 1975), que
completo de representação num completo horror vacui, no triunfo do “grotesco” e da rocalha. levantará um altar-torre de Babel sobre a cota mais alta dos stands dos nossos Project Rooms.
Caótica, labiríntica, informe, incerta construção de ar pop que, desde a sua altura, emite uma
Curro Ulzurrum (Madrid, 1959), é só um pouco mais novo que o desaparecido Juan mensagem hipnótica e indecifrável (ou melhor: intraduzível), como metáfora do plano laten-
Muñoz – nascido em 53 –, o grande impulsor da escultura narrativa entre nós desde meados te, embora permanentemente em conexão, da publicidade, a sinalética, o merchandising das
dos oitenta. A obra do nosso protagonista assume aqui a precariedade do discurso enunciativo nossas sociedades pós-capitalistas. Imagem reforçada de um plano em última instância vazio;
mediante a fragilidade da sua própria encenação. Elaborada com materiais pobres e completa- puro canal – aberto – que só é atravessado pelo seu próprio jogo de faíscas sem certezas; ou
mente alheios à grande tradição académica da disciplina (como pequenas ramas e pauzinhos, então: uma maneira brilhante de contar (pôr em evidência, encenar) as trevas que nos são con-
penas, cordas de barbante, pedaços de madeira, ninhos de vespas, dejectos de diverso tipo, tadas sem pausa, mas só apreciáveis com o olhar periférico.
etcétera), parece efectivamente existir uma simetria ética entre a humildade desse corpus le-
vantado com os meios mais humildes, e a “nobre simplicidade e serena grandeza” do que se José Luis Serzo (Albacete, 1977), é o contraponto frontal a este tipo de estratégia
comunica de forma abstracta; como, por exemplo, que “as mentiras constroem-se”. Aqui, a ambiguamente crítica com o presente. É um caso atípico entre os artistas da sua idade e por isso
figura escolhida para o efeito é a discreta metáfora de algumas formas construídas pelo ho- especialmente interessante. Sem preconceito algum, e dotado de um notável virtuosismo, a sua
mem: uma ponte, sem ir mais longe; embora pudesse também servir uma torre de vigilância, o obra abrange todo tipo de técnicas e disciplinas: da pintura ao vídeo, da instalação ao desenho,
esquema de uma fábrica, uma cadeira ou um baloiço... passando pela fotografia, as animações digitais, a escultura, a literatura, etc. Possuidor de um
mundo imaginário de enorme potencial e riqueza, este criador articula séries continuadas em
A continuação, deparamo-nos com outra geração liderada por Simon Zabell (Gra- vastos ciclos temáticos, aspirando a dotar o mundo – sim, eu disse o mundo – de referências
nada, 1970), quem realizou ex-professo uma série de pinturas cuja articulação corresponde positivas que sirvam como pontos de apoio para uma futura refundação da humanidade. Como
12 13
8. Lights,
ferramenta fundamental desta ambição sem medida, megalómana, o artista conta histórias,
fundamentalmente: mágicas, maravilhosas, fascinantes, mas compreensíveis para todos, em-
bora não devam ser lidas de forma unidireccional.
Chegamos finalmente aos dois seleccionados mais novos. Juan Zamora (Madrid,
1982), constrói micro-narrativas a partir de pequenos desenhos sobre papel ou écrãs digitais,
nos quais aparecem seres meio humanos, meio animais, de existência parada, que repetem
Camera,
até ao infinito os mais pequenos e absurdos gestos que nunca chegam a organizar-se nem em
símbolo nem em narrativa. Não há cena propriamente dita neste mundo plano e reduzido à sua
mínima expressão. Com efeito, submetidos a inconcebíveis metamorfoses, os seus pequenos
personagens, de aspecto tão grotesco quanto tenro, tão ridículo quanto frágil, não articulam a
Action!
[Hasta donde nos lleve el orden del relato]
sua narrativa além do primeiro gesto. E, no entanto, este multiplica-se em hipóteses graças ao
seu enorme domínio da imagem individual e da instalação final, a partir de múltiplas obras de
variada natureza.
“Es usted un narrador”, me había dicho, una vez, un amigo. ¿Cómo serlo,
É uma estratégia textual completamente diferente a da jovem Alejandra Freyman cuando la palabra, la imagen intervienen a cada vez para hacerse oír en su
(Xalapa, México, 1983), apesar da proximidade do seu desenho, baseado na fragilidade e o halo, cuando la historia se construye con fragmentos de contrahistorias y
recolhimento, no detalhe e na leveza. Mas a sua apresentação em Lisboa abrangerá outra faceta el silencio acecha al mundo?
definitória, a de pintora, tendo preparado para esta ocasião um grupo de pinturas específico,
Edmond Jabès: El libro de las preguntas
onde mostra a sua peculiar capacidade para contar histórias de elevada tensão emocional e
complicação dramática nascidas de meras alusões evanescentes. No seu caso, dá-se uma cons-
tante à volta da elipse narrativa que consiste em levar até aos seus limites o quadro de represen-
tação, indo às vezes muito além, e os elementos determinantes para as suas histórias, vindas do
intenso mundo dos seus sonhos privados. A sua história gira entre o aparecer e o desaparecer, Desde la fractura del paradigma estético tardomoderno, allá por los años setenta, la recupera-
quiçá porque foi captada entre a inconsciência e a vigília. ción del espacio narrativo (o por decirlo de manera más precisa para lo que aquí nos va a ocu-
par: la introyección más o menos consciente del relato en la imagen), se convirtió en uno de los
Deixo-vos, pois, com estes onze modelos de organização das histórias que a arte é focos más llamativos de constante de experimentación y reivindicación por parte de toda una
ainda capaz de contar. São onze propostas plásticas muito variadas, como poderão comprovar, serie de nuevos artistas, quienes en su conjunto vinieron a considerar agotado el rígido plan-
que penso representarem algumas das fórmulas mais representativas utilizadas pelos artistas teamiento del formalismo, omnipresente todavía entonces, empeñado en mantener a distancia
espanhóis a partir dos anos setenta até a actualidade. Espero que esta minha selecção e com- y nítidamente diferenciadas las condiciones de existencia específica a cada una de las artes.
binação dos Project Rooms da Feira de Lisboa, neste Outono de 2009, mais não seja que uma Lo teatral, lo literario, pues, podían de nuevo ser introducidos en el plano -por ejemplo-, de la
espécie de história; uma história breve mas intensa que nos leve imprevisivelmente para além pintura. En consecuencia, la biografía, la fábula, el cuento, por ejemplo, serían susceptibles a
do “silêncio que espreita o mundo”. Oxalá. partir de entonces de volver a formar parte del tejido semántico de la obra de arte.
