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UNIVERSIDADE LÚRIO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE
LICENCIATURA EM MEDICINA
FISIOLOGIA HUMANA II
2º ano III semestre
REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL E MECANISMO DA FEBRE
XII grupo
Estudantes: Docentes:
Daniel dos Santos Lourenço Belachanda Imaculada Guilherme, MD
Kim Tae Won Celso Fernando Belo, MD, MSc
Laise Cainara Araújo Duarte, MD
Nampula, Maio de 2018
2
UNIVERSIDADE LÚRIO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE
LICENCIATURA EM MEDICINA
FISIOLOGIA HUMANA II
2º ano III semestre
REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL E MECANISMO DA FEBRE
XII grupo
Estudantes:
Daniel dos Santos Lourenço
Kim Tae Won
Nampula, Maio de 2018
Trabalho de índole investigativo e
avaliativo como requisito da
cadeira de Fisiologia Humana II a
ser entregue ao corpo docente da
cadeira.
iii
RESUMO
A febre é uma elevação de temperatura ocasionada na maioria das vezes
em virtude da presença de agentes patógenos no organismo, como por exemplo, as
bactérias, sendo estes pirógenos exógenos. A febre possui um mecanismo de
funcionamento, onde algumas proteínas específicas como o IL-1, o TNFα que são
no caso, pirógenos endógenos, irão estimular o termostato hipotalâmico a produzir
prostaglandinas, que irão participar no processo inflamatório, elevando a
temperatura corporal; diante dessa elevação o organismo apresenta um aumento
das taxas metabólicas, e consequentemente isso irá estimular os processos
efectuados pelos macrófagos e fagócitos, auxiliando o processo de defesa do
organismo contra agentes patógenos. A febre não deve ser considerada como um
processo de defesa do organismo e sim como um mecanismo de auxílio na defesa
do organismo, sendo até uma determinada temperatura, benéfica ao corpo.
A determinadas temperaturas o organismo funciona bem, contudo a febre pode apresentar
algumas perturbações, tanto no mecanismo de algumas doenças, e também actuar como
efectivador de convulsões febris em indivíduos que apresentam predisposição a isso.
PALAVRAS-CHAVE: temperatura; hipotálamo; febre.
iv
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Variação normal estimada da temperatura "central"....................................................... 4
Figura 2: Mecanismo de perda de calor pelo corpo.........................................................................10
Figura 3: Efeito das temperaturas atmosféricas altas e baixas de várias horas de duração sobre a
temperatura “central”...................................................................................................................... 8
Figura 5: Gráfico térmico de febre contínua................................................................................. 18
Figura 6: Gráfico térmico de febre remitente. .............................................................................. 19
Figura 7: Gráfico térmico de febre intermitente. .......................................................................... 20
Figura 8: Gráfico térmico de febre recorrente. ............................................................................. 21
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Mecanismos efectores neuronais que regulam a temperatura corporal ........................ 11
Tabela 2: Classificação da febre quanto à duração....................................................................... 17
v
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
TNFα – Tumor Necrosis Factor alpha, em português, factor de necrose tumoral alfa.
IL-1 – interleucina-1.
ºC – graus Celsius ou graus centígrados.
T3 – triiodotironina.
T4 – tetraiodotironina ou tiroxina.
PGE1 – prostaglandina E1.
PGE2 – prostaglandina E2.
vi
Índice Pág.
1.Introdução .................................................................................................................................... 1
2.Objectivos .................................................................................................................................... 1
2.1.Objectivo geral...................................................................................................................... 1
2.2.Objectivos específicos .......................................................................................................... 1
3.Conceitos...................................................................................................................................... 2
CAPÍTULO 1: REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL ........................................... 3
4.Temperaturas corporais normais.................................................................................................. 3
4.1.Temperatura central normal.................................................................................................. 4
5.Controle da temperatura corporal ................................................................................................ 4
5.1.Termogénese......................................................................................................................... 4
5.2.Termólise .............................................................................................................................. 5
6.Regulação da temperatura corporal – o papel do hipotálamo...................................................... 7
6.1.Núcleos do termostato hipotalâmico..................................................................................... 8
6.1.1.Núcleo Simpático Adrenérgico (N.S.A) ........................................................................ 8
6.1.2.Núcleo Simpático Colinérgico (N.S.C) ......................................................................... 9
6.1.3.Núcleo da termogénese por calafrios............................................................................. 9
6.1.4.Núcleo de termogénese não calafrios .......................................................................... 10
6.2.O hipotálamo posterior como termorregulador................................................................... 10
6.3.Mecanismos efectores neuronais que diminuem ou aumentam a temperatura corporal .... 11
6.4.Controle comportamental da temperatura corporal ............................................................ 11
CAPÍTULO 2: MECANISMO DA FEBRE................................................................................. 12
7.Anormalidades da regulação da temperatura corporal............................................................... 12
7.1.Hipotermia .......................................................................................................................... 12
7.2.Hipertermia ou intermação ................................................................................................. 12
7.3.Febre ................................................................................................................................... 13
7.3.1.Efeitos dos pirógenos................................................................................................... 14
7.3.2.Papel das citocinas na febre ......................................................................................... 14
7.3.3.Semiologia da febre ..................................................................................................... 16
8.Conclusão................................................................................................................................... 22
9.Referências bibliográficas.......................................................................................................... 23
1
1.Introdução
O presente trabalho intitulado Regulação da temperatura corporal e Mecanismo da febre,
descreve uma revisão de literatura desenvolvida no âmbito da cadeira de Fisiologia Humana II.
É sabido que o corpo humano para realizar uma série de actividades necessita de uma
série de ajustes, como é o caso da manutenção da temperatura corporal, e por
possuir essa capacidade é chamado de endotérmico. A temperatura corporal é
mantida constantemente em torno de 37 ºC, e é produzido pela oxidação dos
alimentos ingeridos, gerando calor. Através dessa oxidação, adquiri-se energia necessária para as
realizações de nossas actividades diárias, os nossos processos vitais, para aquecer e
movimentar o corpo.
Essa transformação está correlacionada com o consumo de oxigênio, num ambiente
confortável e sob condições favoráveis de alimentação.
Todo esse mecanismo é denominado como metabolismo basal. Esse calor produzido deve ser
dissipado continuamente ou a temperatura do corpo iria elevar-se constantemente. As principais
formas de dissipação de calor pelo corpo são a irradiação, a evaporação, a condução e a
convecção.
Para a regulação da temperatura os mecanismos termolíticos e termogénicos são mantidos em
constante equilíbrio.
2.Objectivos
2.1.Objectivo geral
 Compreender a regulação da temperatura corporal e mecanismo da febre.
2.2.Objectivos específicos
Os objectivos que se enraízam do geral são:
 Descrever a regulação da temperatura corporal;
 Descrever o mecanismo da febre;
 Descrever as fases da febre;
 Descrever os tipos de febre.
2
3.Conceitos
Citocinas: designa um extenso grupo de moléculas envolvidas na emissão de sinais entre as
células durante o desencadeamento das respostas imunes.
Febre: refere-se a temperatura corporal acima da faixa normal de variação,
pode ser provocada por anormalidades no cérebro ou por substâncias tóxicas
que afetam os centros reguladores da temperatura. (1)
Hipertermia: refere-se a elevação da temperatura corporal sem alteração do setpoint.
Hipotermia: refere-se a diminuição da temperatura corporal.
Interleucina-1: é um pirógeno endógeno que age no hipotálamo, provocando a febre associada
a infecções e outras reacções inflamatórias. É produzida principalmente pelos macrófagos. (2)
Pirógeno: refere-se ao agente causador da febre.
Prostaglandinas: são mediadores químicos produzidos através de ácidos gordos (ácido
araquidónico) na presença da enzima cicloxigenase; dão uma resposta parácrina.
Prostração: estado de extremo abatimento físico e psíquico, caracterizado por imobilidade e
ausência de reacção a qualquer solicitação.
Termogénese: refere-se ao processo de produção de calor.
Termólise: refere-se ao processo de perda de calor.
Termostato hipotalâmico: é um sistema localizado no hipotálamo, responsável pela
manutenção constante de valores térmicos.
3
CAPÍTULO 1: REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL
4.Temperaturas corporais normais
A temperatura dos tecidos profundos do corpo — o “centro” do corpo — em geral permanece
em níveis bastante constantes, dentro de ±1°F (±0,6°C), dia após dia, excepto quando a pessoa
desenvolve doença febril. Na verdade, a pessoa nua pode ser exposta a temperaturas que variam
de 13 a 60°C, no ar seco, e ainda manter sua temperatura central quase constante. Os mecanismos
para a regulação da temperatura corporal representam belo sistema planeado de controle. (1)
A temperatura da pele, em contraste com a temperatura central, eleva-se e diminui de acordo
com a temperatura a seu redor. A temperatura da pele é importante quando nos referimos à
capacidade de a pessoa perder calor para o ambiente.
De acordo com os estudos realizados em indivíduos sadios entre 18 e 40 anos de idade, a
temperatura oral média é de 36,8 ± 0,4 ºC, com níveis mais baixos às 6 h e mais altos entre 16 e
18 h. A temperatura oral normal máxima é de 37,2ºC às 6 h e 37,7ºC às 16 h; tais valores definem
o percentil 99 para os indivíduos sadios. De acordo com esses estudos, temperaturas acima de
37,2ºC pela manhã ou acima de 37,7ºC à tarde definem o estado de febre. A variação diária normal
da temperatura costuma ser de 0,5ºC. (3)
Nas mulheres que menstruam, a temperatura na parte da manhã geralmente é menor nas 2
semanas que antecedem a ovulação; em seguida, a temperatura aumenta cerca de 0,6ºC com a
ovulação e permanece nesse patamar até que se inicie a menstruação. A temperatura corporal pode
se elevar no período pós-prandial. Gravidez e disfunção endócrina também alteram a temperatura
corporal. (3)
4
4.1.Temperatura central normal
Nenhuma temperatura central pode ser considerada normal, pois as medidas feitas em várias
pessoas saudáveis demonstraram variação das temperaturas normais aferidas na boca, como
mostrado na figura abaixo, de menos de 97°F (36°C) até temperaturas superiores a 99,5°F
(37,5°C). (1)
A temperatura central média normal costuma
ser considerada como entre 36,5 e 37°C, quando
medida por via oral e, aproximadamente, 0,6°C
mais alta, quando medida por via rectal.
