2. Introduzindo...
• QUINONAS = compostos oxigenados, formados a partir da
oxidação de fenóis. Sua principal característica é a presença de 2
grupos carbonílicos formando um sistema conjugado.
• há 3 grupos principais, em função do tipo do ciclo:
• benzoquinonas
O
O
O
O
1,2-benzoquinona (o-
benzoquinona)
1,4-benzoquinona (p-
benzoquinona)
Ainda não foram descobertas
aplicações terapêuticas para as
benzoquinonas naturais. São
encontradas nos artrópodos,
sendo raras nos vegetais
superiores.
3. Introduzindo... (contin.)
• naftoquinonas:
O
O
O
O
1,2-naftoquinona 1,4-naftoquinona
Algumas naftoquinonas são antibacterianas e fungicidas, outras apresentam atividades
antiprotozoárias e antivirais. Entretanto, nenhuma naftoquinona natural é atualmente utilizada
com fins terapêuticos. São encontradas nos fungos, sendo esporádicas nas Angiospermas
4. Introduzindo... (contin.)
• antraquinonas:
9,10-antraquinona
Derivadas do antraceno, as antraquinonas (antranóides, derivados antracênicos ou deriv.
hidroxiantracênicos) são abundantes na natureza, sendo encontradas em fungos, líquens e
nas Angiospermas, principalmente nas Rubiáceas, Fabáceas, Poligonáceas, Rhamnáceas,
Liliáceas e Escrofulariáceas. Apresentam importante atividade terapêutica.
O
O
1
2
3
45
6
7
8 9
10
5. Antraquinonas: características químicas:
• interconvertem-se facilmente em hidroquinonas, sendo produzidas a
partir de reações de oxidação de antranóis e antronas:
antraquinona antrona antranol
• a maioria apresenta-se como O-glicosídeos, com a ligação
principalmente em C-1 (raro), C-8 ou C-6; os açúcares mais comuns são
a glucose (em C-8) e a ramnose (em C-6);
• os C-glicosídeos são derivados das antronas, com a ligação em C-10.
6. Características químicas (contin.):
• há algumas variações estruturais nas geninas:
• grupos cetônicos em C-9 e C-
10;
• hidroxilas em C-1 e C-8;
• substituintes em C-3 (metila,
hidroximetila ou carboxila) e em
C-6 (hidroxila fenólica livre ou
eterificada);
• gliconas em C-1, C-8 ou C-6.
7. Características químicas (contin.):
• nas drogas secas, geralmente encontram-se mais oxidados que na
planta fresca:
PLANTA FRESCA: glicosídeos de antronas monoméricas
glicosídeos antraquinônicos
glicosídeos de diantronas
oxidação
dimerização
secagem
10. Propriedades físico-químicas:
• os glicosídeos são compostos cristalinos, amarelados, de sabor
amargo, não sublimáveis, solúveis na água e no álcool e insolúveis no
benzeno, clorofórmio etc.; dissolvem-se nos álcalis formando soluções
laranja-avermelhadas;
• os O-glicosídeos são hidrolisáveis em ácidos diluídos, bases fortes e
enzimas;
• as geninas apresentam-se como cristais amarelados ou avermelhados,
sublimáveis, insolúveis na água e solúveis no álcool, benzeno,
clorofórmio, éter, piridina etc.;
• as hidroxi-antraquinonas dissolvem-se nas bases corando-as de
vermelho: a intensidade da cor varia conforme o no e a posição das OH e
outros substituintes.
11. Métodos laboratoriais:
• extração dos glicosídeos: com água ou soluções hidroalcoólicas; para a obtenção
das formas reduzidas, deve-se utilizar temperaturas baixas, ausência de luz e de
oxigênio;
• identificação: reação de Bornträger = coloração das quinonas em meio alcalino
1,8 dihidroxi-antraquinonas = vermelha; 1,2 dihidroxi-antraquinonas = azul-violeta;
• IMPORTANTE: reação positiva apenas para antraquinonas livres.
• apresentam absorção no UV; são coradas na luz visível;
• doseamento: cromatografia (CCD e CLAE) e espectroscopia.
12. Ações farmacológicas e usos:
• ação farmacológica principal: LAXATIVA (a intensidade é dependente da dose)
- os principais responsáveis por esta ação são os derivados hidroxi-
antracênicos: O-glicosídeos de diantronas e antraquinonas e também os C-
glicosídeos de antronas; as formas reduzidas são 10 vezes mais ativas que as
oxidadas; as geninas livres presentes na droga não têm atividade;
- indicação: como laxantes em prisões de ventre medicamentosas, na
preparação de exames radiológicos e colonoscópicos, pré e pós-cirurgias ano-
retais, patologias anais dolorosas;
• estudos têm demonstrado atividade contra Leishmania e Trypanosoma cruzi, de
algumas naftoquinonas.
14. Mecanismo de ação:
• são laxantes irritantes do intestino grosso;
• atualmente se conhecem 3 mecanismos de ação:
- estimulação direta da contração da musculatura lisa do intestino,
aumentando a motilidade intestinal (possivelmente relacionado com a
liberação ou com o aumento da síntese de histamina ou outros
mediadores);
- inibição da reabsorção de água, sódio e cloro através da inativação da
bomba de Na+/K+ - ATPase, (aumentando a secreção de potássio);
- inibição dos canais de Cl-, comprovada para inúmeros 1,8-hidróxi-
antranóides (antraquinonas e antronas),
15. Orientações farmacêuticas:
• não utilizar por períodos prolongados (mais de 10 dias): poderá ocorrer
dependência, diarréias, cólicas, náuseas, vômitos, melanose reto-cólica
(escurecimento da mucosa), alterações da mucosa e morfologia do reto e cólon
(fissuras anais, prolapsos hemorroidais), atonia, carcinoma colorretal, transtornos
hidroeletrolíticos com hipocalemia;
• evitar o uso concomitante com cardiotônicos digitálicos e diuréticos
hipocalemiantes;
• não utilizar mais de 2 substâncias antraquinônicas na mesma formulação;
• não utilizar em crianças e durante a gravidez (ocitotóxico) e lactação (passa para o
leite materno);
• há um potencial mutagênico, ainda em estudo.