Ó.A.M. [Palermo-Madrid, Novembro de 2009] En perspectiva parece éste uno de los puntos más llamativos, por cuanto innovado-
res y desafiantes con las inercias heredadas, de aquel momento crucial, tan complejo; y sin
embargo, de manera un tanto sorprendente, resultó rápidamente asumido por el medio en su
FIM conjunto, hasta el punto de que en nuestros días, cuando la presencia de la fotografía, el vídeo
y la animación ocupan un lugar sin precedentes, poniendo de relieve lo determinante de su
desarrollo, apenas se le han dedicado estudios concretos fuera del medio audiovisual, donde,
dicho de sea de paso, tanta rentabilidad se le ha sacado.
Por su naturaleza, la imagen-tiempo, e incluso en buena medida también la fotografía,
gracias a su radicalidad indicial, se relacionan con el orden del relato de una manera muy dis-
tinta a lo que sucede en otras artes plásticas, como el dibujo, la pintura, la escultura o el collage.
Lo que aspiro a poner en escena a través de mi comisariado del programa Project Room para la
Feria de Lisboa’09, no es sino un pequeño recorrido, casi a modo de muestreo inevitablemente
selectivo, con el cual trazar unas líneas de todos estos aspectos en relación con el desarrollo del
arte español de las últimas décadas.
Sin ningún género de dudas, ha de ser Guillermo Pérez Villalta (Tarifa, Cádiz,
1948), el punto de partida obligatorio para un itinerario de este tipo. Fue él quien desde el
comienzo de los setenta planteó (anticipándose en casi una década a lo que serían con el tiempo
puntos teóricos determinantes en la poética de la Transvanguardia y los anacronisti italianos, y
14 15
9. en general del posmodern más cálido), un claro punto de inflexión con respecto a la consun- ese corpus levantado con los medios más humildes, y la “noble sencillez y serena grandeza” de
ción y la afasia propias del neovanguardismo epigonal de aquel momento en relación con el lo que se comunica de forma abstracta; como, por ejemplo, que “las mentiras se construyen”.
relato. Además, para él la recuperación de cada narración concreta tiene lugar a partir de una Aquí, la figura elegida para ello es la discreta metáfora de algunas formas construidas por el
rehabilitación paralela de las figuras –en su doble sentido de protagonistas de la escena, pero hombre: un puente, sin ir más lejos; aunque también valdría una torre de vigilancia, el esque-
también en cuanto que estrategias retóricas- que implican la presencia de un enunciador, “el ma de una fábrica, una silla o un columpio...
narrador”. En su caso, pues, narrador y autor son absolutamente inseparables, dotando a su
obra del carácter desinhibidamente autobiográfico que la caracteriza. A continuación, nos encontramos con otro tramo generacional encabezado por Simon
Zabell (Granada, 1970), quien ha realizado ex profeso una serie de pinturas cuya articulación
A la hora de presentar una trayectoria tan contrastada y consolidada como la suya, que corresponde a la división tripartita clásica: presentación, nudo y desenlace. El silencio antes
de alguna manera encabeza aquí una suerte de opción privada seguida de muy distinta manera y el silencio después se dan a partir de un estupendo tema central, una de las obras más ela-
por las generaciones sucesivas, he optado por seleccionar un conjunto de dibujos que, al modo boradas realizadas por el autor hasta la fecha y que él mismo define como “paisaje sonoro a la
de las ilustraciones literarias o las primitivas viñetas cómicas, explican su propio significado inversa”. Está basado en la pieza musical de Stockhausen, Kavierkonzert IX, lo que da sentido
por medio de leyendas al pide de cada imagen. La serie, inédita hasta la fecha, francamente interno a sus repeticiones y elementos figurales, así como a su estructura de tríptico. Una vez
divertida, resume con enorme ironía y una pizca de mortificación la mirada crítica de este más, el artista arranca de una intelectualizada posición que toma muy en cuenta los propios
prestigioso artista con respecto a los tópicos, los tics, las tonterías consentidas por todos cada aspectos metalingüísticos de la representación (aquí, las relaciones entre música e imagen, la
día en torno en el mundillo del arte contemporáneo. Refrescante y, una vez más, valiente, se- búsqueda de sus respectivos sistemas notacionales), teniendo al sentido narrativo en relación
guramente sorprenderá a más de uno de cuantos siguen de cerca su trabajo, pero sobre todo no con la visualidad como principal protagonista.
dejará indiferente a los más jóvenes, a menudo cercanos en mayor medida a su propia poética
que otros colegas más cercanos en edad. Como alternativa a esta forma tajante de división del relato y su preeminencia visiva,
sin duda de raigambre formalista, el grupo formado por la pareja Paco Mesa (Granda, 1969)
En un segundo plano generacional he contado con los trabajos de tres artistas muy di- y Lola Marazuela (Segovia, 1970), proponen casi un relato-vida (road movie por un lado,
ferentes. En primer lugar, Curro González (Sevilla, 1960), representa aquí simbólicamente novela de aventuras por otro) que implica desdibujar definitivamente los bordes del plano de
la claridad e inteligencia con que fue recibido por parte de la promoción siguiente las con- representación clásico y extenderlo hacia los límites de la existencia particular, en donde re-
quistas en torno a la liberación del espacio narrativo de esa primera oleada postvanguardista. sulta decisiva la experiencia del paisaje, en su sentido más amplio. Traen a Lisboa una cata de
El artista sevillano ha preparado para esta ocasión una obra específica que viene a recuperar ese ambicioso proyecto en el que llevan trabajando ya años y que previsiblemente les ocupará
ciertos intereses suyos trabajados ya en los ochenta. El desarrollo lineal de cierta historia se por mucho tiempo todavía. Se trata de dar la vuelta al mundo siguiendo un dibujo, una línea
fragmenta en escenas individuales que no dan lugar a secuencias; por otro lado, esos mismos imaginaria, un ideal: el paralelo terrestre 45º25’N. Mientras, dejan tras de sí un rastro de
“fotogramas” o “viñetas” eluden con toda consciencia la elección del mítico momento pregnan- placas metálicas que jalonan su periplo cada 100 Km., aproximadamente, acompañadas en los
te, organizándose así el orden del relato en función a un grupo de parpadeos, un decir balbu- espacios expositivos donde se presentan por la prueba testifical (como aquel fuit hic habitual en
ciente, un recorrido tembloroso, pero dirigido hacia una conclusión predeterminada. Al borde la pintura flamenca) que proporciona la fotografía en rededor del enclave elegido y la indica-
del exceso –su propia producción plantea una reflexión sobre el desbordamiento de lo visivo-, ción de un GPS.