A temperatura corporal se eleva durante o
exercício e varia com as temperaturas extremas
do ambiente, porque os mecanismos regulatórios
da temperatura não são perfeitos. Quando calor
excessivo é produzido no corpo pelo exercício
vigoroso, a temperatura pode se elevar,
temporariamente para até 38,3 a 40°C. De forma inversa, quando o corpo é exposto a frio extremo,
a temperatura, em geral, pode cair até valores abaixo de 36,6°C. (1; 3)
5.Controle da temperatura corporal
Quando a intensidade/velocidade da produção de calor no corpo é superior à
da perda de calor, o calor se acumula no corpo e a temperatura corporal se
eleva. Inversamente, quando a perda de calor é maior, tanto o calor corporal
como a temperatura corporal diminuem. (1)
5.1.Termogénese
A termogénese ou produção de calor é um dos principais produtos finais do metabolismo1
. Os
factores determinantes para a termogénese são também designados por metabolismo do
organismo, que são:
a) Intensidade do metabolismo basal de todas as células do corpo;
Figura 1: Variação normal estimada da temperatura
"central".
5
b) Intensidade extra do metabolismo causada pela atividade muscular, incluindo as
contrações musculares, causadas pelo calafrio;
c) Metabolismo extra causado pelo efeito da tiroxina (e, em menor grau, por outros
hormônios, como o hormônio do crescimento e a testosterona) sobre as células;
d) Metabolismo extra causado pelo efeito da epinefrina, norepinefrina e pela estimulação
simpática sobre as células;
e) Metabolismo extra provocado pelo aumento da atividade química das células, em especial,
quando a temperatura da célula se eleva;
f) Metabolismo extra necessário para digestão, absorção e armazenamento de alimentos
(efeito termogênico dos alimentos). (1)
Importa referir que grande parte do calor produzido pelo corpo é gerada nos órgãos profundos,
especialmente no fígado, no cérebro e no coração, bem como nos músculos esqueléticos durante
o exercício. (1)
O calor produzido no metabolismo através do fluxo sanguíneo é distribuído em todo o corpo,
determinando a temperatura corporal. (3)
5.2.Termólise
O corpo através das reacções metabólicas produz calor, contudo a demasiada produção sem a
existência de processos de dissipação de calor seria prejudicial ao organismo, então, assim como
existe um processo de produção, existem também mecanismos de dissipação de calor; pois em
condições fisiológicas normais, existe o equilíbrio entre a produção e perda de calor. (3; 4)
Após a termogénese, esse calor é transferido dos órgãos e tecidos profundos para a pele, onde
ele é perdido para o ar e para o meio ambiente. Portanto, a velocidade da perda de calor é
determinada quase completamente por dois factores:
a) A velocidade de condução do calor de onde ele é produzido no centro do corpo até
a pele;
b) A velocidade de transferência do calor entre a pele e o meio ambiente. (1)
Portanto, existem quatro (04) formas básicas de termólise ou perda de calor:
6
 Radiação é o deslocamento de calor entre objetos, do mais quente para o mais frio, sem
que ocorra contato físico. O corpo humano perde calor, através de irradiação de ondas de
calor para os objectos mais frios nas proximidades, como o chão, a parede. Caso, estes
objectos próximos estejam mais quentes, acontece o contrário, estes irão irradiar ondas
para o corpo humano em questão. Em descanso, aproximadamente 60% da temperatura
corporal é perdida por irradiação em uma sala a 21 ºC. (3; 5)
O processo de radiação depende de dois fatores principais da intensidade da diferença da
temperatura e da superfície de radiação. Por exemplo, uma pessoa de 1,50m em relação
a uma parede de 20 metros, irá perder muito calor em relação à superfície de contacto. (3)
A capacidade que a pele tem para receber calor do corpo e, em seguida, dissipá-lo na forma
de radiação, é fundamental na transferência de calor entre o corpo e o meio. A pele é a
principal fonte de radiação calorífica do corpo humano. O suprimento sanguíneo para esse
órgão é farto está sob o controle do sistema nervoso central. Nas extremidades, em
particular, existem inúmeras comunicações entre as artérias e veias de pequeno calibre.
Isso cria meios para a formação de grande fluxo sanguíneo, pois, não tendo o sangue que
percorrer os capilares, a resistência ao fluxo é baixa. Por esta razão, nas extremidades
ocorre grande troca de calor com o meio ambiente. (3; 4; 5)
 Convecção: é a perda de calor pelo fluxo de gases em contacto com corpo. O gás quente é
mais leve que o frio, ocorrendo assim um deslocamento do gás quente para cima e o mais
frio para baixo. Quando o corpo está quente o ar que sobe retira calor da superfície desse
corpo e o que desce também. Esse mecanismo ocorre permanentemente, principalmente na
produção de ventos ou artificialmente com o uso de ventiladores.
 Condução: considerando talvez o mecanismo menos importante no processo termolítico.
Ocorre quando existe contacto entre superfícies. Exemplo: um corpo submerso na água.
Apenas, 3% do calor corporal é perdido através desse mecanismo.
 Evaporação: perda de calor quando um líquido passa para o estado gasoso. Ocorre quando
a superfície corporal está úmida, ocorrendo à sudorese, a água do suor se evapora. A perda
de calor por evaporação de suor pode ser controlada pela regulação da sudorese. E a forma
mais comum de perda de calor, cada gota de suor leva consigo calor do corpo,
7
aproximadamente 22% de calor é dissipado por evaporação. (6; 7)
Quando a temperatura do meio ambiente é maior que aquela da pele, em
vez de perder calor o corpo ganha por irradiação e condução. Nestas condições, o
único meio pelo qual o corpo consegue livrar-se de calor é por evaporação.
Figura 2: Mecanismos de perda de calor pelo corpo.
Fonte: Guyton, Arthur e Hall, John. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier Editora Ltda, 2017.
6.Regulação da temperatura corporal – o papel do hipotálamo
A temperatura do corpo é regulada quase inteiramente por mecanismos de feedback neurais e
quase todos esses mecanismos operam por meio de centros regulatórios da temperatura,
localizados no hipotálamo. Para que esses
mecanismos de feedback operem, deve haver
detectores de temperatura para determinar
quando a temperatura do corpo está muito alta
ou muito baixa.
Em geral, a pessoa desnuda no ar seco com
temperatura entre 55 e 130°F (13 e 54,5°C)
é capaz de manter a temperatura central normal
entre 97 e 100°F (36,1 e 37,8°C). (1)
Fonte:Guyton,ArthureHall,John.TratadodeFisiologia
Médica.13ªed.RiodeJaneiro:ElsevierEditoraLtda,2017.
Figura 3: Efeito das temperaturas atmosféricas altas e baixas
de várias horas de duração sobre a temperatura “central”.
8
O hipotálamo é uma glândula situada nas paredes e no tecto do terceiro
ventrículo cerebral. Lesões produzidas na região anterior da glândula levam ao
aparecimento de uma elevação da temperatura, enquanto lesões no hipotálamo
posteriores produzem uma diminuição da temperatura, então, as regiões anteriores
controlam a termólise e as posteriores a termogênese. (3)
No hipotálamo existem regiões especializadas que podem alterar ou anular
a regulação da temperatura diante de variações térmicas no ambiente tanto ao frio
como ao calor. A principal região especializada é a área pré-óptica, que está
relacionada à captação e detecção do erro térmico, que seria a variação de
temperatura criada entre as temperaturas ambientais (externas) e internas e a
temperatura referência do centro regulador. Nessa área existem muitos neurônios
sensíveis ao calor. E funcionam como sensores térmicos. Como são sensores, ao
detectar erros térmicos elas aumentam as descargas elétricas.
Quando a área pré-óptica é aquecida, o corpo inicia um processo de sudorese (termólise por
evaporação) e os vasos sanguíneos apresentam uma vasodilatação, assim o corpo voltará a sua
temperatura normal, então a área pré-óptica no hipotálamo funciona como um termostato da
temperatura corporal.
Na pele existem termorreceptores cutâneos sensíveis ao frio e ao quente, que são respectivamente
receptores de frio ou de Krausse e o de calor ou Ruffini, esses receptores enviam descargas aos
termorreceptores centrais localizados no hipotálamo. No hipotálamo posterior, pode–se identificar
quatro núcleos termocorretores: núcleo simpático adrenérgico, núcleo simpático colinérgico,
núcleo da termogênese por calafrio e núcleo da termogênese não calafrios. (3; 5)
6.1.Núcleos do termostato hipotalâmico
6.1.1.Núcleo Simpático Adrenérgico (N.S.A)
Estão localizados neste núcleo os neurônios simpáticos que liberam principalmente a
noradrenalina, que age especialmente sobre veias superficiais da pele, arteríola e pré-capilares,
além de excitar também a raiz dos pêlos, os chamados arrepios. (3)
Quando o sistema simpático é acionado, pode-se produzir vasoconstrição arteriolar cutânea,
a condutância diminui e o fluxo sanguíneo é reduzido. A pele torna-se pálida e fria, pela redução
9
do fluxo sanguíneo, diminuindo a termólise por radiação, pois se está reduzindo o gradiente
térmico entre a pele e o ambiente.
Pode ocorrer também uma vasodilatação, assim o fluxo aumenta, a pele fica com o aspecto
avermelhado e aumenta a termólise por radiação. Observa-se então, que esse núcleo é um
controlador da ação termolítica por radiação. (4)
Como sistema termogênico, também são acionados pequenos músculos lisos, existentes na
pele, entre o bulbo e a epiderme, levantando o pêlo e deformando-a. Essa modificação é induzida
pelo núcleo simpático adrenérgico do hipotálamo posterior. Quando submetido a um ambiente
frio, o indivíduo ativa seu núcleo adrenérgico, que envia sinais para o músculo piloeretor, que é
contraído constituindo o arrepio; ele age de forma que se formem várias câmaras de ar separadas
entre si, ficando, portanto isoladas, esse fenômeno caracteriza uma diminuição da convecção. O
homem, sem a presença de pêlos e plumas substitui por roupas que se apresentam como essas
câmaras gasosas, evitando a convecção.
6.1.2.Núcleo Simpático Colinérgico (N.S.C)
Esse núcleo age especialmente sobre as glândulas sudoríparas, estas são localizadas abaixo da
epiderme e são encontradas em variados locais sem regularidades nessa distribuição. A secreção
das glândulas sudoríparas é o suor, sendo uma solução aquosa hipotônica.
O suor evaporando, retira uma grande quantidade de energia calórica, sendo assim mecanismo
bem preciso de termólise e evaporação, especialmente quando a temperatura ambiental é alta.
6.1.3.Núcleo da termogénese por calafrios
Localizada na porção dorsomedial do hipotálamo posterior, próximo à parede do terceiro
ventrículo, encontra-se a área chamada centro motor primário para os calafrios. Essa área
normalmente é inibida pelos sinais oriundos do centro de calor na área hipotalâmica anterior pré-
óptica, mas é excitada por sinais de frios, oriundos da pele e da medula espinal. (1)
Um indivíduo sendo submetido a um ambiente frio, ou quando se excita experimentalmente
este núcleo hipotalâmico, inicia-se uma série de contrações musculares involuntárias, que são os
10
calafrios. Estes não são controladas pela vontade ou córtex cerebral, são sincronizadas,
descontínuas e de intensidade muito variável, desde um simples tremor até uma convulsão geral.