16. Curiosidades:
• papel biológico: defesa química das plantas contra insetos fitófagos e
outros patógenos (ex.: defesa contra cupins); função alelopática (inibição
da germinação de outras plantas);
• as quinonas são corantes naturais (ex.: antraquinona alizarina,
naftoquinonas chiconina e juglona).
• a atividade dos glicosídeos de antronas é muito marcado (provocando
cólicas), o que justifica o tratamento térmico ou o tempo de armazenamento
de algumas drogas antes do uso (para haver a oxidação destes compostos).
17. SENE - folíolos e frutos de Senna alexandrina Mill.: Cassia senna L. (C.
acutifolia Delile) = sene-de-Alexandria), C. angustifolia Vahl. = sene-de-
Tinnevelly, CAESALPINIACEAE / LEGUMINOSAE.
18. SENE
introduzido na medicina pelos árabes no século IX ou X;
principais componentes ativos: glicosídeos diméricos (diantronas):
senosídeos A e B;
Farm. Bras. IV: frutos dessecados devem conter no mínimo, 4% de
derivados hidroxiantracênicos, calculados em senosídeo A; folíolos
dessecados devem conter, no mínimo, 2,5% de glicosídeos, calculados
em senosídeo B.
senidina A (dímero da reína-antrona)
19. SENE
agliconas e glicosídeos do sene:
AGLICONA ANTRONAS GLICOSÍDEO
senidina A reína-antrona/reína-antrona senosídeo A
senidina B reína-antrona/reína-antrona senosídeo B
senidina C reína-antrona/aloe-emodina-antrona senosídeo C
senidina C reína antrona/aloe-emodina-antrona senosídeo D
reidina A reína-antrona/emodina-antrona reosídeo A
palmidina A aloe-emodina-antrona/emodina-
antrona
palmosídeo A
21. CÁSCARA-SAGRADA
originária das regiões montanhosas dos EUA e Canadá;
devem ser aquecidos a 100oC por 1 a 2 hs ou estocados por no mínimo 1
ano antes do uso;
contém aprox. 6% de derivados hidroxiantracênicos, dos quais 60% de
cascarosídeos;
80 a 90% são C-glicosídeos e 10 a 20% são O-glicosídeos;
os cascarosídeos A, B, C e D são O-glicosídeos e C-glicosídeos (8-O-,10-
C-diglicosídeos).
22. FRÂNGULA - cascas dessecadas de Rhamnus frangula L. (Frangula alnus
Mill.), RHAMNACEAE.
23. FRÂNGULA
também conhecida como amieiro-preto, é originária da Europa e Ásia;
devem ser aquecidos a 100oC por 1 a 2 hs ou estocados por no mínimo 1
ano antes do uso, como a cáscara-sagrada;
seus constituintes principais são os O-glicosídeos monosídeos
frangulina A e B e os diglicosídeos glicofrangulina A e B;
tem os mesmos usos que a cáscara-sagrada, tendo, no entanto, ação
mais suave.
24. RUIBARBO - raízes e rizomas descascados de Rheum palmatum L. e Rheum
officinale Baill., POLYGONACEAE.
25. RUIBARBO
originária da China e do Tibete, é uma das plantas mais antigas e
conhecidas da medicina tradicional chinesa;
contém 3 a 12% de derivados antracênicos, sendo 60 a 80% glicosídeos
de antraquinonas;
entre outros, contém taninos, o que pode induzir a prisão de ventre após
a ação laxativa;
é também utilizado no tratamento tópico de inflamações e infecções da
mucosa oral;
pode ser falsificado por ruibarbo rapôntico (principalmente R.
rhaponticum L.) que, além de apresentar teores bem menores de
antraquinonas, pode causar intoxicação grave, inclusive fatal (alto
conteúdo de ácido oxálico corrosivo).
26. BABOSA - suco desidratado das folhas de Aloe vera L. (Aloe barbadensis
Mill.) = aloés-de-Curaçao e Aloe ferox Mill. e seus híbridos com A. africana
Mill. e A. spicata Baker = aloés-do-Cabo, ASPHODELACEAE / LILIACEAE.
27. BABOSA
apresenta-se como massas opacas de cor preto-avermelhada, preto-
castanho ou marrom escuro; sabor nauseante e amargo e odor
característico e desagradável;
obtido a partir do látex amarelado produzido por células secretoras
localizadas abaixo da epiderme, o qual é concentrado até a secura;
tem maior atividade laxante que as demais drogas;
apresentam C-glicosídeos antraquinônicos - aloína A e B: 25 a 40% no
aloés-de-Curaçao e 13 a 27% no aloés-do-Cabo;
pode causar dores abdominais e irritação gastrintestinal e em altas
doses, nefrite, diarréia com sangue e gastrite hemorrágica.
28. BABOSA
da babosa (A.vera) pode também ser produzido o gel, que consiste em
mucilagem obtida das células da zona central da folha;
o gel é usado tradicionalmente para ajudar na cicatrização de feridas,
queimaduras, eczema, psoríase, picaduras de insetos, eritemas solares
etc.;
a origem desta atividade ainda não está completamente esclarecida;
o gel não contém substâncias antraquinônicas;