el artista exige, una vez más, una voluntad de que el arte comunique algo que trascienda su
propia especificidad como lenguaje. Junto a esta pareja, Juan Carlos Bracho (La Línea de la Concepción, Cádiz, 1975),
representa aquí el enorme distanciamiento que desde la puesta en cuestión inicial que hemos
La frecuencia de una figuración abigarrada y proliferante, plegada a veces hasta lo comentado al principio, han encontrado las prácticas postconceptuales entre su generación. Si
inescrutable, es el punto de contacto de este artista con su colega generacional, Pablo Mili- la ecuación ideal vanguardista “arte = vida” todavía se mantiene como poético work in progress
cua (Bilbao, 1960), cuyos prolijos collages están en la línea de los de Paul Citroen en los años en el caso anterior, aquí sólo podemos hablar de un simulacro consciente e irónico por el cual
veinte, los de Pere Català Pic en los treinta, y los más recientes de Jess o Petrantoni. En estas el proceso, las pautas de su desarrollo, la normatividad o el rigor analítico –tan característicos
obras, el punto referencial de origen se atomiza, volviéndose irreconocible, pero no por ello de determinado arte de los setenta-, devienen manía, o capricho. Sin historia evidente, sin
se deja arrastrar, como era previsible, por la entropía; antes bien, el mundo entre sus manos cuento ni moraleja, el sistemático proceder de este artista es la antesala a un mundo de evoca-
se reorganiza de manera fantástica y, por medio de facetas minúsculas, pero todavía viables, ciones no reprimidas que empujan al espectador hacia las lindes de una fusión con lo sublime
plausibles, vuelve a parecer habitable. Las porciones del relato primigenio, multiplicadas hasta de corte neo-romántico y con el ornamento, en cuanto que expansión exagerada de lo que en
el infinito, arrastran su carácter de fragmento antes que de detalle (el todo está dicho in absen- principio es secundario. La articulación fílmica o secuencial de todo el proceso deviene, en
tia), y el resultado tiene algo de ubérrimo, de generoso derroche del decir, del ver, del hacer efecto, en residuo que no aspira necesariamente a tener centro ni perímetro, principio ni fin,
que, como es habitual en las creaciones de marginales, abraza el plano completo de represen- presentación ni desenlace.
tación en un completo horror vacui, en el triunfo del grutesco y la rocalla.
Seguramente más representativo de la fascinación que padece su generación con res-
Curro Ulzurrum (Madrid, 1959), es sólo un poco más joven que el desaparecido Juan pecto al medio audiovisual y en general con los media, es el trabajo de Rodrigo Martín Freire
Muñoz –nacido en el 53-, el gran impulsor de la escultura narrativa entre nosotros desde me- (Sevilla, 1975), quien levantará un altar-torre de Babel por encima de las cotas más alta de los
diados de los ochenta. La obra de nuestro protagonista aquí, por su parte, asume mediante la stands de nuestros Project Rooms. Caótica, laberíntica, destartalada, incierta construcción de
fragilidad de su propia puesta en escena lo precario del discurso enunciativo. Elaborada con aires pop que desde su altura emite todavía un mensaje hipnótico pero a la postre indescifrable
materiales pobres y por completos ajenos a la gran tradición académica de la disciplina (como (o mejor dicho: intraducible), como certera metáfora del plano latente, aunque permanen-
pequeñas ramas y palitos, plumón, cordeles de bramante, trozos de madera, avisperos, deshe- temente conectado, de la publicidad, la señalética, el merchandising de nuestras sociedades
chos de diverso tipo, etcétera), parece, en efecto, existir una simetría ética entre la humildad de postcapitalistas. Imagen reforzada, pues, de un plano en última instancia vacío; puro canal
16 17
10. Lights,
–abierto- que no es atravesado sino por su mismo juego de destellos sin certezas; o lo que es lo
mismo: una manera brillante de contar (poner en evidencia, en escena) aquello tenebroso que
nos es contado sin pausa pero que no podemos atender si no con la mirada periférica.
José Luis Serzo (Albacete, 1977), se erige aquí como contrapunto frontal a este tipo
de estrategia ambiguamente crítica con el presente. Dentro de los artistas de su edad es un caso
atípico, desde luego, y seguramente por eso especialmente interesante. Sin prejuicio ninguno,
Camera,
y dotado de un notable virtuosismo, su obra se despliega en todo tipo de técnicas y disciplinas:
de la pintura al vídeo, de la instalación al dibujo, pasando por la fotografía, las animaciones
digitales, la escultura, la literatura, etcétera. Poseedor de un mundo imaginario de enorme
potencia y riqueza, este creador articula series que se continúan unas a otras en vastos ciclos
Action!
temáticos, aspirando a dotar al mundo –sí, he dicho al mundo- de referentes positivos que
[Where the Story Takes Us]
sirvan como puntos de apoyo para una futura refundación de la humanidad. Como herramienta
fundamental de esta ambición desmesurada, megalómana, el artista fundamentalmente cuen-
ta historias: mágicas, maravillosas, fascinantes, pero comprensibles para todos, aunque evitan
“Are you a narrator”, a friend once asked me. How is it possible, when the
ser leídas de manera unidireccional. word and image intervene in order to be heard in their halo, when the story
is built with fragments of counter-stories and silence stalks the world?
Llegamos por último a los dos seleccionados más jóvenes. Juan Zamora (Madrid,
1982), construye micro-relatos a partir de pequeños dibujos sobre papel o pantallas digita- Edmond Jabès: The Book of the Questions
les, donde vemos aparecer seres medio humanos, medio animales, de existencia pasmada, que
repiten hasta el infinito los más pequeños y absurdos gestos que nunca llegan a organizarse ni
en símbolo ni en relato. No hay escena propiamente dicha en este mundo achatado y reducido
a su mínima expresión. En efecto, sometidos a inconcebibles metamorfosis, sus personajillos, From the break of the late modern esthetic paradigm, back in the seventies, the revival of the
de aspecto tan grotesco como tierno, tan ridículo como frágil, no articulan su historia más allá narrative space (or to say it more precisely for what it is going to be used here: the more or less
del primer ademán, de la primera mueca. Y sin embargo, sólo anunciada, ésta se despliega en conscious interjection of the story by way of image), was converted into one of the brightest
hipótesis para todos nosotros gracias a su fenomenal dominio de la imagen individual y de la spotlights of permanency, experimentation and demand on behalf of a series of new artists.
instalación final a partir de múltiples obras de variada naturaleza. Together they considered that the rigid approach of formalism was exhausted, omnipresent yet
then, determined to maintain the conditions of existence specific to each one of the artists at
Es una estrategia textual por completo distinta a la joven Alejandra Freyman (Xa- a distance and neatly differentiated. Anything theatrical or literary could be presented once
lapa, México, 1983), a pesar de la cercanía que muestran sus respectivas maneras de dibujar, again to the disciplines, for example, to painting. Consequently, the biography, fable, story, for
basadas en la fragilidad y el recogimiento, en el detalle y en la levedad. No obstante, en Lisboa example, would all be capable to once again form part of the semantic fabric of art.
la presento bajo su otra faceta definitoria, la de pintora, habiendo preparado ella para esta
ocasión un grupo de pinturas específico, donde da cuenta de su peculiar capacidad para con- In perspective it seems that this is one of the brightest points, in as much as its novelty
tar historias de elevada tensión emocional y complicación dramática sólo a partir de meras, value and challenge with the inherited inertia, from that crucial complicating moment, however
evanescentes alusiones. En efecto, hay en su caso una constante en torno a la elipsis narrativa surprising. It was quickly assumed, by the means as a whole, to the point that nowadays when
que consiste en llevar hacia los bordes del marco de representación, y a menudo más allá, los the presence of photography, video and animation dominate without precedent, highlighting
elementos determinantes para sus historias, venidas del intenso mundo de sus sueños pri- the determinant of its development, so little time has actually been spent on concrete studies
vados. Entre el aparecer y desaparecer se presenta para nosotros su relato, quizá porque fue outside of the audiovisual mode, where incidentally, so many have profited.
aprehendido entre la inconsciencia y la vigilia.