Se os calafrios não representam trabalho, significa que toda energia por eles reduzida será
liberada em forma de calor; daí sua grande importância como mecanismo termogênico, sendo a
energia dissipada nesse processo energia calórica. (3; 5)
Durante o calafrio máximo, a produção de calor pelo corpo pode se elevar por quatro a cinco
vezes o normal. (1)
6.1.4.Núcleo de termogénese não calafrios
É um núcleo bem menos preciso que os outros; este controla a função endócrina metabólica
quando existem situações de adaptação térmica. Em condições rápidas existe a secreções de
hormônios como, os tireoideanos aumentando a quantidade de T3, disponível para a estimulação
do metabolismo tecidual. Esse núcleo é de extrema importância em condições de aclimatação
frente a climas frios, onde a secreção de hormônios pela glândula tireóide é aumentada.
Estes quatro núcleos conjuntamente agem de forma a determinar o controle da temperatura
frente a diferentes ambientes térmicos. De acordo com esses diferentes ambientes o hipotálamo,
apresenta uma série de mecanismos, enviando impulsos que irão ativar estes núcleos realizando
respostas a esses gradientes térmicos. (5)
6.2.O hipotálamo posterior como termorregulador
Mesmo que muitos dos sinais sensoriais para a temperatura surjam nos receptores periféricos,
esses sinais contribuem para o controle da temperatura corporal, principalmente por meio do
hipotálamo. A área do hipotálamo que eles estimulam está localizada bilateralmente no hipotálamo
posterior, aproximadamente no nível dos corpos mamilares. Os sinais sensoriais de temperatura
da área hipotalâmica anterior pré-óptica também são transmitidos para essa área no hipotálamo
posterior. Aí, os sinais da área pré-óptica e os sinais de outros locais do corpo são combinados e
integrados para controlar as reações de produção e de conservação de calor do corpo. (1)
11
6.3.Mecanismos efectores neuronais que diminuem ou aumentam a temperatura corporal
Quando os centros hipotalâmicos de temperatura detectam que a temperatura do organismo
está muito alta ou muito baixa, eles instituem os procedimentos apropriados para a diminuição ou
para a elevação da temperatura. Vide a tabela abaixo:
Mecanismos de diminuição da temperatura
quando o corpo está muito quente
Mecanismos de aumento da temperatura
quando o corpo está muito frio
Vasodilatação dos vasos sanguíneos
cutâneos
Vasoconstrição dos vasos sanguíneos
cutâneos
Sudorese Piloerecção
Diminuição da termogénese Aumento da termogénese
Tabela 1: Mecanismos efectores neuronais que regulam a temperatura corporal
Fonte: elaborada pelos autores por meio da consulta de Guyton, Arthur e Hall, John. Tratado de Fisiologia Médica.
13ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier Editora Ltda, 2017.
INTERPRETAÇÃO DA TABELA: por meio da estimulação do sistema nervoso têm-se a
capacidade de contrabalançar a temperatura corporal quando for necessário. Existem seis
mecanismos básicos e antagonistas que possibilitam esse contrabalanceamento: vasodilatação dos
vasos sanguíneos cutâneos/vasoconstrição dos vasos sanguíneos cutâneos; sudorese/piloerecção
e diminuição da termogénese/aumento da termogénese.
6.4.Controle comportamental da temperatura corporal
Além dos mecanismos subconscientes para o controle da temperatura corporal, o corpo tem
outro mecanismo de controle da temperatura ainda mais potente: o controle comportamental da
temperatura. Quando a temperatura corporal interna se eleva em excesso, sinais oriundos das áreas
de controle da temperatura no cérebro dão à pessoa sensação física de hiperaquecimento.
Inversamente, sempre que o corpo se esfria, sinais da pele e, provavelmente, também de receptores
corporais profundos desencadeiam a sensação de desconforto pelo frio. Portanto, a pessoa faz os
ajustes ambientais apropriados para restabelecer o conforto, como sair de ambiente
quente ou o uso de roupas bem isoladas em tempos frios. O controle comportamental da
temperatura é um sistema muito mais poderoso para o controle da temperatura corporal do que
12
qualquer outro sistema conhecido pelos fisiologistas no passado. Na verdade, esse é o único
mecanismo realmente eficaz para manter o calor corporal em ambientes extremamente frios.
CAPÍTULO 2: MECANISMO DA FEBRE
7.Anormalidades da regulação da temperatura corporal
A temperatura corporal, já discutida anteriormente, é mantida em sua regularidade pelo
equilíbrio entre a termólise e a termogênese. Ambas, devem ser produzidas na mesma quantidade,
pois quando uma destas taxas predomina sobre a outra e as respostas fisiológicas não são
suficientes para uma rápida regulação, ou essas respostas estão ocorrendo em uma velocidade
menor que a perda ou ganho de calor; está ocorrendo uma anormalidade na regulação da
temperatura corporal; que podem ser a hipotermia ou a hipertermia. Há também a febre que é uma
alteração na temperatura, uma elevação, contudo, ela não se deve ao facto do desequilíbrio das
duas taxas e sim, por factores patógenos (bactérias, vírus) os chamados pirógenos que podem ser
endógenos ou exógenos. (3)
7.1.Hipotermia
A hipotermia é uma diminuição da temperatura corporal, então a termólise predomina sobre a
termogênese. Neste caso ocorre uma diminuição da taxa metabólica. A respiração e a freqüência
cardíaca são bem reduzidas e a pressão sanguínea diminui; a uma temperatura muito baixa o
organismo perde a capacidade de retornar a sua temperatura normal, sem o aquecimento externo
imediato, esse estado pode conduzir ao óbito. (3; 5)
7.2.Hipertermia ou intermação
A termogénese predomina sobre a termólise. Ocorre uma diminuição da termólise, pela
radiação e pela evaporação, ou seja, os processos termolíticos por algum erro fisiológico, ou pelo
aumento do processo termogênico não são eficientes na redução do calor corporal.
Se existe uma maior termogênese, como a produzida pelo exercício muscular, evidencia-se
claramente um aumento da temperatura, a hipertermia. Se a hipertermia não for tratada
imediatamente, pode conduzir ao óbito, por transtornos dos sistemas enzimáticos (que funcionam
a uma determinada temperatura) que alteram a função orgânica em geral e, mais especificamente
a cerebral.
13
Há uma grande confusão entre a hipertermia e a febre, pois ambas são caracterizadas pela
elevação de temperatura; então se costuma mencionar o seguinte, toda febre é uma hipertermia,
mas nem toda hipertermia é uma febre.
Pode-se distinguir a hipertermia da febre por uma característica básica; a hipertermia é causada
basicamente pelo desequilíbrio entre a termogênese, onde o processo termogénico se sobressai ao
processo termolítico e a febre é causada principalmente por factores patógenos, como bactérias e
vírus. (1; 3; 5)
A hipertermia pode ser causada também por uma lesão cerebral, mais especificamente no
hipotálamo, onde o corpo perde a capacidade termorreguladora.
Existe a hipertermia maligna, que é uma miopatia farmacogénica iniciada por alguns tipos de
drogas. Evidencia-se uma maciça produção de calor a nível muscular, que não se acompanha da
termólise, chega-se a aumentar 5ºC em uma hora, levando a uma grande dificuldade na
manutenção da vida. (3)
7.3.Febre
Febre pode ser definida como uma temperatura corpórea acima da variação habitual normal, e
pode ser originada por a irregularidade no próprio cérebro ou por substâncias tóxicas que afectam
o centro de regulação térmica. (4)
Então pode se considerar a febre basicamente é um importante indicador de patologias. A febre
se caracteriza por uma série de factores, principalmente o aumento da taxa metabólica e do fluxo
sanguíneo, além do aumento do consumo de oxigênio.
A febre superior a 41,5ºC é descrita como hiperpirexia. Essa febre é extremamente elevada
pode ocorrer em pacientes com infecções graves, porém é mais comum em indivíduos com
hemorragias do sistema nervoso central. (3)
Em casos raros, o ponto de ajuste do hipotálamo aumenta em consequência de traumatismo
localizado, hemorragia, tumor ou disfunção hipotalâmica intrínseca. Em alguns casos, usa-se a
expressão febre hipotalâmica para descrever as elevações da temperatura causadas por disfunção
do hipotálamo. Contudo, a maioria dos pacientes com lesão hipotalâmica tem temperaturas
corporais abaixo e não acima do normal. (3)
14
7.3.1.Efeitos dos pirógenos
Os pirógenos liberados por bactérias tóxicas ou os liberados por tecidos corporais em
degeneração, causam febre durante condições patológicas. Quando o ponto de ajuste do centro de
regulação hipotalâmico da temperatura se eleva acima do normal, todos os mecanismos para a
elevação da temperatura corporal começam a actuar, incluindo a conservação de calor e o aumento
da produção de calor. (1)
Figura 5: Efeitos da alteração do ponto de ajuste do controlador de temperatura hipotalâmico.
Fonte: Guyton, Arthur e Hall, John. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro :
Elsevier Editora Ltda, 2017.
7.3.2.Papel das citocinas na febre
Quando as bactérias ou os produtos da degradação das bactérias estão nos tecidos ou no sangue,
eles são fagocitados pelos leucócitos do sangue, pelos macrófagos teciduais e pelos grandes
linfócitos “killers” granulares. Todas essas células digerem os produtos bacterianos e, em
seguida, liberam citocinas, grupo diferenciado de moléculas peptídicas de sinalização,
participantes das respostas imunes e adaptativas. Uma das mais importantes dessas citocinas para
causar febre é a interleucina 1 (IL-1), também chamada pirogênio leucocitário ou pirogênio
endógeno. A IL-1 é liberada pelo macrófagos para os líquidos corporais e, ao chegar ao
hipotálamo, quase imediatamente ativa os processos produtores de febre aumentando, por vezes,
a temperatura corporal, por valor significativo em apenas 8 a 10 minutos. (1)
15
Aproximadamente um décimo de milionésimo de grama do lipossacarídeo endotoxina de
bactéria, atuando em conjunto com os leucócitos do sangue, macrófagos dos tecidos e linfócitos
exterminadores, pode causar febre. A quantidade de IL-1 que é formada em resposta ao
lipossacarídeo suficiente para causar febre é de apenas alguns nanogramas.
As citocinas estão intimamente ligadas ao sistema imune, e a acção delas pode estimular outros
sistemas. O sistema imune inicia o processo pirogênico. As citocinas são produzidas,
principalmente pelos macrófagos e células linfocitárias. Existem vários tipos de citocinas, mas as
principais são: a interleucina-1 (IL-1) a interleucina-6 (IL-6) e o TNF-α. Então as citocinas são
capazes de induzir febre no hipotálamo.