Because of its nature, the time-image, and also to a good extent the photograph, thanks to
Les dejo, pues, con estos once modelos de organización de los relatos que el arte es ca- its initial radical nature, are connected with the order of the story in a very different way than that
paz de contarnos todavía. Son once propuestas plásticas de muy variado corte, como han podido which happens in other plastic arts, such as drawing, painting, sculpture or collage. What I aim
comprobar, que creo representan algunas de las fórmulas más representativas en este aspecto to show by means of my commission of the Project Rooms program for the International Fair of
transitadas por los artistas españoles desde los años setenta hasta la más reciente actualidad. Lisbon ’09, is nothing but a small tour, almost a sample showing, inevitably selective, with which
Tengo la esperanza de que su misma selección y combinación por mi parte en los Project Rooms to outline all those aspects with regard to the development of Spanish art over the last decades.
de la Feria de Lisboa, en este otoño de 2009, no sea sino una especie de relato más; una historia
breve pero intensa que nos lleve hasta donde no estaba previsto, un poco más allá del “silencio Undoubtedly, the mandatory point of departure for an itinerary of this type must be
que acecha al mundo”. Ojalá. Guillermo Pérez Villalta (Tarifa, Cádiz, 1948). From the beginning of the seventies, it was
he who suggested (ahead of his time by almost a decade to what would be with time theoretical
Ó.A.M. [Palermo-Madrid, Noviembre de 2009] points determinant in the poetics of the Trans avant-garde movement and the Italian anachronis-
tic, and in general from the most enthusiastic post-modern period) a clear point of inflection
in relation to the consumption and the aphasia typical of the neo avant-garde movement with
regard to the story. In addition, for him the revival of each specific narration takes place from
FIN a parallel rehabilitation of shapes (in its double meaning as main characters of the scene, but
also insofar as rhetorical strategies) which imply the presence of an enunciator, “the narra-
18 19
11. tor”. Where appropriate then, narrator and author are absolutely inseparable, giving his work corresponds to the classic tripartite division: presentation, knot and denouement. The silence
an autobiographical free-from-inhibitions nature which characterizes it. before and the silence after evolve from a wonderful central theme, one of the most elaborated
works carried out by the author so far and which he himself defines as “inverse sonorous lands-
When presenting such a contrasting and consolidated trajectory as his, which in some cape”. It is based on the musical piece of Stockhausen, Kavierkonzert IX, what gives internal
way heads here a luck of private option followed in a very distinct way by successive genera- sense to its repetitions and shapely elements, as well as to the structure of triptych. Once again,
tions, I have chosen to select a group of drawings (unpublished to date and frankly amusing) the artist pulls from an intellectualized position greatly considering the meta-linguistic aspects
which, like literary illustrations or primitive comic strips, explain their own meaning by means themselves of the representation (here, the relationship between music and picture, the search
of captions at the foot of each image. The critic eye of this prestigious artist is summarized with of their respective notational systems), having the narrative sense in regard to the showiness
great irony and a pinch of torture with regard to clichés, ticks, nonsense, tolerated by everyone as the main character.
around them every day in the contemporary art circle. Refreshing, and once more brave, it will
surely surprise more than one of the many who follow his work closely and it especially will As an alternative to this sharp way of dividing the story and its visible pre-eminence,
not leave the youngest indifferent, often generally close to their own poetics rather than with without a doubt of conventional tradition, the group made up of Paco Mesa (Granada, 1969)
colleagues closer in age. and Lola Marazuela (Segovia, 1970), propose almost a life-story (road movie on the one
hand, adventure novel on the other) which implies erasing the edges of the plane of classic
In a second generational plane I have relied on the work of three very different ar- representation definitively and extending it toward the limits of particular existence, where
tists. First, Curro González (Seville, 1960), symbolically represents here the clarity and the experience of the landscape becomes decisive, in its widest sense. A taste of that ambitious
intelligence with which he was received on behalf of the promotion following the conquests project will be brought to Lisbon on which they have already been working for years and will
centered around the liberation of the narrative space from that first post avant-garde wave. predictably still take them a lot more time. It means traveling around the world following a
The artist from Seville has prepared a specific piece for this occasion bringing back cer- drawing, an imaginary line, an ideal: the earth’s parallel 45º25’N. Meanwhile, a trace of me-
tain interests of his own already used in the eighties. The lineal development of such a story tallic plates are left behind them which mark out their long journey approximately every 100
fragments into individual scenes which do not lead to sequences. On the other hand, these kilometers, accompanied in the exhibiting spaces where they present by the testifying proof
same “stills” or “vignettes” evade with all conscience the choice of the mythical pregnant (like fuit hic often seen in Flemish paintings) providing photography around the chosen enclave
moment, organizing the order of the story as a group of blinks, a stuttering expression, a and the directions of a GPS.
shaky journey, but directed toward a predetermined conclusion. To the point of excess (its
own production causes us to reflect on the overflow of that seen), the artist once again de- Along with this pair, Juan Carlos Bracho (La Línea de la Concepción, Cádiz, 1975)
mands a will that art should communicate something which goes beyond its own specific represents here the enormous distancing from the point of initial question that we have mentio-
nature as language. ned in the beginning, they have found the post-conceptual practices among their generation. If
the ideal avant-garde equation “art = life” is still maintained as poetic work in progress in the
The frequency of vivid and proliferate imaginary images, sometimes inscrutably previous case, here we can only talk about a conscious and ironic drill by which the process, the
folded, is the point of contact of this artist with his generational colleague, Pablo Milicua guidelines of its development, the norms or the analytical rigor (so characteristic of this type
(Bilbao, 1960), whose excessively meticulous collages are on the lines of Paul Citroen’s in the of art of the seventies), turn into odd habit or whims. Without a clear history, story or moral,
decade of the twenties, Pere Català Pic in the thirties, and the most recent ones of Jess or Pe- the systematic behavior of this artist is the antechamber to a world of not repressed evocations
trantoni. In these pieces, the referential point of origin breaks up, becoming unrecognizable, which push the spectator toward the boundaries of a fusion with the sublime of a neo-romantic
but not because of that, it can get carried away, as was predicted by the entropy. The world in kind and with the ornament, insofar as exaggerated expansion of what at first is secondary. The
his hands is reorganized in a fantastic way and, by means of tiny facets, but yet feasible, plau- screen or sequential articulation of the whole process turns into, in effect, waste which does not
sible, it seems again habitable. The pieces of the original story, multiplied to infinity, drag its necessarily aim to have center or perimeter, beginning or end, presentation or outcome.
fragment character before detail (everything is said in absentia), and the result has something
exceptionally fertile, of generous abundance of saying, seeing, doing which, as is customary in Surely more representative of the fascination endured by his generation in relation to
the creations of the underground, it embraces the whole plane of representation in a complete the audiovisual means and in general with the media, it is the work of Rodrigo Martín Frei-
horror vacui, in the triumph of the grotesque and ornate baroque. re (Seville, 1975), who will raise a tower-altar of Babel above the tops of the highest stands of
our Project Rooms. Chaotic, labyrinthine, large and rambling, insecure construction of a pop
Curro Ulzurrum (Madrid, 1959), is only a little younger than the disappeared Juan feeling which from its height gives off yet a hypnotic message but when all is said and done
Muñoz (born in 1953), the great promoter of narrative sculpture around since the mid eighties. indecipherable (or better said: untranslatable), as an accurate metaphor of the latent plane,
The work of the artist here, on his behalf, assumes by means of the fragility of his own sta- although permanently connected to publicity, signs and merchandising of our post-capitalist
ge work how precarious enunciated speech is. Elaborated with poor materials and completely societies. Reinforced image, from an empty plane in the last instance; pure channel (open)
unknown to the great academic tradition of the discipline (such as small branches and twigs, which is not crossed but rather a game of signals without guessing correctly; or what is the
down feathers, twine string, pieces of wood, wasps’ nests, all types of broken things, etc.), it same: a brilliant way of telling (make evident, on stage) that which is gloomy and is told to us
seems, in effect, that an ethic symmetry exists between the humbleness of that corpus raised by without pause and we cannot respond without looking with the peripheral glance.
the most modest means, and the “noble simplicity and serene greatness” of what is communi-
cated in an abstract form; as for example that “lies are built”. Here, the chosen figure for that is José Luis Serzo (Albacete, 1977) is found here as a direct counterpoint to this type
the discrete metaphor of some forms built by man: a bridge, as it happens; even though a watch of strategy ambiguously critical with the present. Among the artists of his age, he is surely an
tower would work; the outline of a factory, a chair or a swing… exceptional case, and because of this especially interesting. Without any bias, and gifted with
Continuing, we find ourselves with another generational period headed by Simon Za- a notable virtuosity, his work opens with all types of techniques and disciplines: from painting
bell (Granada, 1970), who has deliberately carried out a series of paintings whose articulation to video, installation to drawing, continuing with photography, digital animations, sculpture,
20 21
12. literature, etc. Owner of an imaginary world of enormous power and wealth, this creator arti-
culates series which are continued some to others in vast thematic cycles, aiming to provide the
world (yes, I said to the world) with referring positives serving as points of support for a future
re-launching of humanity. As a fundamental tool of this boundless ambition, megalomaniac,
the artist essentially tells stories: magical, marvelous, fascinating, but understandable for all,
even though they avoid being read in a one-way manner.
Lastly we come to the youngest two selected. Juan Zamora (Madrid, 1982) builds mi-
cro-stories starting from small drawings on paper or digital screens, where we see half-human
half-animal beings appear, of astonishing existence, infinitely repeating the smallest and most
absurd gestures which never come to organize themselves neither in symbol or in story. There
is not a scene itself in this flat world and reduced to its minimum expression. In effect, sub-
mitted to inconceivable transformation, its insignificant characters, looking so grotesque and
tender at the same time, ridiculous and yet so fragile, do not articulate their story further than
the first gesture, from the first facial expression. And however, only announced, this opens in
hypothesis for all of us thanks to the domino effect of the individual image and of the installa-
tion starting from multiple works of differing nature.
It is a completely different textual strategy to that of the young artist Alejandra Fre-
yman (Xalapa, Mexico, 1983), in spite of the closeness that her respective ways of drawing
show, based on fragility and seclusion, detail and fineness. However, in Lisbon I present her
under her other defining facet, that of painter, having prepared for this occasion a group of
specific paintings, where one realizes her particular way of telling stories of elevated emotional
tension and dramatic complication only from mere evanescent references. In effect, in her
case there is a constant theme around the narrative ellipsis which consists in carrying toward
the limit of the representation frame, and often further on, the determining elements for her
stories, coming from the intense world of her own private dreams. Between appearance and
disappearance she presents her story for us, perhaps because it was conceived between uncons-
ciousness and wakefulness.
I will leave you here then, with these eleven models of organization of stories that art
is still capable of telling us. They are eleven plastic proposals of very mixed styles, as you have
been able to confirm. I think they represent some of the most exemplary formulas used by Spa-
nish artists from the seventies until today. I hope that this very selection and combination on my
part in the Project Rooms of the International Fair of Lisbon, this autumn of 2009, is but one
more kind of story; a brief story but intense taking us where it was not predicted, a little further
from the “silence which stalks the world”. That I hope.
Ó.A.M. [Palermo-Madrid, November 2009]
THE END
22 23
13. EL ARTISTA MODERNO, 2009. Lápis e aquarela sobre papel / Lápiz y acuarela sobre papel / Pencil and watercolor on paper. 10 desenhos / dibujos / drawings. 35 x 50 cm
Guillermo Pérez Villalta
Tarifa, Cádiz, 1948
O artista moderno
“A arte de hoje é muito mais do que aquilo que vemos nas feiras e bienais,
ou nessas publicações periódicas onde só aparecem os artistas do mo-
mento. Estas listagens, com os seus hit parade musicais, só têm em con-
ta os que estão, não necessariamente os que são, o resto não existe para
quase ninguém. A arte produzida no século XX foi mais ampla, diversa,
paradoxal e matizada daquilo que nos mostra a História da Arte desde há
décadas, e ainda não assistimos à reflexão necessária sobre o que verda-
deiramente aconteceu nos últimos quarenta ou cinquenta anos. Assisti-
Represented by
remos algum dia a essa reflexão?”
GALERíA SOLEDAD LORENZO, MADRID
Guillermo Pérez Villalta 24 25
14. EL ARTISTA MODERNO, 2009. Lápis e aquarela sobre papel / Lápiz y acuarela sobre papel / Pencil and watercolor on paper. 10 desenhos / dibujos / drawings. 35 x 50 cm
El artista moderno
“El arte de hoy es mucho más que el que se nos ofrece en bienales y ferias,
o a través de esas publicaciones periódicas donde sólo aparecen los artis-
tas del momento. Esas listas, con sus hit parade musicales, sólo nombran
o radian a los que están, no necesariamente a los que son..., pero el resto
no existe para casi nadie. El arte producido en el siglo XX fue más amplio,
diverso, paradójico y matizado de lo que nos cuentan las Historias del
Arte desde hace décadas, y la necesaria reflexión sobre lo verdaderamen-
te ocurrido en los últimos cuarenta o cincuenta años no se ha producido
aún. ¿Se dará algún día?”