Como já citado anteriormente o aparecimento e a intensidade dependem da gravidade da
temperatura corporal e da idade do indivíduo:
a. Sinais: elevação da temperatura corporal, taquicardia, taquipnéia, taquisfigmia,
oligúria, calafrios, sudorese, vômitos e convulsões;
b. Sintomas: astenia, inapetência, cefaléia, dor corporal, desejo ou ânsia de vômito
(enjoo), delírio e confusão mental. (4; 6)
O pirógeno endógeno ou a IL-1 é captada pelo hipotálamo, mas especificamente num lugar,
áreas situadas ao longo do terceiro ventrículo que é mais vascularizado. Com os impulsos neurais,
se interelacionam várias regiões, principalmente o núcleo pré-óptico, esse núcleo tem a função
fundamental de elevar o limiar de excitabilidade do termostato, desta forma o referencial térmico,
é alterado, ficando em um nível mais alto, a temperatura é elevada. Substâncias vindas do sangue
agem como um neurotransmissor, determinando a sensação de sede que é uma das primeiras
manifestações da febre; em resposta a variação do volume hídrico, também ocorre na área
prostema do bulbo, que determinam a aversão alimentar e as náuseas.
Citocinas locais incitam a síntese pelo hipotálamo das prostaglandinas (PGE1 e PGE2). As
prostaglandinas agem como elementos intermediários, aumentando o limiar de excitabilidade
termorreguladora. As citocinas IL-1, IL-6 e TNF-α, agem deste modo como um pirógeno
endógeno.
16
7.3.3.Semiologia da febre
7.3.3.1.Início
A febre pode ser súbita ou gradual. A febre súbita ocorre rapidamente e geralmente está
acompanhada de muitos dos sintomas típicos da síndrome como os calafrios. A febre de início
gradual ocorre lentamente e por vezes o paciente nem percebe o aparecimento. Nem todos os
sintomas podem estar presentes mas prevalecem a cefaléia, sudorese e inapetência.
7.3.3.2.Intensidade
Tomando como referência a temperatura axilar:
Classificação Temperatura
Febre leve ou febrícula 37,5 ºC
Febre moderada 37,5 ºC a 38,5 ºC
Febre alta ou elevada Acima de 38,5 ºC
A intensidade da febre varia de acordo com a capacidade do organismo. Pacientes
imunocomprometidos terão dificuldade de produzir as citocinas pirogênicas pois suas células
imunológicas não operam com total precisão. Idoso terão uma febre naturalmente menos intensa
por causa da imunossenescência, sendo uma pequena elevação de grande importância clínica.
Pessoas sob estresse e em mau estado geral também precisam do mesmo cuidado pois níveis altos
de cortisol podem gerar imunossupressão.
7.3.3.3.Duração
Não há um consenso sobre o tempo de duração da síndrome febril, porém, pode-se considerar dois
diferentes tipos de divisão, da febre recente e da prolongada.
Classificação Período
17
Febre Recente Menos de uma semana
Febre prolongada Mais de uma semana
Tabela 2: Classificação da febre quanto à duração.
Se a febre prolongada se perpetuar por mais de 14 dias sem um diagnóstico, ela pode ser
considerada uma febre prolongada de origem obscura ou indeterminada.
7.3.3.4.Modo de evolução
O modo de evolução da febre é facilmente identificado através de um quadro térmico. Neste
quadro, marca-se a temperatura corporal em função do tempo para se obter a curva térmica do
paciente. Dependendo do grau de monitoração que cada paciente necessita, a temperatura pode ser
verificada de 6 em 6 ou até de 4 em 4 horas, porém, geralmente ela é feita uma ou duas vezes por
dia pela manhã e a tarde. Mesmo que o paciente não esteja em monitoramento, é possível usar
informações contidas na anamnese para se fazer uma projeção deste quadro. Para cada tipo
diferente de febre, vamos ter um modelo de gráfico térmico diferente que nos permite identificar
patologias.
As variações quotidianas da febre, nas 24 horas do dia constituem os tipos de febre, alguns
deles característicos. As variações da temperatura durante todo o processo da enfermidade
constituem os ciclos febris, observando-se neles o decurso da febre ou curva térmica, muito
característico antigamente em muitas doenças, o qual servia para o diagnóstico destas.
Os tipos de febre mais importantes são (7)
:
i. Febre contínua ou sustentada;
ii. Febre remitente;
iii. Febre intermitente;
iv. Febre recorrente.
18
Deve-se assinalar que os três primeiros tipos de febre (de i a iii) classificam-na de acordo com
as oscilações diárias do período febril; sendo que o quarto tipo refere-se a evolução da febre em
um período de tempo dado.
7.3.4.1.Febre contínua ou sustentada
Caracteriza-se por elevações persistentes, sem variações diárias importantes, até ao ponto dos
clássicos definirem-na como aquela que tem oscilações diárias inferiores a 1ºC, sem nunca
alcançar a temperatura normal. É característica de doenças como: broncopneumonia, sarampo,
dengue, gripe e certas formas de febre tifóide. (7)
Figura 6: Gráfico térmico de febre contínua.
Fonte: https://lucasnicolau.com/?v=publicacoes&id=3
7.3.4.2.Febre remitente
É aquela em que a temperatura baixa 1 ºC ou mais cada dia, mas tampouco regressa ao normal.
A maioria das febres são remitentes e este tipo de resposta febril não é característico de nenhuma
enfermidade, pelo que descreve-se nas septicemias. (7)
19
Na óptica de outro autor, é caracterizado por hipertermia diária, com variação maior que um
1ºC, grandes oscilações e sem período de apirexia. Doenças associadas: Sepse, pneumonia e
tuberculose. Vide a figura abaixo.
Figura 7: Gráfico térmico de febre remitente.
Fonte: https://lucasnicolau.com/?v=publicacoes&id=3
7.3.4.3.Febre intermitente
Neste tipo a hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal.
Isto é, registra-se febre pela manhã, mas essa não parece à tarde; ou, então, um dia ocorre febre,
no outro não. O exemplo mais comum é a malária. Aparece também nas infecções urinárias, nos
linfomas e nas septicemias. (7)
Na óptica de outro autor, a hipertermia é interrompida por períodos de apirexia cíclicos. Parte
do dia se tem febre e outra parte não, ou mesmo um dia a pessoa tem febre e no próximo não. Ela
pode ser dividida em três tipos:
 Cotidiana → No mesmo dia, a pessoa apresenta febre e em outros momentos não. Tem
caráter cíclico
 Terçã → A pessoa apresenta febre a cada um dia de apirexia (um dia com febre e outro
sem). Tem caráter cíclico
20
 Quartã → A pessoa apresenta febre a cada dois dias de apirexia (um dia com febre e dois
dias sem). Tem caráter cíclico
Doenças associadas: Malária, infecções urinárias, linfomas e sepse.
Figura 8: Gráfico térmico de febre intermitente.
Fonte: https://lucasnicolau.com/?v=publicacoes&id=3
De acordo com o momento do dia em que se produz a febre remitente ou a intermitente, pode
receber o nome de febre vespertina, se ou aparece em horas da tarde, ou de febre invertida, se
aumenta pela manhã e diminue pela tarde. A febre vespertina pode-se encontrar na tuberculose
pulmonar e os linfomas, entre outras, e a febre invertida, na enfermidade de Basedow ou bócio
exoftálmico, tuberculose pulmonar, entre outros. (7)
7.3.4.4.Febre recorrente
Apresenta semanas ou dias com temperatura corporal normal até que períodos de temperatura
elevada ocorram. A temperatura se mantêm sem grandes oscilações, desaparece e depois pode
retornar. Doenças associadas: brucelose, doença de Hodgkin e linfomas.
21
Figura 9: Gráfico térmico de febre recorrente.
Fonte: https://lucasnicolau.com/?v=publicacoes&id=3
22
8.Conclusão
Após uma averiguação minuciosa do tema conclui-se que a temperatura corporal é responsável
pela manutenção de inúmeras funções do organismo. Temperaturas demasiadamente altas podem
desnaturar algumas enzimas, dificultar o processo fisiológico, e até mesmo prejudicar os
indivíduos em algumas doenças, como a diabete mellitus; em contrapartida temperaturas muito
baixas diminuem a taxa metabólica, que retarda a síntese protéica, prejudicando o funcionamento
do organismo.
Por estes factos, a temperatura corporal tem um valor de manutenção de 36 ºC a 37 ºC. Para
que esse valor seja mantido, é necessário que exista o equilíbrio, entre dois mecanismos o de
produção e perda de calor, que são chamados de processos termogênicos e termolíticos
respectivamente, esses processos são regulados por um centro de controle, o hipotálamo. O
hipotálamo funciona como um termostato, então se denomina esse mecanismo de controle como
um termostato hipotalâmico, onde diante de situações de anormalidades de temperatura, esse
termostato através de inúmeros impulsos nervosos, estimula a ação de quatro núcleos que irão
determinar mecanismos de produção ou perda de calor. Existem alguns tipos de anormalidades na
regulação da temperatura, como a hipotermia; que é a perda excessiva de calor corporal, ou
hipertermia; que é a produção exagerada de calor corporal.
Existe um tipo de anormalidade que é causada não por factores de desequilíbrio entre a
termólise e a termogênese, e sim por processos de estresse no organismo, como a presença de
agentes patógenos nos tecidos, é a febre. A febre também possui todo um mecanismo de
funcionamento, onde algumas proteínas específicas como o IL-1 que é um pirógeno endógeno, irá
estimular no hipotálamo a produção de prostaglandinas, que irão participar do processo
inflamatório, elevando a temperatura corporal; diante dessa elevação o organismo apresenta um
aumento das taxas metabólicas, e consequentemente isso irá estimular os processos efectuados
pelos macrófagos e fagócitos, auxiliando o processo de defesa do organismo contra agentes
patógenos.
Por essa série de mecanismos pode se avaliar que o organismo humano funciona como uma
poderosa máquina, que possui diversos mecanismos de ajuste para que tudo funcione bem.
23
9.Referências bibliográficas
1. Guyton, Arthur e Hall, John. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier
Editora Ltda, 2017.
2. Levinson, Warren. Microbiologia Médica e Imunologia. 10ª ed. Porto Alegre : AMGH Editora
Ltda, 2011.
3. Carvalho, Araken Rodrigues de. Mecanismo da Febre. Brasília : Editorial Presença, 2002.
4. Tortora, Gerard J. Corpo Humano: Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 4ª Edição. Rio de
Janeiro : Artmed, 2000.