26 27 Guillermo Pérez Villalta
15. EL ARTISTA MODERNO, 2009. Lápis e aquarela sobre papel / Lápiz y acuarela sobre papel / Pencil and watercolor on paper. 10 desenhos / dibujos / drawings. 35 x 50 cm
The Modern Artist
“Art today is much more than what is presented at biennial shows and fairs,
or in those periodical publications where only artists from the time appear.
Those lists, with their hit parade musicals, only name or talk about those
who are here, and not necessarily those who are…, but the rest does not
exist for almost anyone. Art produced in the 20th century was broader,
more diverse, more paradoxical and more varied than what the History of
Art has been telling us for decades, and the necessary reflection about that
which has truly happened in the last forty or fifty years has not yet been
produced. Will this happen one day?
28 29 Guillermo Pérez Villalta
16. HOTEL FÉNIX, 2009. Mista sobre tela / Mixta sobre tela / Mixed media on wood. Serie de 24 obras de 38 x 35 cm
Curro González
Sevilla, 1960
Hotel Fénix
“Nem sequer o brilho da luz solar descobria nada inteligível. As
coisas apareciam e desapareciam perante os seus olhos como se
não tivessem conexão nem propósito”
Joseph Conrad
A série “Hotel Fénix” volta a uma estrutura sequencial similar à dos
trabalhos que realizei nos oitenta. Tal como aqueles, surgem perante a
constatação da dificuldade de concentrar numa única imagem um sen-
timento que toma forma no tempo de maneira poliédrica, devendo assim
ser expressado na sua inestável multiplicidade. Matisse confessava o seu
desinteresse pelo xadrez argumentando que se sentia “incapaz de jogar
com signos que nunca mudam”; essa versatilidade do signo é assim re-
conhecida positivamente como gestora de novos significados, por muito
que o terreno onde nos introduz seja o da incerteza. “Hotel Fénix” resulta
assim uma espécie de storyboard falhado porque joga com a lógica na-
rrativa convencional e não há nada definitivo nas suas propostas. Como
uma anedota prolongada ad infinitum - visto termos esquecido o seu fim
- dilata a sua conclusão manifestando a impossibilidade de expressar, de
Represented by
agarrar aquilo que nos escapa. Como as águas do rio de Conrad, que pa-
GALERíA RAFAEL ORTIZ, SEVILLA
recem surgir do nada para fluir para parte nenhuma.
Curro González, Outubro de 2009 30 31
17. HOTEL FÉNIX, 2009. Mista sobre tela / Mixta sobre tela / Mixed media on wood. Serie de 24 obras de 38 x 35 cm
Hotel Fénix
Ni siquiera la brillantez de la luz solar les descubría nada inteli-
gible. Las cosas aparecían y desaparecían ante sus ojos como si no
tuvieran conexión ni propósito.
Joseph Conrad
La serie “Hotel Fénix” retorna a una estructura secuencial similar a la de
trabajos que realicé en los ochenta. Como aquellos, surgen ante la cons-
tatación de la dificultad de concentrar en una sola imagen un sentimiento
que se conforma en el tiempo de manera poliédrica, y que por ello ha de
ser expresado en su inestable multiplicidad. Matisse confesaba su des-
interés por el ajedrez argumentando que se sentía “incapaz de jugar con
signos que nunca cambian”; esa versatilidad del signo es así reconocida
positivamente como gestora de nuevos significados, por mucho que el
terreno en que nos introduzcan sea el de la incertidumbre. Hotel Fénix
resulta así una suerte de storyboard truncado porque juega con la lógica
narrativa convencional y nada hay definitivo en sus proposiciones. Como
un chiste prolongado ad infinitud -porque su desenlace se nos olvidó-
dilata su conclusión manifestando la imposibilidad de expresar, de asir
aquello que se nos escapa. Como las aguas del río de Conrad que parecen
surgir de la nada para fluir hacia ninguna parte.
Curro González, Octubre de 2009 32 33
18. HOTEL FÉNIX, 2009. Mista sobre tela / Mixta sobre tela / Mixed media on wood. Serie de 24 obras de 38 x 35 cm
Hotel Fénix
Not even the brightness of the sunlight discovered anything intelli-
gent in them. Things appeared and disappeared before their eyes as
if they didn’t have any connection or purpose.
Joseph Conrad
The “Hotel Fénix” series goes back to a sequential structure similar to the
works I did in the eighties. Like them, they emerge before the confirma-
tion of the difficulty of concentrating on one sole image a feeling which
is conformed in time in a polyhedral way, and because of that it must be
expressed in its unstable multiplicity. Matisse confessed his lack of inter-
est for chess arguing that he felt “incapable of playing with symbols that
never change”; that versatility of the symbol is thus recognized positively
as a manager of new meanings, and it does not matter what the grounds
of uncertainty are like that we are introduced to. Hotel Fénix turns out to
be a type of incomplete storyboard because it plays with the conventio-
nal logic narrative and nothing is definitive in its proposals. Like an ad
infinitum lengthy joke (because we have forgotten its outcome) prolongs
its conclusion declaring the impossibility of expressing or grasping what
gets away from us. It is like the water of the Conrad River which seems to
emerge from nothing in order to flow in no direction.
34 35 Curro González, October 2009
19. LA CIMA DE HIELO, 2008. Colagem de fotografias impressas / Collage de fotografías impresas / Collage of printed photographs. 90 x 116 cm
Pablo Milicua
Bilbao, 1960
Paisajes imaginarios
A obra apresentada na ArteLisboa 2009 Paisajes imaginarios de Pablo Mi- LA TORRE DEL ELEFANTE, 2008. Colagem de fotografias impressas / Collage de fotografías impresas / Collage of printed photographs. 130 x 138 cm
licua consta de uma série de collages de grande formato a preto e branco,
que nos mostram paisagens visionárias pejadas de episódios que sugerem
uma re-interpretação da paisagem renascentista centro-europeia -El
Bosco, Bruegel, Patinir- numa abordagem actualizada.
Realizados com uma técnica simples (cola, papel e tesoura), que não
permite enganos, são puzzles obsessivos feitos em papel, por vezes de um
tamanho minúsculo. Fotos do século XX extraídas principalmente de uma
literatura turística idealizada num branco e preto atemporal.