5. Longo, Dan L. et al. Medicina Interna de Harrison. 18ª ed. Porto Alegre : AMGH, 2013. Vol.
I. ISBN 978-85-8055-120-1.
6. Costanzo, Linda S. Fisiologia. 3ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier Editora Ltda.
7. Navarro, Raimundo Llanio e González, Gabriel Perdomo. Propedéutica Clínica Y
Semiología Médica Tomo 1. Havana : Editorial Ciencias Médicas, 2003. ISBN 959-7132-87-5.
SITOGRAFIA
https://lucasnicolau.com/?v=publicacoes&id=3, acessado 23/04/18, às 17:30 min.

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Regulação Temperatura e Mecanismo Febre

  • 1. UNIVERSIDADE LÚRIO FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE LICENCIATURA EM MEDICINA FISIOLOGIA HUMANA II 2º ano III semestre REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL E MECANISMO DA FEBRE XII grupo Estudantes: Docentes: Daniel dos Santos Lourenço Belachanda Imaculada Guilherme, MD Kim Tae Won Celso Fernando Belo, MD, MSc Laise Cainara Araújo Duarte, MD Nampula, Maio de 2018
  • 2. 2 UNIVERSIDADE LÚRIO FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE LICENCIATURA EM MEDICINA FISIOLOGIA HUMANA II 2º ano III semestre REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL E MECANISMO DA FEBRE XII grupo Estudantes: Daniel dos Santos Lourenço Kim Tae Won Nampula, Maio de 2018 Trabalho de índole investigativo e avaliativo como requisito da cadeira de Fisiologia Humana II a ser entregue ao corpo docente da cadeira.
  • 3. iii RESUMO A febre é uma elevação de temperatura ocasionada na maioria das vezes em virtude da presença de agentes patógenos no organismo, como por exemplo, as bactérias, sendo estes pirógenos exógenos. A febre possui um mecanismo de funcionamento, onde algumas proteínas específicas como o IL-1, o TNFα que são no caso, pirógenos endógenos, irão estimular o termostato hipotalâmico a produzir prostaglandinas, que irão participar no processo inflamatório, elevando a temperatura corporal; diante dessa elevação o organismo apresenta um aumento das taxas metabólicas, e consequentemente isso irá estimular os processos efectuados pelos macrófagos e fagócitos, auxiliando o processo de defesa do organismo contra agentes patógenos. A febre não deve ser considerada como um processo de defesa do organismo e sim como um mecanismo de auxílio na defesa do organismo, sendo até uma determinada temperatura, benéfica ao corpo. A determinadas temperaturas o organismo funciona bem, contudo a febre pode apresentar algumas perturbações, tanto no mecanismo de algumas doenças, e também actuar como efectivador de convulsões febris em indivíduos que apresentam predisposição a isso. PALAVRAS-CHAVE: temperatura; hipotálamo; febre.
  • 4. iv LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Variação normal estimada da temperatura "central"....................................................... 4 Figura 2: Mecanismo de perda de calor pelo corpo.........................................................................10 Figura 3: Efeito das temperaturas atmosféricas altas e baixas de várias horas de duração sobre a temperatura “central”...................................................................................................................... 8 Figura 5: Gráfico térmico de febre contínua................................................................................. 18 Figura 6: Gráfico térmico de febre remitente. .............................................................................. 19 Figura 7: Gráfico térmico de febre intermitente. .......................................................................... 20 Figura 8: Gráfico térmico de febre recorrente. ............................................................................. 21 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Mecanismos efectores neuronais que regulam a temperatura corporal ........................ 11 Tabela 2: Classificação da febre quanto à duração....................................................................... 17
  • 5. v LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS TNFα – Tumor Necrosis Factor alpha, em português, factor de necrose tumoral alfa. IL-1 – interleucina-1. ºC – graus Celsius ou graus centígrados. T3 – triiodotironina. T4 – tetraiodotironina ou tiroxina. PGE1 – prostaglandina E1. PGE2 – prostaglandina E2.
  • 6. vi Índice Pág. 1.Introdução .................................................................................................................................... 1 2.Objectivos .................................................................................................................................... 1 2.1.Objectivo geral...................................................................................................................... 1 2.2.Objectivos específicos .......................................................................................................... 1 3.Conceitos...................................................................................................................................... 2 CAPÍTULO 1: REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL ........................................... 3 4.Temperaturas corporais normais.................................................................................................. 3 4.1.Temperatura central normal.................................................................................................. 4 5.Controle da temperatura corporal ................................................................................................ 4 5.1.Termogénese......................................................................................................................... 4 5.2.Termólise .............................................................................................................................. 5 6.Regulação da temperatura corporal – o papel do hipotálamo...................................................... 7 6.1.Núcleos do termostato hipotalâmico..................................................................................... 8 6.1.1.Núcleo Simpático Adrenérgico (N.S.A) ........................................................................ 8 6.1.2.Núcleo Simpático Colinérgico (N.S.C) ......................................................................... 9 6.1.3.Núcleo da termogénese por calafrios............................................................................. 9 6.1.4.Núcleo de termogénese não calafrios .......................................................................... 10 6.2.O hipotálamo posterior como termorregulador................................................................... 10 6.3.Mecanismos efectores neuronais que diminuem ou aumentam a temperatura corporal .... 11 6.4.Controle comportamental da temperatura corporal ............................................................ 11 CAPÍTULO 2: MECANISMO DA FEBRE................................................................................. 12 7.Anormalidades da regulação da temperatura corporal............................................................... 12 7.1.Hipotermia .......................................................................................................................... 12 7.2.Hipertermia ou intermação ................................................................................................. 12 7.3.Febre ................................................................................................................................... 13 7.3.1.Efeitos dos pirógenos................................................................................................... 14 7.3.2.Papel das citocinas na febre ......................................................................................... 14 7.3.3.Semiologia da febre ..................................................................................................... 16 8.Conclusão................................................................................................................................... 22 9.Referências bibliográficas.......................................................................................................... 23
  • 7. 1 1.Introdução O presente trabalho intitulado Regulação da temperatura corporal e Mecanismo da febre, descreve uma revisão de literatura desenvolvida no âmbito da cadeira de Fisiologia Humana II. É sabido que o corpo humano para realizar uma série de actividades necessita de uma série de ajustes, como é o caso da manutenção da temperatura corporal, e por possuir essa capacidade é chamado de endotérmico. A temperatura corporal é mantida constantemente em torno de 37 ºC, e é produzido pela oxidação dos alimentos ingeridos, gerando calor. Através dessa oxidação, adquiri-se energia necessária para as realizações de nossas actividades diárias, os nossos processos vitais, para aquecer e movimentar o corpo. Essa transformação está correlacionada com o consumo de oxigênio, num ambiente confortável e sob condições favoráveis de alimentação. Todo esse mecanismo é denominado como metabolismo basal. Esse calor produzido deve ser dissipado continuamente ou a temperatura do corpo iria elevar-se constantemente. As principais formas de dissipação de calor pelo corpo são a irradiação, a evaporação, a condução e a convecção. Para a regulação da temperatura os mecanismos termolíticos e termogénicos são mantidos em constante equilíbrio. 2.Objectivos 2.1.Objectivo geral  Compreender a regulação da temperatura corporal e mecanismo da febre. 2.2.Objectivos específicos Os objectivos que se enraízam do geral são:  Descrever a regulação da temperatura corporal;  Descrever o mecanismo da febre;  Descrever as fases da febre;  Descrever os tipos de febre.
  • 8. 2 3.Conceitos Citocinas: designa um extenso grupo de moléculas envolvidas na emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento das respostas imunes. Febre: refere-se a temperatura corporal acima da faixa normal de variação, pode ser provocada por anormalidades no cérebro ou por substâncias tóxicas que afetam os centros reguladores da temperatura. (1) Hipertermia: refere-se a elevação da temperatura corporal sem alteração do setpoint. Hipotermia: refere-se a diminuição da temperatura corporal. Interleucina-1: é um pirógeno endógeno que age no hipotálamo, provocando a febre associada a infecções e outras reacções inflamatórias. É produzida principalmente pelos macrófagos. (2) Pirógeno: refere-se ao agente causador da febre. Prostaglandinas: são mediadores químicos produzidos através de ácidos gordos (ácido araquidónico) na presença da enzima cicloxigenase; dão uma resposta parácrina. Prostração: estado de extremo abatimento físico e psíquico, caracterizado por imobilidade e ausência de reacção a qualquer solicitação. Termogénese: refere-se ao processo de produção de calor. Termólise: refere-se ao processo de perda de calor. Termostato hipotalâmico: é um sistema localizado no hipotálamo, responsável pela manutenção constante de valores térmicos.
  • 9. 3 CAPÍTULO 1: REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL 4.Temperaturas corporais normais A temperatura dos tecidos profundos do corpo — o “centro” do corpo — em geral permanece em níveis bastante constantes, dentro de ±1°F (±0,6°C), dia após dia, excepto quando a pessoa desenvolve doença febril. Na verdade, a pessoa nua pode ser exposta a temperaturas que variam de 13 a 60°C, no ar seco, e ainda manter sua temperatura central quase constante. Os mecanismos para a regulação da temperatura corporal representam belo sistema planeado de controle. (1) A temperatura da pele, em contraste com a temperatura central, eleva-se e diminui de acordo com a temperatura a seu redor. A temperatura da pele é importante quando nos referimos à capacidade de a pessoa perder calor para o ambiente. De acordo com os estudos realizados em indivíduos sadios entre 18 e 40 anos de idade, a temperatura oral média é de 36,8 ± 0,4 ºC, com níveis mais baixos às 6 h e mais altos entre 16 e 18 h. A temperatura oral normal máxima é de 37,2ºC às 6 h e 37,7ºC às 16 h; tais valores definem o percentil 99 para os indivíduos sadios. De acordo com esses estudos, temperaturas acima de 37,2ºC pela manhã ou acima de 37,7ºC à tarde definem o estado de febre. A variação diária normal da temperatura costuma ser de 0,5ºC. (3) Nas mulheres que menstruam, a temperatura na parte da manhã geralmente é menor nas 2 semanas que antecedem a ovulação; em seguida, a temperatura aumenta cerca de 0,6ºC com a ovulação e permanece nesse patamar até que se inicie a menstruação. A temperatura corporal pode se elevar no período pós-prandial. Gravidez e disfunção endócrina também alteram a temperatura corporal. (3)
  • 10. 4 4.1.Temperatura central normal Nenhuma temperatura central pode ser considerada normal, pois as medidas feitas em várias pessoas saudáveis demonstraram variação das temperaturas normais aferidas na boca, como mostrado na figura abaixo, de menos de 97°F (36°C) até temperaturas superiores a 99,5°F (37,5°C). (1) A temperatura central média normal costuma ser considerada como entre 36,5 e 37°C, quando medida por via oral e, aproximadamente, 0,6°C mais alta, quando medida por via rectal. A temperatura corporal se eleva durante o exercício e varia com as temperaturas extremas do ambiente, porque os mecanismos regulatórios da temperatura não são perfeitos. Quando calor excessivo é produzido no corpo pelo exercício vigoroso, a temperatura pode se elevar, temporariamente para até 38,3 a 40°C. De forma inversa, quando o corpo é exposto a frio extremo, a temperatura, em geral, pode cair até valores abaixo de 36,6°C. (1; 3) 5.Controle da temperatura corporal Quando a intensidade/velocidade da produção de calor no corpo é superior à da perda de calor, o calor se acumula no corpo e a temperatura corporal se eleva. Inversamente, quando a perda de calor é maior, tanto o calor corporal como a temperatura corporal diminuem. (1) 5.1.Termogénese A termogénese ou produção de calor é um dos principais produtos finais do metabolismo1 . Os factores determinantes para a termogénese são também designados por metabolismo do organismo, que são: a) Intensidade do metabolismo basal de todas as células do corpo; Figura 1: Variação normal estimada da temperatura "central".