Nesta série de vistas panorâmicas, a fotografia remete para uma objecti-
vidade, o preto e branco a um tempo passado. Povoados de personagens e
objectos que configuram situações e detalhes, formando narrações sim-
bólicas e humorísticas. Personagens curiosos e lugares pitorescos onde se
entrecruzam natureza e arquitectura de forma híbrida.
Milicua desenvolveu a sua obra em redor de imagens, objectos e insta- Represented by
lações que apontam uma subversão dos valores culturais e estéticos. O seu GALERíA FERNANDO LATORRE, MADRID
trabalho, que parte de uma falsa arqueologia, implica processos de des-
truição e criação -collage e assemblagem- mosaico e acumulação. 36 37
20. VENUSBERG, 2008. Colagem de fotografias impressas / Collage de fotografías impresas / Collage of printed photographs. 91 x 118 cm
38 39
21. LOS MONEGROS, 2007. Colagem de fotografias impressas / Collage de fotografías impresas / Collage of printed photographs. 108 x 148 cm
EL VALLE ENCANTADO, 2006. Colagem de fotografias impressas / Collage de fotografías impresas / Collage of printed photographs. 128 x 157 cm
Paisajes imaginarios Imaginary Landscapes
La obra a presentar en ArteLisboa 2009 Paisajes Imaginarios de Pablo Mi- The work to be presented at Arte Lisboa 2009 Imaginary Landscapes by
licua se centra en una serie de collages de gran formato en blanco y negro. Pablo Milicua is centered on a series of black and white collages of large
En ellos podemos ver paisajes visionarios plagados de anécdotas que nos scale. In them we can see visionary landscapes plagued with anecdotes
sugieren una reinterpretación del paisaje renacentista centroeuropeo -El suggesting a reinterpretation of the Central-European Renaissance pe-
Bosco, Bruegel, Patinir- en clave actualizada. riod (El Bosco, Bruegel, Patinir) holding a current viewpoint.
Realizados en una técnica sencilla (pegamento, papel y tijeras), que no Achieved using a simple technique (glue, paper and scissors), not allowing
permite trucos, son rompecabezas obsesivos hechos de papeles que a ve- for tricks, are obsessive puzzles made from sometimes tiny-sized papers
ces tienen tamaños minúsculos. Fotos del siglo XX extraídas en su mayoría and idealized timeless black and white photos from the 20th century ex-
de una literatura turística idealizada en un blanco y negro atemporal. tracted in its majority from tourist literature.
En esta serie de vistas panorámicas, la fotografía remite a una objetivi- In this series of panoramic views, the photography refers to objectivity,
dad, el blanco y negro a un tiempo pasado. Están poblados de personajes the black and white to a past time. They contain characters and objects
y objetos que configuran situaciones y detalles, formando narraciones which shape situations and details, forming symbolic and humorous na-
simbólicas y humorísticas. Personajes curiosos y lugares pintorescos rrations. There are curious characters and picturesque places where na-
donde se mezcla naturaleza y arquitectura de un modo híbrido. ture and architecture are mixed in a hybrid way.
Milicua ha desarrollado una obra en torno a imágenes, objetos e instala- Milicua has developed his work around images, objects and installa-
ciones que apuntan a una subversión de los valores culturales y estéticos. tions which point to an undermining of cultural and aesthetic values.
Su trabajo, que parte de una falsa arqueología, implica procesos de des- His work, based on a false archeology, implies processes of destruction
trucción y creación -collage y ensamblaje- mosaico y acumulación. 40 41 and creation (collage and assembly) mosaic and accumulation.
22. BALANCíN (Serie “Todo es aire”), 2007. Técnica mista / Técnica mixta / Mixed media. 43 x 25 x 52 cm
Curro Ulzurrum As mentiras constroem-se
Todo o trabalho de Curro Ulzurrun tem em comum um ponto de ingravidez e
Madrid, 1959
subtileza que se afasta de montras provocadoras de mau gosto e acolhimen-
to multitudinário. Após ter iniciado a sua trajectória profissional vinculado
ao uso da pedra, a finais dos 90 faz uma viragem espectacular cujo resultado
fundamental é o uso da madeira como material básico e uma mudança formal
sem precedentes que dá origem a séries de “móveis impossíveis” onde a cor,
o traço intencionado do trabalho manual e as relações humanas como fundo e
inspiração convertem as peças em metáforas visuais em três dimensões. Esta
evolução acaba, com a passagem do tempo, numa espécie de terra de ninguém,
num mundo lírico aberto às vivências e aos sentimentos em que o estado de
ânimo individual se ergue em árbitro dos ditados na hora de gerar objectos
realizados com materiais orgânicos, de extrema fragilidade, colocados com o
detalhe próprio de uma visão microscópica, e onde o virtuosismo na execução
passa a ser um canto à beleza das pequenas coisas. À base de ramas, cartões,
ninhos de pássaro, plásticos, penas e materiais diversos (geralmente desper-
dícios), Curro Ulzurrun constrói, com uma grande melancolia não isenta de
humor, autênticos poemas visuais em que as múltiplas ficções representadas
procuram uma intensa reflexão sobre o sentido do “retratado”. “As mentiras
constroem-se” (2009) faz referência a um mundo precariamente frágil e
primitivo em que os contrastes entre a tecnologia e o artesanato, a natureza e o
urbano, o homem e o animal parecem inclinar o fiel da balança dos interesses
Represented by
do escultor no sentido de uma defesa sem complexos da essência esquecida da
GALERíA TRINTA, SANTIAGO DE COMPOSTELA
verdadeira natureza do ofício de artista.