  • 11. 5 b) Intensidade extra do metabolismo causada pela atividade muscular, incluindo as contrações musculares, causadas pelo calafrio; c) Metabolismo extra causado pelo efeito da tiroxina (e, em menor grau, por outros hormônios, como o hormônio do crescimento e a testosterona) sobre as células; d) Metabolismo extra causado pelo efeito da epinefrina, norepinefrina e pela estimulação simpática sobre as células; e) Metabolismo extra provocado pelo aumento da atividade química das células, em especial, quando a temperatura da célula se eleva; f) Metabolismo extra necessário para digestão, absorção e armazenamento de alimentos (efeito termogênico dos alimentos). (1) Importa referir que grande parte do calor produzido pelo corpo é gerada nos órgãos profundos, especialmente no fígado, no cérebro e no coração, bem como nos músculos esqueléticos durante o exercício. (1) O calor produzido no metabolismo através do fluxo sanguíneo é distribuído em todo o corpo, determinando a temperatura corporal. (3) 5.2.Termólise O corpo através das reacções metabólicas produz calor, contudo a demasiada produção sem a existência de processos de dissipação de calor seria prejudicial ao organismo, então, assim como existe um processo de produção, existem também mecanismos de dissipação de calor; pois em condições fisiológicas normais, existe o equilíbrio entre a produção e perda de calor. (3; 4) Após a termogénese, esse calor é transferido dos órgãos e tecidos profundos para a pele, onde ele é perdido para o ar e para o meio ambiente. Portanto, a velocidade da perda de calor é determinada quase completamente por dois factores: a) A velocidade de condução do calor de onde ele é produzido no centro do corpo até a pele; b) A velocidade de transferência do calor entre a pele e o meio ambiente. (1) Portanto, existem quatro (04) formas básicas de termólise ou perda de calor:
  • 12. 6  Radiação é o deslocamento de calor entre objetos, do mais quente para o mais frio, sem que ocorra contato físico. O corpo humano perde calor, através de irradiação de ondas de calor para os objectos mais frios nas proximidades, como o chão, a parede. Caso, estes objectos próximos estejam mais quentes, acontece o contrário, estes irão irradiar ondas para o corpo humano em questão. Em descanso, aproximadamente 60% da temperatura corporal é perdida por irradiação em uma sala a 21 ºC. (3; 5) O processo de radiação depende de dois fatores principais da intensidade da diferença da temperatura e da superfície de radiação. Por exemplo, uma pessoa de 1,50m em relação a uma parede de 20 metros, irá perder muito calor em relação à superfície de contacto. (3) A capacidade que a pele tem para receber calor do corpo e, em seguida, dissipá-lo na forma de radiação, é fundamental na transferência de calor entre o corpo e o meio. A pele é a principal fonte de radiação calorífica do corpo humano. O suprimento sanguíneo para esse órgão é farto está sob o controle do sistema nervoso central. Nas extremidades, em particular, existem inúmeras comunicações entre as artérias e veias de pequeno calibre. Isso cria meios para a formação de grande fluxo sanguíneo, pois, não tendo o sangue que percorrer os capilares, a resistência ao fluxo é baixa. Por esta razão, nas extremidades ocorre grande troca de calor com o meio ambiente. (3; 4; 5)  Convecção: é a perda de calor pelo fluxo de gases em contacto com corpo. O gás quente é mais leve que o frio, ocorrendo assim um deslocamento do gás quente para cima e o mais frio para baixo. Quando o corpo está quente o ar que sobe retira calor da superfície desse corpo e o que desce também. Esse mecanismo ocorre permanentemente, principalmente na produção de ventos ou artificialmente com o uso de ventiladores.  Condução: considerando talvez o mecanismo menos importante no processo termolítico. Ocorre quando existe contacto entre superfícies. Exemplo: um corpo submerso na água. Apenas, 3% do calor corporal é perdido através desse mecanismo.  Evaporação: perda de calor quando um líquido passa para o estado gasoso. Ocorre quando a superfície corporal está úmida, ocorrendo à sudorese, a água do suor se evapora. A perda de calor por evaporação de suor pode ser controlada pela regulação da sudorese. E a forma mais comum de perda de calor, cada gota de suor leva consigo calor do corpo,
  • 13. 7 aproximadamente 22% de calor é dissipado por evaporação. (6; 7) Quando a temperatura do meio ambiente é maior que aquela da pele, em vez de perder calor o corpo ganha por irradiação e condução. Nestas condições, o único meio pelo qual o corpo consegue livrar-se de calor é por evaporação. Figura 2: Mecanismos de perda de calor pelo corpo. Fonte: Guyton, Arthur e Hall, John. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier Editora Ltda, 2017. 6.Regulação da temperatura corporal – o papel do hipotálamo A temperatura do corpo é regulada quase inteiramente por mecanismos de feedback neurais e quase todos esses mecanismos operam por meio de centros regulatórios da temperatura, localizados no hipotálamo. Para que esses mecanismos de feedback operem, deve haver detectores de temperatura para determinar quando a temperatura do corpo está muito alta ou muito baixa. Em geral, a pessoa desnuda no ar seco com temperatura entre 55 e 130°F (13 e 54,5°C) é capaz de manter a temperatura central normal entre 97 e 100°F (36,1 e 37,8°C). (1) Fonte:Guyton,ArthureHall,John.TratadodeFisiologia Médica.13ªed.RiodeJaneiro:ElsevierEditoraLtda,2017. Figura 3: Efeito das temperaturas atmosféricas altas e baixas de várias horas de duração sobre a temperatura “central”.
  • 14. 8 O hipotálamo é uma glândula situada nas paredes e no tecto do terceiro ventrículo cerebral. Lesões produzidas na região anterior da glândula levam ao aparecimento de uma elevação da temperatura, enquanto lesões no hipotálamo posteriores produzem uma diminuição da temperatura, então, as regiões anteriores controlam a termólise e as posteriores a termogênese. (3) No hipotálamo existem regiões especializadas que podem alterar ou anular a regulação da temperatura diante de variações térmicas no ambiente tanto ao frio como ao calor. A principal região especializada é a área pré-óptica, que está relacionada à captação e detecção do erro térmico, que seria a variação de temperatura criada entre as temperaturas ambientais (externas) e internas e a temperatura referência do centro regulador. Nessa área existem muitos neurônios sensíveis ao calor. E funcionam como sensores térmicos. Como são sensores, ao detectar erros térmicos elas aumentam as descargas elétricas. Quando a área pré-óptica é aquecida, o corpo inicia um processo de sudorese (termólise por evaporação) e os vasos sanguíneos apresentam uma vasodilatação, assim o corpo voltará a sua temperatura normal, então a área pré-óptica no hipotálamo funciona como um termostato da temperatura corporal. Na pele existem termorreceptores cutâneos sensíveis ao frio e ao quente, que são respectivamente receptores de frio ou de Krausse e o de calor ou Ruffini, esses receptores enviam descargas aos termorreceptores centrais localizados no hipotálamo. No hipotálamo posterior, pode–se identificar quatro núcleos termocorretores: núcleo simpático adrenérgico, núcleo simpático colinérgico, núcleo da termogênese por calafrio e núcleo da termogênese não calafrios. (3; 5) 6.1.Núcleos do termostato hipotalâmico 6.1.1.Núcleo Simpático Adrenérgico (N.S.A) Estão localizados neste núcleo os neurônios simpáticos que liberam principalmente a noradrenalina, que age especialmente sobre veias superficiais da pele, arteríola e pré-capilares, além de excitar também a raiz dos pêlos, os chamados arrepios. (3) Quando o sistema simpático é acionado, pode-se produzir vasoconstrição arteriolar cutânea, a condutância diminui e o fluxo sanguíneo é reduzido. A pele torna-se pálida e fria, pela redução
  • 15. 9 do fluxo sanguíneo, diminuindo a termólise por radiação, pois se está reduzindo o gradiente térmico entre a pele e o ambiente. Pode ocorrer também uma vasodilatação, assim o fluxo aumenta, a pele fica com o aspecto avermelhado e aumenta a termólise por radiação. Observa-se então, que esse núcleo é um controlador da ação termolítica por radiação. (4) Como sistema termogênico, também são acionados pequenos músculos lisos, existentes na pele, entre o bulbo e a epiderme, levantando o pêlo e deformando-a. Essa modificação é induzida pelo núcleo simpático adrenérgico do hipotálamo posterior. Quando submetido a um ambiente frio, o indivíduo ativa seu núcleo adrenérgico, que envia sinais para o músculo piloeretor, que é contraído constituindo o arrepio; ele age de forma que se formem várias câmaras de ar separadas entre si, ficando, portanto isoladas, esse fenômeno caracteriza uma diminuição da convecção. O homem, sem a presença de pêlos e plumas substitui por roupas que se apresentam como essas câmaras gasosas, evitando a convecção. 6.1.2.Núcleo Simpático Colinérgico (N.S.C) Esse núcleo age especialmente sobre as glândulas sudoríparas, estas são localizadas abaixo da epiderme e são encontradas em variados locais sem regularidades nessa distribuição. A secreção das glândulas sudoríparas é o suor, sendo uma solução aquosa hipotônica. O suor evaporando, retira uma grande quantidade de energia calórica, sendo assim mecanismo bem preciso de termólise e evaporação, especialmente quando a temperatura ambiental é alta. 6.1.3.Núcleo da termogénese por calafrios Localizada na porção dorsomedial do hipotálamo posterior, próximo à parede do terceiro ventrículo, encontra-se a área chamada centro motor primário para os calafrios. Essa área normalmente é inibida pelos sinais oriundos do centro de calor na área hipotalâmica anterior pré- óptica, mas é excitada por sinais de frios, oriundos da pele e da medula espinal. (1) Um indivíduo sendo submetido a um ambiente frio, ou quando se excita experimentalmente este núcleo hipotalâmico, inicia-se uma série de contrações musculares involuntárias, que são os
  • 16. 10 calafrios. Estes não são controladas pela vontade ou córtex cerebral, são sincronizadas, descontínuas e de intensidade muito variável, desde um simples tremor até uma convulsão geral. Se os calafrios não representam trabalho, significa que toda energia por eles reduzida será liberada em forma de calor; daí sua grande importância como mecanismo termogênico, sendo a energia dissipada nesse processo energia calórica. (3; 5) Durante o calafrio máximo, a produção de calor pelo corpo pode se elevar por quatro a cinco vezes o normal. (1) 6.1.4.Núcleo de termogénese não calafrios É um núcleo bem menos preciso que os outros; este controla a função endócrina metabólica quando existem situações de adaptação térmica. Em condições rápidas existe a secreções de hormônios como, os tireoideanos aumentando a quantidade de T3, disponível para a estimulação do metabolismo tecidual. Esse núcleo é de extrema importância em condições de aclimatação frente a climas frios, onde a secreção de hormônios pela glândula tireóide é aumentada. Estes quatro núcleos conjuntamente agem de forma a determinar o controle da temperatura frente a diferentes ambientes térmicos. De acordo com esses diferentes ambientes o hipotálamo, apresenta uma série de mecanismos, enviando impulsos que irão ativar estes núcleos realizando respostas a esses gradientes térmicos. (5) 6.2.O hipotálamo posterior como termorregulador Mesmo que muitos dos sinais sensoriais para a temperatura surjam nos receptores periféricos, esses sinais contribuem para o controle da temperatura corporal, principalmente por meio do hipotálamo. A área do hipotálamo que eles estimulam está localizada bilateralmente no hipotálamo posterior, aproximadamente no nível dos corpos mamilares. Os sinais sensoriais de temperatura da área hipotalâmica anterior pré-óptica também são transmitidos para essa área no hipotálamo posterior. Aí, os sinais da área pré-óptica e os sinais de outros locais do corpo são combinados e integrados para controlar as reações de produção e de conservação de calor do corpo. (1)
  • 17. 11 6.3.Mecanismos efectores neuronais que diminuem ou aumentam a temperatura corporal Quando os centros hipotalâmicos de temperatura detectam que a temperatura do organismo está muito alta ou muito baixa, eles instituem os procedimentos apropriados para a diminuição ou para a elevação da temperatura. Vide a tabela abaixo: Mecanismos de diminuição da temperatura quando o corpo está muito quente Mecanismos de aumento da temperatura quando o corpo está muito frio Vasodilatação dos vasos sanguíneos cutâneos Vasoconstrição dos vasos sanguíneos cutâneos Sudorese Piloerecção Diminuição da termogénese Aumento da termogénese Tabela 1: Mecanismos efectores neuronais que regulam a temperatura corporal Fonte: elaborada pelos autores por meio da consulta de Guyton, Arthur e Hall, John. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier Editora Ltda, 2017. INTERPRETAÇÃO DA TABELA: por meio da estimulação do sistema nervoso têm-se a capacidade de contrabalançar a temperatura corporal quando for necessário. Existem seis mecanismos básicos e antagonistas que possibilitam esse contrabalanceamento: vasodilatação dos vasos sanguíneos cutâneos/vasoconstrição dos vasos sanguíneos cutâneos; sudorese/piloerecção e diminuição da termogénese/aumento da termogénese. 6.4.Controle comportamental da temperatura corporal Além dos mecanismos subconscientes para o controle da temperatura corporal, o corpo tem outro mecanismo de controle da temperatura ainda mais potente: o controle comportamental da temperatura. Quando a temperatura corporal interna se eleva em excesso, sinais oriundos das áreas de controle da temperatura no cérebro dão à pessoa sensação física de hiperaquecimento. Inversamente, sempre que o corpo se esfria, sinais da pele e, provavelmente, também de receptores corporais profundos desencadeiam a sensação de desconforto pelo frio. Portanto, a pessoa faz os ajustes ambientais apropriados para restabelecer o conforto, como sair de ambiente quente ou o uso de roupas bem isoladas em tempos frios. O controle comportamental da temperatura é um sistema muito mais poderoso para o controle da temperatura corporal do que
  • 18. 12 qualquer outro sistema conhecido pelos fisiologistas no passado. Na verdade, esse é o único mecanismo realmente eficaz para manter o calor corporal em ambientes extremamente frios. CAPÍTULO 2: MECANISMO DA FEBRE 7.Anormalidades da regulação da temperatura corporal A temperatura corporal, já discutida anteriormente, é mantida em sua regularidade pelo equilíbrio entre a termólise e a termogênese. Ambas, devem ser produzidas na mesma quantidade, pois quando uma destas taxas predomina sobre a outra e as respostas fisiológicas não são suficientes para uma rápida regulação, ou essas respostas estão ocorrendo em uma velocidade menor que a perda ou ganho de calor; está ocorrendo uma anormalidade na regulação da temperatura corporal; que podem ser a hipotermia ou a hipertermia. Há também a febre que é uma alteração na temperatura, uma elevação, contudo, ela não se deve ao facto do desequilíbrio das duas taxas e sim, por factores patógenos (bactérias, vírus) os chamados pirógenos que podem ser endógenos ou exógenos. (3) 7.1.Hipotermia A hipotermia é uma diminuição da temperatura corporal, então a termólise predomina sobre a termogênese. Neste caso ocorre uma diminuição da taxa metabólica. A respiração e a freqüência cardíaca são bem reduzidas e a pressão sanguínea diminui; a uma temperatura muito baixa o organismo perde a capacidade de retornar a sua temperatura normal, sem o aquecimento externo imediato, esse estado pode conduzir ao óbito. (3; 5) 7.2.Hipertermia ou intermação A termogénese predomina sobre a termólise. Ocorre uma diminuição da termólise, pela radiação e pela evaporação, ou seja, os processos termolíticos por algum erro fisiológico, ou pelo aumento do processo termogênico não são eficientes na redução do calor corporal. Se existe uma maior termogênese, como a produzida pelo exercício muscular, evidencia-se claramente um aumento da temperatura, a hipertermia. Se a hipertermia não for tratada imediatamente, pode conduzir ao óbito, por transtornos dos sistemas enzimáticos (que funcionam a uma determinada temperatura) que alteram a função orgânica em geral e, mais especificamente a cerebral.
  • 19. 13 Há uma grande confusão entre a hipertermia e a febre, pois ambas são caracterizadas pela elevação de temperatura; então se costuma mencionar o seguinte, toda febre é uma hipertermia, mas nem toda hipertermia é uma febre. Pode-se distinguir a hipertermia da febre por uma característica básica; a hipertermia é causada basicamente pelo desequilíbrio entre a termogênese, onde o processo termogénico se sobressai ao processo termolítico e a febre é causada principalmente por factores patógenos, como bactérias e vírus. (1; 3; 5) A hipertermia pode ser causada também por uma lesão cerebral, mais especificamente no hipotálamo, onde o corpo perde a capacidade termorreguladora. Existe a hipertermia maligna, que é uma miopatia farmacogénica iniciada por alguns tipos de drogas. Evidencia-se uma maciça produção de calor a nível muscular, que não se acompanha da termólise, chega-se a aumentar 5ºC em uma hora, levando a uma grande dificuldade na manutenção da vida. (3) 7.3.Febre Febre pode ser definida como uma temperatura corpórea acima da variação habitual normal, e pode ser originada por a irregularidade no próprio cérebro ou por substâncias tóxicas que afectam o centro de regulação térmica. (4) Então pode se considerar a febre basicamente é um importante indicador de patologias. A febre se caracteriza por uma série de factores, principalmente o aumento da taxa metabólica e do fluxo sanguíneo, além do aumento do consumo de oxigênio. A febre superior a 41,5ºC é descrita como hiperpirexia. Essa febre é extremamente elevada pode ocorrer em pacientes com infecções graves, porém é mais comum em indivíduos com hemorragias do sistema nervoso central. (3) Em casos raros, o ponto de ajuste do hipotálamo aumenta em consequência de traumatismo localizado, hemorragia, tumor ou disfunção hipotalâmica intrínseca. Em alguns casos, usa-se a expressão febre hipotalâmica para descrever as elevações da temperatura causadas por disfunção do hipotálamo. Contudo, a maioria dos pacientes com lesão hipotalâmica tem temperaturas corporais abaixo e não acima do normal. (3)
  • 20. 14 7.3.1.Efeitos dos pirógenos Os pirógenos liberados por bactérias tóxicas ou os liberados por tecidos corporais em degeneração, causam febre durante condições patológicas. Quando o ponto de ajuste do centro de regulação hipotalâmico da temperatura se eleva acima do normal, todos os mecanismos para a elevação da temperatura corporal começam a actuar, incluindo a conservação de calor e o aumento da produção de calor. (1) Figura 5: Efeitos da alteração do ponto de ajuste do controlador de temperatura hipotalâmico. Fonte: Guyton, Arthur e Hall, John. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier Editora Ltda, 2017. 7.3.2.Papel das citocinas na febre Quando as bactérias ou os produtos da degradação das bactérias estão nos tecidos ou no sangue, eles são fagocitados pelos leucócitos do sangue, pelos macrófagos teciduais e pelos grandes linfócitos “killers” granulares. Todas essas células digerem os produtos bacterianos e, em seguida, liberam citocinas, grupo diferenciado de moléculas peptídicas de sinalização, participantes das respostas imunes e adaptativas. Uma das mais importantes dessas citocinas para causar febre é a interleucina 1 (IL-1), também chamada pirogênio leucocitário ou pirogênio endógeno. A IL-1 é liberada pelo macrófagos para os líquidos corporais e, ao chegar ao hipotálamo, quase imediatamente ativa os processos produtores de febre aumentando, por vezes, a temperatura corporal, por valor significativo em apenas 8 a 10 minutos. (1)
  • 21. 15 Aproximadamente um décimo de milionésimo de grama do lipossacarídeo endotoxina de bactéria, atuando em conjunto com os leucócitos do sangue, macrófagos dos tecidos e linfócitos exterminadores, pode causar febre. A quantidade de IL-1 que é formada em resposta ao lipossacarídeo suficiente para causar febre é de apenas alguns nanogramas. As citocinas estão intimamente ligadas ao sistema imune, e a acção delas pode estimular outros sistemas. O sistema imune inicia o processo pirogênico. As citocinas são produzidas, principalmente pelos macrófagos e células linfocitárias. Existem vários tipos de citocinas, mas as principais são: a interleucina-1 (IL-1) a interleucina-6 (IL-6) e o TNF-α. Então as citocinas são capazes de induzir febre no hipotálamo. Como já citado anteriormente o aparecimento e a intensidade dependem da gravidade da temperatura corporal e da idade do indivíduo: a. Sinais: elevação da temperatura corporal, taquicardia, taquipnéia, taquisfigmia, oligúria, calafrios, sudorese, vômitos e convulsões; b. Sintomas: astenia, inapetência, cefaléia, dor corporal, desejo ou ânsia de vômito (enjoo), delírio e confusão mental. (4; 6) O pirógeno endógeno ou a IL-1 é captada pelo hipotálamo, mas especificamente num lugar, áreas situadas ao longo do terceiro ventrículo que é mais vascularizado. Com os impulsos neurais, se interelacionam várias regiões, principalmente o núcleo pré-óptico, esse núcleo tem a função fundamental de elevar o limiar de excitabilidade do termostato, desta forma o referencial térmico, é alterado, ficando em um nível mais alto, a temperatura é elevada. Substâncias vindas do sangue agem como um neurotransmissor, determinando a sensação de sede que é uma das primeiras manifestações da febre; em resposta a variação do volume hídrico, também ocorre na área prostema do bulbo, que determinam a aversão alimentar e as náuseas. Citocinas locais incitam a síntese pelo hipotálamo das prostaglandinas (PGE1 e PGE2). As prostaglandinas agem como elementos intermediários, aumentando o limiar de excitabilidade termorreguladora. As citocinas IL-1, IL-6 e TNF-α, agem deste modo como um pirógeno endógeno.