MÁqUINA DE TORMENTAS (Serie “Todo es aire”), 2007. Técnica mista / Técnica mixta / Mixed media. 34 x 17 x 42 cm
42 43
23. TRES CASAS (Serie “Todo es aire”), 2007. Técnica mista / Técnica mixta / Mixed media. 41 x 27 x 37 cm FÁBRICA DE NIDOS (Serie “Todo es aire”), 2007. Técnica mista / Técnica mixta / Mixed media. 67 x 29 x 71 cm
Las mentiras se construyen Lies are Built
Todo el trabajo de Curro Ulzurrun tiene en común un punto de ingravidez All the work of Curro Ulzurrun has a point of weightlessness and subtle-
y sutileza que se aleja de escaparates provocadores de mal gusto y acogida ness in common which moves away from provocative showcase windows of
multitudinaria. Tras haber iniciado su trayectoria profesional vinculado al bad taste and mass reception. After having started his professional career
uso de la piedra, lleva a cabo, a finales de los 90, un giro espectacular que connected with the use of stone, he carries out at the end of the 90s a
tiene como resultados fundamentales el paso al uso de la madera como ma- spectacular tour which fundamentally resulted in moving on to the use of
terial básico y un cambio formal sin precedentes que da origen a series de wood as a basic material and a formal change without precedent giving
“muebles imposibles” en los que el color, la huella intencionada del trabajo rise to a series of “impossible furniture” in which color, the intentional
manual y las relaciones humanas como trasfondo e inspiración convierten mark of the manual work and human relations as background and inspi-
a las piezas en metáforas visuales en tres dimensiones. Esta evolución des- ration convert these pieces into visual three-dimensional metaphors. This
emboca, con el paso del tiempo, en una suerte de hacer en terreno de nadie, evolution results in, with the passing of time, a fate of making in no man’s
en un mundo lírico abierto a las vivencias y a los sentimientos, en el que el land, in a world of ideals open to the experiences and feelings in which
personal estado de ánimo se convierte en el árbitro de los dictados a la hora the personal mood converts into the referee of the dictate at the time of
de generar objetos realizados con materiales orgánicos, de extrema fragi- generating objects made with organic materials of extreme fragility. They
lidad, ensamblados con el detallismo propio de una visión microscópica, en are put together focusing on the attention to detail of microscopic vision,
los que el virtuosismo en la ejecución se convierte en un canto a la belleza de in which virtuosity in the execution is converted into a song to the beauty
las pequeñas cosas. A base de ramas, cartones, nidos de pájaro, plásticos, of small things. Based on branches, cartons, bird nests, plastic, feathers
plumas y materiales diversos (generalmente de desecho), Curro Ulzurrun and diverse materials (generally waste products), Curro Ulzurrun builds
construye, con gran melancolía no exenta de humor, auténticos poemas vi- with great melancholy, not exempt from humor, authentic visual poems in
suales en los que las múltiples ficciones representadas buscan una intensa which the multiple fictions represented look for an intense reflection over
reflexión sobre el sentido de lo “retratado”. “Las mentiras se construyen” the sense of that “portrayed”. Lies are Built (2009) makes reference to a
(2009) hace referencia a un mundo precariamente frágil y primitivo en precariously fragile and primitive world in which the contrasts between
el que los contrastes entre la tecnología y lo artesanal, la naturaleza y lo technology and that handcrafted, nature and that from the city, man and
urbano, el hombre y el animal parecen hacer inclinar el fiel de la balanza animal seem to make the needle of the sculptor’s balance of interests lean
de los intereses del escultor hacia una defensa sin complejos de la esencia toward a defense without complexes of the forgotten essence of the true
olvidada de la verdadera naturaleza del oficio del artista. 44 45 nature of the artist’s trade.
24. LAS MENTIRAS SE CONSTRUYEN, 2009. Técnica mista / Técnica mixta / Mixed media
25. Simon Zabell
Málaga, 1970
Klavierstück IX
Klavierstück IX está inspirado na composição musical do mesmo título de
Karlheinz Stockhausen do ano 1961. O seu carácter narrativo reside no
facto de as suas três telas (uma de grande formato e duas de formatos
menores) pretenderem representar respectivamente, o silêncio anterior
à audição da música, a audição propriamente dita da música e o silêncio
posterior à audição. Assim, o projecto não pretende reconstruir visual-
mente a composição musical, mas antes narrar a experiência de quem se
expõe a ouvi-la.
As pinturas representam uma mesma paisagem em três momentos diferen-
tes, enlaçada de maneira inversa e irónica com a lógica da paisagem sono-
ra, já que se constrói uma paisagem a partir de uma experiência sonora em
lugar de evocar uma determinada paisagem mediante o som. A versão de
Zabell de Klavierstück IX propõe-se fazer da experiência musical uma expe-
riência subjectiva que nem começa nem acaba com a composição, ficando Represented by
enquadrada dentro da narração que acompanha as nossas vidas. GALERíA SANDUNGA, MADRID
Dentro do contexto da obra de Zabell. Klavierstuck IX tem um antecedente
no projecto Tannhäuser do ano 2008. 48 49
27. Klavierstück IX
Klavierstück IX
Klavierstück IX está inspirado en la composición musical del mismo título
de Karlheinz Stockhausen del año 1.961. Su carácter narrativo reside en Klavierstück IX is inspired in the musical composition of the same title by
el hecho de que sus tres lienzos (uno de gran formato y dos de formatos Karlheinz Stockhausen from the year 1961. Its narrative nature resides in
menores) pretenden representar respectivamente, el silencio anterior a the fact that its three canvases (one of great size and two of smaller propor-
la audición de la música, la audición misma de la música y el silencio pos- tions) try to represent respectively, the previous silence to the concert, the
terior a la audición. De esta manera el proyecto no pretende reconstruir concert itself and the subsequent silence of the concert. In this way the pro-
visualmente la composición musical, sino narrar la experiencia de quien ject does not try to visually reconstruct the musical composition, but rather
se expone a escucharla. narrate the experience of the person who sets out to listen to it.
Las pinturas representan un mismo paisaje en tres momentos diferentes, The paintings represent one landscape in three different moments, con-
enlazando de manera inversa e irónica con la lógica del paisaje sonoro, necting inversely and ironically with the logic of the sonorous landsca-
ya que se construye una pintura de paisaje a partir de una experiencia pe, as a landscape painting is built from a sonorous experience instead
sonora en vez de evocar un determinado paisaje mediante el sonido. La of conjuring up a determined landscape through sound. The version of
versión de Zabell de Klavierstück IX se propone aludir a la experiencia mu- Zabell of Klavierstück IX proposes to allude to the musical experience as a
sical como una experiencia subjetiva que no comienza ni acaba cuando subjective experience neither beginning nor ending when the composi-
lo hace la composición, sino que se enmarca dentro de la narración que tion does, but rather forming part of the narration which accompanies
acompaña a nuestras vidas. our lives.
Dentro del contexto de la obra de Zabell. Klavierstück IX tiene su antece- Within the context of the work of Zabell, Klavierstück IX has its antecedent
dente en el proyecto Tannhäuser del año 2008. 52 53 in the project Tannhäuser from the year 2008.
28. BOZEMAN. MONTANA, USA
Paco Mesa & Lola Mazaruela
Madrid, 1969 / Segovia, 1970
Idea de Norte. Paralelo 45º 25’ Norte. EE.UU. - Canadá
PARALELO 45º25’ NORTE es un proyecto consistente en dar la vuelta al
mundo sobre este paralelo terrestre (Francia, Italia, Croacia, Serbia-Mon-
tenegro, Rumanía, Ucrania, Rusia, Kazajstán, China, Mongolia, Japón,
EE.UU. y Canadá) señalizándolo cada 100 Km. o menos con una placa me-
tálica.
Paralelo 45º 25’ N es:
• una idea radical de dibujo
• una aventura
• una misión de exploración geográfica
• una disciplina
• una línea donde se juntan Arte y Vida
Hasta ahora hemos colocado y documentado 81 placas a lo largo de EE.UU . y Represented by
Canadá, así como 40 desde Francia hasta el estrecho de Kerch en Ucrania. GALERíA BLANCA SOTO, MADRID
En esta exposición mostramos la parte correspondiente a América. 54 55 ONLY GOD CAN JUDGE ME