  • 22. 16 7.3.3.Semiologia da febre 7.3.3.1.Início A febre pode ser súbita ou gradual. A febre súbita ocorre rapidamente e geralmente está acompanhada de muitos dos sintomas típicos da síndrome como os calafrios. A febre de início gradual ocorre lentamente e por vezes o paciente nem percebe o aparecimento. Nem todos os sintomas podem estar presentes mas prevalecem a cefaléia, sudorese e inapetência. 7.3.3.2.Intensidade Tomando como referência a temperatura axilar: Classificação Temperatura Febre leve ou febrícula 37,5 ºC Febre moderada 37,5 ºC a 38,5 ºC Febre alta ou elevada Acima de 38,5 ºC A intensidade da febre varia de acordo com a capacidade do organismo. Pacientes imunocomprometidos terão dificuldade de produzir as citocinas pirogênicas pois suas células imunológicas não operam com total precisão. Idoso terão uma febre naturalmente menos intensa por causa da imunossenescência, sendo uma pequena elevação de grande importância clínica. Pessoas sob estresse e em mau estado geral também precisam do mesmo cuidado pois níveis altos de cortisol podem gerar imunossupressão. 7.3.3.3.Duração Não há um consenso sobre o tempo de duração da síndrome febril, porém, pode-se considerar dois diferentes tipos de divisão, da febre recente e da prolongada. Classificação Período
  • 23. 17 Febre Recente Menos de uma semana Febre prolongada Mais de uma semana Tabela 2: Classificação da febre quanto à duração. Se a febre prolongada se perpetuar por mais de 14 dias sem um diagnóstico, ela pode ser considerada uma febre prolongada de origem obscura ou indeterminada. 7.3.3.4.Modo de evolução O modo de evolução da febre é facilmente identificado através de um quadro térmico. Neste quadro, marca-se a temperatura corporal em função do tempo para se obter a curva térmica do paciente. Dependendo do grau de monitoração que cada paciente necessita, a temperatura pode ser verificada de 6 em 6 ou até de 4 em 4 horas, porém, geralmente ela é feita uma ou duas vezes por dia pela manhã e a tarde. Mesmo que o paciente não esteja em monitoramento, é possível usar informações contidas na anamnese para se fazer uma projeção deste quadro. Para cada tipo diferente de febre, vamos ter um modelo de gráfico térmico diferente que nos permite identificar patologias. As variações quotidianas da febre, nas 24 horas do dia constituem os tipos de febre, alguns deles característicos. As variações da temperatura durante todo o processo da enfermidade constituem os ciclos febris, observando-se neles o decurso da febre ou curva térmica, muito característico antigamente em muitas doenças, o qual servia para o diagnóstico destas. Os tipos de febre mais importantes são (7) : i. Febre contínua ou sustentada; ii. Febre remitente; iii. Febre intermitente; iv. Febre recorrente.
  • 24. 18 Deve-se assinalar que os três primeiros tipos de febre (de i a iii) classificam-na de acordo com as oscilações diárias do período febril; sendo que o quarto tipo refere-se a evolução da febre em um período de tempo dado. 7.3.4.1.Febre contínua ou sustentada Caracteriza-se por elevações persistentes, sem variações diárias importantes, até ao ponto dos clássicos definirem-na como aquela que tem oscilações diárias inferiores a 1ºC, sem nunca alcançar a temperatura normal. É característica de doenças como: broncopneumonia, sarampo, dengue, gripe e certas formas de febre tifóide. (7) Figura 6: Gráfico térmico de febre contínua. Fonte: https://lucasnicolau.com/?v=publicacoes&id=3 7.3.4.2.Febre remitente É aquela em que a temperatura baixa 1 ºC ou mais cada dia, mas tampouco regressa ao normal. A maioria das febres são remitentes e este tipo de resposta febril não é característico de nenhuma enfermidade, pelo que descreve-se nas septicemias. (7)
  • 25. 19 Na óptica de outro autor, é caracterizado por hipertermia diária, com variação maior que um 1ºC, grandes oscilações e sem período de apirexia. Doenças associadas: Sepse, pneumonia e tuberculose. Vide a figura abaixo. Figura 7: Gráfico térmico de febre remitente. Fonte: https://lucasnicolau.com/?v=publicacoes&id=3 7.3.4.3.Febre intermitente Neste tipo a hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal. Isto é, registra-se febre pela manhã, mas essa não parece à tarde; ou, então, um dia ocorre febre, no outro não. O exemplo mais comum é a malária. Aparece também nas infecções urinárias, nos linfomas e nas septicemias. (7) Na óptica de outro autor, a hipertermia é interrompida por períodos de apirexia cíclicos. Parte do dia se tem febre e outra parte não, ou mesmo um dia a pessoa tem febre e no próximo não. Ela pode ser dividida em três tipos:  Cotidiana → No mesmo dia, a pessoa apresenta febre e em outros momentos não. Tem caráter cíclico  Terçã → A pessoa apresenta febre a cada um dia de apirexia (um dia com febre e outro sem). Tem caráter cíclico
  • 26. 20  Quartã → A pessoa apresenta febre a cada dois dias de apirexia (um dia com febre e dois dias sem). Tem caráter cíclico Doenças associadas: Malária, infecções urinárias, linfomas e sepse. Figura 8: Gráfico térmico de febre intermitente. Fonte: https://lucasnicolau.com/?v=publicacoes&id=3 De acordo com o momento do dia em que se produz a febre remitente ou a intermitente, pode receber o nome de febre vespertina, se ou aparece em horas da tarde, ou de febre invertida, se aumenta pela manhã e diminue pela tarde. A febre vespertina pode-se encontrar na tuberculose pulmonar e os linfomas, entre outras, e a febre invertida, na enfermidade de Basedow ou bócio exoftálmico, tuberculose pulmonar, entre outros. (7) 7.3.4.4.Febre recorrente Apresenta semanas ou dias com temperatura corporal normal até que períodos de temperatura elevada ocorram. A temperatura se mantêm sem grandes oscilações, desaparece e depois pode retornar. Doenças associadas: brucelose, doença de Hodgkin e linfomas.
  • 27. 21 Figura 9: Gráfico térmico de febre recorrente. Fonte: https://lucasnicolau.com/?v=publicacoes&id=3
  • 28. 22 8.Conclusão Após uma averiguação minuciosa do tema conclui-se que a temperatura corporal é responsável pela manutenção de inúmeras funções do organismo. Temperaturas demasiadamente altas podem desnaturar algumas enzimas, dificultar o processo fisiológico, e até mesmo prejudicar os indivíduos em algumas doenças, como a diabete mellitus; em contrapartida temperaturas muito baixas diminuem a taxa metabólica, que retarda a síntese protéica, prejudicando o funcionamento do organismo. Por estes factos, a temperatura corporal tem um valor de manutenção de 36 ºC a 37 ºC. Para que esse valor seja mantido, é necessário que exista o equilíbrio, entre dois mecanismos o de produção e perda de calor, que são chamados de processos termogênicos e termolíticos respectivamente, esses processos são regulados por um centro de controle, o hipotálamo. O hipotálamo funciona como um termostato, então se denomina esse mecanismo de controle como um termostato hipotalâmico, onde diante de situações de anormalidades de temperatura, esse termostato através de inúmeros impulsos nervosos, estimula a ação de quatro núcleos que irão determinar mecanismos de produção ou perda de calor. Existem alguns tipos de anormalidades na regulação da temperatura, como a hipotermia; que é a perda excessiva de calor corporal, ou hipertermia; que é a produção exagerada de calor corporal. Existe um tipo de anormalidade que é causada não por factores de desequilíbrio entre a termólise e a termogênese, e sim por processos de estresse no organismo, como a presença de agentes patógenos nos tecidos, é a febre. A febre também possui todo um mecanismo de funcionamento, onde algumas proteínas específicas como o IL-1 que é um pirógeno endógeno, irá estimular no hipotálamo a produção de prostaglandinas, que irão participar do processo inflamatório, elevando a temperatura corporal; diante dessa elevação o organismo apresenta um aumento das taxas metabólicas, e consequentemente isso irá estimular os processos efectuados pelos macrófagos e fagócitos, auxiliando o processo de defesa do organismo contra agentes patógenos. Por essa série de mecanismos pode se avaliar que o organismo humano funciona como uma poderosa máquina, que possui diversos mecanismos de ajuste para que tudo funcione bem.
  • 29. 23 9.Referências bibliográficas 1. Guyton, Arthur e Hall, John. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier Editora Ltda, 2017. 2. Levinson, Warren. Microbiologia Médica e Imunologia. 10ª ed. Porto Alegre : AMGH Editora Ltda, 2011. 3. Carvalho, Araken Rodrigues de. Mecanismo da Febre. Brasília : Editorial Presença, 2002. 4. Tortora, Gerard J. Corpo Humano: Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 4ª Edição. Rio de Janeiro : Artmed, 2000. 5. Longo, Dan L. et al. Medicina Interna de Harrison. 18ª ed. Porto Alegre : AMGH, 2013. Vol. I. ISBN 978-85-8055-120-1. 6. Costanzo, Linda S. Fisiologia. 3ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier Editora Ltda. 7. Navarro, Raimundo Llanio e González, Gabriel Perdomo. Propedéutica Clínica Y Semiología Médica Tomo 1. Havana : Editorial Ciencias Médicas, 2003. ISBN 959-7132-87-5. SITOGRAFIA https://lucasnicolau.com/?v=publicacoes&id=3, acessado 23/04/18, às 17:30 min.